Capítulo III

Às vezes ser melhor amigo de Hermione Granger é penoso. Olhá-la, desejá-la e amá-la e não poder tocá-la, isso é doloroso demais. Dói tanto, mas dói mais ainda ao perceber que ela não sente o mesmo por mim. Talvez até sinta um pouco, mas bem lá no fundo do peito. – pensa, olhando o terreno de Hogwarts da Torre Norte de Astronomia. – Ron bobão! Com tantos caras, justo meu melhor amigo? Porque tenho que passar por essas coisas?Porque disputar o coração dela com ele? E o problema é que ele nem se toca, a faz sofrer sem necessidade e é no meu ombro que ela chora. – solta um suspiro pesaroso. – Me dói vê-la desse jeito, tão invulnerável, justo ela que costuma ser tão forte e aguerrida. O mundo é estranho, sem dúvida. Ainda mais comigo, será que depois de tudo o que passei e das coisas que perdi, terei de sofrer mais ainda? – pensa enrugando a testa.

 

- O que foi Potter pirado? Sua namorada te deu o fora depois de perceber o quão patético você é? – fala zoando e rindo da cara dele, o moreno vira bruscamente pra ele e fala.

- Cala essa boca, pirraça! Fique quieto e arranje outro idiota pra atazanar. Vá ver se o Malfoy está disponível e pare de me encher o saco.

- Uuuh! O Potter ficou irritado! – fala desatando a rir. – To com medinho. – fala desaparecendo.

- É melhor estar mesmo seu Poltergeist maldito! – diz furiosamente.

- Olhe o linguajar Potter.

- Sr.Filch, não tinha visto o senhor aí. – diz cumprimentando – o com um aceno de cabeça. – Como vai a Madame Nora? Faz tempo que não a vejo!  Não me diga que foi atacada? - pergunta surpreso.

- Está melhor agora! – fala olhando-o desconfiado. – A não ser que você tenha algo a ver com isso, Potter!

- Quem, eu? – o homem assente. – Não.... Não Sr.Filch, eu quase nem saio do salão comunal. A não ser pra ir à diretoria, nos treinos de quadribol ou pras aulas.

- É bom mesmo que não tenha. Porque se foi, farei você pagar caro por isso, Potter!

- Claro.... – fala engolindo em seco. – Ma... Mas Sr.Filch, sem a Madame Nora fica meio difícil para o senhor agora monitorar todos os cantos do castelo, após o toque de recolher, não é mesmo? – pergunta curioso. - Quero dizer antes sua gata localizava os infratores, não é? E agora como o senhor fará?

- Ainda não sei garoto e isso não é da sua conta! – diz enraivecido. – A não ser que esteja planejando algo?

- Estou... Mas não é pra isso que o senhor está pensando. – fala rapidamente. – Na verdade é uma solução!

- E o que seria garoto?

- Bom eu estive pensando, o senhor pode selecionar alguém para ser monitor – chefe e lhe dar carta branca para andar pelo castelo mesmo após o toque de recolher?Mesmo que já seja meio tarde para isso?

- Sim, é claro que tenho! Por quê? Está pensando em alguém?

- Sim. – diz sorrindo. – Está olhando para ele.

- Ah não, nem pensar Potter! – diz apontando o dedo riste no peito do moreno que surpreso para de sorrir. – Nem pense que vou fazer isso para você sair aprontando por aí!

- Olhe Sr.Filch. Eu só achei que o senhor gostaria de ter uma ajuda. – Diz sério surpreendendo o homem. – Mas já que o senhor não está interessado. – diz dando as costas para o homem e se preparando para sair.

- Espere Potter! – diz se virando para o moreno que já estava na porta. – Está mesmo interessado em ajudar? – pergunta desconfiado.

- Sim quero! – diz virando - se para o homem e assentindo com a cabeça.

- Como?

- O senhor lembra do ano passado, mesmo que tentasse nos pegar sempre dávamos um jeito de fugir sem que sequer nos visse? – o homem confirma. – Digamos que eu tenho um trunfo! E que esse trunfo me permite ver tudo e todos em Hogwarts. Onde estão, o que estão fazendo, cada hora de cada dia. E que isso seria bem útil para o senhor.

- É algo assim seria de grande proveito! – diz pensativo. – Mas antes que eu decida Potter, vou repassar sua proposta para o professor Dumbledore e para a professora Mcgonagall.

- Claro. Sem problemas. Mas..... Sr.Filch?

- Sim?

- Se por um acaso eles aceitarem, posso lhe pedir sigilo?

- Mas para quê isso Potter? – pergunta confuso.

- É que... Por enquanto.... Não quero que ninguém saiba, nem mesmo meus amigos. Se por acaso vierem lhe perguntar diga que é apenas um aluno que se ofereceu pra preencher as arestas e que ele prefere continuar no anonimato por enquanto....

- Sim não haverá problema algum em manter em sigilo. Pelo menos por um tempo, caso é claro você venha a ser escolhido para tal cargo.

- Obrigada Sr.Filch.

- De nada. E Potter?

-Sim!

- Pode avisar a Granger quando a vir que a ronda será até meia noite e que após esse horário haverá uma reunião?

- Claro. Boa noite Sr. Filch! – diz se preparando para sair.

-Boa noite Potter! – fala vendo-o se retirar. – Você está aprontando alguma coisa garoto, e eu quero estar por perto quando isso vier a acontecer! – murmura pra si mesmo.

 

 

            Já estava perto do entardecer e a morena se encontrava ainda em seu quarto, deitada de bruços sob a cama, enquanto lia um livro qualquer. Na verdade nem estava prestando atenção naquilo que lia, ficou o tempo todo pensando no motivo que deixará o moreno perder o sono por tanto tempo. Então ouviu o grito furioso dele, pirraça deve ter aprontado de novo, pensou. No mesmo instante ela se levanta e vai até a janela olhando o terreno lá em baixo pensativa.

            Foi nesse instante que ela o viu correndo pelo pátio central em direção ao lago negro, ele parecia nervoso e um tanto quanto triste. Ela então se prepara pra sair, calça os tênis e desce as escadas para o salão comunal apressada, olhando para todos os presentes pelo canto dos olhos. Bando de curiosos. Pensa e segue em frente saindo pelo retrato da mulher gorda. Quando chegou ao Hall de entrada rumou direto para o pátio em direção ao lago negro, sem nunca olhar para trás.

            Nem foi preciso procurar, antes mesmo de chegar o avistou deitado no gramado com os braços cruzados apoiando a cabeça e uma das pernas estava deitada enquanto a outra encontrava-se levemente levantada. Suspirando a morena seguiu em frente, sentando-se ao lado dele que sequer se mexeu, estava de olhos fechados respirando lentamente.

            Ela então se deita do mesmo jeito que ele e fica a contemplar o céu, foi aí que ele resolveu falar.

 

- Este pôr – do –sol é o mais bonito de todos desde que estamos aqui, não é mesmo?

- É! – ela teve de concordar. Em todos aqueles anos em que estiveram ali, nunca vira um pôr- do –sol tão bonito quanto aquele. - Esse é o melhor!

- Dizem que momentos como esse, ficam ainda melhores quando compartilhados com alguém que amamos! - Diz olhando-a – E sabe de uma coisa? Seja lá quem for que tenha dito isso, estava certo. – volta então a olhar o céu enquanto a morena se pôs a olhá-lo.

 

            Harry mudou muito desde o dia em que o conheci, está mais maduro e seguro de si mesmo. Seu corpo ganhará músculos devido ao quadribol, deixando de ser aquele garoto magricela que conheci certa vez. O rosto redondo e infantil de que me lembro, agora dando espaço a um rosto mais quadrado e saliente. Harry ficou mais alto também o que me permite abraça-lo melhor, já que sou uns centímetros mais baixa que ele.

 

- Você está mesmo apaixonada por Ron? – Fala cortando a linha de raciocínios dela, virando - se de repente para olhá-la e flagrando-a lhe olhando, deixando ela desconcertada e surpreendendo-a ao lhe dar um belo sorriso por causar-lhe isso.

- Estou! – responde com dificuldade, aquele sorriso deixou-lhe sem ar. – Bom... Pelo menos acho que estou! – diz desviando os olhos dele.

- Sabe.... Não acho que ele sirva pra você! – diz levantando-se de repente e parando em frente a ela e lhe estendendo a mão para ajudá-la a levantar.

 - Ah é, e por quê? – pergunta surpresa.

- Ron é um cara legal e tudo mais.... Só que eu acho que não é o tipo de cara certo pra você! – fala enquanto limpa a roupa.

- Devia dar graças a Deus por não ser o Malfoy! – resmunga irritada já se ajeitando.

- Draco é um bom garoto! – diz ajeitando as vestes. – Mimado, mas é! – diz por fim tentando ajeitar o cabelo inutilmente.

- Como é? – pergunta incrédula virando-se bruscamente para olhá-lo. – Malfoy? Draco Malfoy um bom garoto? – Ele continua apenas a olhá-la sem nada dizer. – Você está praticamente obcecado com ele há meses, e ainda tem a capacidade de me dizer que ele é um bom garoto?Qual é Harry, bateu a cabeça enquanto vinha pra cá por um acaso?

- Não. E eu não estou obcecado por ele, mas sim pelo comportamento e as atitudes anormais dele. Draco pode ser mimado, egocêntrico, preconceituoso e tudo o mais. - Fala de cara amarrada. – Mas por baixo de toda aquela carapaça , existe um garoto sensível e com medo que deseja ser salvo desesperadamente. Embora eu não goste nenhum pouco daquele garoto, não sou ninguém para desejar sua infelicidade. Todos merecem amar e ser amados Hermione, até mesmo pessoas como ele. – diz por fim olhando-a. – E se por um acaso você estivesse apaixonada por aquele loiro oxigenado, eu a apoiaria mesmo assim. Porque mesmo Draco sendo quem é e com todos aqueles defeitos dele, não deixa de ser de família nobre. E eles são criados geralmente para serem homens bem sucedidos nos negócios da família e excelentes cavalheiros.

- Mas Harry, não é preciso ser de família nobre para ser um cavalheiro. – fala então tocando – lhe no rosto. – Olhe pra você, por exemplo!Sempre tão educado, compreensivo e companheiro e mesmo tendo sido criado pelos Dursley’s é um excelente cavalheiro.

- É, mas ao que parece essas qualidades não são boas o bastante para serem avaliadas pela maioria das garotas desse colégio. Especialmente aquelas como você! – fala lhe depositando um beijo no rosto e se afastando logo em seguida preparando-se para sair dali.

- Você não precisa de outras garotas. – fala indignada. – Você tem a Gina, Harry. Ela que é sua namorada, Lembra?

- Só por que estou com ela não significa que estejamos namorando á sério sabia? – fala voltando-se para ela.  – As pessoas ficam o tempo todo Hermione e é esse o lance entre a Gina e eu.

- Não. Não é verdade.

- Pergunte a ela então, se não acredita! – fala dando de ombros.

- Eu não reconheço mais você! – fala enojada. – você não é mais aquele Harry que um dia eu conheci e de que me orgulhava. Você está exatamente igual ao Ron. Vocês usam as garotas e depois jogam fora como se elas não fossem nada.

- Espere aí, você ta me confundindo com outra pessoa! - fala alarmado. – Eu não sou o Ron Hermione, não estou me aproveitando de ninguém. Gina sabe desde o começo que eu gosto de outra pessoa e que esse amor não é correspondido, talvez seja.... um pouco. Mas Gina assim como eu também ama outro alguém e não é correspondida, então tivemos a brilhante idéia de ficarmos juntos enquanto nenhum de nós tem sorte no amor com a pessoa desejada. – fala completamente ofendido.

- Não. Não foi isso que eu quis dizer. Você não entendeu....

- Entendi perfeitamente o que quis dizer. Só vou lhe dizer uma coisa, não julgue um livro pela capa Granger ou ele pode se ofender com isso. Seja ele qual for! – fala virando-se de costas pra ela. – Essa é uma das coisas que você costuma fazer e muito, tanto com Ron... Quanto comigo. E sabe de uma coisa? – fala virando-se novamente para ela. – Isso machuca. Olhar para você enquanto está com aquele olhar superior e vê-la nos julgar de cima a baixo sem nos dar uma chance sequer de nos explicar, você é tão perfeita em todos os aspectos que às vezes se esquece de que temos um coração e que ele pode sangrar com suas palavras. Você sequer nota quando abaixamos a cabeça ofendidos demais pra falar ou tentar argumentar sob uma causa que já esta perdida. Você ás vezes perde o tato com a gente Hermione e isso nos magoa muito. Nós somos quase iguais aos seus livros estúpidos, à única diferença entre eles e a gente é que eles você tem de ler para obter a informação desejada, e nós é só perguntar e a resposta será dada. Apenas não nos julgue por esconder as coisas de você quando isso vier a acontecer. – então se vira e se posta a correr em direção ao lago negro e mergulhar de roupa e tudo. Deixando-a sem fôlego. De onde viera aquilo tudo?

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