Two kids, one love



Como já havia previsto, Lysander ficou sabendo da tragédia muito rápido. Depois de cerca de uma hora, ele aparatou num baque surdo com Luna e Lurcan no terreno dos Weasley, fazendo o feitiço miadura entrar em ação. Harry correu para o quintal, empunhando a varinha. Logo que percebeu ser Luna, ele desativou o feitiço, mando-a entrar.


-Eu não sei o que deu nesse menino, mas depois que ele recebeu uma coruja veio correndo. –disse Lorcan quando passava pela porta da cozinha.


-Não se mete, você veio porque quis. –respondeu Lysander.


-Me desculpe, Harry, eu não sei o que deu nesse menino hoje. Parece que o seu filho fez alguma coisa, se eu entendi bem. –Luna tentou amenizar a situação, mas o seu tom de voz era de pura acusação.


Não consegui ouvir a resposta de Harry, já que um confusão começou no andar de baixo. Pude ouvir uma porta batendo na parede, como se fosse brutalmente aberta.


-Como ousa? –perguntou a voz de Alvo


-Ah, como eu ouso, Alvo? –era Lysander que falava agora, me fazendo abrir a porta do quarto de Molly e correr para o andar de baixo.


Quando cheguei naquele mesmo cômodo onde tudo aconteceu, encontrei um Lysander enfurecido e um Alvo igualmente bravo. Alvo não parecia arrependido, mas meu namorado parecia disposto a fazê-lo se arrepender de ter nascido. Ele empunhava a varinha, segurando Alvo pela gola da camiseta. Alvo, que também empunhava a varinha, usou um feitiço mudo para se livrar de Lysander.


Quando Lys caiu no chão, corri para o centro da sala, ficando entre os dois. Ajudei Lys a se levantar, mas o impedi quando ele correu para acertar Alvo novamente:


-Dá para pararem de se comportar como dois bárbaros?


-Ah, você está defendendo o seu priminho porquê, Dominique, gostou do beijo, foi? –perguntou Lysander, encarando-me com nojo.


-Ela amou o beijo sim, seu idiota. –Alvo só o provocava, querendo briga.


-Estupefaça! –brandou Lys, tão rápido que eu mal entendi o que ele tinha dito. “speça”, foi o que eu ouvi, mas sua varinha pareceu entender muito bem. Alvo caiu no chão, desacordado. – Incarcerous!


Cordas saíram de sua varinha, envolvendo os braços do garoto, prendendo-os contra o corpo. Lysander parecia bravo e ao mesmo tempo aliviado. Não sabia o que pensar ou o que fazer, só me sentei ao lado dele. Ele me encarou, triste, se perguntando o que tinha feito pra eu o trair. Pousei minha mão na dele, mas ele a afastou. Se levantou, dizendo que queria conversar, mas em outro lugar. Sai da sala com ele, o seguindo. Não sabia para onde ele me levaria, mas logo reconheci: atrás do pé de laranja, onde havia um banco de madeira feito por nós quando criança.


O peso de minhas pernas tinha cedido, me fazendo desabar sobre o banco. Ele não se sentou, me encarando bravo. Eu mal podia imaginar o que se passava em sua cabeça, deveria estar numa confusão maior do que já era naturalmente. Tudo o que eu podia ler em seus olhos eram o já esperado misto de desapontamento e raiva. Aquele aperto no peito só se agravou com suas palavras:


-Eu só gostaria de saber porque, Dominique. Por que eu fui traído pela minha namorada?


-Eu não te trai, Lys, foi o meu primo que me beijou! –respondi, lutando para que as lagrimas não rolassem dos meus olhos.


-Ah, não? Beijar outra pessoa quando você tá namorando outra não é traição? –ele perguntou, com a voz falhando na ultima palavra


-Sim, mas eu não beijei ele! Eu só queria ficar sozinha e ele foi lá com um papo de que ia me dar motivos pra eu ficar brava e me beijou! Eu empurrei ele e depois disso todo mundo já estava lá na sala com toda a confusão armada. –conclui, com um lagrima traidora escorrendo pelos meus olhos. Não queria parecer fraca, mas eu não consegui. Eu fui fraca o suficiente para deixar tudo isso acontecer, o que era chorar na frente dele agora? Ele se sentou do meu lado, apoiando as mãos nas pernas e olhando para baixo.


-Qualquer um pode ser apaixonado por você, mas nenhum vai ser tão apaixonado e te amar tanto quanto eu. Eu simplesmente não esperava um dia ter que passar por isso.


Suas palavras foram como jogar meu cérebro num liquidificador. Estávamos terminando ou nos acertando? Seja como for, eu não iria deixar ele ir assim, sem ao menos tentar.


-Eu não esperava que Alvo fosse tão burro, eu não insinuei nada e nem dei nenhum motivo para ele fazer isso, como ele pode?


-Sou eu que te pergunto, Dommy, como ele pode? –respondeu ele, rispidamente.


-Eu não sei Lysander, por favor, acredita em mim! Eu não fiz nada, foi ele. Você sabe que eu te amo demais pra se quer pensar em outro homem e você prefere acreditar que eu gostei que ele me beijasse? Eu não sou uma vadia qualquer!


-Esse é o ponto, você não é uma vadia qualquer, mas permitiu que isso acontecesse. Eu não sei o que pensar de você, me desculpe.


-Só me perdoe, por favor me perdoe... –disse, segurando sua mão. Pensei que ele ia soltar como fez da outra vez, mas ele a segurou mais forte. Encostei minha cabeça no seu ombro e deixei que as lágrimas escorressem dos meus olhos, com direito a ocasionais soluços. Lysander encostou sua cabeça na minha, perdido em pensamentos.


Ficamos nessa posição até eu não ter mais lagrimas e ele não ter mais pensamentos. Mesmo assim, não estava bem o suficiente para levantar de lá e encarar o mundo de julgamento de toda a família e as perguntas “vocês já se entenderam?” ou “vocês terminaram?”. No calor da raiva, não tinha percebido como estava frio aqui fora. Todo meu corpo clamava por aquecimento, me fazendo esfregar as mãos.


-Você quer entrar? –Lysander perguntou em voz baixa. Levantei os olhos para a casa e percebi que só havia uma janela acesa.


Assenti e ele se levantou, me puxando pela mão para me ajudar. Procurei pelos seus olhos e os encontrei olhando nos meus, então fiquei na ponta dos pés para alcançar seus lábios. Depositei um beijo leve e inocente nele, preocupada se ele ia retribuir. E ele o fez. Me beijou com a mesma intensidade leve e inocente num beijo rápido que valia por mais de mil palavras de perdão.


Ele me abraçou enquanto andávamos para a casa e abriu a porta para eu passar. Me perguntei de onde ele tirara tanto cavalheirismo e cheguei na conclusão que ele estava apenas com medo de me perder. Na cozinha estava minha mãe, com um semblante preocupado, meu pai quase pegando no sono e minha irmã, com as mãos cruzadas no colo protegendo a barriga da corrente de ar. Inclinei minha cabeça para a porta da frente e todos se levantaram. No caminho para fora da casa, encontramos Luna e Molly conversando em voz baixa, mas elas não comentaram nada sobre a briga. Lyz me deu um ultimo selinho antes de partir com sua mãe e eu partir com meus pais. Algo me dizia que não conseguiria dormir naquele final de noite.

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