Capítulo 03



N/A = Esse foi o capítulo que mais gostei, até agora xD~ Sei, não deveria dar preferência, mas foi o que mais gostei. Talvez exista outros melhores mais pra frente.


Eu mandei pra betarem, apesar de terem dito "Pra que ta me mandando isso, menina? Escreve e posta direto!", então acredito que eu esteja melhorando no meu português precário e.e' Existe apenas uma pequenina e quase insignificante mudança no texto.


Desculpa a demora pra postar, mas fiquei atarefada com todo o negócio do último filme de HP, blá blá blá, e acabou que o capítulo prontinho no PC e eu nada de postar xD


Aqui vai \o Boa leitura aos novos e velhos leitores!


_________________________________________________________


 


Ambos espreitaram, esperando o horário exato que o comensal sempre saía para fortalecer as armadilhas. Sabiam que tudo precisava ser rápido. O interrogatório, a volta do vigia aos afazeres. Naquele dia, claro, seria arriscado, mas eles não queriam perder tempo. Com Voldemort ou sem Voldemort na casa, seria arriscado do mesmo jeito.


Viram o comensal sair, com ar carrancudo, e, na primeira oportunidade, quando deu às costas onde estavam escondidos sob feitiços desilusórios, Harry o silenciou e estuporou logo em seguida. Rony e Harry não perderam tempo a retirar o corpo dali.


- Que parte prefere, Rony? – Harry perguntou aos sussurros, enquanto botavam o corpo no fundo da casa, próximo da janela alvo que se escondia por um feitiço de ilusão, mas sabiam que estava ali.


- Qualquer uma! O gosto será horrível mesmo! – exclamava um Rony conformado também muito baixo, fazendo Harry ter que sufocar algumas risadinhas.


Harry cortou um pedaço da unha dos pés e deu a Rony que colocou na poção polissuco que haviam comprado quando planejaram todo o esquema daquele dia na tarde anterior. Rony iria se disfarçar do comensal, pegar sua varinha e refazer as armadilhas – que eles já sabiam de cor e salteado quantas eram, como eram e onde estavam de tantas semanas que vagavam por aqueles terrenos –, enquanto Harry teria um pouco menos de três horas para interrogá-lo.


A escolha das funções era óbvia. Harry parecia ter muito mais experiência em interrogatórios do que Rony e ele iria arrancar informações bem mais rapidamente. Rony acabou sobrando para fazer a parte “enfadonha” do trabalho.


Apesar de no começo ter achado Harry extremamente cruel quando observou o que ele fazia diariamente, agora até já tinha conseguido se acostumar.


Harry, por saber que poderiam ser ouvidos, fez feitiços de proteção em volta do local para não serem vistos caso alguém olhasse por alguma janela e nem pudesse ser ouvido, enquanto torturava o comensal para obrigá-lo a lhe revelar o que desejava. Sua legilimência não era boa o suficiente para, em três horas, ver as informações desejadas.


Quando terminou, fez o feitiço para modificar a mente do comensal, plantando imagens para parecer que aquele dia só fora mais uma monótona tarefa e deixou-o na frente da mansão, após Rony ter terminado todo o serviço. Quando desfez o feitiço, o comensal voltou como se nada houvesse acontecido. Apenas estranhou que sentia-se levemente dolorido.


Observaram as janelas atentamente para não serem vistos saindo dos terrenos e finalmente chegaram a um local relativamente seguro para que Harry pudesse lhe dar as novidades.


- Pronto, pronto. Aqui está bom. – Harry disse, enquanto praticamente corriam, sempre olhando atentamente para os lados.


- Finalmente! O que descobriu? – perguntou Rony em expectativa, enquanto sentavam-se no chão e recostavam as costas na parede.


- Bom, ele me disse que só um feitiço já é suficiente para retirar todo aquele arsenal, mas parece que até fazer efeito completo, ou seja, retirar tudo o que foi colocado lá, pode demorar algumas... hum... horas.


- Horas!?! Isso não ajuda, temos só alguns minutos!


- Calma. Também fiquei desesperado quando ouvi isso. Pressionei para saber o quanto o quarto era usado e tive a melhor resposta imaginável.


Rony o observou com incredulidade. Duvidava que houvesse uma resposta que resolvesse todos os problemas. Aquilo parecia estar tornando-se impossível.


- Às 5 horas da manhã, um escravo trouxa entra no quarto para deixar a roupa do escravo que usará no dia. O escravo não fica além das 7 da manhã e, então, por volta das 7 e meia, outro escravo trouxa aparece, para deixar a roupa de dormir. – viu Rony arquear as sobrancelhas, incrédulo. Provavelmente pensava o quão paparicado devia ser o tal escravo. – Desde então, o quarto fica vazio o resto do dia, até algo próximo das 10 horas da noite quando o escravo volta para dormir!


- Não acredito! – Rony se sobressaltou, quando Harry havia finalizado a movimentação quase nula existente no quarto. – Mas e Você-Sabe-Quem? Não entra?


- Aparentemente não. O quarto dele fica logo ao lado, atravessando a única porta de saída do aposento. Parece que aquele quarto foi feito especialmente para o escravo.


- Que incrível. Se tivermos sorte de nada der errado no dia que decidirmos fazer o feitiço, será moleza! - Rony tinha se animado por completo depois daquelas boas notícias.


- Ah, mas ouve essa. E acho que isso pode ser muito importante. – Harry disse mais preocupado.


- Lá vem ele com notícia ruim... primeiro anima, pra depois vir com a bomba! – mas apesar da reclamação, Rony prestava atenção.


- Quando perguntei sobre a janela, nem pestanejou para saber o que queríamos para tentar invadir a casa. – Rony fez um sinal para que continuasse, observando atentamente – disse que não me interessava em invadir a casa, então ele arregalou os olhos e parecia ter ficado muito pálido e gaguejou se eu era doido o suficiente de querer raptar o mascote do Lorde das Trevas. – Harry franziu a testa ao enfatizar bem a palavra mascote em sua fala. – ele não disse exatamente assim, na verdade estou complementando com o que ele não conseguia nem falar.


Ficaram um momento em silêncio, encarando-se seriamente.


- Mascote, ele disse? – Rony quebrou o pequeno silêncio instalado – Porque mascote?


- Não sei! – ele disse, mas continuou – Só sei que o cara estava apavorado, se usei uma ou duas torturas para fazê-lo falar foi muito! Seja como for, raptar esse mascote provavelmente nos encrencará até a ponta do cabelo. Você-Sabe-Quem deve estimá-lo, o que só indica que deve haver alguma coisa que ele sabe muito valiosa. Ou talvez...


-... seja uma Horcrux. É, você já me disse essa teoria. – Rony revirou os olhos – Não tem como ser uma Horcrux, Harry, enfia na cabeça que ele já se mutilou muito para fazer isso ainda mais!


- É melhor ter certeza, do que confiar que seja impossível. Ele conseguiu fazer sua sétima Horcrux em mim, mesmo quando ele mesmo achou que fosse impossível! – Harry disse convicto. – Mas o caso não é esse, de qualquer forma.


- O que você queria falar?


Harry respirou fundo, antes de falar.


- Quero saber se quer mesmo continuar nesse plano insano. Se meus cálculos estiverem minimamente certos, Você-Sabe-Quem em pessoa estará no nosso encalço para reaver seu precioso escravo e acho que vivo não estaremos se não conseguirmos rapidamente descobrir onde ele guarda, pelo menos, a Espada de Gryffindor.


- Quer desistir agora que chegamos tão longe?! – Rony estava até ficando meio vermelho de raiva. – Não fiquei quase 3 meses bisbilhotando essa casa, quase sendo pego, quando caí nas armadilhas, para você desistir agora! Na... – ele esbravejou, elevando a voz cada vez mais, obrigando Harry a calá-lo, para ninguém ouvi-los.


- Calma, Rony! Calma! – Harry sussurrou meio preocupado de a voz de Rony ter sido ouvida – Estou perguntando se você quer desistir. – ele parou levemente de falar, parecendo escolher as próximas palavras. – Eu não vou voltar atrás, mas não quero te obrigar a algo tão arriscado. – Harry o observou estranhamente naquele momento, num misto estranho de arrependimento e amargura – Você ficou 9 anos sem ver a luz do sol, por minha culpa, para depois acabar morrendo num plano insano meu! Não vou me perdoar de levá-lo nessa guerra, que agora só há eu e você, arrastado.


Rony retirou a mão de Harry de cima de sua boca. Apesar de Harry ficar sempre falando sobre não ter jeito de mudar o passado, ele não se perdoava ainda pela própria falha que custou a vida de muitos, futuros de outros e também do melhor amigo.


- Harry... – ele começou de modo calmo – Você ficou maluco? – Rony até mesmo cruzou os braços, como que ofendido, assustando o amigo – Posso não ter te perdoado por completo, mas você tinha razão. Se você é o salvador, quem vai te salvar? – ele fez uma pequena pausa significativa, observando Harry ficar sem jeito. – Eu, é claro! Você me salvou e farei o possível para fazer o mesmo. Vamos nessa, juntos. – finalizou convicto.


Harry não conseguia falar, mas finalmente soltou apenas uma simples palavra:


- Obrigado.


 


 


 


Estavam novamente escondidos sob feitiços desilusórios. O comensal já havia feito sua ronda e estavam abaixo da janela-alvo. Dias de preparação e chegara o momento fatídico. O nervosismo entre eles era sentido no ar.


- Tem absoluta certeza de que está tudo pronto, né? – sussurrava Rony, com voz em suspense – Decorou o feitiço, está com a capa da invisibilidade que compramos e os equipamentos para não precisarmos usar feitiços lá dentro, correto?


- Checamos tudo hoje de madrugada. Está tudo aqui. Revisamos todo o plano também, mas se tiver alguma dúvida...


- Dúvida? Não tem como ter dúvidas, só preciso ficar vigiando as janelas e a rua, enquanto você faz todo o trabalho! – Rony reclamava bem baixo, com medo de que fossem ouvidos seus sussurros.


- Devia estar feliz, sou eu que vou ter que estar a uma parede de encarar minha morte!


- E eu a uma janela. – Rony indicou a janela ao lado, que obviamente devia ser onde era o quarto de Voldemort.


- Talvez você esteja em pior situação do que eu. – falou levemente pensativo Harry, fazendo Rony gemer. – Brincadeira, Rony! Calma! – parecia que o amigo estava prestes a ter um colapso nervoso – Você só precisa ficar nessas sombras e ninguém notará seu feitiço desilusório. Enganaria até Você-Sabe-Quem. Agora se acalme ou não faremos o serviço direito.


Sentia Rony respirando ruidosamente para se acalmar. Podia até imaginá-lo a fechar os olhos e voltar a abri-los tentando se controlar.


O plano havia começado. Harry ficou bem rente a parede, olhando o local onde lançaria o feitiço. Para que a luz não fosse vista, Harry precisava escalar a parede e estar com a varinha praticamente encostada nos feitiços para que ninguém reparasse. Retirou da mochila os equipamentos comprados para essa tarefa e começou o plano. 


Harry tinha conseguido o intento e agora era só esperar. Precisavam que os feitiços se desfizessem completamente em menos de 8 horas, para que ninguém notasse o que ocorria na janela por dentro.


As horas se arrastavam, enquanto os dois prendiam a respiração, olhando para cada janela – principalmente a do lado – esperando que repentinamente um rosto pudesse surgir. Mas não ocorreu nada de anormal, o feitiço havia feito seu trabalho com 3 horas de antecedência, antes das 10 horas. 


- Que acha de tentar invadir agora e já ficar lá dentro, Harry? – perguntou Rony, não conseguindo se segurar de excitação. Não queria esperar até meia-noite para ter certeza do plano funcionar. 


- Não. Será meia-noite. – Harry disse convicto, voltando a calma de sempre.


 


 


 


Imaginou que, com o primeiro dia, ela já estaria um pouco mais acostumada com as figurinhas e as ignoraria, agilizando a leitura. Havia se enganado redondamente. Não era mentira que tinha mesmo conseguido retirar mais sua atenção das figuras para as palavras do texto, mas ela acabou prestando atenção em outras coisas.


Não sabia qual era o prazer dele de ficar arrumando seu cabelo enquanto lia, mas achava repugnante e não conseguia se concentrar na leitura direito. Irritava. Deixava-a nervosa. Reclamou e só piorou o estado do seu nervosismo e consequentemente da sua leitura.


Além dele continuar a mexer no seu cabelo, “achou” que ela estava se estressando por ler de mal jeito. Fez questão que ela apoiasse nele e o livro levitasse a frente dela para também não esforçar os seus frágeis braços a carregar um livro tão pesado acima de si. Parecia fazer de tudo só para estressá-la ainda mais com a sua presença cada vez mais próxima.


Era isso que queria eliminar em suas seções de leitura quando começou uma discussão naquele dia, após terminar a leitura do livro.


- Porque não posso usar a cadeira? Consigo me concentrar mais! – Hermione perguntava indignada pela recusa dele a lhe dar a liberdade de escolher onde queria ler. Além de estar sendo obrigada a ler livros que não queria, não podia nem escolher o lugar onde lê-los!


- Você não pode usar a cadeira, porque eu não quero que você use a cadeira. É simples, mascote. O importante é que você leia. Não importa quantas vezes o mesmo parágrafo. – ele respondeu com a sua calma de sempre, num ar professoral. Os olhos rubros brilhavam, acompanhados por um sorriso de lado que sua boca desenhava. Cada traço de seu rosto parecia fazer chacota da raiva que lentamente saía da sua mente e externava em seu rosto.


Era claro que não precisava externar todos os possíveis nomes que o chamava mentalmente para que ele soubesse, mas não conseguiu manter interno o começo do lacrimejar provocado pela ira.


Num ímpeto, simplesmente virou as costas, indo na direção da porta de seu quarto. Sabia que ele não havia movido um músculo sequer, enquanto caminhava, despreocupado sobre o que ela poderia fazer. Afinal, não podia abri-la, ele tinha proibido logo de manhã. Mas ficaria sentada na porta até poder, como um protesto.


Era inútil, mas só pensou realmente na inutilidade do ato em geral, mais tarde. Afinal, se ele não quisesse, ela seria obrigada a sair dali. Seria obrigada, sempre, a fazer o que ele queria.


Sentiu as lágrimas quentes percorrerem seu rosto, enquanto ouvia o caminhar calmo dele que se aproximava por suas costas. Abraçou mais forte os joelhos, encolhendo-se, escondendo o rosto entre eles, como se fosse necessário que ele visse que estava chorando.


- Pare de se encolher. – ordenou, fazendo seu corpo imediatamente obedecê-lo.


- De-deixe-me em paz! – ela conseguiu falar, entre soluços, tentando se encolher em vão. Gemeu, sabendo que seus desejos não seriam atendidos se não diminuísse seu ego. – Por favor. – suplicou, quebrando o pouco de orgulho que ainda sobrava dentro dela naquele dia, para ter paz.


- Gosto de ouvir suas súplicas, pena que normalmente elas venham quando está sensível. – ele comentou com ar analítico, enquanto se abaixava e pegava-a no colo.


Não parava mais de chorar, enquanto era carregada. Só conseguia pensar o quanto odiava sua delicadeza fria, odiava seus comentários, odiava os sorrisos sarcásticos, odiava o brilho da sua íris vermelho-sangue, odiava como ele sabia manipulá-la. Odiava, principalmente, como ele sabia todos os jeitos de irritá-la.


Ouviu alguns silvos, antes de sentir a maciez da cama. Antes dele se afastar, sibilou próximo de seu ouvido:


- Também odeio o quanto você é frágil.


Ergueu os olhos, embaçados, não vendo nada além de borrões. Os cobertores foram colocados por cima de seu corpo e o borrão, que deduzia ser ele, afastava-se na direção do que calculava ser a escrivaninha.


Continuou a chorar por mais algum tempo, os soluços cada vez mais baixos, denunciando que se acalmava. Por fim, adormeceu e seus soluços cessaram. Instalou-se um precário silêncio que durou por poucos minutos.


- Que época irritante essa. – o Lorde comentara com um ar insatisfeito, quando ergueu os olhos dos papéis, para analisar sua mascote que dormia em sua cama.


Quase não usava aquela cama, pois não era necessário que ele dormisse. Utilizava-a como um tipo de poltrona confortável para ler, quando não estava invadindo o único momento que, teoricamente, ela teria de privacidade. Repousou os papéis sobre a escrivaninha, para seguir até a cama.


Nagini, que estava enrolada em seu corpo preguiçosamente, abrira os olhos quando ele decidiu mover-se. O Lorde sabia que ela não ouvira a frase anterior, mas gostava de ser prudente e, sendo o único que falava a língua das serpentes, seus segredos podiam ser mantidos, mesmo falando em voz alta.


- Controle-se, mestre. – ouviu o sibilar de Nagini próximo de seu ouvido, mas nem por isso seu olhar vidrado, com o mais puro desejo brilhando, tinha se despregado dela. Nagini podia sentir os músculos tensos, abaixo de suas escamas. – Pode morrer se tentar seguir seus desejos de agora.


- Eu sei, Nagini. – respondeu com ar contrariado. O brilho não desaparecera, no entanto, enquanto sentava-se de mansinho na beira da cama – Mas essa aura de fragilidade parece que pede por ser mutilada. Posso imaginar o sangue de trouxas imundo que corre pelas veias dela escorrendo pela pele que mantenho imaculada só para este fim. – ele passava, com alguns milímetros de distância, sua mão pela extensão do corpo adormecido, seus olhos percorrendo o mesmo trajeto, num desejo contido – Essa é a época que ela me lembra minha tola ignorância quando criança. Minha forçada fragilidade, meus sentimentos banais. Odeio ver o quão patético eu já fui um dia... – a ponta dos dedos passou pelos rastros das lágrimas dela, apagando-os conforme deslizava por sobre elas.


- As lágrimas dela parecem lhe trazer más lembranças. – comentou Nagini, encarando o movimento e o ar pensativo que seu mestre adquiriu enquanto o fazia.


- Más...? Não exatamente. – um sorriso sarcástico formou-se calmamente – Pode-se dizer que chorei, uma única vez na vida. O dia que fui encurralado e agredido. O causador de minhas poucas lágrimas deu-me, entre risadas, a lição de vida mais verdadeira que existe: Quem pode mais, chora menos. Assim sendo, se havia me dado de bom grado a receita para o sucesso, tinha que demonstrar que eu tinha aprendido. – o sorriso sarcástico havia aberto ainda mais.


- Sempre um aluno exemplar. – complementou Nagini, quase fazendo seu mestre rir. – Mas, eu me pergunto: quando se cansará de seu brinquedo e decidir por descartá-lo?


- Quando conseguir, como diriam, corromper esses ideais tolos e aniquilar esses sentimentos banais de amor, fraternidade e igualdade. Quero descobrir quanto tempo necessito para que eles desapareçam.


- Dez anos parece ainda ser pouco. – comentou Nagini, analisando Hermione que dormia, sem desconfiar do bate-papo.


- Tenho todo tempo do mundo e a farei ter, se achar necessário. Isso tem que ter um fim. – sentenciou, por fim, dando o assunto por encerrado – Agora, vou levá-la para o quarto, pois está ficando tarde. – com essa deixa, Nagini desenrolou-se, indo para a cama.


Observou seu mestre levar a mascote, ainda completamente adormecida, em seus braços até o quarto e retornar, seguindo para a escrivaninha. Lá, pelas próximas horas, ele se colocou a ler todos os relatórios mais detalhados de como seus comensais estavam caminhando em seus planos, localização dos espiões pertencentes a outros países, os relatórios interceptados que mandavam aos seus superiores e, além de todos aqueles relatórios normais, ainda tinha que ver como estava a caça ao último Weasley. Sabia que aquilo significava uma ameaça, pois não era qualquer um que poderia penetrar na fortaleza camuflada que havia produzido para guardar sua carta marcada e imaginar que depois de 9 anos ele conseguira um jeito de se libertar era improvável.


Ouviu a porta sendo aberta. A escrava trouxa que tinha designado para colocar a roupa do dia no cabide adentrava o aposento, ainda temerosa. Aproximou-se, como era de rotina, para fazer a pergunta.


- Qual a roupa que devo colocar hoje, milorde? – ela perguntou numa voz muito fraca, logo depois de ter se ajoelhado diante da escrivaninha.


- Quero a vermelha. A mais escura com os bordados em negro. – respondeu friamente, olhando-a com descaso, enquanto ela fazia um sinal positivo e levantava-se para fazer o que desejava.


Despreocupou-se, depois que ela adentrou o quarto, voltando a leitura. Dali a poucos minutos ela estaria de volta para sair e retornar aos afazeres pela casa.


Ouviu quando ela havia retornado, mas alguma coisa parecia errada. Os passos estavam apressados e aproximava-se dele e não da porta. Ergueu os olhos, quando ela já parava de frente a sua escrivaninha, numa expressão de puro pavor.


- O que você quer, escrava? – ele perguntou, levantando-se da cadeira e ganhando altura e arrogância enquanto encarava-a de cima abaixo, fazendo-a encolher ainda mais no lugar em que paralisara.


- S-s-sua mas-mas-scote, m-m-milord-d-de. – ela gaguejava tanto que estava impossível dela falar logo o que tinha acontecido e, impaciente, arrancou o que tinha acontecido direto de sua mente.


“Listava seus afazeres, enquanto encaminhava-se para a porta do quarto. Entrou, sem fazer barulho, como havia sido ordenado desde que começara.


Ia até o armário, quando notou a cortina da cama aberta, o que não era exatamente comum. A mascote mantinha aquelas cortinas metodicamente fechadas antes de dormir.


Não era sua obrigação, mas tinha muito carinho pela mascote, no pouco tempo que ela dispunha para dar atenção. Aproximou-se na intenção de fechá-la, mas percebeu algo antes disso. Pelo vão, a cama estava desfeita e não havia nenhum sinal dela.”


Sua mascote não estava na cama, como havia deixado. Isso era a única coisa que lhe passou na mente, ignorando completamente o que ela tentava falar entre gaguejos.


- Volte aos seus afazeres imediatamente. – disse numa voz deliberadamente calma, mas reconhecivelmente forçada, encerrando os gaguejos da jovem escrava, fazendo-a dar passos para trás. – E se você não sumir daqui a alguns segundos, vai ser o alvo da minha fúria. – ele ameaçou, começando a perder o pouco controle que estava suportando.


Não demorou segundos, ela sumiu pela porta.


Foi quando perdeu o precário controle que possuía. Seus pensamentos não estavam tão racionais quanto normalmente, enquanto destruía tudo que estava no seu caminho até o quarto de sua preciosa escrava. Abriu as cortinas da cama com violência, encontrando os lençóis desarrumados e nenhum sinal do que desejava, apenas confirmando o que a escrava havia visto, ou melhor, não visto.


Sua mascote desaparecera.


A raiva, que já era grande, agigantara-se ainda mais com a constatação de seus próprios olhos que haviam roubado um dos seus mais valiosos tesouros. Em minutos, o quarto era apenas entulho dos móveis que antes estavam ali. Seus olhos tinham um vermelho tão vivo que era demoníaco, quando saiu do quarto num furacão. Encontrava-se num estado beirando a irracionalidade.


- Acalme-se, mestre! – dizia Nagini, desviando dos destroços que voavam, quando ele explodiu a estante.


- Desapareceu, Nagini! Roubaram-na debaixo de meus olhos! – poder-se-ia dizer que estava ensandecido de tanta fúria.


- Não vai encontrar o causador do seu desaparecimento se não se acalmar! Apenas destruirá a casa! – Nagini escondeu-se na parte mais intacta que ainda sobrava da escrivaninha para afugentar-se de outra chuva de destroços causada por outra explosão.


O Lorde parou. Respirou fundo. Fechou os olhos. Acalmou-se devagar depois do que Nagini havia dito. Não adiantava destruir a casa e matar seus escravos na sua fúria ensandecida, pois isso realmente não traria seu tesouro novamente para debaixo de seus olhos.


- Está certo, Nagini. Preciso primeiro saber como fizeram. Quero ter minha mascote de volta, custe o que custar. E matarei o atrevido que ousou retira-la dos meus domínios. – estreitara os olhos, observando o estrago de sua fúria.


Nagini saia cautelosamente de seu esconderijo improvisado. Sibilou, com ar traiçoeiro.


- Não entendo porque quase chegar a beira da irracionalidade por algo tão desprezível. Esse brinquedo parece estar tomando muita atenção para ser uma simples diversão.


- O que está insinuando? – ele perguntou, encarando sua cobra de estimação que erguia-se do chão, de olhos estreitos, analisando-a.


- Você se apegou. – acusou Nagini, com ar de alerta – Não é mais um brinquedo que você usa para se divertir, como quis desde o começo quando a escravizou. Ela se transformou em parte de você. Aquela que você fez questão de destruir, agora o fascina.


- Não fale bobagens! – ele respondeu com rispidez quase imediatamente ao término daquela frase absurda, desdenhando a fala da serpente. – Não tenho razão nenhuma para me apegar a algo que não seja minha própria vida, mas ninguém tem o direito de mexer naquilo que me pertence.


Nos próximos momentos, ele verificava a janela do quarto, o único lugar que o seqüestrador poderia ter entrado e saído. Como imaginou, os feitiços haviam todos sido desintegrados. Não havia tido nenhum relampejo arco-íris, o único feitiço eficiente para retirar tudo de uma vez, pelo que se lembrava. O que queria dizer que a pessoa era esperta o suficiente para não ter produzido o feitiço de longe, assim como sabia a rotina do quarto para saber o período exato para que ninguém visse o feitiço fazendo efeito.


Mas como poderia ter descoberto a rotina? Como poderia saber do único feitiço útil para retirar em apenas um dia? Sabia que poderia levar dias para destruir todos os feitiços, na base do um por um, que tinha e ainda haveria alguns que sobrariam, denunciando o seqüestrador.


Após fazer uma lista mental descartando os improváveis, caiu no seu comensal de vigia. Era o único que saía da mansão, além dele e de sua mascote, para refazer as armadilhas que percorriam a casa, também denunciando que sabiam como dribla-las. Não era um plano tão insano e insensato. Foi planejado metodicamente para que funcionasse.


Abriu a porta sem nenhuma delicadeza, percorrendo os corredores. Aqueles que ficavam em seu caminho eram atirados sem nenhum cuidado contra a parede. Achou finalmente o único habitante da casa, além dele, que não era um escravo – em nomenclaturas, ao menos.


Pegou-o pelos colarinhos, enterrando-o na parede, com a varinha apontada diretamente ao peito.


- Você tem a informação que eu quero. – ele simplesmente disse, enquanto murmurava o feitiço. Como imaginou, um feitiço da memória fazia influência sobre sua mente, camuflando as verdadeiras lembranças.


A primeira coisa que viu na lembrança foi um par de olhos verde-vivos. Aquilo só podia ser uma piada.

_________________________
Respondendo reviews...


Krys = Aqui está o terceiro capítulo xD Espero que goste o tanto que amei fazê-lo xD E oh, já estou sendo recomendada, to começando a sentir orgulhinho do meu trabalho *-* -qqqq vlw mesmo! Sinto que meu trabalho de horas não foi em vão -qqqq


Arthur = Identicamente, espero que goste do capítulo tanto quanto amei fazê-lo xD


Josy = Ah, nem precisa exagerar tanto. Só faço por gosto mesmo -qqq Tudo bem, essa história ta sendo meu segundo xodó master aqui e eu to fazendo com um carinho estrondoso - seja no enredo quanto na escrita. Fico lisonjeada que vale tanto *-*

Kary = A intenção é essa mesmo, não deixar parar de ler xD E como fui recomendada, espero que não te decepcione :D

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • KrysMorais

    Amei! Amei! To super ansiosa pra ler o 4! Você vai fazer o 4 pela visão da Hermione? (Tipo, como foi que ela saiu de lá?) Eu quero muito ler isso (Não estou precionando, ok?) kkk Não demora pra postar! P.S: Assisti RdM ontem, foi incrível! Adorei!

    2011-07-16
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.