SIGAM AS ARANHAS



CAPÍTULO 10


 


SIGAM AS ARANHAS


 


 


 


 


 


 


 


 


_Hagrid, Hagrid. _ disse Algie, suspirando, enquanto a turma estava reunida na Biblioteca _ Eu sabia que essa afinidade dele por criaturas perigosas iria complicá-lo, mais cedo ou mais tarde.


_Pode crer. _ disse Soraya _ É só lembrar dos rolos do ano passado. Vejamos, teve o Norberto, aquele dragão norueguês cujo ovo ele chocava na lareira...


_... E depois o Fofo, aquele Cérbero com cabeças de Pitbull que quase nos engoliu quando fomos salvar a Pedra Filosofal. _ disse Neville.


_Nem me lembre. _ disse Nereida _ Aquele bicho tinha um bafo de desmaiar gambá.


_Vocês viram um Cérbero no ano passado? _ perguntou Luna, admirada com aquilo _ Eu já vi um Ortoros, certa vez, em uma foto. Meu pai me mostrou quando retornou de uma expedição à Grécia.


_Mesmo? _ perguntou Hermione, meio descrente. Ela sabia das excentricidades de Luna Lovegood. _ Quando foi isso?


_Há cerca de três anos. _ disse a loirinha, tirando uma foto-bruxa de ótima definição de dentro das vestes e fazendo com que a cara de descrença de Hermione mudasse para um queixo caído, ao ver um Ortoros de verdade.


_Voltando ao que interessa, como poderemos obter maiores esclarecimentos da parte de Hagrid? _ perguntou Harry.


_Bem, não dá para perguntar diretamente, ainda mais porque deve evocar lembranças beem desagradáveis. _ disse Rony.


Tem razão. _ disse Nereida _ Acho que é melhor deixar como está, por enquanto. Mudando de assunto, parece que as Mandrágoras da Profª Sprout estão ficando cada vez mais desenvolvidas e logo ela poderá fazer a Poção Anti-Petrificação para as vítimas do tal monstro do Herdeiro de Slytherin.


_A Profª McGonnagall mandou um recado para os alunos do segundo ano, gente. _ disse Hermione _ Como o terceiro ano é o início do Ciclo Intermediário, iniciaremos com as matérias optativas em adição às do Ciclo Básico. E aí, como escolheremos?


_Não poderíamos falar de coisas mais agradáveis, Mione, tipo... os feriados de Páscoa? _ perguntou Rony, abraçando a namorada, enquanto ela desarrumava seus cabelos, fazendo cara feia, diante dos risos dos Inseparáveis.


 


_Harry, não se esqueça do próximo jogo de Quadribol. A partida será contra a Lufa-Lufa, amanhã. _ disse Oliver Wood, chegando e cumprimentando a turma.


_Ah, sim. _ disse Harry _ Ernest McMillan faz questão de não me deixar esquecer que os Texugos querem vingança pelo que houve com Justin.


_Incrível como McMillan pode ser um idiota crédulo. _ disse Rony, com uma cara de piedade _ Mesmo depois do Prof. Dumbledore haver afirmado que Harry nada tinha a ver com os ataques, continua carregando a bandeira contra ele.


_Tem cretino para tudo. _ disse Wood _ Não se esqueça, Harry. Tem treino, depois das aulas da tarde.


_Como se eu já não soubesse. _ disse Harry, depois que Wood virou em uma curva do corredor _ A Gina até reclamou que tenho chegado a dormir no ombro dela, algumas vezes. Oliver esteve intensificando os treinamentos, estivemos usando o campo quase todos os dias. Se bem que ela também anda com uma cara de cansada. Deve estar atolada de matérias, coitada.


_Pelo menos não está mais chovendo. _ disse Rony.


_Pode crer. _ disse Soraya _ já foi bem pior.


 


Chegaram à Sala Comunal da Grifinória e deram de cara com Gina e Michael Corner, que correram em direção ao grupo que entrava.


 


_Harry! Você tem de ver o que foi que fizeram no nosso dormitório, sei lá que hora. _ disse Michael _ Assim que vi, corri à sua procura e encontrei com Gina. Mostrei a ela o que houve e saímos à sua procura.


_Por sorte encontramos vocês, chegando. _ disse Gina.


_Mas o que houve no dormitório? _ perguntou Harry, abraçando a namorada e divertindo-se com a cara de “irmão-mais-velho-ciumento” que Rony fazia, enquanto Gina bocejava. A ruivinha realmente estava bastante cansada.


Neville correu na frente e, ao ver o que havia acontecido, arregalou os olhos.


 


Os pertences de Harry estavam todos espalhados pelo chão, seu malão estava aberto e o colchão fora da cama, rasgado em vários pontos. Suas roupas estavam em tiras e os livros abertos, com várias páginas arrancadas.


 


_Quem foi que fez isso? _ perguntou Seamus Finnigan, que acabara de chegar.


_Mais importante, como foi que abriram o malão de Harry sem tomar um choque do Feitiço de Segurança? _ questionou Rony _ A descarga elétrica é suficiente para fazer qualquer um voar pelo quarto.


_Falta algo, Harry? _ perguntou Algie.


_Verei assim que colocar as coisas no lugar. “Reparo”!


Os rasgos do colchão fecharam-se, as roupas de Harry voltaram a ficar inteiras e as páginas dos livros retornaram aos seus lugares. O bruxinho aproveitou para reparar que o fundo falso do malão não havia sido tocado, o que significava que sua Capa de Invisibilidade não fora encontrada (“Excelente. Nas mãos erradas aquela capa provocaria muitos estragos”, pensou Harry Potter).


_E aí, está faltando alguma coisa? _ perguntou Neville.


Após conferir seu material, Harry identificou exatamente o que é que faltava.


_O diário. _ disse ele, depois que Seamus Finnigan e Michael Corner saíram. Não seria bom que ninguém mais soubesse do livrinho.


_Hein? _ perguntou Soraya.


_O diário de Tom Riddle é a única coisa que está faltando aqui.


_Mas o que iriam querer com aquele livrinho que nem tem nada escrito nas páginas? _ perguntou Neville.


_Talvez justamente por isso. _ disse Algie.


_Algie tem razão. _disse Hermione _ Se você foi sugado para dentro das memórias de uma data em particular, o que mais poderá haver em outras datas?


_Sim. _ disse Soraya _ Mas isso nos leva a outra pergunta.


_Qual? _ perguntou Rony.


_Quem poderia ter feito esse estrago nas coisas de Harry, já que somente um grifinório teria conhecimento da senha para poder entrar na Sala Comunal?


_Boa pergunta. _ disse Hermione _ Aí tem o dedo das Trevas. Sabemos que nem todo sonserino é trevoso, bem como nem todos os trevosos são oriundos da Sonserina.


_Bem, é melhor irmos dormir, pois amanhã tem jogo. _ disse Harry, revisando e reforçando o Feitiço de Segurança do malão _ Mais uma vitória irá animar bastante a gente. Acho que não veremos mais aquele livrinho,novamente. Boa noite a todos.


Harry deu um beijo em Gina, que acompanhou Hermione e Soraya para a ala feminina de dormitórios.


 


Antes de dormir, a ruivinha releu uma carta que havia recebido, depois guardando-a em uma caixa, bem trancada. Em seguida, deitou-se, fechou os olhos e dormiu, bastante cansada, porém bem aliviada.


 


 


Café da manhã no Salão Principal. Todos bastante animados e confiantes na vitória contra a Lufa-Lufa. Mesmo assim, Harry ainda estava pensando no diário de Tom Riddle, se ele estaria nas mãos de alguém e se esse alguém teria ideia da sua importância. O problema era que, mais cedo ou mais tarde, os fatos em torno da abertura da Câmara Secreta e da expulsão de Hagrid, em 1943, que haviam sido abafados pelo Ministério da Magia, teriam de ser novamente revelados e daquela vez as consequências poderiam ser maiores do que a expulsão do Guarda-Caça. Harry tremia ao pensar que seu amigo poderia ser mandado para Azkaban, a terrível prisão dos bruxos, localizada em uma ilha no Mar do Norte, magicamente oculta dos radares e outros meios trouxas de localização, possuidora de um dos mais potentes Sensores de Atividade Mágica de que a Bruxidade tinha conhecimento.


 


_Confio em você, Harry. _ disse o Prof. Mason, colocando a mão no seu ombro _ Estarei assistindo e torcendo por você. Pena que terei de viajar, logo após o jogo.


_Outra missão externa, Prof. Mason?


_Sim, parece que terei de ficar fora por algum tempo. Mas não se preocupem, o Prof. Dumbledore acumulará as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas.


_Ainda bem. O pior que poderia acontecer seria convidarem o Lockhart para concluir o ano letivo no seu lugar, por causa da fama de Caçador de Criaturas das Trevas que o pavão possui. _ brincou Harry.


_Nem eu nem Dumbledore faríamos tal tipo de crueldade com vocês, podem ficar tranqüilos. _ disse Derek Mason, rindo.


_Alguém mencionou o meu nome? _ perguntou Lockhart, aproximando-se. O bruxo usava vestes em vermelho e dourado, para homenagear a Grifinória naquele jogo _ Também estarei torcendo por vocês, Harry.


_Obrigado, Sr. Lockhart. Faremos o possível para vencermos o jogo.


 


Depois que Lockhart e Mason saíram, Harry foi para o vestiário, a fim de se preparar para a partida próxima. Mas, ao passar por um trecho do saguão de entrada, perto das paredes, a voz misteriosa que já não era ouvida há um bom tempo novamente invadiu seus ouvidos, sibilante e cruel.


_ “Estou com sede de sangue! Preciso matar ou, pelo menos, mutilar alguém, para a glória do meu Mestre! Vítimas em holocausto, para homenagear o Herdeiro, que tudo dominará!


 


_Eu ouvi de novo! _ exclamou Harry _ Aquela voz estranha, que parece vir de parte alguma!


_Novamente, Harry? _ perguntou Nereida _ O que ela dizia?


_Algo tipo “Vítimas em holocausto para o Herdeiro”. Parece que a tal criatura, seja ela o que for, pretende perpetrar um novo ataque.


_Em nome de Merlin! _ exclamou Hermione _ Achei uma luz no fim do túnel, gente! Harry, desculpe mas não poderei assistir a todo o jogo. Uma das chaves desse mistério estava debaixo do meu nariz e só agora eu percebi. Depois eu te conto!


E Hermione saiu, correndo.


_Espere, Mione! Vou com você! _ exclamou Nereida, correndo atrás de Hermione e desviando-se de Rony, que uma vez mais subiu por uma coluna tal qual um macaco, ao ver uma fileira de tarântulas do tamanho de ratazanas atravessando o corredor e fugindo por uma janela.


 


_Para onde ela pode ter ido? _ perguntou Algie.


_Está na cara que para a Biblioteca, Algie. _ respondeu Rony, descendo da coluna, enquanto os outros riam _ Ora, vão catar besouros! Vocês estão carecas de saber que eu odeio aranhas! Voltando ao assunto, até parece que vocês não conhecem a Mione. Quando ela tem uma ideia, a primeira coisa que faz é ir para a Biblioteca, pesquisar sobre ela.


_Vamos indo, Harry. _ disse Soraya _ Já está quase na hora do jogo e você não deve se atrasar.


_Tem razão, “prima”. _ brincou Harry, já que os dois sempre haviam se tratado como se realmente o fossem, desde a infância _ A gente se vê na festa da vitória.


 


Os dois times estavam posicionados para o início da partida e Madame Hooch estava pronta para liberar os balaços e o pomo de ouro da canastra, quando a Profª McGonnagall chegou ao setor das arquibancadas de onde Linus Jordan narrava os jogos, sussurrando algo ao ouvido do garoto, que arregalou os olhos. Ela assumiu o microfone mágico e fez seu anúncio.


 


_ “Atenção, Hogwarts, bom dia. Infelizmente a partida entre Grifinória e Lufa-Lufa terá de ser cancelada, por motivos de segurança. Lamentamos pelo ocorrido e aguardamos a todos na data a ser marcada para sua realização!


_Como é que é?! _ perguntou Cedric Diggory, ainda sem acreditar no que acabara de ouvir.


_Partida cancelada, Profª McGonnagall? _ perguntou Harry _ Mas por quê?


_Houve um outro ataque, Sr. Potter. _ disse Minerva McGonnagall para ele, em voz baixa. E, para os outros, continuou a falar pelo microfone mágico, dando instruções _ Alunos para suas Salas Comunais, rápido e em ordem. Não saiam de lá e aguardem os seus respectivos Diretores, para informações atualizadas. Muito obrigado.


_Outro ataque, professora? _ perguntou Harry, também em voz baixa.


_Exato, Sr. Potter. Gostaria que viesse comigo. Traga os seus outros amigos, já que vocês são... “Inseparáveis”. _ disse ela, vendo que Neville, Rony, Soraya, Luna, Gina e Algie vinham chegando.


 


Todos acompanharam Minerva até a Enfermaria, enquanto ela dava maiores informações.


_Quem foi a vítima, Profª McGonnagall? _ perguntou Luna, preocupada.


_Quem foram AS VÍTIMAS, Srta. Lovegood. O misterioso atacante pegou três de uma só vez. E uma delas é da sua Casa.


_Três, professora? _ perguntou Algie _ E quem foram?


_É melhor que vejam por si mesmos, Sr. Potter. _ respondeu ela.


 


Entrando na Enfermaria, dirigiram-se até a parte que estava separada pelo biombo, ocultando as vítimas petrificadas. E lá, estarrecidos, deram de cara com...


_MIONE! _ exclamou Rony, colocando-se ao lado da namorada, hirta como uma estátua.


_NEREIDA! _ Soraya e Neville correram até a cama da colega.


_PENÉLOPE! _ exclamaram Gina e Luna, vendo que a Monitora da Corvinal também havia sido petrificada.


 


_As três foram encontradas em uma curva do corredor, perto da Biblioteca, cada uma delas portando um desses espelhos. _ disse a professora, mostrando três espelhos, rachados _ Bem, vou acompanhá-los. Srta. Lovegood, eu a deixarei na entrada da Corvinal. Os demais venham comigo até a Grifinória, para que eu possa falar a todos.


 


Depois de deixar Luna perto da entrada da Corvinal, onde a loirinha juntou-se ao restante das Águias, o pequeno grupo dirigiu-se à Torre da Grifinória.


_ “Sabe, querida, eu não dou a mínima.” _ disse Neville, dando a senha atual da Grifinória, enquanto a Mulher Gorda dava passagem _ Andou assistindo “E o Vento Levou”, professora?


_Anteontem. _ disse ela, corando. Além de Quadribol, Minerva McGonnagall também apreciava Cinema. Quando chegaram à Sala Comunal, ela procedeu às instruções _ Bem, por razões de segurança, depois desses ataques nós todos teremos de nos prevenir. Nenhum aluno deverá ficar sozinho e, após as 18:00 h, todos deverão estar em suas Salas Comunais. Para as aulas, deverão se deslocar em grupos, em companhia de um professor. Até mesmo para usarem os banheiros fora das Salas Comunais um professor ou funcionário deverá escoltá-los. Até que isso tudo esteja esclarecido, as atividades de Quadribol serão canceladas. Os treinos estão suspensos e os jogos adiados. Não escondo de ninguém a minha preocupação com o fato de que, caso o responsável pelos ataques não seja descoberto, Hogwarts corre o risco de ter de ser fechada.


_FECHADA?! _ exclamaram os alunos, em coro.


_Sim, fechada. Já vivi essa mesma preocupação antes e, confesso, não gostaria de estar passando por isso, novamente. Parece que os fatos de 1943 estão se repetindo. Bem, creio que é tudo, por enquanto. _ disse ela, saindo pelo corredor, enquanto os alunos começaram a comentar.


 


_Vejam que nem mesmo os alunos da Sonserina foram poupados pelo misterioso atacante. _ disse Percy Weasley, que estava sentado em uma poltrona, com a fisionomia bastante carregada _ E atacaram até mesmo uma Monitora da Corvinal, Penélope Clearwater.


_Percy está preocupado porque Penélope Clearwater e ele estão tendo um romance meio secreto. _ sussurrou Jorge, ao ouvido de Harry, que pensava no que deveria fazer.


Quando os alunos começaram a se dispersar, cinco deles ainda ficaram em frente à lareira. Harry, Rony, Algie, Neville e Soraya discutiam sobre o que deveriam fazer. Gina estava com uma intensa dor de cabeça e tinha ido dormir, depois de tomar uma Poção analgésica que Madame Pomfrey lhe dera.


_Talvez suspeitem de Hagrid. _ disse Algie.


_Seria natural, já que ele esteve envolvido nos fatos de 1943. Mas temos de ter certeza. _ disse Rony.


_Tem razão, Rony. _ disse Harry _ Daquela vez ele foi considerado culpado de ter aberto a Câmara, então talvez saiba de algo, mesmo que não tenha responsabilidade pelos fatos de agora.


_E se ele realmente abriu a Câmara Secreta da outra vez, pode saber como abri-la agora. _ disse Soraya _ E podemos começar a investigar por aí.


_Parece que os Ninjas terão de agir, novamente. Mas, antes de qualquer coisa, será necessário falar com Hagrid. _ disse Neville, pensativo.


_Não será fácil driblar a vigilância nos corredores. Com certeza estarão cheios de gente. _ disse Algie _ Professores, Monitores, funcionários e até mesmo os fantasmas devem estar fazendo patrulhas.


_Só tem um jeito. _ disse Harry _ Ainda bem que “esqueci” de devolver a Capa de Invisibilidade do meu pai. Vamos fazer uma visita a Hagrid, hoje à noite. Mesmo que caibamos todos debaixo da capa, graças ao Feitiço de Ampliação Interna, alguém terá de ficar para despistar e dar cobertura a quem for sair.


_Eu fico. _ disse Soraya.


_Eu também. _ disse Neville.


_Vou com vocês. _ disse Algie.


_Eu preferia que você ficasse, Algie... _ disse Harry.


_... Nem pensar, “Aniki”. _ retrucou Algie, olhando firme para Harry.


_OK. Eu ia dizendo que preferia que você ficasse, mas como um Potter conhece outro, sei que não haverá como impedi-lo. _ disse Harry, com um olhar bem significativo para o irmão _ Então, sairemos eu, Rony e Algie.


 


À noite, logo depois do toque de recolher das 18:00 h, forçado pelas circunstâncias, os alunos da Grifinória estavam na Sala Comunal, distraindo-se com uma ou outra coisa. Harry, Rony e Algie aproveitaram uma distração proporcionada por Soraya e Neville, que haviam fingido chegar em cima da hora, cobriram-se com a Capa de Invisibilidade de Harry e saíram pelo quadro da Mulher Gorda, enquanto os outros dois entravam. Deslocando-se cautelosamente pelos corredores, chegaram ao saguão, onde surpreenderam uma conversa entre Snape e Lockhart, que realizavam uma patrulha no local.


 


_Sinto por sua filha, Severo. _ disse Lockhart.


_Logo que as Mandrágoras da Profª Sprout estiverem no ponto, poderemos reverter a petrificação de todas as vítimas, Gilderoy. Pessoalmente, eu bem que gostaria de colocar as mãos no responsável... ei, você não vai acender essa porcaria fedorenta aqui, ou vai? _ perguntou Snape, fazendo uma careta ao ver que Lockhart tirava um charuto do bolso das vestes e preparava-se para acendê-lo com a ponta de sua varinha, de onde saía uma pequena chama _ Além do fumo não ser bem visto em Hogwarts, eu já conheço esses seus charutos que empestam qualquer ambiente.


_OK, Severo. Fica para outra hora. _ disse Lockhart, apagando a varinha e guardando o charuto _ Mas você não notou algo estranho?


_Notei, Gilderoy. Tive acesso à documentação sigilosa referente aos acontecimentos de 1943 e vi que algo fugiu do padrão. Desta vez, neste último ataque, não foram só alunos de origem trouxa. A Srta. Clearwater é mestiça e Nereida é puro-sangue, assim como toda a família Snape, exceto a linhagem paralela originada por meu avô, Cristopher, quando separou-se de minha avó, Pandora, casando-se com a atriz e cantora trouxa Melina Prince, em segundas núpcias.


_Melina Prince? Então Tobias Prince era seu tio?


_Por parte de pai. Inclusive, ele brincava com o sobrenome da mãe e se apelidava “Príncipe Mestiço”. Mudando de assunto, como estão as suas investigações sobre a provável entrada da Câmara Secreta?


_Avançando, Severo. Creio que logo poderei revelar, com certeza, o local da entrada.


_E a análise daquelas amostras do primeiro ataque?


_Era mesmo sangue, Severo. Mas os glóbulos vermelhos possuíam núcleo.


_Então era de réptil ou de ave. Conseguiu determinar qual?


_Não, a amostra já estava muito ressecada. De qualquer forma, creio que logo poderei revelar o local da entrada da Câmara Secreta. _ disse Lockhart, embora Snape não acreditasse muito, bem como os garotos, que ouviam a conversa, em um lugar onde não podiam ser percebidos.


_Não está contando vantagem, Gilderoy? _ perguntou Snape.


_Não, Severo. Espere e verá. _ disse Lockhart, todo pomposo como sempre.


_Às vezes penso se os remanescentes da Ordem das Trevas não estão me punindo por ter sido espião de Dumbledore infiltrado entre os Death Eaters e por agora estar tendo uma vida mais tranquila, com esposa e filhos. _ disse Snape, suspirando.


_Bem, nosso turno de patrulha está terminando, Severo. Vá ver Rosmerta, pois creio que ela precisa de você. _ disse Lockhart, conferindo as horas em um Rolex Submariner.


_Outro Rolex, seu exibido? _ perguntou Snape.


_Presente de uma fã. _ respondeu Lockhart.


_Pelo menos essa era maior de idade? _ perguntou Snape, com um sorriso meio irônico.


_Que maldade, Severo. _ disse Lockhart _ Apesar da má fama, eu nunca fui papa-anjo, pelo menos até onde sei. Bem, em respeito a você, vou saborear este Havana lá fora. Até mais.


E saiu para os jardins, acendendo seu charuto com a ponta da varinha, enquanto os três garotos aproveitavam a porta aberta e saíram atrás dele.


_Meus sensíveis pulmões agradecem a sua gentileza (“Quero ser um sapo de chocolate se aquela porcaria fedorenta é um cubano legítimo”, pensou Snape). Boa noite, Gilderoy.


 


Assim que ouviram o final da conversa entre Snape e Lockhart, os três atravessaram os jardins, o pórtico externo e ganharam o prado, descendo a cota em direção à cabana de Hagrid. Ao chegarem em frente à porta, despiram a capa e chamaram por ele.


_Hagrid, somos nós! Abra a porta! _ chamou Algie, batendo à porta.


_Já vai, já vai... Ah, vocês. O que fazem aqui, à noite? Sabiam que os alunos estão sob toque de recolher? Bem, no caso de vocês isso não significa muito, não é mesmo?


_Ia caçar, Hagrid? _ perguntou Harry, vendo que o Guarda-Caça trazia a aljava de flechas a tiracolo e revisava o encordoamento de sua besta.


_Bem... eu ia... quer dizer, eu estava esperando por... aah, esqueçam. Eu tinha acabado de aquecer água para um chá. Vamos tomar e conversar.


 


Os garotos escolheram os seus chás favoritos nas várias latinhas da prateleira e serviram-se. Rony notou que Hagrid parecia exalar ansiedade pelos poros.


_Hagrid, soube dos últimos ataques? _ perguntou o ruivo.


_Soube. _ respondeu Hagrid, visivelmente nervoso _ Mione, Penélope Clearwater e até mesmo alguém da Sonserina, Nereida. Como está o Prof. Snape?


_Ele não demonstra, mas está muito preocupado. _ disse Harry, tomando um gole de Oolong _ E também com muita raiva por Nereida ter sido uma vítima. Eu não queria estar na pele do responsável, caso Snape pusesse as mãos nele.


_Aliás, Hagrid, o principal motivo de nossa vinda é que viemos perguntar se você tem alguma ideia de quem poderia ter aberto a Câmara Secreta de Salazar Slytherin, desta vez. _ disse Algie, saboreando um Earl Grey.


_Porque sabemos que você era aluno aqui, em 1943. E também sabemos que as ocorrências daquela época resultaram na sua expulsão. Desculpe, mas temos de dizer a verdade. _ disse Harry, abrindo o jogo.


_E também descobrimos sobre o Monitor-Chefe daquela época, Tom Marvolo Riddle. _ disse Algie.


_Não me falem no nome daquele desgraçado que armou para mim! Aquele sujeitinho de cara de galã e voz persuasiva nunca me enganou, ele não prestava.


_Eu gostaria de conhecer sua versão dos fatos, Hagrid. Principalmente porque pode ajudar bastante a esclarecer os fatos e até a descobrir quem é o responsável pelos ataques. _ disse Harry _ Pela Mione e por todos os nossos colegas.


Rúbeo Hagrid não fez a menor força para esconder que as lágrimas desciam pelos seus olhos negros e brilhantes como besouros e, com voz embargada, começou a falar.


_Harry, primeiro de tudo, vocês precisam entender que...


 


Foi interrompido por passos que se aproximavam da cabana e que terminaram em batidas na porta.


 


_Hagrid! Você está aí? _ ouviu-se a voz de Dumbledore.


_Já vou, Diretor! _ e, baixinho, para os garotos _ Rápido, vão para baixo da capa e fiquem naquele cantinho, perto do tapete de pele de lobo.


 


Os três fizeram o que Hagrid pediu e logo ele abriu a porta, dando passagem a Dumbledore, acompanhado por Cornelius Fudge e por... Lucius Malfoy.


_Hagrid, a coisa é bastante grave. _ disse Fudge _ Da outra vez, concordamos que você não seria mandado para Azkaban por ser menor de idade, então limitamo-nos a expulsá-lo em rito sumário. Lembra-se de que obtivemos de você a promessa solene de que faria silêncio sobre tudo e que os fatos jamais tornariam a se repetir?


_Lembro, Ministro. _ disse Hagrid.


_Pois parece que você não conseguiu manter sua promessa.


_Cornelius, eu já lhe disse e vou dizer novamente, que confio totalmente em Hagrid e não creio que ele tenha a menor responsabilidade nas ocorrências de petrificação. _ disse Dumbledore, com voz firme e fisionomia carregada.


_Mesmo assim, Alvo, desta vez está pior. Argus Filch, zelador de Hogwarts e “Aborto”, com sua gata. Colin Creevey, Justin Finch-Fletchley, juntamente com o Fantasma-Residente da Grifinória, Sir Nicholas de Mimsy-Porpington e Hermione Granger, aluna-destaque de Hogwarts, os últimos vivos todos de origem trouxa. Além disso, desta vez não foram só trouxas. Penélope Clearwater, mestiça e Nereida Snape, puro-sangue e filha de um dos professores.


_Sem contar que está ficando difícil segurar a mídia bruxa e impedir que comecem a especular. _ disse Lucius Malfoy _ Principalmente porque a Bruxidade já sabe que Gilderoy Lockhart está passando um tempo hospedado em Hogwarts e não é para matar as saudades de sua alma mater. Daqui a pouco certamente iremos ter a visita daquela insuportável da Rita Skeeter e todos sabemos o que pode significar. Mais uma das reportagens escandalosas daquela gralha albina.


_E o que é que Lucius Malfoy está fazendo aqui? _ perguntou Hagrid.


_Hagrid, sua cabana não ocupa nenhuma posição entre os meus dez lugares preferidos para estar, mas eu tinha de vir. Tentei mandar uma coruja, para não aparecer aqui sem aviso, mas parece que até elas estão evitando a escola, com os acontecimentos.


_Podia me ligar, Lucius. _ disse Dumbledore _ Tenho um celular tecnomagizado e me lembro de ter dado o número a você, na última reunião do Conselho Deliberativo de Hogwarts.


_Eu... eu não tenho a menor desenvoltura com essas malditas geringonças trouxas. _ disse Lucius Malfoy, com uma cara meio sem jeito e corando levemente _ Sou totalmente dependente do Draco para essas coisas tecnológicas, tipo telefones celulares e computadores.


_Lucius Malfoy, o “Analfabyte”. _ sussurrou Algie, ao ouvido de Rony. Os três tiveram de fazer força para segurar o riso, coisa com a qual Dumbledore não teve de se preocupar, rindo explicitamente.


_Mas o que realmente me trouxe aqui, foi um assunto administrativo. _ continuou Lucius _ Dumbledore, o Conselho Deliberativo votou e, por unanimidade, foi decidido que você deverá ser suspenso.


_Maldito! _ rosnou Hagrid _ Imagino como foi que o Conselho chegou a essa decisão. Ameaças, suborno, chantagem, etc. Bem ao seu estilo, Malfoy! Ministro, não permita que isso aconteça! Sem Dumbledore aqui, nenhum dos alunos estará seguro! Principalmente agora, que as vítimas não são só de origem trouxa!


_Acalme-se, Hagrid. _ disse Lucius _ Também estou preocupado, você já se esqueceu que meu filho também é aluno desta escola? Se até uma das alunas puro-sangue foi vítima, quem garante que Draco estará seguro? Além disso, procure controlar suas emoções. No lugar para onde você vai, emoções são o alimento dos guardas, não se esqueça.


_Quer dizer... que serei mandado para... para...


_... Para Azkaban, meu caro Rúbeo Hagrid. _ disse Lucius Malfoy, com uma voz suave que não escondia uma perversa satisfação _ Pelo que eu soube, tudo indica que você violou uma promessa, feita em 1943. E então, Dumbledore, como é que vai ser?


_Se é a decisão do Conselho, então eu me afastarei. _ disse o velho bruxo, com voz tranquila.


_NÃO, DIRETOR!! _ exclamou Hagrid _ Ministro, reconsidere! Sem ele por aqui, os ataques poderão ser diários!


_Devo lembrar que o Ministério não possui ingerência nos assuntos administrativos de Hogwarts e que é o Conselho Deliberativo que decide sobre nomeação e destituição dos Diretores.


_Cumprirei as ordens. _ reafirmou Dumbledore _ Mas saibam vocês que, mesmo fisicamente ausente, meu espírito permanecerá aqui e, enquanto houver alguém leal a mim em Hogwarts, eu não terei ido embora de fato. Além disso, a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts jamais deixará de ajudar a todos os que lhe forem leais e a ela recorrerem.


 


Harry, Rony e Algie tiveram certeza absoluta de que era para eles que Dumbledore falava. Afinal de contas, o Diretor era capaz de enxergar através da Capa de Invisibilidade, como dissera a Harry no ano anterior.


 


_As aranhas poderão ser de grande ajuda para quem quiser chegar a uma resposta. _ disse Hagrid, acompanhando os outros _ Será preciso que alguém alimente o Canino, o coitado é bem grande, mas também sente fome.


_Certo, certo. _ disse Fudge _ Amanhã um dos funcionários virá trazer comida para ele, eu prometo. Afinal, ele tem de vigiar sua cabana.


_Vamos, então. _ disse Lucius _ Temos de fazer a comunicação à escola.


 


Depois que o som dos passos dos três foi se perdendo na distância, os garotos saíram de baixo da Capa de Invisibilidade e Rony falou, assustado:


_O que foi que Hagrid quis dizer com... aranhas?!


_Acho que ele, mesmo que não tenha sido o responsável pela abertura da Câmara, tanto agora quanto antes, sabe mais do que imaginamos. O que ele falou sobre “Aranhas” não era sem nexo. _ disse Harry _ O comportamento de fuga delas coincidia com um ataque, vocês devem ter notado.


_Não me diga que isso significa... _ disse Rony.


_... Que teremos de seguir aqueles simpáticos artrópodes fujões, a fim de chegarmos ao fundo desse mistério. _ disse Algie.


_Eu pedi para você não me dizer. _ choramingou Rony _ Não me lembro se eu já lhes disse o motivo pelo qual eu detesto aranhas. Acontece que, quando eu tinha três anos de idade, Fred transformou meu ursinho de pelúcia em uma enorme aranha.


_De pelúcia? _ perguntou Harry.


_Não. _ respondeu Rony _ Viva e peluda, com aquelas oito pernas que não paravam de se mexer. Me dá um arrepio quando me lembro.


_Bem, não poderemos fazer mais nada por hoje, mesmo porque não vejo aranha nenhuma por aqui. _ disse Algie.


_Tem razão, mano. Vamos embora.


E os três retornaram para o castelo. Na Sala Comunal, contaram a Soraya e Neville sobre o ocorrido.


_Lucius Malfoy, aquela lombriga oxigenada. _ disse Soraya, visivelmente contrariada _ Ele pode até não ter demonstrado, mas devia estar eufórico por dentro. Bem típico dele.


_Se tivéssemos encontrado uma única aranha, poderíamos tê-la seguido. Mas não vimos nenhuma. _ disse Harry _ Além disso, algo me diz que só as varinhas podem não ser suficientes.


_Entendo. _ disse Neville _ O equipamento Ninja de vocês ficou por aqui.


_Cadê a Gina? _ perguntou Rony.


_Dormindo. _ disse Soraya _ Ultimamente ela anda bem cansada.


_Conosco não foi diferente, no ano passado. _ disse Harry _ A hora mais gostosa do dia era a de dormir. Falando nisso, vamos nos recolher. Amanhã pensaremos em como localizar mais aranhas.


 


Rony sentiu um involuntário calafrio, que ele esperava estar relacionado somente à sua aversão por aranhas e a nada mais.


 


 


No dia seguinte, após a aula de Herbologia, Ernest McMillan e os outros alunos da Lufa-Lufa que haviam declarado suas suspeitas em relação a Harry vieram se retratar, coincidentemente perto de uma galera da Sonserina, na saída das estufas.


_Harry, eu realmente desconfiei de você, mas quando soube que Hermione Granger e Nereida Snape foram vítimas, repensei. Você não atacaria duas de suas melhores amigas. Minhas sinceras desculpas.


_Por mim, tudo bem. Eu sabia que a verdade ia aparecer, mais cedo ou mais tarde, Ernie. _ respondeu Harry _ Só não esperava que fosse à custa de um ataque a qualquer colega.


_Que interessante, Sr. McMillan. _ disse Rony, alto o sificiente para que os sonserinos também ouvissem, deixando claro que ainda não havia relevado o comportamento do colega Texugo _ Quando foi o momento de acusar Harry, você cerrou fileiras com o asno do Montague, sem pensar duas vezes. Agora acha que um simples “sinto muito” resolve?


_Deixa para lá, Rony. _ disse Harry _ Eu ignorei isso tudo, desde o início.


_Escuta aqui, pedaço de gengibre! _ exclamou Montague _ A quem você está chamando de asno?


_Tem mais alguém aqui que atenda pelo nome de “Montague”?


_Não vai ficar barato, cretino! “Furnunculus”! _ o sonserino disparou seu feitiço, mas Rony, em uma manobra Ninja, fingiu tropeçar e saiu do raio de ação. O disparo acabou atingindo... Gilderoy Lockhart, que passava por ali.


 


_Muito bem, quem foi o engraçadinho?! _ perguntou Lockhart, furioso, a cara empolada por feios e dolorosos furúnculos.


_ELE!!! _ gritaram os grifinórios e lufa-lufas, em coro, todos apontando acusadoramente para Jefferson Montague.


_Sr. Montague, creio que o senhor deverá ir à Diretoria, explicar-se para a Profª McGonnagall sobre este incidente, enquanto vou à Enfermaria para que Madame Pomfrey dê um jeito no resultado de sua travessura. Afinal de contas, seu professor substituto de Defesa Contra as Artes das Trevas não pode ficar com a cara desse jeito, não é?


_Professor substituto? _ perguntou Harry.


_De Defesa Contra as Artes das Trevas? _ perguntou Soraya.


_Sim, jovens. Durante o afastamento do Prof. Dumbledore, que estava acumulando temporariamente a cadeira com a Direção, devido à viagem do Prof. Mason, foi sugerido o meu nome para, interinamente, preencher o claro que ficou. Com licença, estou indo. Até a próxima aula. _ disse Lockhart, dirigindo-se à Enfermaria, parecendo um monstro, enquanto Montague saía da estufa e ia para o Gabinete da Direção.


_Não sei se dou os parabéns ao Montague, por ter atingido o Lockhart ou ao Lockhart, por ter punido o Montague. _ disse Dean Thomas _ Ouvi a Mione dizer, certa vez, que ele não era aquilo tudo. E a m***a que ele fez com o seu braço, no Quadribol, só serviu para confirmar.


_Desse jeito fica difícil de acreditar no que ele conta nos livros. Mas as pessoas entrevistadas confirmaram as proezas como sendo de autoria de Gilderoy Lockhart. _ disse Seamus Finnigan _ Então, ficamos meio que na dúvida.


Harry e Rony concordaram com os amigos, mas a maior parte de sua atenção estava focada em Algie, que estava no pórtico com um binóculo, observando uma fileira de aranhas, deslocando-se em direção a um certo lugar.


Pediram licença a Dean Thomas e Seamus Finnigan e foram se juntar a Algie Potter.


_Ei, mano, você estava observando as aranhas com esse binóculo?


_Sim, Harry. E confirmei o destino delas.


_Não me diga... Floresta Proibida? _ perguntou Rony.


_Exatamente, Rony. _ disse Algie.


_Outra vez eu pedi para não dizer. Como se já não bastasse serem aranhas, ainda estão indo para aquele “lugarzinho aprazível”.


_Tem ideia melhor, Rony? _ perguntou Harry.


_Infelizmente não, Harry. _ suspirou Rony _ Teremos mesmo de ir lá e descobrir o motivo das aranhas estarem todas indo para o mesmo lugar.


_OK. Um bom estoque de equipamento Ninja e estaremos indo, hoje à noite.


_Hoje? _ perguntou Algie.


_Quanto mais cedo resolvermos isso, mais cedo o pavão do Lockhart se manda daqui. _ disse Harry _ Ou você quer aquela coisa exibida como professor?


_Não, Aniki, muito obrigado. _ respondeu Algie _ Três garotos de preto irão passear na floresta, hoje à noite.


 


À noite, logo depois do jantar, todos se recolheram à Sala Comunal e, uma vez mais, coube a Neville e Soraya, daquela vez com a ajuda de Gina, darem cobertura a Harry, Rony e Algie. Os três, já debaixo da Capa de Invisibilidade e vestidos com trajes Ninja completos, exceto espadas, desceram para o saguão e viram que a porta estava aberta, deixando entrar um cheiro forte.


_Lockhart está fumando de novo aqueles charutos vagabundos que ele diz serem cubanos. _ comentou Algie, bem baixinho _ Aquilo lá fede à distância.


_Em compensação, acho que nem mesmo o tal monstro de Slytherin suportaria chegar perto dele. _ disse Harry, no mesmo tom.


_Que pena. _ sussurrou Rony.


Passaram por Lockhart e tomaram o caminho da Floresta Proibida, pela picada existente atrás da cabana de Hagrid, só a partir dali saindo da capa. Tiveram de levar Canino, antes que ele começasse a fazer barulho demais. Acendendo a ponta das varinhas, os garotos iluminavam o chão, tentando encontrar aranhas para seguirem, até que Algie teve sorte e localizou uma fileira delas.


Enquanto seguiam as aranhas, os três não conseguiam se livrar da sensação de que também estavam sendo seguidos por alguém ou alguma coisa, pois ouviam o som de folhas amassadas e um que outro lampejo de luz, cuja origem não conseguiram determinar.


Seguindo o grupo de aranhas, chegaram às proximidades de uma vasta clareira, formada por uma grande depressão, em um ponto bem profundo da floresta. Um som de estalos era audível porém, à aproximação dos garotos, cessou como que por encanto. Rony percebeu que havia algo de muito estranho, uma desagradável alteração vibracional do seu Ki, mas não teve tempo de avisar aos outros, que muito provavelmente também sentiram-na, já que empunharam as varinhas em posição de defesa.


 


Só que não foi rápido o suficiente.


 


Os três e mais Canino foram envolvidos por fortes fios de seda e suspensos até os galhos das árvores, sentindo-se serem passados de mão em mão pelo alto ou melhor, de pata em pata, pois um olhar mais atento revelou quem os estava carregando.


Várias aranhas, quase do tamanho de cavalos, cada uma com oito olhos que brilhavam ao luar. Por fim, os quatro novelos de seda foram suavemente colocados no centro da depressão, cercados por aranhas de todos os tamanhos, desde pequenas papa-moscas, até várias enormes, como as que os haviam deixado ali.


_OK, “sigam as aranhas”. _ disse Rony _ E agora?


_Agora, acho que está na hora do jantar. _ disse Harry.


_E tudo indica que NÓS somos o jantar. _ disse Algie.


 


Naquele momento, ouviram um forte estalar de pinças e passos ritmados, em direção ao lugar onde as aranhas os haviam largado.

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