Don't take my pie



Bom, com toda essa história de jantar só dos Weasley eu tive que ir para a minha casa. E quando cheguei lá com Neville minha mãe me abraçou e disse que sentiu minha falta, depois agradeceu o amigo por me deixar ficar na casa dele por aquela semana. Meu pai, por outro lado, só faltou chorar. Não de orgulho de eu estar de volta, mas de raiva. Sabe como é, eu fiquei muito tempo fora, assim como ele e tudo mais. Depois de quase uma hora ouvindo sobre responsabilidade e sobre fugir quando me é imposta uma situação eu pude subir para o meu quarto e apreciar o colar no meu pescoço por muito tempo.


Claro que os jantares dos Weasley não eram só jantares. Eram eventos especiais, que precisavam de uma sala de jantar gigante, com varias mesas unidas para acomodar todos os membros. Mas é claro que a tia Hermione não tinha tantas mesas, então os mais novos se sentavam onde desse com seus pratos no colo e conversavam sobre tudo. Desta vez seria divertido, e por isso eu tinha que achar uma roupa confortável e ao mesmo tempo uma que eu pudesse sujar de comida. Porque era sempre assim, sabe... Isso quando não tinha uma terceira guerra mundial só com comida, fazendo com que nossos pais praticamente pirassem. Bons tempos.


Acabei escolhendo um jeans e uma regata branca, não era preciso muito para realçar minha beleza. E nem minha modéstia, como podem ver. O caminho até A Toca II, o lugar mais limpo e arrumado de todo o mundo mágico, excerto por essa noite, era iluminado por grandes lâmpadas enfeitiçadas para permaneceram flutuando no caminho dos convidados e para não deixar as crianças se perderem.


A casa já estava cheia de gente, o que significava que pelo menos 4 das 5 famílias já estavam acomodadas na sala de estar e na cozinha. Podia ouvir a risada de meus tios e as crianças brincando no quintal, mas nenhum sinal da parte adolescente da família. Depois de cumprimentar a todos com um aceno comunitário, abri a porta da cozinha que levava a um grande jardim. Loius passou correndo com algum brinquedo-não-identificado por mim, encontrando Lily e rindo. Debaixo de um pé de amoreira estava Alvo Severo. Ele usava um jeans surrado e um blusão azul, com o símbolo do time de quadribol que torcia. Seus cabelos negros estavam desarrumados e seus óculos, esta noite, eram de armação quadrada, incomum, pois ele aderira às lentes de contato trouxa assim que soube de sua existência.


Ao lado do meu primo estava Roxane. A mulata tinha a pele perfeita e os cabelos longos em cachos presos em um meio-rabo. A maquiagem ali era inútil, pois sua beleza já era estonteante, mas mesmo assim ela a usava: sombra marrom e varias camadas de mascara nos cílios. Assim que me viu, se levantou e correu para um abraço apertado, de modo que eu sentia seu perfume floral.Alvo se levantou e me deu um beijo na bochecha.


-Dommy, há quanto tempo! Quando foi a ultima vez que te vi? No natal passado? –perguntou sorrindo e passou a mão nos cabelos, ajeitando-os de modo que os fios rebeldes foram jogados para trás.


-E ai, priminho! Faz tempo mesmo, você não tem tempo de ver a família, principalmente agora que está fazendo tantas provas e ainda joga quadribol... não sei como consegue conciliar o seu tempo. –disse animada.


-Nosso primo é um mestre! –disse Roxane, dando ênfase na ultima palavra. –Ele tem uma agenda, dá pra acreditar? Tem tudo lá, até o endereço das garotas dos 6ºs e 5ºs anos para visitá-las nas férias.


-Ai, Rox, larga a mão de ser dedo-duro! –disse uma voz nas minhas costas. Me virei e Fred II estava com a mesma roupa daquela tarde, ainda suja de sorvete.


-Eu não sou dedo-duro, eu só falo a verdade! –protestou a irmã.


-Tudo bem, gente, eu não tenho nada a esconder. –disse Alvo, rindo da situação que a prima o colocara. –Se elas me amam, não é minha culpa. –completou levantando o queixo e estufando o peito como um pombo.


-Dommy, Dommy, a Lily quebrou o meu brinquedo!!!! –disse Loius, com cara de choro, carregando uma vassoura que ganhara de Jorge no natal.


-Não há nada de errado com ela, querido. –disse depois de examiná-la minuciosamente.


-Claro que tem alguma coisa errada com ela! Porque ela não voa! –disse o garotinho indignado que a vassoura “não mágica” não voava.


-Vai falar com o Tio Jorge então, já que o meu trabalho é inútil! –disse me irritando com a idiotice do garotinho.


-DOMINIQUE, ela NÃO. ESTÁ.FUNCIONANDO.  –Loius disse como seu fosse uma idiota e fosse mais nova que ele. Me segurei para não levá-lo para minha mãe pelas orelhas e gritei pelo batente da porta da cozinha:


-MANHÊ, DÁ UM JEITO NO SEU FILHO! –depois disso pude ouvir a conversa parar e Loius começar a chorar. Provavelmente tinha recebido a notícia de que sua vassoura estava quebrada.


Fiquei conversando com Roxane, Fred e Alvo até a hora que Hugo foi nos chamar para o jantar. Eu já podia sentir o cheiro das tortas de vovó, o que me fez perceber que estava com fome. Como assim eu passei horas conversando sem comer nada? Fomos nos servir e improvisamos uma mesa com caixas de papelão velhas e pedaços de madeira no jardim, onde nos sentamos para desfrutar do delicioso jantar. Levei uma caneca de cerveja amanteigada para os menores de 17, mas sabe como é o Alvo, né? Herdara mais genes Weasley que Potter, então, quando todos os pais estavam distraídos com as crianças e absortos nas conversas, pegou uma garrafa de hidromel e uma de wiskey de fogo.


Como em meus genes predominavam a emoção e não a razão, tomei alguns goles de wiskey e um pouco de hidromel para aliviar o hálito forte do álcool. Nada de estranho em uma menina de 14 anos, com cara de anjo, tomar alguns goles de bebida, não é mesmo? Também acho que não.


Acho que ainda não contei para vocês do paradeiro de Victoire, mas é só porque eu não a vi depois que entrei na casa. Não sei para onde ela foi, mas da janela da cozinha podia vê-la sentada ao lado de Teddy, o qual estava com os cabelos laranjas, indicando estar apaixonado. Vic usava uma trança lateral e na ponta uma delicada fita azul, que quase se camuflava com seu vestido. Sua barriga ainda não aparecia e acho que daria a desculpa de que estava engordando muito por causa das festas de Hogwarts. Agora cabia a meu pai acreditar ou não.


Comíamos a sobremesa, uma maravilhosa torta de morango só para nós, quando discutíamos as jogadas de quadribol feitas por Alvo. Ele herdara os olhos verdes e os cabelos pretos do pai, mas, naquela noite, reparei em algumas inexplicáveis sardas. Enquanto Fred falava sobre como o apanhador tinha conseguido pegar o pomo de ouro, Alvo percebeu que eu estava o observando e interpretou tudo errado. Será que ele sabia que eu estava namorando o Lysander? Bom, isso nunca impediu ninguém de fazer nada com ninguém, pelo contrario, parece que todo mundo fica interessado em você quando você não está interessada neles.


Desviei o olhar para o suculento pedaço de torta no meu prato quando Louise veio se sentar no meu colo. Minha raiva com o garotinho já tinha passado, ele não tinha culpa que sua vassoura de brinquedo não funcionava. O filho-da-mãe ainda teve a coragem de comer o restante da minha torta, enquanto dizia para o moreno de sardas:


-Um dia quando eu crescer e for para Hogwarts eu quero ser batedor que nem o tio Jorge e o tio Fred foram!


-Eu acho que você vai ser um ótimo batedor! –disse Roxane, num  tom amigável


-Ôh pai, o senhor ouviu essa? –gritou o filho para Jorge


-O que? –perguntou Jorge, olhando pela janela da cozinha.


-O Louis quer ser batedor que nem o senhor foi em Hogwarts!


-Opa, eu posso dar umas aulinhas pra ele, se a Fleur deixar.


Não agüentei e ri:


-O tio Jorge dando aulas pro Loulou? Essa eu quero ver!


-Nossa, eu faço um intervalo nos treinos para dar uma olhada nisso...- disse Alvo, olhando para mim, como se o motivo da futura vinda dele seria só me observar ver o jogo.


-É, ahm... eu acho que vou lá pra dentro, aqui está ficando meio frio e sabe como é... –disse a todos da mesa, me levantando e colocando Louis na minha cadeira. Fui para a cozinha, onde estavam todos os adultos reunidos rindo de alguma piada de Jorge. Ao passar pelo Vovô Weasley, pude ouvi-lo perguntar para Harry:


-Harry, acredita que até hoje eu não sei a utilidade de um pato de borracha?


-Eu também não, Sr. Weasley, eu também não... Mas eles divertem muito as crianças!


Ai, Deus, como a minha família é engraçada! Fui para a sala, que era ligada a sala de jantar por um corredor pequeno, sendo que no meio dele tinha uma porta que levava a cozinha. Me sentei no sofá e me perdi em pensamentos olhando para o fogo, me perguntando onde Lysander estava e o que ele estava fazendo. Provavelmente estudando Trato de Criaturas Mágicas com sua mãe ou tramando alguma coisa com Lurcan. Me lembrei do meu dia e automaticamente levei as mãos ao colar no meu pescoço, imaginando qual seria a memória que ele tinha guardado para mim. Não sei quanto tempo passei ali, mas a lua brilhava mais pela janela, então conclui que tinham se passado algumas horas. Ou alguns minutos, para um coração apaixonado o tempo voa.


Quase cai do sofá quando percebi que Alvo estava me observando do batente da porta. Ah, não, meu radar interno de merdas estava apitando. Já sabia o que estava por vir, mas não sabia como prevenir. Ele se sentou do meu lado e disse, olhando nos meus olhos de uma maneira que não era fraterna:


-Oi, Dommy, por que veio para cá ficar sozinha?


-Talvez seja porque eu quero ficar sozinha? –respondi, com um suspiro profundo de raiva.


-Não seja tão rude com seu primo... –ele disse, passando a mão no meu rosto, todo romantiquinho. –Eu não fiz nada para você.


-Não mesmo, eu não quero ter motivos para te dar um tapa. –retruquei, me esquivando de sua mão.


-Você não vai ter.


Logo em seguida tudo virou um inferno. Nada saiu como eu imaginei, foi pior. Ele me beijou carinhosamente, metendo a língua na minha boca como se eu fosse retribuir o beijo. O empurrei e me afastei, ele ainda não tinha notado o que havia acontecido então aproveitei a deixa para lhe dar o maior e mais forte tapa já dado na história. O barulho da palma da minha mão no seu rosto foi tão forte que pode ser ouvido do outro cômodo.


Depois, quem ficou sem reação fui eu, que só consegui olhar para baixo e sentir as lagrimas debulhando dos meus olhos. Sabia que meu rosto estava vermelho, mas eu não ligava. Eu sentia como se eu tivesse traído o único cara que eu amo. Me sentia pior que o dia do banheiro, antes da confusão ser passada a limpo. Aquele filho-da-puta do Alvo! Como dele pode? A noticia deveria chegar logo a Lysander, com tudo aquilo de gente que praticamente aparatou na sala.


Senti os braços de minha irmã me envolvendo, dizendo que não tinha sido minha culpa. Criei coragem de olhar para o lado ao ouvir Alvo falar para Fred: “eu não entendo as mulheres, elas ficam todas sorriso para você e, quando você chega nelas, elas te batem”. Fred respondeu, quase rindo: “mas cara, acho que você é o único que ainda não sabe que ela ta namorando o Lysander”.


Sorri internamente por ele me poupar dos esclarecimentos. Vovó Molly foi preparar um chá para mim e minha mãe se sentou ao lado de Vic, dizendo que os homens são cabeças-duras e são poucos que tem valores. Harry parecia desolado, enquanto Gina dava uma bronca no filho sobre respeito e responsabilidade. O que será de mim agora? – pensei.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • Vitória Weasley Granger

    Nossa! Comecei a ler hoje a sua Fic e já terminei. Estou adorando e estou esperando ansiosa o próximo capítulo! Espero que não demore. Parabéns!

    2012-01-16
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.