Um dente de lobisomem



Albus andava pelos corredores vazios, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho. Correu para fora do castelo e chegou ao salgueiro lutador. Na primeira noite havia visto James fazer a árvore parar, mas não sabia como. Ele foi entrando no meio dos galhos, mas o salgueiro começou a se mexer e o agarrou, o arremessando para longe. Ele tentou inúmeras vezes achar algo que o ajudasse a entrar lá dentro.

Já estava quase desistindo quando avistou um pequeno botão, bem no centro. Já estava fraco demais para tentar, mas correu. Ele se jogou, e por pouco, o galho não arrancou sua cabeça. Pulou dentro do buraco e se esborrachou no chão.

Nada parecia diferente, tudo estava no seu devido lugar. Albus explorou o local por minutos, mas não encontrou nada. Perdeu a noção do tempo, quando olhou para o relógio já haviam se passado quarenta minutos. Deu mais uma volta no local e quando já estava de saída avistou um objeto branco desconhecido. Ele o pegou, era um dente, um dente enorme. Pensou que talvez era um dente de Rose, mas mesmo assim o levou.

Saiu de lá, já estava atrasado para a primeira aula. Colocou o dente do bolso e deixou a capa da invisibilidade na casa dos gritos, depois voltaria para pegá-la. Era a aula de herbologia, com o professor Longbottom. Albus já o conhecia, mas por Neville, amigo de seu pai, que teria ido o visitar no dia de seu aniversário.

Abriu a porta e todos o olharam. Ele foi andando até chegar ao lado de Ben, que estava ao lado de Rose. 

-Por que chegou atrasado? -Cochichou Ben.

-Depois eu te explico.

Neville começou a explicar sobre o Visgo do Diabo. Albus não conseguia prestar atenção, não com tudo aquilo em sua cabeça. Quando a aula acabou, decidiu ir falar com Rose.

-Rose. -Ele a puxou. -Quero falar com você.

-O que você quer? -Perguntou ela.

-Eu quero saber por que você anda assim, não fala mais comigo, nem me olha mais. Eu sou seu primo!

-Eu não quero falar sobre isso.

-Você nunca quer, esse é o problema. O que eu fiz de errado?

-Você... Não me ouviu. -Ela falou, olhando para Ben, que ia embora.

-Não te ouvi?

-Eu falei pra você não ir junto comigo. -Desta vez ela olhava para o chão. -Que você acabaria se machucando.

-É por isso que você não fala comigo? Tudo bem, a culpa foi minha por ter ido junto.

-Você não é o problema. Sou eu. Eu não quero mais te machucar.

-Eu prometo que eu vou te ouvir da próxima vez. Estamos bem agora? Pazes? -Falou ele, estendendo a mão.

-Tudo bem, pazes. -Ela riu. -Mas se você se meter lá na casa dos gritos outra vez eu te mato!

Ele riu, mas ao mesmo tempo ficou aflito. Ele acabara de prometer uma coisa que acabara de fazer. Foram caminhando até o salão principal. Ben os esperava, já devorando tudo que havia em seu prato. Eles comeram e por fim foram descansar um pouco. Os garotos foram para o dormitório dos meninos e se deitaram.

-Ben. -Chamou Albus.

-O que? 

Ele retirou o dente que havia encontrado e mostrou a ele. Ben observou por alguns minutos, espantado.

-Aonde você achou isso?

-Na... Casa dos Gritos. 

-Você foi lá? Quando? -Ben gritou de tão assustado.

-Logo depois que eu sai do salão principal. Por isso cheguei atrasado nas aulas. 

-Você foi sem mim? Nós tinhamos combinado de ir juntos! E o que é isto?

-Um dente, achei e fiquei curioso.

-E se for de Rose? Ela vai perceber que sumiu! 

-A questão é, e se não for de Rose?

Os dois ficaram calados por alguns minutos, pensando. 

-Acho melhor falarmos com ela. -Falou Ben.

-Mas ela não sabe que eu sei do que você sabe.

-O que? -Perguntou Ben, confuso.

-Usa a cabeça. Você me contou sobre a suspeita, que ela achava que alguém tinha ido lá. Por isso eu fui hoje, e encontrei esse dente. Mas como vamos contar que eu fui por esse motivo se ela não me contou nada? E ainda por cima, eu prometi hoje mesmo, quando fizemos as pazes, que eu nunca mais iria lá.

-Ainda acho que é melhor falar com ela. 

-Tudo bem, mas saiba que ela vai ficar estressada. Com os dois.

Eles desceram as escadas e ficaram um tempo esperando Rose descer. Minutos se passaram e ela apareceu, com um grande sorriso no rosto.

-Vocês acreditam que hoje não é noite de lua cheia?

Os dois se olharam.

-Rose, eu preciso te contar uma coisa. -Falou Albus.

-Eu também. -Continuou Ben.

-Então contem. -Falou ela, com um olhar suspeito.

-Lembra do que você me contou, sobre que você achava que alguém tinha ido na casa dos gritos? Eu contei para Albus. -Começou Ben.

-Você fez o que? -Gritou Rose.

-E nós tinhamos combinado de ir na casa dos gritos investigar. -Interrompeu Albus.

-Vocês o que? -Gritou ela, dessa vez mais alto.

-Mas quando eu sai estressado da mesa, foi lá que eu fui, sem o Ben. 

-Você prometeu que não iria mais lá!

-Mas depois de eu ir! Eu não sabia! Mas a questão não é essa. -Falou Albus, tirando o dente do bolso. -Esse dente é seu?

Ela olhou por alguns minutos. Pegou o dente e começou a revirá-lo. Por fim sentou-se, e olhou para os dois.

-Não. -Murmurou. -Esse dente não é meu. 

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