Necklace



Eu nunca pensei que iria sentir isso pelo Lurcan, mas hoje eu senti: Ódio. Calma, foi só de primeiro momento, depois eu comecei a rir. Como eu não tinha pensado nisso antes? Não sabia o que responder, mas depois eu iria pensar em algo. Me animava saber que eles não tinham encontrado nenhuma irlandesa melhor que eu, além do mais eles não tinham tempo de procurar por isso lá, estavam ocupados demais procurando os duendes do fim do arco-iris.


Já que eu não tinha o que fazer naquele final de tarde, fiquei conversando com Ana sobre seus tempos em Hogwarts enquanto Neville cuidava das plantas na pequena estufa dos jardins atrás da choupana. A semana passou mais rápido do que eu esperava, então, no sábado, Neville me levou às Gemialidades Weasley, onde eu pude ver meus tios Rony e Jorge.


A loja estava apinhada de jovens e alguns adultos supervisionavam o local para que não quebrassem nada mas mesmo assim um garoto de cabelos cacheados e a pele num maravilhoso tom de café com leite deixou cair uma caixa de nugá sangra-nariz, fazendo a mulher negra e bonita gritar de trás do balcão:


-FRED WEASLEY II, ARRUME ISSO AGORA!


-Foi sem querer, mamãe! –disse ele com um sorriso angelical no rosto, se abaixando em meio aos pés dos clientes.


Caminhei até ele e me abaixei para ajudá-lo, falando baixinho:


-Se você me der uns desses eu não falo pra tia Angelina que você fez de propósito.


-Só te dou se você compartilhar com seu seu primo aqui mais tarde –disse ele, assumindo um ar sério como um homem de negócios.


-Fechado. –eu disse depois de pensar um pouco, enchendo meu bolso com as pequenas balas. Fred II devolveu a caixa na prateleira e me levou para o andar de cima, onde me conseguiu mais logros de graça.


Fomos para o estoque da loja, onde conversamos o resto da tarde enquanto Neville conversava com o tio Rony e com o Jorge lá no andar de baixo da loja. Da janela do estoque eu podia ver a rua, que estava cheia de gente e fazia um calor muito forte, então indaguei se poderíamos ir tomar um sorvete na Florean Fortescue e Fred II aceitou. Quando descemos as escadas, me deparei com um garoto loiro, alto, de olhos claros. Na verdade, eu quase derrubei ele da escada, porque ele estava subindo para o estoque.


-Me desculpa! Eu te machuquei? –perguntei preocupada. A franja dele cobria parte de seu rosto, pois ele olhava para baixo.


-Ah, não tem problema, eu estou acostumado com as pessoas não me verem, sou bem invisível. –ele respondeu, levantando o rosto.


-Ai meu Deeeeus, Lys!!!! O que você está fazendo aqui? Era para você estar na Irlanda! –disse me jogando em seus braços, em um abraço apertado.


-Por que a surpresa? Eu sei que você queria que eu ficasse lá. –disse ele triste, como se eu tivesse o ofendido com a minha reação. O encarei, incrédula.


-Lysander, não fale assim com a sua namorada! –disse uma voz feminina atrás do garoto. Olhei quem era e me deparei com Luna, hoje com seus longos cabelos loiros cacheados presos em um rabo-de-cavalo.


-Ela ainda não é minha namorada, mamãe. –respondeu ele, com um sorriso besta se formando em seus lábios. Vocês também ouviram o “AINDA”? Ai que lindo, gente.


-Não tem problema, Sra. Scamander, já estou acostumada com o Lys... –disse educadamente para ela.


-Ah, que bom que você sabe lidar com ele, acho que o amor faz isso. –disse ela com um olhar pensativo.


-Amor? –perguntou Fred II- Vocês estão apaixonados, ou algo assim? –perguntou ele fitando a mim e a Lysander. Olhei pra Lys, tentando achar uma pista sobre o que responder, mas ele foi mais rápido:


-É, algo assim.


Meu coração acelerou e eu fiquei vermelha, fazendo Fred II rir pra valer, dizendo:


-Espero que essa vermelidão seja do calor, Dominique, você nunca foi de ter vergonha!


-É, é do calor sim! –menti descaradamente. –Lys, a gente estava indo tomar sorvete, quer ir também? Quer dizer, não só você, todos estão convidados. –disse olhando para ele e Luna.


O garoto olhou para a mãe, a qual sorriu e disse:


-Claro que vamos, eu gosto de sorvete, muito gentil de sua parte nos convidar, mesmo sabendo que é por educação. Depois eu deixo você a sós com meu filho, mas só depois de me refrescar um pouco!


-Imagina, Sra. Scamander, eu adoraria que a senhora fosse! –respondi tentando ser simpática, mas ao mesmo tempo não querendo que nem ela nem ninguém fossem conosco. Só eu, ele e Lurcan, como no começo de toda essa história. Meus amigos inseparáveis.


Depois de avisar a Neville que eu iria na sorveteria com Luna e os meninos, seguimos pelo Beco Diagonal, parando para olhar a vitrine da Floreios e Borrões, que tinha o ultimo livro publicado de Luna Lovegood Scamander, sobre os animais mágicos que ela encontrou pelo caminho de suas longas viagens quando seus filhos estavam na escola. Nos atrasamos, porque alguns seguidores de seus trabalhos a pararam para pegar autógrafos nos livros recém comprados e discutir algumas partes chaves dos trabalhos. Achei interessante como ela se dava com seus fãs, parecia tão lívida e tão carinhosa, ao mesmo tempo tão profissional.


O interessante foi que a conversa rolava a todo vapor entre todos do nosso grupo, sendo o assunto, principalmente, o ultimo jogo de quadribol entre corvinal e sonserina, o qual Albus Severus, apanhador do sétimo ano da sonserina, efetuou uma captura de mestre.  Lysander se sentou ao meu lado na sorveteria e pagou a minha parte da conta. Fiquei um pouco brava com isso, eu não queria que ele gastasse seu dinheiro comigo, mas ao mesmo tempo achei isso muito fofo da parte dele. O jeito com que ele me olhava nos olhos quando estávamos conversando e o jeito que ele ficava quando eu dava mais atenção a Fred II ou a Lurcan me fizeram perceber que ele sofrera tanto quando eu nessa viagem.


Me perguntei se ele pensava em mim antes de dormir, se ele também sentia aquele frio na barriga quando eu estava por perto. Me perguntei, enquanto observava ele tomar seu sorvete se ele sentira como se o cérebro dele tivesse derretido quando me beijou. Me perguntei também se toda vez que nos abraçávamos ele sentia como se pudéssemos ficar assim para sempre. Se ele não sentia tudo isso, eu sentia.


Quando saímos da sorveteria, o céu já estava pintado com amarelo e laranja, num lindo final de tarde fresco de verão. A luz do sol estava enfraquecida, iluminando Lysander de um jeito que este parecia ter asas. De fato, este menino só podia ser um anjo. Só isso explica quanta beleza em uma pessoa só, mas não só beleza externa, mas interna. Voltamos para a loja, mas Lysander me impediu de entrar, dizendo que queria me levar a algum lugar para ficarmos um pouco sozinhos. Assenti e deixei que ele me guiasse pelas ruas, até chegarmos a uma pequena clareira entre tantas ruas e lojas. O lugar estava um pouco deserto, mas eu não tinha medo. O mal poderia ser acuado, embora jamais erradicado” - dissera Dumbledore. Tirando um pequeno embrulho do bolso da calça, Lysander me disse:


-Dommy, eu pensei em você o tempo todo da viagem... Eu não consegui ficar por muito tempo lá na Irlanda, então eu voltei. Nós encontramos alguns duendes e eu comprei isso pra você se lembrar de mim sempre que ver.


-Eu não preciso de presentes pra me lembrar de você, Lys... –disse acariciando seu rosto.


-Eu sei que não, mas eu queria te dar alguma coisa material.


Então ele me entregou a caixa retangular, envolta em papel de presente. Quando a abri, me deparei com um colar feito de plantas: sua corrente era feita com folhas bem finas trançadas e um pingente em forma de gota d’água, feito de cristal. Dentro deste, um pequeno fio de prata flutuava, me fazendo perguntar o que era.


-Minha lembrança mais feliz com você. Para você ver quando achar que tudo está acabado. –ele respondeu.


Me aproximei e o beijei, um beijo que de inicio deveria ser rápido, mas acabou durando muito mais tempo por estarmos com saudades. Novamente, senti como se pudesse ficar ali para sempre. Quando nos afastamos, ele sorrio e me abraçou, dando um beijo no topo de minha cabeça. Pude sentir o seu perfume e então percebi o quanto eu sentia a sua falta. Ele colocou o colar em mim, então olhei no vidro de uma vitrine escura para apreciar o resultado do meu reflexo. O colar combinava com o meu tom de pele e eu poderia usá-lo com todas as minhas roupas. Simplesmente perfeito.


Assim que voltamos para a loja, Rony me deu um bronca por que eu estava na rua quando já era noite e me disse que Hermione daria um jantar esta noite para toda a família Weasley, ou seja, eu era obrigada a ir. O legal desses jantares é que eu sempre vejo meus primos. Lys não gostou muito da idéia, mas combinamos de nos encontrar na praia, amanhã.

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Comentários (1)

  • Carolina Matos

    Adorei a fic! Confesso que sempre gostei da Dominique, não sei se é pelo fato dela também ser a filha do meio como eu, ou por algum outro motivo desconhecido, mas sei que adoro ela e gosto das personalidades que dão á ela. Espero pelos proximos capitulos, beeijos!

    2011-11-25
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