Cinco.



Cinco.


Lições do amor - o amor ensina mais do que se pode esperar.




Por mais que soubesse que seria constrangedor chegar atrasada, seus passos eram lentos ao decorrer do caminho. Estava nervosa e ansiosa ao mesmo tempo. Agora não ia em direção a casa dele lhe entregar um livro, seria apresentada como sua namorada para a família. E por mais que achasse Lílian Potter simpática, ainda não estava preparada em vê-la como sogra.


No entanto respirara fundo quando viu que estava chegando. O que não esperava fora encontrar alguns carros estacionados à frente, algo que a deixara confusa. Não se lembrava dele ter mencionado que teria algo de importante naquela noite para receber outros convidados além dela própria. Balançou a cabeça, afastando pensamentos. Talvez fosse um mero engano.


Bateu a campainha, nervosamente, e parecia até mesmo que o som dela, fora estridente demais, coagindo com seu estado de espírito. Ou talvez fosse coisa de sua cabeça... O que era muito provável, visto que o nervosismo era superior a ansiedade de rever o namorado. Sorriu ao pensar nisso, e seu coração se alegrara.


Ficou esperando por alguns segundos, até que alguém viera abrir a porta. Do contrário que esperava, Harry não viera abrir a porta, fora a empregada vestida num uniforme preto, e diferente daquele que vira quando estivera ali antes.


Hermione sorriu a ela, e a conduziu para onde todos estavam. Parecia que a empregada estava um tanto ocupada, pois a mulher nada dissera, sumindo segundos depois por um corredor. A morena estremecera ao ouvir as muitas vozes vindas do cômodo, sentira um frio na barriga quando aparecera na sala.


Aliviada por ter deixado Katie vesti-la outra vez, optando por um modelo de vestido, muito bonito, e de saia rodada com acabamentos em cetim azul, Hermione suspirou. Seus cabelos estavam soltos e um pouco lisos e a maquiagem apenas realçava sua beleza natural. Avermelhando mais os lábios cheios, e destacando mais as bochechas e os olhos.


Se estivesse usando um dos seus, certamente não estaria a altura dos demais convidados.


Agora se sentia menos a vontade do que nunca na casa de Harry. E lhe ocorrera que a idéia de aceitar o convite do jantar não fora tão boa como pensara. Muito menos sem saber que havia mais gente ali, mais convidados. Tanto que tivera que fechar os olhos para não demonstrar seu espanto ao ver Rony e Gina Weasley ali. E, por algumas outras pessoas de cabeleira ruiva, pode constar que a família Weasley toda estava presente.


Poderia voltar, sair discretamente da casa. Afinal, poucas pessoas a vira ali e algumas nem a conheciam ainda. Porém era tarde demais quando ela o vira caminhar em sua direção. Não pode conter um suspiro ao vê-lo trajando uma camisa social azul clara por cima da calça de linho preta. Estava incrivelmente lindo, assim como o sorriso que ele esboçara quando se aproximara.


- Que bom que veio. - Harry disse ao beijá-la levemente nos lábios, pouco se importando com os demais convidados. Ele a fitara, afagando-lhe a face. - Você tá linda.


- Você não disse que teria tanta gente... – Hermione murmurou, constrangida. – Disse que era apenas um jantar em família. – emendou tremendo.


- Eu sei. Nem eu sabia que ia ser assim. - coçou a própria nuca. - Mas meu pai fechou um acordo com outra firma de advocacia e decidiu comemorar. - ele notara as mãos trêmulas da namorada e as segurara. - Relaxa. Vai dar tudo certo.


- Pra você é fácil dizer, mas não é bem assim... – retrucou nervosa. – E... Gina Weasley está aqui. Ela me odeia.


- Gina não é nem louca em fazer algo com você na minha casa ou na minha presença. Ela que não se atreva. - Harry disse sério ao revirar os olhos.


- Talvez não tenha sido uma boa idéia, eu ter aceitado o convite. Poderia voltar outro dia, quando sua família não estivesse em comemoração. E toda reunida... – Hermione disse, não conseguindo dissipar o nervosismo, não quando Gina a olhara feio do outro canto da sala.


- Hermione, para. Você é minha namorada agora. Vai fugir toda vez que minha família estiver reunida ou em comemoração? - indagou erguendo uma sobrancelha.


- Vou? – murmurou, e ele sorriu. A morena suspirou. – Na próxima eu fujo, ficarei já que estou aqui mesmo.


- Ah, mais não vai fugir mesmo. - Harry sorriu maroto ao envolvê-la pela cintura. - Não vou deixar que fuja.


- É mesmo? – provocou, sorrindo e corando. – E como vai me impedir?


- Mione não me tente assim. Eu to louco pra te beijar, mas eu tenho que me segurar. Tem muita platéia aqui. - sussurrou distribuindo beijos pela face corada da morena.


- É você tem razão... – respondeu rindo.


- Eu sei disso. - ele sorrira convencido, percorrendo seu olhar pelo local. - Vou te apresentar minha mãe. Ela tá louca pra conhecê-la.


Hermione abrira a boca em uma tentativa de pedir para que atrasassem mais esse momento, porém fora tarde demais. Ele entrelaçara sua mão a dela, guiando-a por entre os convidados. Em alguns momentos, durante o percurso, Harry era parado para uma rápida conversa ou para ouvir uma piada qualquer, sendo sempre simpático. Algo que, de certa forma, acalmara um pouco o nervosismo de Hermione.


Mas o nervosismo voltara, fazendo suas pernas estremecerem quando Harry chegara perto dos pais. Eles conversavam animadamente com um casal de convidados, levando alguns minutos para dispensá-los e voltar suas atenções para o filho.


- Harry, o Sr. Denford acabara de me dizer que a universidade de Albuquerque é uma das melhores em Direito e... - Seu pai começara o fato, fazendo-o bufar. Harry odiava quando seu pai tocava nesse assunto.


- Pai agora não, por favor. - disse seco, voltando-se para a mãe. - Mãe, essa é a Mione.


A garota sorrira timidamente, tremendo mais, ao passo que Harry apertara-lhe a mão em sinal de conforto. Lilian fitara ao marido brevemente, ele era muito parecido com seu namorado, mas com exceção dos olhos. Observando James, Hermione tinha uma possível noção de como Harry seria quando mais velho.


A mulher ruiva dera um passo à frente, e pegou a mão de Hermione entre as suas.


- Querida, é um prazer conhecê-la. – cumprimentou.


- O prazer é meu, Senhora Potter. – respondeu ainda mais tímida. – Obrigada por me convidar pra jantar.


- Não agradeça, afinal, queria muito conhecer a namorada do meu filho. – Lilian comentou marota.


- Ih eu conheço esse tom de voz quando quer deduzir alguma coisa. - Harry comentou, fazendo a mãe rir. Virou-se então para o pai, que observava tudo sorrindo.


- É um prazer conhecê-la, Hermione. - James dissera em um tom educado.


- Igualmente, Senhor Potter. – a morena respondeu com um sorriso.


- Céus. Quem convidou Samuel Jackson para essa festa? - resmungara um homem de cabelos negros, aparentava ter a mesma idade de James. Ele abraçara Harry pelos ombros, que ria do comentário. - O velho só sabe falar de suas três mansões e seus sete carros na garagem e... - calara-se ao ver a garota ao lado de Harry. - Quem é essa linda senhorita?


- Sirius essa é a Hermione, minha namorada. - Harry os apresentara, sorrindo. - Sirius é meu padrinho.


- Finalmente uma garota lhe colocara uma coleira. - comentou arrancando risos dos presentes, tomando uma mão de Hermione e beijando-a. – Bem vinda à família, Hermione. Mas já aviso, não fique perto de Remo. Ele é insuportável. - mal terminara a frase e recebera um tapa na nuca.


- Você é que é insuportável. – Remo disse sério, mas sorrira a Hermione. – Faço minha as palavras de Sirius. Surpreendeu a todos nós essa noite, Harry. Achei que iria seguir os caminhos errantes de seu padrinho, mas vejo que tornou a andar direito. – acrescentou, fazendo com que o rapaz corasse, e as duas mulheres rissem.


- É um prazer conhecer todos vocês... – Hermione dissera.


- Remo você é um velho ranzinza, sabia? - indagou Sirius.


- Na verdade, vocês dois estão parecendo velhos ranzinzas discutindo desse jeito com frequência. - Harry dissera, recebendo olhares surpresos que o fizera rir.


- Meu próprio afilhado voltara-se contra mim. - virou-se para Lílian, que ria da cena. - Lily você o mimou demais.


- Só um pouquinho, mas nada que o estragasse tanto, assim eu espero. – a ruiva comentou, lançando uma nova rodada de risadas.


A ruiva observava a cena, as expressões de fúria e nojo em sua face demonstravam que não aprovara o novo casal. E não fazia questão de mostrar o contrário. A seu ver, Harry e Hermione não formavam um belo casal. Tão pouco a nerd era digna de estar ali, ao seu lado. Deveria ser ela. Gina conhecia toda sua família, eram próximos, sem falar que suas roupas e postura eram melhores que as da Granger. Ela quem devia estar sendo apresentada como sua namorada.


Em busca de alguém para desabafar todo o seu desgosto, percorrera os olhos pela sala. Como imaginara, o irmão estava ao lado da mesa de petiscos e aperitivos, provando das mais variadas qualidades de comida que havia ali. Aproximou-se dele, enchendo seu copo de algo que não vira. A raiva a deixara cega.


- Isso é ridículo. - sibilou atraindo a atenção do irmão, olhando para Hermione. - O que ele viu nela? Aquela garota é totalmente sem graça. - olhara do nada discreto decote em seu curto vestido para o vestido correto da garota.


- Está se mordendo de inveja, não é? – Rony provocou rindo, após engolir um canapé.


- Inveja da Granger? Faça-me o favor, Rony. - retrucou Gina ao tomar um longo gole de sua bebida. - Acontece que ela não serve para o Harry. E você sabe disso, irmãozinho. As roupas dela foram compradas em uma liquidação, feitas à segunda mão. Sem falar que ela nem usa maquiagem e, por um milagre, está usando alguma coisa hoje. Dá nojo olhar.


- Até que ela não é de se jogar fora, e... Harry só deve estar querendo transar com ela. – o rapaz disse, e a irmã sorriu. – No entanto, ele me jurou que está apaixonado pela Granger.


Gina engoliu em seco. Apaixonado?! Isso era a última coisa que esperava ouvir. Pensou que assim como todos os garotos, Harry logo largaria Hermione quando conseguisse levá-la pra cama. Entretanto, se o mesmo havia confessado tal coisa ao amigo, então tinha motivos concretos para se preocupar. E outros ainda maiores para tirar a rival do caminho.


- Ah não pode ser. - sussurrou entre dentes, erguendo seu queixo. As palavras saíram da sua boca como se o irmão não estivesse ao seu lado. - Ela não tem nada para oferecer ao Harry. E em questão de transa eu sempre fui à preferida dele. Sempre o deixava louco e... - enrolara uma mecha de cabelo nos dedos quando o irmão a olhara, surpreso. - Que?


- Me poupe dos detalhes, ok? – Rony fizera uma careta de nojo.


Gina dera de ombros, voltando seu olhar para Harry. Ele conversava e apresentava Hermione para outros convidados, exibindo-a como se fosse um troféu na qual tivera orgulho em conquistar. Aquilo a deixava cada vez mais furiosa, precisava pensar em algo. Voltou-se para Rony, sorrindo maroto.


- Irmãozinho, você não gostaria de ter seu amigo de volta? - perguntou ao apoiar seu braço em um ombro de Rony. - Afinal, ele está namorando. Isso acaba com as farras constantes e as mulheres que ele te apresentava.


- Não tinha pensado nisso... – o ruivo murmurou. – Mas não vou fazer nada, nenhuma brincadeirinha com a Granger, porque aí é que não vou ter meu amigo de volta, Gina. Sabe bem disso, Harry fez um discurso no vestiário, e ameaçou Thomas e o Draco. Não quero ser o próximo...


- E quem disse que você vai fazer alguma coisa com ela?  - Gina o olhara, maliciosa. - Na verdade, você não tem que fazer nada irmãozinho. Nada além de me contar como é a vida do novo casal. O que eles fizeram durante o dia, o que vão fazer. O resto pode deixar comigo, cuidarei de tudo. - fitou a expressão pensativa do ruivo e bufou. Rony sabia ser coerente às vezes e ela tinha que usar dos seus mais pesados argumentos para convencê-lo. - Lembre-se das noites em que tivera ao lado de Harry e das garotas que ainda poderá ter se o trouxer de volta.


- Só terei que “espionar”? – indagou e ela assentiu. Rony olhou para o casal de namorados, estavam tão felizes, e já cogitava o que a irmã tinha em mente, mas tinha que pensar nele e na diversão. Afinal, ainda tinha a idéia de que Hermione não era a garota certa para o amigo. – Ok, Gina... Vou fazer isso, mas se Harry descobrir, eu não sei de nada!


- Seu segredo está seguro comigo, irmãozinho. - a ruiva sorrira vitoriosa antes de se afastar, passando ao lado do casal e esbarrando em Hermione propositalmente. Virara-se para a morena, em um intuito de dizer grosserias, mas a expressão séria de Harry a fizera mudar de idéia. - Desculpe, querida. Parabéns pelo namoro. Formam um lindo casal.





Por mais que não quisesse separar-se do namorado, embora lutasse consigo mesma para não demonstrar isso, vira-se obrigada quando chegara o momento. Os convidados se dividiriam antes do jantar, homens em uma sala e mulheres em outra, para falarem de coisas banais que o sexo oposto não aprovara.


Entretanto Hermione não atrevera a abrir a boca um minuto sequer desde que estava ali, cercada das mais elegantes e refinadas mulheres. Tinha vergonha de abrir a boca e falar uma besteira, algo que elas não aprovariam. Muito menos tinha assunto para debater sobre plástica, cidades luxuosas, viagens e moda.


Encolhera na poltrona em que estava sentada. E por mais que tentara alguma vez concentrar-se em um assunto que elas falavam, não conseguia. Não entendia nada que elas diziam. Por isso pegava-se com os pensamentos longe, várias vezes, ansiando para que aquele momento acabasse e pudesse voltar para o lado de Harry. Sentia-se segura quando estava com ele.


- Lílian, querida. - disse uma mulher ao chamar a atenção da anfitriã. Segurava elegantemente uma taça de vinho. - Seu Buffet está divino. Só você para providenciar algo majestoso tão rapidamente.


- Ora, Violet, não foi nada demais. Além disso, James me avisou com um pouquinho de antecedência. Mas realmente, esse Buffet tem um ótimo serviço. – a ruiva comentara.


- Falando em "ótimo serviço"... - a loira sorrira maliciosa para a amiga. - Não pude deixar de notar, como seu filho está lindo. Harry crescera, em todos os requisitos. É de arrancar suspiros em qualquer uma.


- Oh, sim, não tenha dúvidas. Mas ele já tem dona, Violet. – Lilian falou e piscou para Hermione.


- Ah, me desculpe querida. - Violet virasse para Hermione. - Harry não me apresentou a você e tomei a liberdade de fazer tal comentário.


- Ele não a apresentou? - a voz de Gina preenchera o ambiente e Hermione estremecera. Não gostara nada do tom de voz da ruiva. - Isso é uma pena. - desfilara em um rebolado exagerado até o centro da sala, atraindo olhares das demais mulheres. - Por que não se apresente para as outras senhoras, Hermione?


A morena sentou-se ereta na poltrona, corou quando todos os olhares se voltaram para si, antes tão esquecida. Sorriu, sem jeito, meneando negativamente a cabeça.


- Todas aqui sabem que Hermione é a namorada de meu filho... – Lilian falara, e o olhar de Gina brilhara. Não era disto, - o ridículo detalhe -, a que se referia.


- Eu sei, Lily querida. - Gina dissera em um tom falso de compreensão. Na verdade sua língua formigava para soltar o veneno. - Mas ninguém aqui conhece a verdadeira Hermione. A que cuida do irmão caçula quando a mamãe vai trabalhar no hotel. Sua mãe é... - ponderou, não encontrando a palavra certa. - Faxineira em um hotel de quinta da cidade?


- Ela... É arrumadeira. Está trabalhando muito para ganhar uma promoção.  – Hermione sussurrou. – É um trabalho digno, como qualquer outro.


- É claro que sim, minha querida. – Lilian falou, gentilmente. – Quando James me conheceu eu era garçonete.


- Não estou julgando o trabalho de sua mãe. - Gina exclamou fingindo-se ofendida, porém Hermione sabia que a intenção dela era esta; ofendê-la. - Só quero que todas conheçam essa doce e humilde garota que, infelizmente, vive uma intriga de família. Imaginem o quanto deve ser triste... - fingira pena ao ficar atrás de Hermione na poltrona, repousando suas mãos nos ombros da morena. - Ter pais separados e viver com a mãe e o irmão, ter que fazer todo o trabalho doméstico. E aguentar um pai que a ignora e uma vez ou outra aparece bêbado. Eu realmente admiro a Hermione.


- Céus. - Violet levara as mãos à boca, surpresa.


Os olhos castanhos de Hermione adquiriram um brilho distinto do que ostentara a noite toda ao lado de Harry. As lágrimas ameaçavam brotar, mas ela as reprimira com força de vontade. Nunca imaginara que Gina fosse ser tão cruel ao ponto de expô-la daquela maneira em sua primeira visita formal na casa dos Potter. A ferida deixada por seu pai, ainda estava fresca, e doía muito pensar que agora todos ali sabiam disso. Pessoas importantes, que teriam motivos para julgarem-se superiores.


- Divórcios são comuns hoje em dia. – Ela dissera numa voz baixa.


- Então é assim que irá pensar se o relacionamento entre Harry e você dar certo e chegarem ao casamento? - indagou vitoriosa. Hermione soltara um comentário indigno sem querer, o que fora um triunfo para a ruiva. - Divórcio vai ser algo comum em seu relacionamento?


- Não... Penso que se as duas pessoas se amam, vivem bem, se respeitam, o divórcio é algo impensável. – Hermione disse firme. – Meu pai não fez nada disso. Como minha mãe poderia viver com alguém assim? – indagou e as mulheres perceberam a mágoa em sua voz, além da tristeza.


- Oh, eu sinto muito. - Gina apertara os ombros de Hermione em uma falsa compreensão. - Entendo o que queira dizer. Mas é admirável Harry estar namorando alguém tão humilde como Hermione. Apesar das classes sociais diferentes, até mesmo dos aspectos, tenho certeza de que formam um lindo casal.


- Sei que eu não...


- Gina, querida, onde está querendo chegar com essas insinuações todas? – Lilian indagou irritada. – Não vejo pessoa melhor para meu filho do que Hermione, e isso pelo pouco que conheci dela. Harry jamais segregaria alguém, por sua classe social. Longe do dinheiro somos todos iguais!


Gina engolira em seco com os dizeres da anfitriã. De fato não esperara que ela interviesse em seus planos. Tivera que pensar rapidamente em algo para contornar aquela situação rapidamente.


- Acabei de dizer que formam um lindo casal justamente por isso, por ignorarem esse critério. - disse mantendo seu olhar firme. - Também acho que não há alguém melhor do que Hermione para Harry. - tivera que reprimir uma careta de nojo com o que dissera. - Afinal, ela está ajudando-o com as aulas de literatura.


- Outra das maravilhas que tem feito para ele, Harry amadureceu muito desde que a conheceu querida. – Lily falou, segurando a mão de Hermione, ao voltar-se para ela. – Tenho que lhe agradecer muito por isso. Juventude não é só sinônimo de curtição, e é muito difícil um menino se tornar homem... A menos que não tenha uma motivação para isso. – a ruiva alfinetara a outra mais nova.


A ruiva bufou, vendo seu plano em deixar Hermione humilhada indo por água abaixo. Mas não desistiria tão fácil de seus objetivos. Iria afastar Hermione Granger de seu Harry a qualquer preço, demorasse o tempo que fosse. Não perderia para uma reles nerd. Caminhou até a saída da sala, pegando uma taça de uma bebida qualquer da bandeja de um garçom.




...


O jantar fora servido minutos depois. As piadas de Sirius ecoavam pela mesa, provocando gargalhadas em todos os presentes. As conversas paralelas eram frequentes, mas sempre que um assunto importante era abordado, elas cessavam.


Hermione mal tocava em sua comida e, quando o fazia, era quando tinha certeza de que ninguém a olhava. Sentia-se envergonhada por estar senta à mesa com pessoas educadas, que sabiam comer cada prato que era servido. E por mais que tentava ficar à vontade, era difícil ignorar seu constrangimento. Pelo menos estava tranquila e segura de qualquer comentário, com Harry ao seu lado.


- Harry, meu caro. - um homem de idade mais avançada o chamara do centro da ampla mesa. Um juiz e grande amigo de seu pai. - Me disseram que fará Direito em Stanford. Verdade? É uma universidade formidável.


- Como? - Harry o olhara, franzindo o cenho. Detestava tratar desse assunto com qualquer pessoa que fosse, muito menos receber conselhos. Não se conformava com sua vida sendo decidida pelo pai. - Eu não vou estudar em Stanford e... - olhara para o pai, que sorria orgulhoso pelo comentário. Harry revirou os olhos, fitando-o. - Pai.


- Harry, sabe que eu sempre sonhei com você seguindo meus passos nos negócios. Nossa família tem tradição no ramo judicial. E você será o próximo. – James comentou, servindo-se de mais vinho.


- Tradições acabam um dia. - dissera incrédulo pelo argumento do pai. - Ela acabara com você. Eu não quero ser advogado. Não quero seguir o mesmo caminho que o seu. Sabe que eu gosto de números, cálculos.


As feições de James se endureceram, por pouco ele não gritara, pois se lembrara estar diante de convidados. Há muito discutia isso com o filho, e sempre brigavam quando o assunto era o futuro dele, o qual já estava planejado.


- James, meu amor, discutam isso outra hora, sim? – Lily apaziguou tocando em seu ombro tenso.


- Não há discussão nenhuma. Harry irá para Stanford, e se formará em direito. Está decidido!


- E me diz, pra quê? - indagou furioso ao empurrar seu prato, atraindo olhares de todos para a discussão. - Pra defender gente corrupta e manipuladora como o senhor faz? Voltar pra casa no final do dia sabendo que eu posso ter inocentado alguém que é culpado? Não pai, obrigado. Já tem gentinha demais fazendo esse serviço sujo.


- É melhor falar comigo direito, garoto! – James exclamou exaltado, levantando-se e socando a mesa. – É fazendo “isso” que dou tudo que precisa. Que sustento seus pequenos luxos de rapazinho mimado. E pelo contrário do que pensa, eu não sujo como diz... – respirou pesadamente.


- Vai me cobrar pelos serviços prestados por ser meu pai? - Harry também se levantara, apoiando suas mãos a mesa. Suas expressões de raiva eram idênticas à do pai. - Pouco me importa seu dinheiro, pouco me importa o que você acha. É da minha vida que estamos falando, é do meu futuro. Não vou viver uma vida que você planejou pra mim.


- Ótimo! Vá viver sua vida sozinho, e garanto que volte chorando como um garotinho para ter tudo de volta! Vocês jovens pensam que a vida é simples como num conto de fadas, mas não é. Ela é dura, Harry. E seria melhor para você se não me desafiasse.


- James, por favor... – Lily pedira séria.


- Essa é ótima. - Harry gargalhara, sarcástico. - Você, logo você quem me ensinou a correr atrás do que eu quero não me deixa viver minha própria vida. - olhara o pai nos olhos em sinal de desafio. - Um dia eu vou viver sem você, mais cedo ou mais tarde. E eu não vou me humilhar a ponto de voltar correndo para os seus braços, tenho meu orgulho. E se eu o desafiar, vai me processar papai? - dera ênfase na última palavra. A raiva o consumia, não tendo controle sobre o que dizia.


- Já chega! – a anfitriã dera um basta, diante dos olhares assustados dos convidados. Não fora preciso mais nenhuma palavra, era visível que James estava furioso com o filho, então Harry saiu da mesa, caminhando a passos largos para fora de casa.


Harry chegara ao jardim dos fundos, praguejando e murmurando os xingamentos que lhe vinham na mente. Seu pé chutara um pequeno vaso de planta que havia ali, que colidira contra a árvore e quebrara em vários pedaços. Estava anestesiado ainda pela raiva para sentir seu pé latejar pelo que acabara de fazer.


Sentara em um banco que havia ali, apoiando os cotovelos sobre suas pernas abaixando a cabeça. As palavras duras e frias de seu pai ainda ecoavam em sua mente. Mas ele já tinha tomado uma decisão há muito tempo. Não viveria a vida que ele planejara para si. Viveria a sua própria vida. Nem que para isso tivesse que tornar-se independente do pai. Já estava decidido.


O fato é que não se imaginava como advogado. Não queria para sua vida o que seu pai vivia. Tradições acabavam e ele não seria obrigado a prossegui-la apenas por um capricho do pai.


Suspirou, sem perceber que já tinha companhia. Hermione vendo que o namorado não mais voltaria, pedira licença para ir ficar com ele. Lilian gentilmente a autorizara, sendo que ela mesma cuidaria do marido exaltado. A morena caminhou para perto dele, e tocou o seu ombro delicadamente.


- Você está bem? – ela perguntou o mais óbvio.


Harry respirou fundo, ficando em silêncio por um momento. Ainda estava furioso e a última coisa que queria era descontar tudo em Hermione, ela não merecia. Porém a voz dela e o toque estavam começando a acalmá-lo de uma forma surpreendente, até mesmo para ele. Quando vira que recuperara a calma, erguera seu olhar para a morena.


- Eu disse que ele queria me controlar. Eu sinto muito em te fazer presenciar isso. Pelo menos agora você conhece o verdadeiro James Potter. - dissera a última frase em tom irônico.


- Não precisa ficar sem jeito. – Hermione falou, sentando-se ao lado dele. – Deve ser difícil ser cobrado assim... Você... Você quer conversar?


Ele mordeu o lábio, pensando sobre a proposta da namorada. Na verdade, nunca falava sobre o que sentia, muito menos com uma garota. Nenhuma parecia importar-se com ele como pessoa, apenas por sua popularidade ou sua classe social. Com Hermione era diferente, ela se preocupava com ele, com seus sentimentos. Podia sentir isso e, pela primeira vez, sentira-se confiante em conversar com ela sobre isso.


- Eu não aguento mais. - murmurou olhando para frente. - Não suporto a idéia de que não posso decidir, não posso viver minha própria vida. Ele quer decidir tudo. Se ele não tivesse me pressionado tanto, ido ao colégio acompanhar os treinos, puxar o saco do treinador e exigir de mim até mesmo em casa, eu não seria o capitão do time de futebol.


- Pensei que adorasse futebol... Não que fosse um “gostar” dessa maneira. – Hermione comentou sincera, e ele suspirou fundo. Sentia-se agoniado.  – Harry, não peço para ser rebelde nem nada do tipo, porque no fundo você deve obediência ao seu pai, e respeito também, mas não pode deixar que ele sufoque seus sonhos. Se os quer mesmo para sua vida real, não desista. Tente conversar com seu pai...


- Conversar? - ele rira, mas naturalmente. - Você viu que é impossível conversar com ele. Já tentei várias vezes, mas tudo que recebo é ele jogar na minha cara que me sustenta como acabou de fazer. A convivência tá ficando cada dia mais difícil.


- Não posso opinar muito sobre isso. Afinal o meu pai não assume um papel tão protetor assim. E no fundo, deveria se sentir grato por ter alguém que se importe, mesmo que imponha tal coisa. – a morena disse, e então sorrira brevemente. – Percebi que são mais parecidos do que eu pensava.


- Parecidos? - Harry a olhara, erguendo uma sobrancelha. Pela raiva guardada que ainda sentia do pai iria considerar aquilo como uma ofensa.


- Desculpe, foi um comentário fora de hora. – ela retratou-se. – É... Que tem o mesmo gênio, por isso brigam muito. Acho que já deve ter ouvido isso bastante.


- Já. Minha mãe fala isso com frequência. - comentou, suspirando. - Mas eu não acho. Sou mais tolerante. - emendou em tom de brincadeira.


- Sei... – ela murmurou e riu, bagunçando os cabelos dele.


- Confesse que concorda comigo. - sorriu maroto, puxando-a para mais perto. - Ou ao acaso não me acha tolerante?


- Ah... Acho... – Harry roçou seus lábios nos dela, após inclinar-se um pouco. – É... Claro que acho.


O moreno sorrira pelo comentário, dando uma mordida no lábio inferior e rosado de Hermione, sentindo-a estremecer em seus braços. Harry lhe despertava sensações inimagináveis, algo que nunca sentira antes, apenas com ele. Os lábios experientes e prazerosos sobre os seus a deixava fora de si, sem reação. Apenas entregue aos instintos que seu corpo assumia perante ele.


No entanto, não pudera deixar de estremecer e arrepiar-se quando a língua dele fizera um gesto ousado em seus lábios. Seus dedos enterraram-se nos cabelos morenos e lisos dele e Hermione ofegou.


- Vai me tirar do sério se fizer isso de novo. - Harry sussurrou contra os lábios da garota.


- Eu gosto. Gosto muito. – então ousadamente aprofundara o beijo, seguindo seu próprio ritmo. Harry ficou surpreso, mas contente pela iniciativa. Adorava cada gesto novo da namorada.


Ele deixara-se levar por ela, pela primeira vez. Aproveitara o momento intensamente, seguindo o comando da namorada. O beijo tornara-se mais profundo e de outra forma em que jamais tinham chegado. Ele lutava para manter seu autocontrole, tinha que mantê-lo. Era difícil, mas o fazia. Suas mãos a apertara na cintura, puxando-a para mais perto.


- Acho melhor agente parar por aqui, Harry. – ela ofegou, quando o moreno largara sua boca por um momento.


- Também acho. - murmurou ao se levantar, virando-se de costas para Hermione e respirando fundo.


- Ficou chateado? – Hermione perguntou receosa.


- Não. - Harry sorrira pela inocência da garota, mas ainda não se sentia bem para se virar e olhá-la. - Pelo contrário.


- Então... Então por que... – ela calou-se ficando vermelha, quando percebera o que realmente havia acontecido.


Harry suspirou, coçando a própria nuca. Nenhuma garota o deixara assim tão rápido como Hermione o fizera. E sabia que se virasse para olhá-la no estado em que estava, cederia à ela outra vez. Quando finalmente conseguira voltar ao seu "estado normal" virou-se para olhá-la. Não pode deixar de sorrir quando a vira corada.


- Está vermelha. - sentou-se ao seu lado, tocando-a no queixo.


- Só um pouco. – ela respondeu, contrariando suas palavras. O sorriso dele crescera. – Apesar de meus medos, eu gostei muito dessa noite. Gostei ainda mais da sua mãe... – emendou mudando de assunto.


- Impossível não gostar da dona Lílian. Se eu a chamo assim ela fica furiosa. - comentou, rindo. - E o que vocês conversaram?


- Ah, sobre algumas coisas. Nada demais. – Hermione respondeu, mantendo um sorriso nos lábios. Não poderia contar nada ao namorado, nada do que Gina dissera, porque Harry já estava chateado com o pai, e ela não queria que ele novamente se indispusesse.


- Estranho. - Harry a olhara, confuso. Passara o braço pelos ombros de Hermione, puxando-a para mais perto. - Minha mãe é de conversar muito. E geralmente não é nada demais.


- Conversamos sobre muitas coisas, sobre o Buffet e esses assuntos de mulher, que não iriam te interessar. – ela falou encostando-se nele, fechando os olhos. Não gostava de mentir, mas era por uma causa justa. E no final das contas, queria esquecer o tom depreciativo e cruel de Gina.


- Se você diz. - sorriu em concordância, beijando-a na testa. - Aconteceu alguma coisa enquanto não estava por perto?


- Não aconteceu nada, Harry. – respondeu, fitando-o. – Nada. – então sorriu outra vez acariciando o rosto dele.


- Tudo bem. Parei com as perguntas. - Harry rira, beijando-a levemente nos lábios.


 


 


 


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N/A: EEEE, finalmente capítulo saiu, mas claro por conta dos comentários. No entanto ainda não estaos satisfeitas, na próxima comentem MAIS E MAIS!


Esperamos que tenham gostado desse capt, e passado a odiar um pouco mais a Gina. E amar mais o Harry e a Mione, incluindo nessa lista de amores a Lílian. KKK.


Bem, aguardamos mais comentários para mais atualização. Vocês já sabem, esta depende exclusivamente de todos vocês. Portanto, nao deixem de deixar seus comentários.


E, ah... FELIZ DIA DAS MÃES, para suas mamães, e para aquelas que por ventura sejam mamães. BEIJOKAS.


Té a próximaaa.



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09/05/2010.

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Comentários (1)

  • Isis Brito

    Adorei a cena picante do Harry com a Mione... =D E a participação especial da Lílian, principalmente na parte que ela defende a Mione, também foi demais!! xD

    2011-08-06
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