The Bothy



Claro que nem tudo na minha vida é tão fácil como parece. Eu sei que para você, leitor, eu deveria ter ido à viagem com ele, mas para o meu pai, Gui, isso era um absurdo. Minha mãe achou que eu era muito nova para viajar sozinha. Muito nova? Sozinha? Meu Deus, eu ia estar com Luna! Quer pessoa mais responsável que ela? Ok, nem tanto, mas ela é adulta e sabe como cuidar de adolescentes...


-Mas pai, é a Luna! Você a conhece desde pequena, por que não me deixar ir? –insisti, tentando fazê-lo mudar de idéia.


-Em Luna eu confio, querida, mas eu não conheço nem o marido e nem os filhos dela para poder te deixar ir. E se ele te seqüestrar? E se você se machucar durante a viagem e eles não cuidarem de você direito? E se você se perder naquela Irlanda e eles não te encontrarem? Você acha que eu não irei me culpar por tê-la deixado ir?! –ele disse, elevando a voz em todo final de frase.


-Mas e se nada disso acontecer e eu tiver a melhor viagem da minha vida? –perguntei naquele tom de chorona que me fazia conseguir tudo.


-Melhor viagem da sua vida? Você vai ter muitas viagens na sua vida ainda, você é tão nova para já pensar em viagens sem os seus pais...


-Pai! Você não me entende!!!! –gritei, indo para o meu quarto e batendo a porta a passar. Lá dentro, chorei até me acalmar o suficiente para tomar uma decisão. Peguei uma pena e um pergaminho e escrevi para Lysander:


Querido Lys,


Meu pai não me deixou ir porque ele é um idiota. Eu realmente queria ir com você, mas não posso. Não mande mais corujas para a minha casa pois não vou estar aqui. Não agüento mais esta família, estamos com muitos problemas então vou tomar uma medida drástica.Sinto sua falta!


Com amor,


Dominique


Enviei a carta pelo correio coruja e peguei uma mala de dentro do armário, bem como algumas mudas de roupas e sapatos. Fui até o banheiro e peguei tudo o que era preciso para a minha higiene pessoal e joguei dentro da mala. Tirei meu pijama e coloquei uma calça jeans e uma bata branca. Meu cabelo estava todo desarrumado naquele dia, mas nem me importei em arrumá-lo. Escrevi um bilhete para minha mãe dizendo aonde estava e sai pela janela, voando com minha vassoura até a casa de um velho amigo.


Neville abriu a porta de sua casa sorridente e me mandou entrar. Quando viu que eu estava chorando, me perguntou o que tinha acontecido. Expliquei para ele tudo, tirando a parte da minha irmã grávida, e me servi de um pouco de chá que ele havia feito. Eu adorava o Professor Longbotton, ele era sempre tão atencioso e na maioria das vezes era mais meu amigo do que meu professor. Na verdade, eu não conseguia enxergá-lo como professor, para mim ele estava lá dando aulas só para se divertir. Ele é um cara bastante inteligente, mas teve um passado conturbado, dando a entender que as coisas melhoraram para ele há pouco tempo.


O professor morava em uma pequena choupana há poucos quilômetros de minha casa, então dava para ir a pé até lá sem correr muitos riscos. Ainda estava com muita raiva do meu pai por não ter me deixado ir naquela viagem com Lys, mas eu entendia que ele não confia na Luna. Falei sobre isso para Neville:


-Sabe, eu entendo que meu pai não confia em Luna, mas ele deveria confiar em mim.–disse olhando para o chão.


Ele se sentou ao meu lado. De inicio não disse nada, mas depois falou:


-Dominique, às vezes nossos pais, ou no meu caso, avó, tem seus motivos para não nos deixar fazer as coisas porque eles já viveram mais tempo. Se eu fosse seu pai eu te daria um voto de confiança e deixaria você ir para esta tal viagem, mas só porque eu sei que o Senhor Lysander e o Sr. Lurcan são muito confiáveis, bem como sua mãe, Luna. –ele disse segundos antes de sua esposa, Ana Abbot, entrar pela porta.


Ana tinha se tornado uma mulher muito bonita. Tinha os cabelos loiro-escuros e lisos, um rosto em forma de coração e seu corpo era de formas belas e bem definidas. Neville e Ana formavam um belo casal, porém não tinham filhos. A mulher era proprietária do Caldeirão Furado e, durante o ano letivo, ficava em um dos quartos do pub. Durante as férias ela e o marido vinham para esta casa, herança dos pais de Neville.


-Boa-Tarde, Dominique! –disse ela sorridente e me deu um beijo na bochecha. –Você vai nos dar a honra de passar um tempo aqui? –perguntou, se servindo de uma xícara de chá.


Sorri. Eu adorava o jeito que ela era, sempre deixava a parte “emocional” para o marido e sempre, desde pequena, me tratou como sua filha. Ela fazia de tudo por mim, assim como o Diretor. Ah, eu não citei que Neville tinha se tornado diretor? Pois é, ele se tornou depois que a professora McGonagall se aposentou.


-Eu ainda não sei, mas gostaria de passar esta noite aqui, lá em casa está um caos. –disse com cara de pidona. Eu sabia que aquele era, depois dos meus pais, o único casal no mundo que eu podia confiar. Ana sorriu para mim magnificamente, como sempre fazia quando eu elegia sua casa como refugio.


-Claro que pode querida, fique quanto tempo quiser! Fique no seu quarto, sinta-se a vontade para ir e vir. –disse ela num tom maternal. –Eu vou fazer o jantar, querido, me dê licença. –ela se levantou e deu um selinho no marido antes de ir para a cozinha.


-Vamos lá para cima, eu te ajudo a arrumar suas coisas. Depois que você tiver se acomodado venha para a sala, quero te mostrar algumas fotografias.


Subimos as escadas para o andar superior, onde haviam dois cômodos: o do casal, que não era grande, mas tinha uma cama grande e confortável, com uma penteadeira e um armário; e o outro cômodo tinha uma cama de solteiro, a qual já tinha passado muitas noites, sendo destas algumas chorando, uma cômoda e um armário. Em cima da cômoda haviam estantes com livros de todos os tipos, dentre eles o clássico “Os Contos de Beedle, o Bardo”. Neville me ajudou a arrumar a cama, a desfazer a mala e guardar tudo em seu devido lugar. Me deixou sozinha por algum tempo para eu me instalar. Prendi meu cabelo novamente e respirei fundo olhando no espelho do armário. Estava em casa. Era tão bom saber que eu poderia contar com eles para serem meus segundos pais, e eles demonstravam tanto carinho por mim que não me sentia mal por abusar um pouco. Desci as escadas para a sala e encontrei-o sentado no chão com várias fotos espalhadas ao seu redor. Me sentei na sua frente, onde tinha um pequeno espaço entre as fotos.


Ele pegou uma que mostrava um grupo de pessoas jovens, reconheci a ele, Ana, Luna, tia Gina, tio Ron e tio Jorge. Conclui que a pessoa ao lado dele era Fred, seu gêmeo que eu sabia que ele tinha, mas nunca tinham me contado como ele tinha morrido. Pensei em perguntar, mas me pareceu rude.


-Esta foto foi tirada em 1995, quando Harry formou a Armada de Dumbledore, por causa de uma professora de DCAT que não nos dava aulas praticas. Você não tem noção de quanto eu aprendi naquele ano e nos outros mais com Harry. Este aqui, você deve estar se questionando – ele apontou para o cara igual ao tio Jorge –É Fred. Ele morreu na batalha de Hogwarts, até hoje seu tio não superou a parda, porque eles eram melhores amigos além de irmãos.


Ele pegou outra foto. Uma que eu reconhecia todos. Podia ver o castelo atrás deles, todos pareciam jovens de felizes. Neville sorriu ao ver essa foto:


-Esta daqui foi tirada quando estávamos ajudando a reconstruir Hogwarts, alguns meses depois da guerra. Mesmo com todas as perdas, nós não poderíamos deixar de sorrir ao reconstruir nossa casa. –disse ele, distante.


-Nev, e esta aqui? É mais recente que as outras, não é? –disse pegando uma foto muito bonita dele vestido com um terno preto e Ana com um vestido verde longo. Ana estava deslumbrante naquela foto, o que me fez gostar ainda mais da moça. Neville sorriu mais ainda ao ver aquela foto e me respondeu sonhador:


-Ah, sim... Esta daqui foi tirada no baile de formatura, quando finalmente tirei meu diploma de especialização em Herbologia e pude dar aulas. Foi o dia mais feliz de minha vida depois do meu casamento.


Naquele exato momento, Ana entrou na sala. Ela tinha adicionado um avental sobre suas roupas e prendido seus cabelos em um nó no topo da cabeça e me parecia muito feliz ao ouvir que o dia do casamento tinha sido o melhor dia da vida do marido. Ela não se conteve e nem se importou que eu estava ali: se jogou nos braços do marido e o beijou ternamente. Neville parecia surpreso e envergonhado, mas mesmo assim não deixou de levar as mãos nas costas da esposa. Achei legal a liberdade que tínhamos, éramos quase uma família, mas ao mesmo tempo éramos amigos.


-Aquele também foi o dia mais feliz de minha vida! –disse ela, se levantando. –A propósito, o jantar está na mesa.


Foi então que eu percebi o maravilhoso cheiro de comida no ar. Reconhecia o cheiro daquela sopa de hortaliças há milhas de distancia. Me sentei e me servi da sopa, enquanto o casal me fazia perguntas sobre a escola e meus amigos. Bom, não lhes contei sobre a parte da minha nota mínima em poções, mas contei que eu estava indo bem em todas as matérias, mas estava com um pouco de dificuldades. Falei que estava tudo bem com meus amigos e que considerava Lysander meu melhor amigo. Neville me perguntou o por que eu tive que ir para a Ala Hospitalar, então respondi:


-Eu escorreguei no banheiro, e minha irmã teve que chamar Lysander, que nos esperava lá fora, para me carregar até a Ala Hospitalar porque não conseguia andar de tanta dor. Mas está tudo bem agora, como podem ver. –disse esticando minha perna e mexendo meu pé para frente e tara trás.   


Eles pareceram acreditar naquela história. Mas eu não podia contar a verdade para eles, seria humilhante demais dizer que Lys estava dentro do banheiro com a minha irmã. Depois do jantar, ajudei Ana a lavar os pratos e depois voltei para a sala com Neville para ver mais fotos. Ficamos vendo fotos até de madrugada, quando eu estava com sono demais para continuar. Ana já tinha pegado no sono no sofá, então Neville a carregou até o andar de cima e a colocou na cama. Eu aproveitei a oportunidade para ir dormir também e antes de me deitar Neville me abraçou e disse:


-Você sempre será bem-vinda aqui, seja lá o que esteja acontecendo.


Então, quando ele fechou a porta atrás de si, eu chorei baixinho no travesseiro até pegar no sono. Aquelas tinham sido as palavras mais bonitas que alguém já tinha dito para mim e eu nunca me senti tão em casa quando naquele momento.


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Palavrinhas da autora:


Meus amores e amoras, eu estava pensando melhor aqui com meus botões e decidi que a Dominique vai para o 4º (quarto) ano. Os gêmeos vão para o 5º (quinto), a Victoire para o 6º (sexto) e o Teddy para 7º (sétimo). O motivo dessa mudança foi que as pessoas com 12 e 13 anos ainda não entendem muito bem o que é o amor de verdade, daqueles avassaladores, eles entendem mais de amores platonicos. Então, meus amores, me desculpem a mudança repentina, eu vou editar isso nas fanfics mas a história continuará a mesma, tudo a mesma coisa, só vai muda mesmo a idade. Espero que gostem do capítulo 4, porque essa história tá prometendo, hem? Me deixem comentários para eu saber o que estão achando e me falem se vocês gostaram ou não da mudança.
Se você tem 12 ou 13 anos, me perdoe se você se sentiu desfavorecido com esta mudança. Não deixem de ler!

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Comentários (2)

  • brunapnoronha

    opa, obrigada Anne *-* Pode deixar, eu já to escrevendo e talvez ainda hoje eu publico aqui pra vcs! beijoos da tia Bruna ;**

    2011-07-22
  • Anne Parkinson

    Oi, adorei a fic, tá ótima. Adorei o casal Dominique e Lysander. Escreve o capítulo 4 logo, bjss

    2011-07-22
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