Amizade





CAPÍTULO 5:


AMIZADE


 


  Lily Evans se sentou calmamente em frente ao computador, dentro de seu quarto, no apartamento que dividia com Marlene, com xícara de café na mão, que depositou na mesa.


 Enquanto esperava o computador ligar, Lily prendeu os longos cabelos ruivos em um coque mal-feito, frequentemente usado pela mesma. Em sua mente, ela podia ver uma história começando a se formar.


 Ontem, quando fora se deitar, Lily repassara os acontecimentos dos ultimos tempos e decidiu que já possuía argumentos suficientes para dar ínicio à seu romance.


 Ela bebericou calmamente de seu café e acabou por queimar a língua, mas nem pareceu notar. Estava mais preocupada com o computador. Ao terminar de abrir o programa necessário para criar uma boa história, Lily colocou a primeira música que lhe veio à cabeça. A música sempre ajudava com sua inspiração. A melodia de Bethovem tocou como música de fundo.


 Assim, Lily começou a digitar frenéticamente. Depois de mais ou menos uma página, ela parou para meditar sobre como continuar. Mas, como acontece todas as vezes em que estamos tentando nos concentrar, algo a atrapalhou.


 Todas as vezes que Lily se sentava para escrever, nada podia atrapalhá-la, de modo que qualquer ruído feito era quase um crime. O ambiente tinha que estar em completo silêncio. O que, infelizmente, não estava acontecendo no momento.


 A porta do quarto da ruiva, que fora deixada semi-aberta, agora batia de leve por causa do vento que a janela aberta trazia.


 Irritada, Lily se levantou e bateu a porta com um estrondo, se certificando que não abriria de novo. Depois, voltou-se para a janela, fechando-a e abaixando o trinco.


 Sentando-se novamente em frente ao computador, Lily voltou a digitar, parando de vez em quando para beber o café.


 


X8X


 


 Leona Lewis sentiu seu corpo despertar. Estava de extremo bom humor. Na maioria das vezes, quando um situação dessas é narrada, a personagem acorda completamente perdida e sem se lembrar de nada da noite anterior, ou, no mínimo, desejando que o que ocorreu fosse apenas um sonho, pura invenção de sua mente. Mas, a moreninha se lembrava perfeitamente do que ocorrera e, convenientemente, se encontrava estranhamente satisfeita.


 Leona se espreguiçou, sentindo os membros moles e descançados. Sem hesitar, ela abriu os olhos, desejando que tudo o que ocorrera na noite passada fosse mais do que verdade. E ela não chegou a se decepcionar, pois ao seu lado dormia uma loira visivelmente mais velha do que ela.


 A garota logo notou que não estava na sala da casa de sua companheira. Estava em um quarto de paredes brancas, deitada em uma cama enorme. No quarto, havia um guarda-roupa de madeira escura e uma escrivaninha. Devagar, Leona sentou-se, semi-serrando os olhos quando a luz que vinha da janela os machucou.


 Ela notou que estava nua e que nenhum lençol a cobria. O mesmo acontecia com Katherine.


 A moreninha estendeu a mão, hesitante, para o rosto de Kate. Devagar, ela passou a ponta dos dedos no rosto delicado da loira e pegou uma mecha de cabelo, enrolando-a nos dedos.


 Era errado e Leona sabia disso. Errado não era o fato de ter dormido com uma mulher, mas sim de tê-lo feito sabendo que tinha um namorado.


 Mas ela não conseguia se arrepender.


 Um suspiro escapou dos lábios de Katherine e esta abriu os olhos azuis, mirando-os e Leona, que sorriu, aquela calma invadindo-a de novo. Não, ela não se arrependia.


 - Sabe – começou Katherine, com um meio sorriso. – que não devíamos ter feito isso


 Leona franziu a testa em confusão.


 - Não gostou? – ela perguntou, o pânico evidente na voz. – Eu fiz algo de errado? Me desculpe, Katherine! Era minha primeira vez com uma mulher, eu não sabia exatamente o que fazer e...


 Kate colocou um dedo sobre os lábios da garota, calando-a.


 - Shh... – fez ela, depositando suas forças em um olhar azulado que foi lançado à Leona, fazendo a moreninha respirar fundo algumas vezes antes de se acalmar. – Melhor?


 Leona fez que sim com a cabeça enquanto dizia:


 - Sim, mas... – parou. – Tenho medo.


 - Medo de que? – perguntou.


 - De ter feito algo errado...


 Kate se sentou, olhando nos olhos da menina nua em sua cama.


 - É com isso que está preocupada? Que eu tenha gostado?


 - Sim.


 - Leona, há mais motivos tão mais importantes do que isso. Nós fizemos algo errado.


 - Mas...


 - Não. Agora eu falo. – a garota calou-se instantâneamente. – Leona, tem idéia de quantos anos tem? Melhor, tem idéia de quantos anos eu tenho? Se seus pais descobrem o que fizemos, eu posso ir parar na cadeia.


 - Ninguém contará à eles.


 - Mas, ainda assim, eu estou errada. Você é de menor.


 - Eu sabia exatamente o que estava fazendo. – discordou ela.


 - Você não está entendendo...


 Leona se levantou, começando a se irritar.


 - Não, Kate, é você que não está entendendo! – explodiu ela. – Não me importa quantos anos tenho, nem o que meus pais vão pensar! Não percebe?! Eu quis você a noite passada. E ainda quero. Você me mudou.


 Demorou só o tempo de Katherine absorvesse as palavras para entênde-las. Ela ouvira direito? Ou apenas interpretara errado? Leona Lewis, com seus dezessete anos, acabara de lhe dizer que gostava de mulheres?


 Katherine também se levantou.


 - Não sabe o que está dizendo...


 - Acho que sei.


 - Do que é que você sabe?! Tem apenas dezessete anos. Não sabe o preconceito que enfrento por essas ruas.  Não sabe o quanto é difícil achar alguém que te respeite de verdade pelo que é e não pela sua escolha sexual. – chegou perto de Leona e sussurrou: - Você não faz a mínima idéia.


 Leona Lewis encarou a loira nos olhos e sentiu um desejo enorme de esbofetá-la. Como ela podia não entender?


 - Sei o que eu quero. – disse ela. – Quando Remus me levou para cama, eu achava que era a coisa certa. Achava que tinha certeza. Mas foi uma das minhas maiores decepções. – e continuou: - Mas quando te beijei ontem, senti vontade. Eu quis. Não por que achava. Eu não achava nada. Eu tinha absoluta certeza.


 - Você está confusa.


 - Chame como quiser. Mas prefiro ficar confusa com você e não com Remus.


 Katherine riu.


 - O que está insinuando? – perguntou rindo. – Quer ser minha amante?


 Leona encarou seriamente, enquanto Kate ria, esperando que ela negasse. Mas a garota lançou-lhe um olhar agoniado.


 - Se me quiser... – sussurrou.


 A loira parou de rir e seus olhos azuis examinaram Leona minuciosamente. Ela parecia firme.


 Sem responder, Katherine foi até seu guarda-roupa gigante e abriu-o, revelando mais roupas do que uma loja. Sem realmente olhar, ela pegou um roupão de seda rosa e entregou à Leona, pegando um outro para si mesma.


 Depois virou-se, pegando as mãos de Leona.


 - Posso te oferecer minha amizade. Posso te passar meu telefone. Poderá vir me visitar quando quiser. Mas terá que me prometer que pensará no assunto, conversára com seu namorado sobre suas decepções. E se, por um acaso, algo der errado, eu talvez deixe que a noite passada se repita. – ofereceu. – Pode ser?


 Leona fez uma careta.


 - Certo.


 - Ótimo. – disse Kate, animada. – Quer café da manhã?


 


X8X


 


   - LILY EVANS! – a porta do quarto se abriu e a ruiva pulou da cadeira, encarando Marlene, o indivíduo que gritara seu nome e quase arrancara a porta do quarto.


 - Por Deus, Lene – reclamou. – Quer me matar de susto?


 - Querida, eu estou tentando te matar desde que você entrou nesse quarto às duas tarde e não saiu até agora!


 - Que horas são? – perguntou Lily.


 - Seis e meia.


 - Ah...


 - Não acha que está na hora de ir tomar um ar, não?


 Lily desligou o computador e se levantou elegantemente da cadeira.


 - Primeiro, Lene, minha deusa, eu estava trabalhando e odeio lhe informar que, infelizmente, não é você que decide meu horário de trabalho. – disse, com um sorriso amigável no rosto. – Mas, se ainda quiser matar alguém, mate o cara que te vendeu este casaco.


 Marlene bufou, irritada.


 - Por um acaso, quem me deu este casaco foi meu ex-namorado e...


 - E você ainda não colocou fogo nisso?


 - Não me interrompa, Lil’s.


 - Acho que tenho todo o direito de te interromper, já que você fez o favor de interromper meu trabalho. – comentou Lily, abrindo o armário e pegando um vestido tomara que caia com estampa de flores azuis.


 A morena, que havia aberto a boca para retrucar, se distraiu por alguns segundos.


 - Vai sair?


 - Vou sim. – respondeu a ruiva, colocando o vestido e pegando sapatilhas azuis em baixo da cama.


 - Aonde vai?


 - Tirar o atraso. – respondeu calmamente, prendendo o cabelo com uma fita azul em um rabo de cavalo.


 - Mas você fez isso ainda ontem.


 - E você não faz isso faz mais de um mês. – disse Lily, olhando-se no espelho.


 Marlene fechou a cara, se perguntando como é que ela sabia disso.


 - Isso não é da sua conta.


 Lily a ignorou.


 - Como estou?


 - Decente.


 - Obrigada. – agradaceu, parecendo satisfeita.


 Marlene revirou os olhos e se deitou na cama da amiga, observando enquanto ela terminava de se arrumar.


 - Como vai o livro?


 - Já tenho dois capítulos.


 - Ah, entendi. – exclamou. – Está indo em busca de mais inspiração, não?


 - Com toda certeza.


 - Isso significa que está indo ver James Potter?


 Lily virou-se para Lene. Daquele jeito, ela até parecia um anjo ruivo e era dificil encontrar malícia no seu olhar. Mas talvez essa fosse a intenção por trás do ato de se vestir daquele jeito.


 - Sim. E acho que você deveria ir atrás de Sirius Black.


 


X8X


 


 


 James Potter estava na cozinha, tentando inutilmente transformar a massa disforme e mal cheirosa que estava na panela em macarrão com queijo, quando ouviu a campainha do apartamento tocar.


 Como ela havia aparecido ontem, James jamais imaginaria que ao abrir a porta, Lily Evans o estaria encarando. Afinal, antes ela demorara cerca de duas semanas para a aparecer.


 Mas, quando Lily sorriu e abriu a boca para cumprimentá-lo, James a interrompeu:


 - Não! – berrou, fazendo a mulher pular de susto. – Eu não quero companhia! – acrescentou, diminuindo o tom de voz.


 O sorriso de Lily voltou a aparecer.


 - E porque não?


 - Não estou com vontade de trair minha namorada hoje!


 A malícia desfigurou a face angelical da ruiva.


 - Então, ontem você estava com vontade de trair sua namorada?


 Os olhos do moreno se arregalou.


 - N-não... eu não... nós... Você entendeu o que eu quis dizer. – gaguejou ele.


 Lily riu.


 - Eu entendi. – ela disse passando pela porta e fazendo careta ao sentir o cheiro. – Mas o que você está fazendo nessa cozinha? – perguntou, seguindo em direção a panela.


 James fechou a porta e a seguiu pelo apartamento, tentando, em vão, acompanhar seu passo.


 - Estou fazendo macarrão com queijo. – disse ele.


 - Você quer dizer que está tentando fazer macarrão com queijo.


 O garoto observou de boca aberta, enquanto Lily pegava uma colher em cima da bancada e mechia o conteúdo da panela.


 - O que está fazendo, Evans?


 - Não subestime meus dotes culinários, Potter. – retrucou Lily. – Quero que tenha algo decente para comer.


 - Como?


 - Considere-se sortudo. – ela se virou para ele. – Acabo de me auto-contratar para fazer o seu jantar.


 - O que?!


 - Vou considerar isso um “sim”.


 James foi até a porta do apartamento e a abriu, apontando para a porta.


 - E você pode considerar isso um “dê o fora da minha casa”.


 Lily levantou uma sobracelha, indignada.


 - Caso você ainda não tenha notado, isso é um apartamento e não uma casa.


 - ‘Tá certo, mas...


 - E, caso queira uma comida decente para servir para a sua namorada, aconselho que me deixe cozinhar.


 - ‘Tá... – ele se interrompeu, arregalando os olhos. – Como... como sabe que Ashley está vindo aqui?


 Lily riu alto.


 - James – começou. – você está usando um terno, há velas em cima da sua mesa, música romântica tocando, flores no sofá, pétalas de rosas no chão, e um pacote de camisinha caindo do seu bolço. – isso fez James guardar as camisinhas corretamente. – Se você não tinha a menor idéia de que eu vinha aqui, é obvio que Ashley está vindo para cá, não?


 James estreitou os olhos para a ruiva, que mantinha um sorriso maroto nos lábios rosados.


 - Bem...


 - Admita, James.


 - Certo. Ashley está vindo. – admitiu ele.


 - Sei... – Lily mordeu o lábio inferior, como se estivesse em dúvida. – E é isso que pretende servir para ela? – perguntou, apontando a panela.


 - Foi a única coisa que me ocorreu.


 - Não te ocorreu ligar para um restaurante?


 James sentou-se na cadeira e apoiou a cabeça nas mãos, parecendo desesperado. Lily quase esperou que ele chorasse.


 - Não tenho culpa, está bem? – ele se defendeu. – Desde que você começou a frequentar a minha casa, meu relacionamento com a Ashley desandou.


 Lily suspirou e se sentou em uma cadeira em frente à ele.


 - Pare de falar como se tivéssemos duzentos anos. Até agora só tivemos dois encontros e você já está esperando mal de mim. Não sou vagabunda, James. Não quero que veja em mim apenas uma sem vergonha que veio aqui roubar sua inocência. Quero que pense em mim como uma amiga. – ela disse.


 - Não acho que isso vá ajudar. – ele riu. – Você não faz muito o estilo de amiga que eu gostaria de ter.


 Ambos riram.


 - Ótimo, eu não levo jeito para psicóloga mesmo. – disse Lily se levantando. – Mas eu ainda sei cozinhar.


 - Vai me ajudar?


 - Sempre. – prometeu, se inclinando e roubando um beijo dele.


 - Mas temos que ser rápidos. Ashley já esta chegando.


 


X8X


 


 Uma chuva forte caía pelos arredores de Londres naquela noite, o que era um milagre nessa época do ano. Por ser a época em que mal caia uma gota do céu, essa era a estação favorita de Marlene McKinnon, que odiava chuva e qualquer outro tipo de umidade.


 Isso faz com que pensemos o quão ironico é o destino. Afinal, Marlene está, no momento, enxarcada de chuva, voltando para o apartamento. Justa ela, que não gostava nem de água parada. Nessas circuntâncias, o azar parece fazer parte da vida de Marlene. Isso sem contar, é claro, o salto do sapato que estava quebrado.


 Sem um pingo de moral, Marlene se preparou para atravessar a rua. Mas, não conseguiu dar nem mais um passo, pois um carro passou em cima de uma poça d’água e acertou em cheio a morena.


 - Droga! – gritou Marlene, e saiu xingando um pouco mais alto do que o necessário.


 - Marlene?


 A mulher se virou a tempo de ver Sirius Black com um guarda-chuva gigantesco, sorrindo para ela. Foi quase um alívio vê-lo. Quase, porque ela gostou mais de ver o guarda-chuva.


 - Sirius! – exclamou ela e correu para se juntar à ele embaixo do guarda-chuva.


 - Como está? – perguntou.


 - Péssima. – disse ela, como se dissesse “é óbvio”.


 - Percebe-se. – riu-se ele. Marlene mandou-lhe a lingua. – Quer carona pra casa?


 Marlene sorriu para ele.


 - Por favor.


 Sirius tomou o braço de Marlene, que se agarrou à ele. Ambos atravessaram a rua, em meio à várias reclamações dos carros e entraram no prédio onde Marlene dividia o apartamento com Lily.


 Marlene cumprimentou o porteiro e entrou no elevador, sendo seguida por Sirius.


 - Aonde estava indo? – ele puxou conversa.


 - Bem, eu estava seguindo a pé até o Aspinall’s, para tomar um whisky e jogar poker, mas começou a chover.


 - Porque estava indo a pé?


 - Lily está usando o carro para ir até a casa do seu amigo.


 - James? – chutou Sirius.


 - Claro.


 - Mas, ainda assim, você podia ter pedido carona...


 - Para quem? Minhas amigas estão ocupadas com seus respectivos interesses.


 Sirius Black sorriu, maliciosamente.


 - E você não tem interesses para se distrair?


 Marlene riu.


 - Não este tipo de interesses, já que você é menor de idade.


 Sirius ignorou esta última parte e prensou Marlene contra a parede. Sem pressa, ele beijou-a, sem se importar com as câmeras que existiam dentro daquele elevador apertado.


 Um suspiro escapou pelos lábios da mulher e Sirius teve a impressão de que não iria embora tão cedo naquela noite.


 


X8X


 


N/A: pessoal, eu provavelmente não vou entrar aqui de novo até o dia 26, por isso decidi que valia a pena escrever mais um capítulo. Obrigado a todos que comentaram a fic, espero que continuem a comentar.


Eu também notei que este capítulo pouco tem a ver com a época de Natal, mas tenho que admitir que eu não pensei nisso quando comecei a fic.


Nesse caso, um Feliz Natal.


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Comentários (3)

  • Spencer Cavanaugh

    Maldade sua parar nessa parte kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk serio, ficando besta aqui. Eu amei o capitulo, James coitado já esta traumatizado com a Lily e com um pouco de razão, porque ela não deixa brechas... Gostei da conversa da Leona com a Kate e achei muito fofa a cena delas, os casais da fanfic estão maravilhosamente bem e os personagens muito bem constuidos *------------------* amando \Objoos! 

    2012-10-31
  • cvecchi

    OH MY GOOOOOOOD KKKKKKKKKKKKKKKKKK no, sério, to amando a fic, muito muito boa mesmo. sua ideia foi genial, UA, super original!! posta logooo

    2011-12-28
  • Sah Espósito

    QUe historia e essa de parar  num beijo entre Marlene e Sirius   ai ai ai ai   FELIZ NATAL   aguardo proximo capitulo   Bjs!

    2011-12-22
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