Quinze.



Quinze.


Lições do amor - o amor ensina mais do que se pode esperar.



Decidiu aproveitar o resto da tarde em que saíra mais cedo do colégio para procurar emprego. A entrevista de trabalho que fizera no dia anterior não tinha sido bem sucedida. Infelizmente, precisavam de alguém com experiência para trabalhar na recepção daquele hotel. E Hermione não tinha experiência alguma. Nunca sequer havia trabalhado fora de casa. Era preocupada demais com os estudos para se inquietar com o emprego. Mas viu-se obrigada em procurar por um com a notícia da gravidez.


Seu destino e o daquela criança que gerava ainda eram incertos. Principalmente agora que não tinha o apoio necessário ao seu lado. Harry a lançara na mão do destino depois de tudo o que acontecera. E por mais que Hermione tentasse, não conseguia odiá-lo por isso. Afinal, no lugar dele também teria feito o mesmo. Era isso que pensara com o passar do tempo.


Seus passos pararam diante da vitrine de uma lanchonete, onde havia uma pequena placa com os dizeres "Precisa-se de novo funcionário". Por um momento cogitou aquela possibilidade. Não iriam exigir experiência de alguém para servir café e tortas. Sua situação ficava cada dia mais difícil e desesperadora. Por enquanto, estava nessa sozinha. Pois nem a mãe ainda tinha noção de sua gravidez. E sem pensar por mais algum tempo, Hermione entrou na lanchonete.


O sino pequeno tocou estridente anunciando sua entrada. Havia poucas pessoas ali. A maioria eram funcionários. Apesar de ser ainda dia, Hermione cogitou que o horário fosse de pouco movimento, e agradeceu por isso. Andou acanhada pelas mesas do inicio do estabelecimento, torcendo os dedos das mãos.


Pensou que não fosse ficar tão nervosa, quanto da outra vez. Mas era inevitável. Precisava tanto desse emprego que apenas rezava para que alguém tivesse pena dela, e lhe contratasse. Ou que fosse gentil o bastante para não se preocupar com sua parca experiência. Mas de jeito nenhum iria usar sua gravidez como pretexto para tal.


Usava sua melhor roupa, um vestido azul um tanto desbotado. E os cabelos estavam soltos. Perguntara a Katie se estava bem vestida e ela dissera que sim. Para uma entrevista de trabalho o essencial era a discrição.


Caminhou um tanto receosa até o balcão. Ali perto havia um senhor de cabelos grisalhos dando ordens de forma cordial aos funcionários. Por um momento, Hermione sentiu-se aliviada. Ele aparentava ser simpático, mas não sabia se o era. Seu corpo tremera quando ele se virou em sua direção. E levara certo tempo para se acalmar com os olhos azuis que a observava por trás dos óculos.


- Deseja alguma coisa, senhorita? - ele perguntou de forma educada, encostando-se ao balcão pronto para anotar algum pedido.


- Vim pelo anúncio de emprego. – falou baixinho, evitando olhar ao homem a sua frente. Bem ali a direita pronta para ir embora, estava Gertie e ela conhecia sua mãe. Hermione desejava imensamente que ela não a tivesse visto. E enquanto pensava nisso, a mulher saíra rapidamente.


- É muito nova para trabalhar, não acha? - o senhor disse calmo. - Uma mocinha na sua idade deveria estar estudando e não trabalhando.


- Já tenho dezoito anos, senhor. Posso trabalhar... – Hermione o respondeu no mesmo tom. – Eu consigo fazer as duas coisas.


- Ah, eu não estou duvidando de sua capacidade. - sorriu compreensivo. - Mas tem certeza de que é isso mesmo que quer? Estou precisando muito de um novo funcionário, mas serei sincero com você. O trabalho aqui é bastante puxado. Principalmente na parte da noite, quando os jovens passam aqui para comerem antes de irem para alguma festa. Vou exigir muito de seu tempo.


Um sorriso alegre habitou os lábios dela, e Hermione sentira o mesmo apossar-se de seu coração.


- Eu não me importo. Não tenho medo de trabalhar... E não ligo em fazer hora extra nem nada. Eu só preciso muito de um emprego. – ela disse, e seus olhos quase marejaram. – Se me der uma chance, não vai arrepender-se, Senhor...


Ele esboçara um sorriso. Como poderia dizer não para uma garota tão doce e gentil como aquela? Impressionara com a disposição que ela tinha para trabalhar. Não eram muitas pessoas que apareciam assim para aquela vaga. E como ele precisava de um funcionário, e ela de um emprego, uniria o útil ao agradável.


- Pode começar nessa noite? - ele perguntou, vendo-a sorrir. - O emprego é seu.


- É claro que sim! Só... Só tenho que avisar em casa. Importa-se se eu for um momento ligar? – indagou e seus olhos agora brilhavam de satisfação. O homem rira, e a morena corou. – Eu sou Hermione...


- Prazer conhecê-la, Hermione. Eu sou Peter. E não me chame de senhor, ninguém aqui faz isso. Não quer ver seu avental manchado de mostarda por isso, não é? - brincou, fazendo-a rir. - O telefone está logo ali. - apontou para o outro lado do balcão.


A morena sorrira largamente e depressa fora até o telefone que Peter lhe indicara. Seu coração batia tão depressa que mal podia contê-lo. Com esse emprego logo poderia contar à mãe que esperava um bebê, e seu filho poderia ter um futuro bom. Nem que para isso ela se matasse de trabalhar.


Esperou alguns minutos depois que discara o numero e então, Richard atendera.


- Rick? – ela disse.


- Mione, onde você está? - Richard indagou, como se desse uma bronca na irmã mais velha. - Mamãe perguntou por você e tive que mentir, dizendo que está na monitoria.


- Ela já saiu? – perguntou e o irmão dissera que sim. Hermione respirou fundo. – Escute Rick, eu preciso que diga a ela que fui pra casa da Katie, hoje. Tá bem?


- E porque eu tenho que mentir de novo? - perguntou confuso.


- Não vou mentir pra você... Eu arranjei um emprego, e começo agora mesmo. – ela falou e escutou o menino resmungar. – Sei que mamãe não queria que eu trabalhasse, mas posso ajudar com meu salário. Por favor, Rick, se ela ligar diga isso. Eu preciso de verdade trabalhar, e não posso dizer ainda.


- Mione, o que eu não faço por você. - Richard disse em um suspiro. - Tudo bem, eu digo pra mamãe que você está com a Katie.


- Obrigada! Prometo que te darei um presente por isso... Não por mentir, claro, mas por me ajudar. – Hermione falou. – Eu te amo, irmãozinho. Cuida-se e se precisar liga pra Katie. Ela dá um jeito.


- Eu já sou grande, Mione. Quem tem que se cuidar é você. - o garoto riu do outro lado. - Não volte tarde pra casa.


Sorridente a moça desligar após se despedir, e então rumara para perto do balcão onde Peter a esperava com um avental, e muitas instruções. As quais escutariam com total atenção, pois queria dar-se bem naquele emprego, e acima de tudo, queria que suas palavras anteriores fossem verdadeiras. O homem gentil não se arrependeria de contratá-la.


**


A camisa verde que vestia destacava a cor dos olhos do moreno. Sentou na cama, calçando o par de tênis. Naquela noite, após muita insistência de grande parte do time e das líderes de torcida, iria fazer o que não fazia há muito tempo. Sair para uma festa. Quando estava com Hermione, as noites de sexta-feira passavam ao lado dela. Geralmente saiam para um lugar mais calmo. Agora que não tinham mais nenhum relacionamento, precisava mudar aquela rotina.


Principalmente, precisava esquecer Hermione. Por mais que levasse certo tempo para se acostumar com aquela idéia, Hermione agora fazia parte de seu passado. E começaria a esquecê-la naquela noite. Suspirou fundo, convicto por tal pensamento. E nem se deu conta da presença da ruiva parada na porta de seu quarto.


- Vai sair querido? – Lílian perguntou, adentrando no quarto. Tudo que pela manhã havia sido meticulosamente arrumado estava fora do lugar. Ela descruzou os braços, fitando o filho.


- Vou. - Harry a respondeu, levantando. - Preciso me distrair um pouco. E se eu passar mais uma noite trancado em casa, quieto, vou ficar louco.


- E cheiroso assim... Vai encontrar Hermione? – a ruiva indagou outra vez, sorrindo. Harry bufou, não pela inocência da mãe, mas pelo fato de ouvir o nome da ex-namorada. – Vão a uma festa juntos? Eu estava falando com Molly, e ela disse que Gina a estava deixando maluca por conta de um vestido. Então presumi...


- Não vou com a Hermione, mãe. Vou com a Gina. - disse ao se virar. Não queria ver as expressões da mãe com aquelas palavras, pois sabia o quanto ela gostava de Hermione. E para ele ainda era difícil falar sobre o termino de seu namoro. Principalmente sobre os motivos que o levara a terminar o relacionamento.


Lilian ficara séria de repente. Não esperava ouvir tal coisa. Na verdade, começara a notar Harry agir estranhamente. Como há muito tempo não o fazia. Notara que ele não mais passava horas estudando, ou lendo um livro. Muito menos ficava tempo demais preso ao telefone. Ele havia mudado drasticamente e não percebera.


- Com Gina? – retorquiu franzindo o cenho.


- Sim, mãe. Com Gina. - repetiu, revirando os olhos. - Ela me convidou para a festa na casa da Tiffany, uma das líderes de torcida. E eu vou. Assim como grande parte do colégio. - deu de ombros.


- Desculpe, só fiquei surpresa... Não ia a festas há um bom tempo. Desacostumei-me de vê-lo saindo. É só isso. – ela dissera suspirando.


- Isso mudou agora. - ele forçou um sorriso, tentando não transparecer seu desconforto com aquela conversa. - Me cansei daquela vida de bom rapaz.


- Bem, isso me surpreendeu ainda mais. – Lilian comentou espantada. – O que te fez mudar de idéia assim?


Harry respirou fundo, desviando seu olhar. Não estava pronto para dizer a sua mãe que terminou o namoro. Muito menos que havia terminado porque foi traído por alguém que ele confiara e amara. Aliás, não estava preparado para falar sobre isso com ninguém. Novamente tornara-se aquele garoto quieto e calado que era antes de conhecer Hermione melhor. Então optou pelo melhor, permanecer em silêncio.


- Filho? – chamou-o, e ele olhou para o relógio de pulso. Demoradamente. Demonstrando sua impaciência. – Certo. Não vou atrasar você, mas me deve ainda uma conversa.


- Eu... Eu vou pensar no seu caso, está bem? - se aproximou da mãe, beijando-lhe na face. - Não me espere acordada. Não volto cedo essa noite.


Lílian assentiu ainda muito intrigada com o comportamento do filho. Era visível o quanto ele mudara, e custasse o que custasse os dois conversariam e colocariam as coisas às claras. Harry sorriu a ela antes de sair, incomodado, mas trataria de esquecer seus problemas todos naquela festa, e pensaria depois na conversa que teria com a mãe.


**


As primeiras horas foram tranquilas para Hermione. Ela anotou e entregou alguns pedidos, tudo sobre o olhar atento de Peter. A lanchonete tinha um ambiente agradável. E assim como Peter também fora, os outros funcionários também eram gentis consigo. Inclusive Julie, uma mulher simpática e sempre sorridente. Ajudou Hermione em tudo que fosse preciso quando o dono não estava presente.


O movimento começara a aumentar com a chegada da noite. Os outros funcionários se desdobravam para atenderem os clientes. E Hermione estava concentrada demais ao somar a conta de uma senhora, que não percebera a entrada de uma grande turma na lanchonete. Apenas ouvira a gritaria e as risadas que preencheram o ambiente. Quando se despediu simpaticamente da senhora, Julie se aproximou.


- Hermione. Será que pode cobrir a mesa dos fundos pra mim? - pediu em tom de súplica, equilibrando duas bandejas nas mãos. - Estou atolada de pedidos. E como você é jovem, vai se dar melhor com eles do que eu. - disse antes de se afastar.


A morena balbuciou algum argumento, mas Julie estava longe demais para ouvi-la. Suspirou fundo, antes de ir até a mesa onde os colegas de escola faziam bagunça. Seu coração então disparou quando vira Harry entre eles. Ao seu lado, Gina fazia pose de namorada. Sempre sorrindo e olhando ao moreno como se fosse um troféu.


O mesmo coração que batera depressa começava a se apertar e diminuir o ritmo. Era doloroso ver o homem que amava com outra, e ainda por cima, tratando-a com frieza. Reprimiu a vontade de chorar, e tudo o mais que sentia e se aproximou mais. As risadas cessaram por um momento enquanto os rapazes e moças a observavam em seu avental, já um pouco sujo.


Harry olhou para a morena diante de si. Foi inevitável não se espantar com Hermione ali, vestida como uma funcionária. Até onde se lembrava Hermione não trabalhava. E ninguém comentara isso com ele por perto. Sentiu um forte solavanco em seu peito. Por um momento amaldiçoara aquele sentimento de saudade. Mas logo tratou de lembrar-se da imagem de Hermione beijando outro, fazendo aquele sentimento ser enterrado.


Os lábios vermelhos de Gina curvaram-se em um sorriso sarcástico. Para ela, não poderia ter coisa melhor do que ver Hermione Granger ali. E o avental e a pequena caderneta que ela segurava eram um convite para que ela a humilhasse ali, diante de todos.


- Olha, se não é a monitora. E garçonete também. - Gina disse venenosa, arrancando risadas de alguns jogadores do time de futebol e das líderes de torcida. - O que mais você é queridinha? Caçadora de populares nas horas vagas?


- O que eu sou não interessa, muito menos para você. – suspirou fundo. Por mais que não gostasse de Gina, ela estava ali como cliente, e era seu “trabalho” tratá-los bem. - O que vão querer pedir? – Hermione indagou, evitando olhar diretamente para Harry.


- O que é o prato do dia? Sopa de letrinhas? – um dos jogadores de futebol comentou, arrancando risos dos companheiros.


- Não peçam isso. A não ser que queiram horas entediantes de aulas com ela. - a loira líder de torcida disse, olhando enojada para Hermione.


Harry sentiu-se incomodado diante de tudo aquilo. Assim como sentia quanto estava com Hermione e alguém a insultava. No entanto, não tinham mais nada um com outro. E não era seu dever protegê-la todo momento. Por mais que lhe incomodasse os insultos que eram ditos para a morena, não iria fazer nada. Apenas ficaria na sua, calado.


- Deixe-me ver. - Gina pegou o cardápio, fingindo-o ler. - O que eu posso pedir sem açúcar, sem carboidrato e sem gordura?


- Que tal pedir água? – Hermione sugeriu.


Alguns jogadores riram, mas logo pararam com o olhar fulminante da ruiva. Harry reprimiu uma risada. Não pudera deixar de achar graça na sugestão que Hermione fizera.


- Isso foi uma piada? Porque se foi, não teve a menor graça. - comentou a morena ao lado de Gina.


- Eu vou querer uma wasser. - Gina disse, vendo o olhar confuso de Hermione. - É água em alemão, queridinha. Nossa você é péssima. - fez uma careta, arrancando novas risadas.


- É claro. Água em alemão... – a garçonete, dissera suspirando e revirando os olhos. – Alguém mais vai querer água alemã dos Estados Unidos?


- Quanta falta de humor. - outra garota disse, enquanto os jogadores riam.


- Você só serve a comida, não é? - Gina perguntou, olhando para a morena enquanto seus dedos acariciavam os cabelos negros de Harry ao seu lado. - Porque eu não quero ser intoxicada ou algo do tipo. O próximo jogo é na semana que vem e eu preciso estar em ótima forma. Não é querido? - indagou para o moreno, sorrindo maliciosa.


- Claro. - ele murmurou, mexendo distraidamente nos guardanapos sobre a mesa.


Hermione sentira toda a sua coragem escoar rapidamente, ao ver os carinhos de Gina para com o moreno. Mas mesmo assim, notava o quanto eles eram superficiais, e o quanto ele estava distante. Parecia estar ali forçado. E mesmo que Harry a odiasse o conhecia muito bem para reconhecer tal coisa.


Ela estremecera quando seus olhares se cruzaram. Engoliu em seco, sentindo tudo que enterrara com custo, vir à tona. Enquanto terminava de escrever os pedidos, ouvia Gina sussurrar no ouvido dele. Mas não via nenhuma reação.


- Eu já volto, trazendo tudo. – disse, por fim, e antes de sair dera uma olhada no moreno.


Ele suspirou, vendo-a se afastar. Várias vezes vira Hermione pelo colégio, mas nenhuma mexera tanto consigo como aquele encontro na lanchonete. Odiava ainda mais aquele sentimento de saudade e culpa. Culpa por algo que nem ele conseguia compreender. Afinal, ele foi o traído naquela história. Meneou a cabeça, afastando tais pensamentos e se virando para a ruiva.


- Deveria pegar mais leve, não acha? - indagou com naturalidade, erguendo uma sobrancelha.


- Pegar leve? – Gina indagou rindo secamente. – Me poupe. – disse e o encarou. – Que foi Harry, tá com pena dessa imbecil?


Ele revirou os olhos. Seria inútil discutir isso com Gina. Ainda mais diante de grande parte do time de futebol e das líderes de torcida, que sempre faziam tudo para humilhar Hermione. Ninguém ali o entenderia, dando razão apenas para a ruiva.


- Não foi isso que eu quis dizer. Esquece. - retorquiu.


- Eu vou esquecer mesmo. Porque você agora é todo meu... – ela murmurou, roçando os lábios aos dele. Bem no exato momento em que Hermione voltava com a bandeja de pedidos.


Assim como vinha sendo, Harry não tivera forças nem motivo para afastar Gina. E mesmo que desejasse ser Hermione naquele momento, pois a tinha visto agora, não era ela. A diferença era clara nos lábios que o beijava como se quisesse demonstrar que ele era seu. De ninguém mais. E apenas deixou-se levar pelo beijo de Gina, que não lhe causava nenhum efeito.


- Eles não são perfeitos juntos? - a loira suspirou, olhando para o casal. Mas a garçonete sabia que o propósito era machucá-la com tal comentário.


Hermione balançou a cabeça positivamente, tentando conter as lágrimas que ameaçavam despencar de seus olhos. Colocou tudo sobre a mesa rapidamente, e então saíra dali antes que fosse visível o seu estado nervoso.


- Que serviço horrível, não vou dar gorjeta pra ela. – um dos caras dissera, rindo.


**


A visão turva, assim como a tontura que sentia dificultou na hora em que estacionava o carro diante a garagem de casa. Naquele momento, arrependia-se por ter bebido tanto. Mas não pudera evitar com a presença e a insistência de todos os amigos na festa. Principalmente após o reencontro inesperado que tivera com Hermione. Pensou que a bebida o ajudaria a esquecer um pouco as coisas, mas se enganou. Hermione não saíra de sua mente um minuto sequer durante a noite.


Desceu do carro praguejando. Cambaleante, caminhou até a porta. Levou certo tempo para encontrar a chave que abriria a porta no chaveiro. E quando encontrara, demorou mais algum tempo para acertar o buraco da fechadura e abri-la. Entrou na casa silenciosa, suspirando aliviado pelos pais estarem dormindo. Caminhou em direção a escada. No entanto, a luz da sala sendo acesa cessou seus passos.


Piscou os olhos algumas vezes, acostumando-se com a claridade. Ela lhe trouxera mais tontura. Sua cabeça parecia leve, sem qualquer capacidade de raciocínio lógico. Harry estava bêbado, como não ficara há muito tempo. E o pior era que foi pego em flagrante pelos pais.


Resmungou alguma coisa, quando vira a mãe caminhar em sua direção. O rosto dela, embora não pudesse ver direito, estava um tanto pálido e assustado. Nenhuma voz trovejara nos minutos seguintes, sinal claro que o pai não estava presente. No entanto, seria questão de tempo até que descobrisse, pois fora pego dirigindo bêbado e isso seria a notícia da semana.


- Meu Deus, Harry! O que houve com você? – Lilian indagou, e sem esperar uma resposta, sentou o filho na poltrona da sala, e tornou a falar. – Sorte sua seu pai ter ido viajar de repente! Ligaram-me da delegacia...


- Eu sabia que aquele filho da mãe ia ligar. - Harry riu, entremeio sua irritação e a falta de raciocínio. - Só tomei cerveja essa noite. É proibido dirigir agora, depois que se sai de uma festa na sexta à noite? - indagou sarcástico.


- Dirigir bêbado, sim, é proibido! – a ruiva repreendeu severamente. – Sinceramente, eu não o estou reconhecendo. Você nunca fez isso. Está agindo como um menino que quer atenção! Pois me escute. Seu pai vai ficar sabendo e então vocês dois vão resolver esse caso.


Harry bufou, mordendo o interior da bochecha. Apenas livrara-se da prisão pela grande influência que seu sobrenome tinha no ramo jurídico. Ao apresentar-se como filho do advogado James Potter, apenas lhe deram uma multa e o liberaram. No entanto, sabia que se dependesse da parte da mãe, o pai saberia de tudo o que aconteceu.


- Que diferença isso vai fazer? - o moreno retorquiu, com a voz carregada de falhas pelo efeito da bebida e de ironia. - Ele não se importa comigo. Só me quer para continuar com aquela porcaria de empresa. Tradição de família.


- Isso é que você pensa... Seu pai o ama. – Lilian dissera quase ultrajada. – Mas não vou levar em consideração as suas palavras. Está bêbado, e com raiva de alguma coisa. E quando está assim, fala besteiras demais. É igualzinho ao James... – suspirou se aproximando dele, afagando seus cabelos. – Eu fiquei muito preocupada. Tentei ligar pra Hermione, mas o telefone dela parece não funcionar. E então, Hank ligou da delegacia.


- Mas que diabos. - bradou ao se levantar, se afastando da mãe. - Pare de falar na Hermione. Parece que quer me ferir cada vez que menciona o nome dela. - estava bêbado demais para lembrar-se que a mãe ainda não sabia do termino de seu namoro.


Lilian assustou-se com o tom de voz usado pelo filho. Realmente nunca o tinha visto daquela maneira. Era algo que não entendia.


- O que está acontecendo, Harry? Diga-me, agora. – ordenou, fitando-o seriamente.


- Hermione já não faz mais parte da minha vida, mãe. Basta que saiba disso. - Harry disse, lançando um último olhar para a mãe. Apesar de suas condições no momento, não queria falar sobre aquilo. - Vou pro meu quarto. - murmurou, seguindo para a escada.


- Vocês... Vocês brigaram? – ela perguntou, mas o moreno fora mais rápido. Mesmo tendo ingerido muita bebida, seus passos agora eram firmes. Assim como seus pensamentos. Todos eles voltados para Hermione.


Ele não a respondeu, seguindo para seu quarto. Pensou que a bebida e a noite fosse ajudá-lo a esquecer Hermione, mas estivera enganado. Principalmente depois do reencontro mais recente. Onde a ausência dela tornou-se mais marcante em sua vida. E assim como as lembranças com ela lhe vinham em mente, à cena de sendo traído também vinha e o apunhalava com força. Jogou-se na cama, sem sequer tirar a roupa que usava. Talvez se dormisse, esqueceria tudo. Inclusive Hermione.


 


 


N/A: Em primeiro lugar: Jack, para com esse negócio de adivinhar o que vai acontecer nas fic's. Eu já te disse que isso assusta. kkkk
Segundo lugar: Outros mil comentários xingando o Harry. Tudo bem, já nos acostumamos com isso. kkkk
Bom, como ta na N/A de Ao Cumprir, to sem inspiração pra isso também.
Então vocês comentem. Ai a gente posta. (isso todo mundo sabe ¬¬')
Mas estamos reforçando o aviso. *-*

Beijo das autoras.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.