RUMO AO INFERNO



CAPÍTULO 12


 


RUMO AO INFERNO


 


 


 


 


 


 


 


_Gina Weasley? _ perguntou Lockhart _ Aquela ruivinha do primeiro ano, namorada de Harry Potter?


_Ela mesma, Gilderoy. _ disse Sinistra _ E creio que é chegada a hora de você mostrar ao que veio.


_Tem razão, Gilderoy. _ disse Snape _ Você disse que estava avançando nas investigações e que tinha quase certeza de onde era a entrada para a Câmara Secreta. Agora é o momento de acrescentar mais uma aventura para seus registros. Creio que dará um bom livro e o título poderia ser: “A CRIATURA DE SLYTHERIN”, o que é que você acha?


_Bem... é que... Está bem. Vou à minha sala, preparar o equipamento necessário e à noite estarei pronto para ir.


_Não se esqueça de levar seus charutos, Lockhart. Se for preciso, você poderá asfixiar o monstro com a fumaça deles. _ disse Flitwick com ar irônico, divertindo-se ao ver o lábio inferior de Gilderoy tremer e seus joelhos baterem.


 


Lockhart afastou-se em direção à sua sala, enquanto Minerva McGonnagall dirigia-se aos outros.


_Bem, se aquele frouxo vai descer ou não, isso não importa. Com ele fora do caminho, ninguém nos atrapalhará. Severo, você e os demais Diretores das Casas deverão informar aos alunos para que estejam prontos. Amanhã mesmo eles deverão retornar para Londres.


_Sim, Diretora. _ disse Snape _ Faremos isso agora mesmo.


E retirou-se, junto a Flitwick e Sprout.


_Aurora, vamos fazer mais uma tentativa para encontrar a entrada da Câmara. Temos de tentar todas as chances de resgatar Gina Weasley ainda com vida, embora eu não tenha muitas esperanças de que consigamos. _ disse Minerva, enxugando uma lágrima que escorria por seu rosto.


_Certo, Diretora. _ disse a professora de Astronomia _ Já tentamos isso, mas vou concentrar as buscas nas proximidades dos locais onde as vítimas foram encontradas.


 


 


Na Sala Comunal da Grifinória, os Inseparáveis estavam em um sofá, junto à lareira, tecendo suposições.


_Acham mesmo que o pavão sabe onde fica a entrada da Câmara? _ perguntou Rony, com fisionomia carregada.


_Não sei, Rony. _ disse Harry _ Mas acho que devemos tentar falar com ele.


_Tem razão, mano. _ disse Algie _ Quem sabe descobrimos alguma coisa, cruzando as informações? Afinal, ele andava por toda Hogwarts, sempre fazendo anotações e revisando-as.


_De acordo. _ disse Neville _ Ele disse que iria preparar o equipamento, ainda poderemos encontrá-lo antes dele sair na missão.


_Vamos encontrá-lo, então. _ disse Soraya _ E terá de ser antes do anoitecer, pois ele irá sair à noite.


_Certo. Vamos, então. _ disse Harry _ Vou pegar a Capa de Invisibilidade.


_Acho que nem precisa, Harry. _ disse Algie _ O pessoal está tão apático que ninguém vai dar a mínima se sairmos.


_E o Percy? _ perguntou Neville.


_No dormitório, escrevendo uma carta para casa. Vai ser difícil encontrar o modo menos pior de dizer aos meus pais o que aconteceu. _ disse Rony.


_Então vamos. _ disse Harry, enquanto os Inseparáveis saíram pelo corredor que dava acesso ao retrato da Mulher Gorda. Esta também estava muito triste e não fez comentário algum ao vê-los sair, consolada pela amiga de outro quadro, Violeta. No caminho, Luna Lovegood juntou-se a eles. Ela também havia dado um jeito de sair da Sala Comunal de sua Casa, sem que ninguém percebesse. Em seguida, tiraram suas vestes de alunos, por baixo das quais vestiam os trajes Ninja, cada um com bainha de antebraço para as varinhas e cintos com compartimentos contendo várias Shuriken e Kemuridama, com adagas Tanto na cintura. Esconderam as vestes por trás de uma cortina e seguiram à procura de Lockhart.


 


 


Como Gilderoy Lockhart estava ocupando interinamente o cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, graças à falta de pessoal devido à missão externa de Mason e ao afastamento de Dumbledore, transferira suas coisas para os aposentos anexos à sala de aula. Chegando à sala, os Inseparáveis atravessaram-na e bateram à porta, que não estava trancada a e se abriu sozinha, deixando que ouvissem o barulho que vinha de dentro. Parecia que Lockhart andava de um lado para o outro do quarto, juntando o equipamento de que precisaria para a missão.


 


Mas, quando entraram, a realidade era totalmente diferente.


 


Gilderoy Lockhart juntava apressadamente sua bagagem, parecendo que estava... fugindo.


 


_Com licença, Sr. Lockhart. _ disse Harry, fazendo com que o bruxo distraído desse um pulo _ Viemos ver se podemos ajudá-lo, afinal o senhor está indo... espere aí! Está juntando sua bagagem?


_Não ia entrar na Câmara Secreta? _ perguntou Soraya.


_O senhor não disse que sabia onde era? _ perguntou Neville.


_Ou será que está saindo às pressas? _ questionou Algie.


_E quanto à minha irmã? O que pretende fazer a respeito? _ perguntou Rony.


_Bem... eu... hã... é que... pois é, que tragédia. Lamento muito. _ disse Lockhart.


_Não me diga que está fugindo? _ perguntou Harry _ E quanto à sua responsabilidade como professor interino e como o famoso Caçador de Criaturas das Trevas que é?


_Isso mesmo. _ disse Algie _ Todos os feitos relatados nos seus livros, será que não significaram nada?


_Jovem Sr. Potter, nem sempre o que está nos livros deve ser levado ao pé da letra.


_Como assim? _ perguntou Rony _ O senhor os escreveu, eles são o relato de suas aventuras pelo mundo, caçando criaturas das Trevas. A não ser que...


_... Que o quê, Sr. Weasley? _ disse Lockhart, olhando para os alunos.


_Que o senhor tenha apenas levado o crédito por coisas que não fez ou que, pelo menos, não deve ter feito sozinho. _ disse Luna _ Será que acertei?


Gilderoy ficou alguns instantes tentando encontrar as palavras para responder à pergunta de Luna. Enquanto isso, Soraya tocou distraidamente em uma caixa de charutos sobre a mesa de Lockhart. Imediatamente seus olhos ficaram com um brilho dourado e ela começou a manifestar um dos dons herdados de sua mãe, a Vidente Ayesha Zaidan-Black.


 


Psicometria.


 


A habilidade de captar os pensamentos e memórias de uma pessoa através do contato físico com algum objeto que ela tenha tocado, sendo mais forte e precisa quando o objeto era de propriedade da pessoa.


 


_O senhor... o senhor fazia parte de equipes locais que desempenhavam as missões, mas ficava com todo o crédito, mesmo tendo poder mágico limitado. Por quê?


_Ora, ora, Srta. Black. A senhorita não nega que é filha de uma Vidente poderosa, minha contemporânea Ayesha. _ disse Lockhart _ Mesmo assim não consegue alcançar o centro da questão. Por quê? Acontece que se eu relatasse nos meus livros que os monstros e espíritos foram derrotados por bruxos feios, broncos e ignorantes, caipiras e camponeses, que estragariam as capas, eles não venderiam nem para pagar os custos de impressão.


_Então o senhor não passa de uma fraude. _ disse Neville _ Todos os seus livros são relatos de feitos realizados por outros, enquanto o senhor nada fazia. Que vergonhoso.


_Não, Sr. Longbottom. Não é verdade que eu nada fazia. Posso não ser um bruxo muito poderoso, mas sempre tive a capacidade de agregar as pessoas à minha volta e me saio bem em Química trouxa e Alquimia. Eu apenas acabava por reivindicar para mim o papel principal nas aventuras e isso dava trabalho, utilizar poções que alteravam a percepção dos bruxos que desempenhavam o maior trabalho e também obtendo os relatos, quando eu não participava. Por fim, um bem aplicado Feitiço de Memória, no qual sou extremamente bom, e aos olhos de todos eu me tornava o único e absoluto realizador das proezas. O infalível, f**ão e poderoso Caçador de Criaturas das Trevas, Gilderoy Lockhart. _ disse Gilderoy, com empáfia e encarando os jovens.


_SR. LOCKHART!! _ exclamaram as meninas, escandalizadas pelo linguajar do bruxo.


_Desculpem, acho que me empolguei. _ disse ele, enquanto terminava de fechar as últimas malas _ E agora chegou o momento de vocês se esquecerem de tudo aquilo que poderia prejudicar minha reputação de Caçador.


 


Gilderoy Lockhart sacou a varinha, pronto para lançar um Feitiço de Memória nos Inseparáveis, mas não contava com os reflexos de todos, apurados pelo treinamento Ninja de Derek Mason. As crianças se espalharam pela sala, dificultando a pontaria do bruxo, enquanto Harry o desarmava.


_ “EXPELLIARMUS!!” _ a varinha de Lockhart voou das mãos dele, rumo ao outro lado da sala.


_ “ACCIO!!” _ com o Feitiço Convocatório de Soraya, a varinha foi direto para ela, que a quebrou.


 


_Pestinhas! Pego vocês com as minhas mãos! _ exclamou Lockhart.


_Acho que não. _ disseram Algie e Neville, girando o corpo e executando um Ushiro-geri cada um, de forma sincronizada, tirando o ar do bruxo. Ao mesmo tempo, Luna o fazia cair sentado no chão, de forma humilhante, com uma rasteira.


 


Sentado e impotente, com seis varinhas apontadas para ele, o bruxo começou a falar.


_OK, OK, eu entendi. Sei quando estou em desvantagem. Crianças, vocês têm idéia do que está rolando, do tipo de perigo que estão querendo enfrentar? Mesmo que tenham sido treinados por Derek Mason, porque só assim crianças de onze e doze anos seriam capazes de me derrubar.


_Sou capaz de descer ao Inferno, se for para salvar a vida de Gina. Todos aqui sabem que falo sério. _ disse Harry.


_Não duvido, Sr. Potter. Acreditem, é bastante provável que tenham mesmo de fazê-lo. Eu estava me mandando, porque a coisa é demais para qualquer um. Não fiquei parado, andei fazendo pesquisas e descobri coisas de arrepiar.


_Diga-nos o que descobriu e nós diremos o que descobrimos. _ disse Rony.


_Certo, Sr. Weasley. Vamos começar pela primeira escrita na parede. Realizei alguns testes químicos e constatei que era sangue.


_Até aí nós também já desconfiávamos. _ disse Algie.


_Mas as hemácias eram nucleadas. _ continuou Lockhart.


_Significando sangue de réptil ou de ave. _ disse Soraya _ Lembrem-se de que as aves originaram-se dos répteis.


_Exato. Quando Hagrid reclamou com Dumbledore que alguém ou algo andava matando os galos, comecei a desconfiar de uma criatura terrível, que só poderia agir se outro eliminasse seu ponto fraco.


_Daí os galos mortos. _ comentou Luna _ Seriam um empecilho à ação de um basilisco.


_Sim. E o sangue seria ou dos galos ou da própria criatura. Ruim de qualquer modo. Eu também notei a fuga das aranhas, assim como vocês devem ter visto.


_Sim, tanto que acabamos indo parar na Floresta Proibida, cercados de Acromântulas por todos os lados. _ disse Rony _ E aranha é o bicho que eu mais odeio.


_Vocês... como conseguiram escapar daqueles monstros? _ perguntou Lockhart, admirado.


_Não foi fácil. _ disse Harry, lembrando-se do Anglia _ Tivemos de contar com a ajuda de um Ford selvagem.


_Eu não sou nem um pouco idiota, apesar do que possam pensar de mim e comecei a supor que um animal das dimensões de um basilisco precisaria de um sistema paralelo para se locomover sem ser visto. E, sendo uma cobra, o mais apropriado seria o sistema de encanamento do castelo, grande o bastante para ele.


_Sim, também acabamos chegando a essa conclusão. _ disse Luna.


_E também concluí que as vítimas foram petrificadas e não mortas porque não olharam diretamente para ele, graças aos espelhos, poças dágua e, no caso do Sr. Finch-Fletchley, por Sir Nicholas. _ disse Lockhart, enquanto os Inseparáveis concordavam.


_O senhor chegou a alguma conclusão sobre a entrada da Câmara Secreta? Acha que pode ser no banheiro do segundo andar? _ perguntou Soraya.


_Sim, Srta. Black. _ disse Lockhart _ E a tal garota que morreu em 1943 é a fantasminha do banheiro, a Srta. Murta.


_Tudo bate com o que descobrimos, Sr. Lockhart. _ disse Harry _ Só que a coisa é pior do que o senhor imagina. Tem conhecimento da lenda sobre a criatura híbrida de basilisco e Górgona que Slytherin teria desenvolvido?


_Sim, mas não era somente uma lenda? _ perguntou Lockhart.


_Infelizmente não, Sr. Lockhart. _ disse Neville _ A criatura híbrida é real.


 


As pernas de Gilderoy Lockhart fraquejaram e ele caiu sentado em uma cadeira. Por sorte não havia comido nem bebido nada recentemente ou passaria uma vergonha na frente das crianças.


 


_Merlin! Esqueçam isso, crianças. _ disse Gilderoy _ Pode parecer cruel, mas creio que já é tarde demais para a Srta. Weasley. A escola será fechada e um esquadrão de bruxos do Departamento de Controle de Criaturas Mágicas virá vasculhar Hogwarts de cima a baixo. Vamos dar a eles as informações que temos e eles encontrarão a Câmara Secreta.


_Não, Sr. Lockhart. _ disse Harry _ Não podemos perder tempo nem desperdiçar chance alguma. Eu sinto que ainda temos tempo. Vamos falar com Murta.


 


Saíram em direção ao banheiro, mantendo Lockhart sob a mira das varinhas. Lá chegando...


 


_Murta! Murta! MURTA!! _ gritou Harry _ Cadê você?


_Calma, “Potter-1”. Eu estou aqui. O que foi que houve? Não vão preparar mais nenhuma Poção Polissuco... Aaah!! GILDEROY LOCKHART!!! _ gritou Murta, com voz apaixonada _ O que o grande Caçador de Criaturas das Trevas está fazendo aqui?


_Não tão grande assim, Murta. _ disse Harry _ O cara é só balaca e mais nada. Mas eu queria lhe perguntar uma coisa importante. Como foram os detalhes da sua morte?


_Bem, Harry, aconteceu em 1943, como você sabe. Era 13 de junho e aquela vaca da Sonserina, Olívia Hornby, fez uma gozação muito deselegante sobre meus óculos. É certo que nunca foram de um modelo dos mais bonitos ou mais modernos, afinal de contas em 1943 ainda não existia a Oakley, mas eu gostava e ainda gosto bastante deles. Ainda bem, pois terei de carregá-los por toda a eternidade. Voltando ao assunto, fiquei bastante magoada e vim para este banheiro, me tranquei em um dos boxes e comecei a chorar. Não me lembro de quanto tempo se passou, mas ouvi uma voz que falava em uma língua estranha.


_Como era a língua? _ perguntou Soraya.


_Era algo incompreensível, Black. Parecia uma sucessão de silvos e bufos, mas a voz era de um menino. Abri a porta do boxe e disse: “Escute aqui, seu pervertido! Este é um banheiro de meninas e você não pode entrar aqui!


_E então? _ perguntou Lockhart, curioso.


_Só me lembro de ter visto dois olhos amarelos e redondos. Então me senti leve e, quando olhei para baixo, vi meu corpo caído no chão. O banheiro estava vazio, nem sinal do garoto ou da coisa que me matou com o olhar.


_E de onde a voz parecia vir? _ perguntou Luna.


_Do lado da pia central. Dali. _ respondeu Murta, apontando para a pia central do banheiro, a mesma em cujo espelho Harry assistira sua metamorfose em Gregory Goyle, no episódio da Poção Polissuco.


Os Inseparáveis, acompanhados por Lockhart e Murta, aproximaram-se da pia e observaram as torneiras. Todas elas funcionavam perfeitamente menos uma, que parecia emperrada. Olhando com mais atenção, Algie notou um detalhe.


_Ei, gente. Parece que há alguma coisa na base da torneira emperrada. Vamos ver o que é. “Lumus!” _ iluminando o local com a ponta da varinha, Algie viu que havia a figura em alto-relevo de uma pequena serpente enrodilhada.


_Uma serpente. _ disse Murta _ Olha que eu nunca havia reparado nela, em todos esses anos. Será que é algum tipo de botão?


_Vou tentar. _ disse Gilderoy _ Não, não é um botão. Não afundou nada quando apertei. Gente, vocês querem mesmo seguir adiante?


_Sem dúvida nenhuma, Sr. Lockhart. _ disse Harry _ Se não é um botão, talvez...


_... Acho que sei, Harry. _ disse Rony _ Será que não seria preciso uma espécie de senha?


_Como assim? _ perguntou Harry.


_Entendi! _ disse Luna _ Pode ser que ela seja uma chave que responda a uma ordem em Ofidiano!


_Quer dizer, pedir em Ofidiano para que a porta se abra? _ perguntou Neville.


_Será que eu consigo? _ perguntou Harry _ Não sei se posso fazê-lo conscientemente.


_Você falou com a cobra que Draco Malfoy conjurou, lá no Clube de Duelos, mano.


_Mas aquela cobra estava viva. E mesmo assim eu não me lembro de como comecei a falar em Ofidiano com ela. Foi totalmente instintivo.


_Tente se convencer de que ela está viva, Harry. _ disse Luna _ Utilize as artes Ninjas de auto-sugestão.


_Boa ideia, Luna. _ disse Harry, olhando fixamente para o alto-relevo que representava a cobra, tentando visualizá-la como uma coisa viva. Então falou. _ “ABRA-SE!


_Ainda não foi em Ofidiano, Harry. _ disse Soraya.


 


Harry Potter continuou tentando ver a cobrinha como se estivesse viva, até que lhe pareceu ver seus olhinhos brilhando e seu corpo colear, conforme a luz dos archotes incidia sobre ela.


_ “ABRA-SE!” _ e a ordem de Harry saiu como um sibilo longo e grave, fazendo com que a estrutura da pia começasse a tremer e se abrisse, como se formasse um sinistro portal à volta de uma abertura, a entrada de um túnel escuro que se estendia para baixo, rumo ao subterrâneo, muito além do que a vista podia alcançar.


 


Todos olharam para baixo, tentando mensurar a extensão daquele túnel cuja entrada parecia ser oblíqua, como um tobogã de acentuada inclinação.


_Onde será que isso vai dar? _ perguntou Murta.


_Só saberemos depois que descermos. _ disse Rony.


_E vai ser agora. _ disse Harry.


_Bem, creio que estou sobrando aqui. Até... _ a frase de Lockhart ficou incompleta e foi substituída por um grito de medo e surpresa, quando o pé de Algie fez contato com o seu traseiro, sem muita gentileza _ Que coisa mais escuuuuraaaaa!!!


 


_Ele pode acabar se machucando. _ disse Luna.


_E quem está ligando? _ perguntou Neville _ O que faremos agora?


_Você vai com Luna ao Corujal (e os olhos de Neville brilharam), escrever cartas aos meus pais, a Sirius e aos Aurores. Soraya e Algie, vocês vão procurar pela Profª McGonnagall. Certamente ela saberá como localizar Dumbledore. Eu e Rony desceremos atrás de Lockhart.


_Correção, mano. _ disse Algie _ Soraya vai procurar a Profª McGonnagall e eu desço com vocês. Estou sentindo que será melhor assim.


_Está ficando sensitivo de tanto estudar comigo? _ brincou Luna _ Harry, seu irmão não abrirá mão de descer com vocês. Não adianta tentar impedi-lo.


_OK, OK. Vamos indo, então. _ e Harry, Rony e Algie prepararam-se para descer pelo túnel.


_Olha, Harry, eu não torço para que você morra mas, caso isso aconteça, sempre haverá lugar para você aqui, comigo. _ Murta disse a frase com voz doce e frisou bem a última palavra, sublinhando-a com uma significativa piscadela.


_Uau, Harry! _ disse Soraya _ Uma declaração de amor do outro mundo.


_Sinto muito, mas é uma circunstância nada interessante. _ disse Harry, jogando-se para entro do buraco e escorregando pelo tobogã, seguido por Rony e Algie. Os outros foram cumprir suas missões.


 


O cano parecia que não ia acabar mais. Enquanto descia, com a ponta da varinha acesa, Harry via várias outras saídas, certamente por onde a criatura circulava pela escola, às escondidas. Por fim o túnel nivelou e terminou, fazendo com que Harry atingisse com seus pés o traseiro de Gilderoy Lockhart, que havia acabado de se levantar.


 


_Duas em um só dia. _ choramingou o bruxo _ Decididamente, vocês não gostam de mim.


_Aah, pare de reclamar. _ disse Harry, ajudando Lockhart a levantar _ Vamos sair da frente da saída ou eles nos derrubarão ao saírem.


 


Nesse meio tempo, Neville Longbottom e Luna Lovegood dirigiam-se ao Corujal, a fim de mandarem as mensagens. No meio do caminho, Neville puxou Luna para trás de uma tapeçaria.


_Neville, não é a hora e nem o lugar... _ e parou de falar, enquanto Neville tampava sua boca e fazia um sinal de “quieta”.


Draco Malfoy passava por eles, apressadamente sem vê-los, graças aos reflexos de Neville.


_Bom, ele já passou e vai longe. _ disse Neville.


_Para onde estará indo? _ perguntou Luna, enquanto os dois saíam de trás da tapeçaria e continuavam seu caminho.


_Me interessa mais DE ONDE ele estava vindo. _ respondeu Neville _ Você reparou nos sapatos dele?


_Sapatos de pelica, certamente da “Talhejusto e Janota”, bem como seria conveniente a um Malfoy. _ disse Luna.


_E com algumas pequenas marcas de excremento de coruja. O cara estava vindo do Corujal.


_A esta hora da noite, com toque de recolher? Mas para quem estaria escrevendo?


_Para casa, quem sabe? Talvez avisando que a situação aqui está perigosa. Pode ser que ele esteja com medo, pode ser que esteja entrando em contato com o pai... Nunca engoli a história de que Lucius Malfoy fez o que fez sob ameaça de Voldemort. Todo esse verniz de cavalheiro não esconde um legítimo Death Eater. Bem, vamos lá, escrever as cartas.


 


 


No subterrâneo, os quatro bruxos seguiam por um túnel, com as pontas das varinhas acesas. Até que, em uma curva, encontraram uma pele de cobra.


_Parece que a criatura mudou de pele, recentemente. _ comentou Algie.


_E vejam o formato. _ disse Rony.


_Confirma o que suspeitávamos sobre a criatura híbrida de Slytherin. A parte contrária à ponta da cauda possui uma curvatura que lembra os quadris de uma mulher, de uma mulher de formas atléticas. _ disse Harry _ E a criatura é mulher até a cintura e cobra da cintura para baixo.


 


Naquele momento, Gilderoy Lockhart desmaiou.


 


_Levanta, seu frouxo! _ exclamou Algie.


Gilderoy levantou-se e, apostando todas as fichas, tentou pegar as varinhas de Rony e Algie, que estavam mais próximos dele do que Harry. Algie conseguiu se esquivar, mas Rony escorregou e o bruxo fanfarrão conseguiu pegar sua varinha.


 


_Nem tentem fazer qualquer coisa. _ disse Lockhart, mantendo a varinha apontada para os garotos, que ficaram quietos e com estranhos sorrisos nos rostos _ A vantagem é minha. Essa pele de cobra veio bem a calhar e servirá como prova de que enfrentamos a criatura e que eu a destruí, mas infelizmente muito tarde. Não houve jeito de chegarmos a tempo de salvar Gina Weasley e vocês surtaram ao vê-la morta e mutilada. Ficaram tão histéricos que eu fui obrigado a apagar suas memórias, para que não se suicidassem. E essa será a história oficial, garotos. Esses sorrisinhos já vão desaparecer. “OBLIVIATE!!!"


Lockhart lançou o Feitiço de Memória com toda a energia mágica que pôde reunir, sobrecarregando a já prejudicada varinha de Rony Weasley, que explodiu e banhou o pretenso Caçador de Criaturas das Trevas em uma luz verde-azulada. O problema é que a onda de choque do feitiço fez com que o túnel desmoronasse. Harry saltou para um lado, ficando separado dos outros três por uma parede de pedras.


_Rony! Algie! _ gritou Harry _ Vocês estão bem? Nenhuma pedra os atingiu?


_Estamos bem, mano. _ disse Algie _ Eu e Rony não sofremos nada, mas o Feitiço de Memória saiu pela culatra, quando a varinha de Rony se sobrecarregou e explodiu.


_Então quer dizer...


_... Quer dizer que esse monte de estrume de dragão recebeu TODO o impacto do seu próprio feitiço. _ disse Rony, dando um chute na canela de Lockhart _ Aposto que ele não vai lembrar nem que dia é hoje.


_Ooh, mas que dor de cabeça. _ gemeu Lockhart _ Garotos, onde estamos? Quem são vocês?


_Rony Weasley.


_Algie Potter.


_Muito prazer. Eu sou... eu sou... quem sou eu, mesmo?


_Dito e feito, Harry. Ele não lembra nem quem é ele. Do jeito que está, é melhor que durma. _ disse Rony, pressionando um centro nervoso no pescoço de Lockhart e colocando-o a nocaute.


_Tentem remover as pedras. Eu vou seguir em frente. _ disse Harry, retomando o caminho pelo túnel. Sentia que o perigo aumentava, cada vez mais. E a sensação ficou ainda pior, quando ele chegou ao final do túnel. Uma enorme e maciça porta, ornada de serpentes, bloqueava seu caminho.


_ “ABRA!” _ disse ele, em Ofidiano. Sentia que a fluência no idioma ia aumentando, gradativamente.


 


A serpente que circundava a borda da porta circular começou a se mover e, à medida que avançava, as outras iam recuando e encaixando-se em reentrâncias que, com estalos, iam destravando as trancas até que completou a volta e a pesada porta se abriu completamente. Com a varinha em punho, Harry avançou cautelosamente pelo corredor e desceu uma escada, chegando a uma enorme câmara que era fracamente iluminada por uma estranha luminescência verde cuja fonte ele não conseguia identificar. O caminho era uma passarela ladeada por serpentes perfiladas, talhadas em pedra, que serviam de base para altas colunas. Abaixo das serpentes, corriam valas laterais, pouco profundas. O lugar era frio e úmido, cheirando a um bolor antigo.


 


Na outra extremidade da câmara havia uma enorme estátua, que Harry logo reconheceu como sendo de Salazar Slytherin. Então a Câmara Secreta era uma realidade. Mas Harry não se permitiu maiores divagações, pois o que ele viu aos pés da estátua de Slytherin quase lhe gelou o sangue. Gina estava caída, seus cabelos ruivo-cobre contrastando com seu rosto pálido, que parecia fantasmagórico ao brilho daquela luz verde.


 


_Meu Deus! GINA!! _ exclamou Harry, ajoelhando-se e tentando tomar o pulso da namorada, que era fraco e lento. Sua pele estava fria como se fosse uma estátua, embora não estivesse petrificada. Colou o ouvido ao peito dela e conseguiu ouvir também fracas batidas do seu coração, que parecia estar parando, aos poucos _ Acorde, Gina! Por favor, acorde!


_Perda de tempo, Harry Potter. _ ouviu-se uma voz calma, a qual Harry jurava já ter ouvido antes _ Gina Weasley não vai despertar nem agora, nem nunca mais.


_Quem?! _ Harry voltou-se para o lado de onde vinha a voz e deixando a varinha cair no chão _ Quem está aí?


_Sou apenas eu, Harry Potter. _ um rapaz saiu de trás da coluna mais próxima e aproximou-se. Apesar da aparência estranhamente diáfana, Harry reconheceu na hora aquele rapaz de cabelos e olhos negros e penetrantes, que já havia visto anteriormente


_Merlin! Não pode ser! TOM MARVOLO RIDDLE?!

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