PARA O ALTO E AVANTE



CAPÍTULO 3


 


PARA O ALTO E AVANTE!


 


 


 


 


 


 


 


 


Harry acordou, na manhã seguinte, com uma pequena ardência na cicatriz (“Será que Voldemort está armando alguma?”, pensou o bruxinho). Escovou os dentes e vestiu-se, procurando não fazer muito barulho. Mas, logo em seguida, Rony e Algie acordaram.


_E aí, mano? Entusiasmado? _ perguntou Harry.


_Mal posso esperar. _ respondeu Algie, levantando-se e, em dois saltos, alcançando o banheiro, diante dos olhos espantados de Rony.


_Ei, Algie! Tem certeza de que você não andou tomando aulas de Ninjutsu-Bruxo com o Prof. Mason?


_Não, Rony. É só excitação, pura e simples. _ disse Algie, rindo, saindo e cedendo o lugar para Rony Weasley. Em seguida, foi revisar sua bagagem. Vésper estava bem acomodada em sua gaiola, ao lado da de Edwiges, ambas lançando olhares meio gulosos na direção de Perebas, que permanecia encolhido dentro da sua. O malão estava em ordem e tudo parecia certo _ Bem, vamos descer para o café?


_Vamos. _ disseram Rony e Harry. Os três saíram do quarto, em direção à sala de refeições, para o café da manhã. No caminho, encontraram-se com as garotas. Harry e Gina trocaram um rápido beijo e Algie divertiu-se ao ver a cara de irmão ciumento que Rony fazia, logo amenizada por um afago de Hermione em seus cabelos e um beijo. Os cinco desceram e, na sala de refeições, encontraram-se com seus pais.


_Dormiram bem, crianças? _ perguntou Lílian.


_Otimamente, mamãe. _ respondeu Algie _ E estamos ansiosos para o embarque.


_Ainda temos tempo. _ disse o Sr. Granger, consultando seu relógio de pulso _ São 09:00 h e o Expresso de Hogwarts sai às 11:00 h. Dá para tomarmos o café da manhã com tranqüilidade e irmos para King’s Cross.


De repente, o celular do Sr. Granger tocou e ele atendeu.


_O que foi, Edward? _ perguntou Elaine Granger, assim que o marido encerrou a ligação.


_Emergência. Um acidente de carro e as vítimas tiveram lesões sérias em mandíbula. Não conseguiram localizar nenhum outro Cirurgião Buco-Maxilofacial além de mim.


_Ainda mais que você é especialista em Implantodontia, querido.


_Sim. E creio que seria bom ter uma Ortodontista comigo. Alguém importa-se de levar Hermione?


_De maneira alguma. _ respondeu Tiago _ Como há mais gente indo com Arthur, ela pode ir conosco, sem problemas. Há bastante espaço (a BMW X5 dos Potter também tinha Feitiços de Ampliação Interna).


_Muito obrigado, Tiago. _ responderam os Granger, abraçando Hermione em despedida e saindo do Caldeirão Furado.


 


 


Terminaram o café e colocaram as bagagens nos carros. Gina, Hermione e Rony iriam com os Potter e os outros no Anglia de Arthur Weasley. Por volta das 10:30 h, saíram em direção à Estação de King’s Cross, na qual encontrava-se a passagem para a Plataforma 9 ½.


Lá chegando, viram que estavam em cima da hora, Os adultos foram na frente, levando algumas das bagagens para serem despachadas, inclusive as gaiolas com as corujas. Então, os jovens começaram a atravessar a barreira entre as Plataformas 9 e 10 do lado trouxa, que dava acesso para o lado bruxo da estação. Harry, Rony e Algie ficaram por último, com seus malões e logo chegou a vez deles atravessarem.


 


Mas, quando foram em direção à barreira, em lugar de atravessá-la, deram de frente com uma sólida parede de pedras, como se jamais tivesse havido qualquer tipo de passagem por ali.


_Ai, que pancada! Mas o que foi que houve? _ perguntou Rony, massageando a testa.


_Parece que fecharam a passagem, de algum modo. _ disse Algie.


_Essa não! _ exclamou Harry _ Assim vamos perder o trem! Vejam só a hora!


Com efeito, restava menos de um minuto para as 11:00 h.


_Não tem jeito. _ disse Algie _ O trem, nós já perdemos.


_E com a barreira fechada, nossos pais só conseguirão sair de lá desaparatando. _ disse Rony.


_Teremos de dar um outro jeito para irmos a Hogwarts. _ disse Harry.


_Que tal o Nôitibus? _ sugeriu Rony.


_Poderíamos tentar. _ concordou Harry _ Vamos para a rua.


 


Os três garotos foram para a calçada e Harry levantou o braço direito, com o qual costumava empunhar a varinha, mas nada aconteceu. Um bruxo que passava por ali avisou-os:


_Ei, garotos, vocês não leram a edição de hoje do “Profeta Diário”? O Nôitibus foi recolhido para uma revisão e manutenção mágica completas. Ficará sem rodar por uma semana. Eu acho que o Ernesto Prang vai enlouquecer, pois ele não sabe ficar sem dirigir aquele ônibus.


_E agora? Não adianta irmos ao Ministério, pois não autorizariam três garotos desacompanhados a utilizarem as lareiras. _ disse Algie.


_Muito menos Chaves de Portal. _ disse Rony _ Nem mesmo filhos de funcionários, ainda que um deles seja Harry Potter.


_Muito engraçadinho, Sr. Ronald Weasley. Falando em desaparatar, se usássemos a BMW X5 do papai poderíamos desaparatar com ela até Hogsmeade. Mas há um grande problema que nos impossibilita. _ disse Harry.


_Qual? _ perguntou Rony.


_Ela é cheia de Feitiços de Segurança e Defesa, que papai instalou, depois que o Ministério autorizou, Rony. _ disse Algie _ Além disso, ele ainda instalou um alarme trouxa que, se qualquer um tentar entrar no carro, o som alerta um bairro inteiro. Táxi-Bruxo está fora de cogitação. Ainda que todas as nossas bagagens caibam naqueles Austin FX4 com Feitiços de Ampliação Interna, só o que custaria para ir de Londres a Hogsmeade consumiria nossas mesadas.


_Pelo menos até a próxima encarnação. _ completou Harry.


_Então, acho que só nos resta o Ford Anglia do meu pai. Ele não tem alarmes, pois papai acha que o carrinho não chamaria a atenção de ninguém, exceto de um colecionador, talvez. Como o carro tem um Comando de Vôo e um Multiplicador de Invisibilidade, poderíamos seguir o trem até Hogsmeade ou mesmo até Hogwarts, onde o deixaríamos para que pudessem buscá-lo, que tal? _ perguntou Rony.


_Acho que é a nossa única alternativa, Rony. Afinal de contas, em situações de emergência a magia pode ser utilizada por menores. E se isto não é uma emergência, não sei o que mais poderia ser. Mas será melhor avisarmos a escola e aos nossos pais. _ disse Harry _ E como as nossas corujas já foram despachadas, teremos de usar a Agência Postal da Estação de King’s Cross, pois ela tem uma área bruxa.


_É mesmo! A caixa de cartas vermelha é para uso bruxo! Vamos então escrever as cartas, antes que seja tarde demais.


 


 


Os garotos entraram na agência e localizaram a passagem para a área bruxa. Depois de combinarem tudo, o texto das três cartas ficou o mesmo, somente trocando os destinatários e os outros avisados:


 


Profª McGonnagall, tivemos um imprevisto. Não sabemos por que razão, mas a passagem para a Plataforma 9 ½ fechou-se, impedindo-nos de tomar o Expresso de Hogwarts. Como o Nôitibus está em manutenção, o que nos restou foi utilizarmos o Ford Anglia do Sr. Weasley, pois ele pode voar e ficar invisível. Seguiremos o trem e deixaremos o carro em Hogsmeade ou em Hogwarts. Já mandamos cartas avisando as nossas famílias. Estaremos chegando na hora certa, assim esperamos.


 


Harry Potter, Ronald Weasley e Algie Potter


 


 


Pagaram a despesa de postagem e saíram, para pegarem o carro. No caminho, trataram de comprar alguns lanches, sucos e água, pois a viagem até a Escócia seria longa. Munidos de suas bagagens, correram ao estacionamento e foram até a vaga onde o Anglia estava estacionado. Disfarçadamente, Rony tocou com sua varinha a fechadura da porta do motorista e ela abriu-se. Os três garotos acomodaram as malas no porta-malas e alguma coisa no banco de trás, com Algie e a gaiola de Perebas. O ruivo acionou a ignição e já ia ligando o Comando de Vôo, quando Harry o avisou:


_Rony, os trouxas irão estranhar se sairmos voando agora. Então, será melhor rodarmos até uma rua mais vazia, onde poderemos ficar invisíveis e depois voarmos.


_Bem lembrado, Harry. Eu havia me esquecido. _ respondeu Rony. O carro saiu do estacionamento e eles foram até uma rua lateral, onde não havia movimento. Rony acionou o Multiplicador de Invisibilidade e, em seguida, o Comando de Vôo. O Anglia elevou-se no ar mas, na altura dos telhados, a invisibilidade deu uma pequena falhada, menos de um segundo, mas foi o bastante para preocupar os garotos.


_Ih, acho que babou! _ disse Algie.


_Espero que não. _ disse Rony _ Bem, agora vamos seguir para o Norte e tentar achar o trem.


 


O ruivo aumentou a velocidade e, guiando-se pela bússola, direcionou o carro para o Norte, logo saindo da área metropolitana de Londres e localizando a ferrovia que ligava a capital ao Norte do país e à Escócia, onde situava-se Hogsmeade, embora não conseguissem enxergar o Expresso de Hogwarts. Então, algum tempo depois, Rony diminuiu a altitude.


_Não consigo ver o trem. _ disse ele.


_Mas não deve estar muito longe. _ disse Harry _ Dá para ouvir o barulho.


_Realmente. _ disse Algie _ E parece que está aumentando. Creio que devemos estar nos aproximando.


_Mas, se estamos nos aproximando e não conseguimos ver o trem à nossa frente... _ disse Harry.


_... Deve ser porque ele deve estar... _ continuou Rony.


_... ATRÁS DE NÓS!!!!! _ exclamaram os três.


 


Com efeito, a locomotiva vermelha e preta resfolegava e apitava, atrás deles. Rony desviou-se para o lado, permitindo que o trem passasse. Com a velocidade da manobra, se os garotos não estivessem todos com os cintos de segurança atados, teriam sido cuspidos para fora do carro, pelas janelas.


_Ninguém pode dizer que não achamos o trem. _ disse Algie.


_Ou melhor, quase fomos “achados” por ele. _ comentou Harry.


_ “Achados”, não. _ disse Rony _ “Rachados” seria mais apropriado. Faltou pouco para eu me borrar todo.


_Só você? _ perguntaram os irmãos Potter, os três garotos rindo bastante, depois que o susto havia passado.


_Agora é só manter o trem à vista. _ disse Harry.


_Isso. Creio que estaremos chegando a Hogsmeade, logo após o anoitecer. Com sorte, poderemos deixar o carro lá, a tempo de tomarmos os coches e Algie ir para os barcos. _ disse Rony.


 


Continuaram a seguir o trem, sempre rumo Norte, enquanto a tarde avançava. Os lanches, o suco e a água haviam sido uma excelente idéia, pois a viagem realmente estava sendo prolongada e o calor pegava. Ao menos não passariam sede.


A paisagem de planícies, bosques e lagunas começou a dar lugar às charnecas enevoadas e o terreno começou a elevar-se, até tornar-se montanhoso. A viagem seguia bem.


 


A certa altura do caminho, o carro começou a diminuir a velocidade, embora mantivesse a altitude. O Expresso de Hogwarts distanciou-se deles, mas já dava para ver a cadeia de montanhas e as luzes dos lampiões de Hogsmeade, bem como os últimos raios de sol, refletindo-se na superfície do Lago Negro.


 


_Acho que não dará tempo de alcançarmos o pessoal em Hogsmeade e teremos de seguir direto para Hogwarts. O carrinho está ressentindo-se da viagem longa, pobrezinho. Acho que ele nunca viajou tão longe. _ disse Rony.


_Então, vamos. _ disse Harry _ Acho que estamos exigindo demais do coitado.


 


Sobrevoando o Lago Negro, ultrapassaram a flotilha de barcos comandada por Hagrid. Logo estavam vendo as luzes do imponente castelo, todos eles bastante animados. Algie por estar indo pela primeira vez como aluno. Harry e Rony por estarem de volta a um lugar que consideravam como a extensão dos seus lares. E os três garotos aliviados, porque o carrinho parecia estar resistindo.


 


Parecia.


 


Quase chegando a Hogwarts, o Anglia dos Weasley começou a chacoalhar de um modo estranho e o motor começou a tossir, enquanto perdiam altitude. Rony ainda conseguiu compensar e o carrinho passou pela muralha externa do castelo, com uma proximidade preocupante.


_Vamos, carrinho. Agüente firme e prometo que peço ao meu pai para te fazer uma boa revisão. _ disse Rony, enquanto o motor do Ford resfolegava, parecendo que o veículo compreendia o ruivo.


Mas tudo tem um limite. O Ford Anglia ultrapassou a muralha e perdeu o rumo, sem que Rony conseguisse alinhá-lo. Depois de deixarem de bater em uma das torres por um triz, seguiram sobrevoando o jardim externo, parecendo uma folha ao vento, até colidirem com algo. Em seguida, ouviram um estalo.


_Ah, praga! Minha varinha quebrou-se! Era velhinha, herdada do Gui, mas eu gostava bastante dela! _ disse Rony _ E agora?


_Ainda bem que não foram os nossos pescoços, com a força desta porrada. _ disse Algie _ No que foi que batemos?


_Se foi no que eu penso, não é nada bom. _ disse Harry, sentindo que estavam movendo-se, até que um grande punho de madeira quebrou o vidro traseiro.


_BATEMOS NO SALGUEIRO LUTADOR!!! _ gritaram os garotos, enquanto o Ford Anglia era fustigado pelos grossos ramos da árvore, que socavam-no sem parar.


 


O carrinho escorregou dos galhos até o chão, onde acelerou e distanciou-se da belicosa árvore. Quando alcançaram uma distância segura, os garotos saíram do carro e pegaram suas bagagens, indo para a entrada principal, a fim de deixá-las com as dos outros alunos.


_Fique aqui, carrinho, até que avisemos alguém. _ disse Rony. Mas o Anglia, mal os três retiraram suas bagagens, ligou sozinho seu motor e saiu rodando pelo pátio, até encontrar o caminho da Floresta Proibida, passando ao lado da cabana de Hagrid e desaparecendo no meio das árvores.


 


_VOLTE AQUI! ESPERE AÍ, CARRINHO!! _ gritou Rony, mas já era tarde. O Ford Anglia desapareceu na Floresta Proibida, o ronco do seu motor diminuindo aos poucos, até que não mais o ouviram _ Só quero ver o que vou dizer para o papai, agora. Bem que ele nos disse que o carro parecia ter criado personalidade própria, como se estivesse vivo.


_O que VAMOS dizer. _ corrigiu Harry _ Ou você acha que eu e Algie vamos te deixar sozinho nessa?


_Isso mesmo, Rony. _ disse Algie _ A idéia foi de nós três. Agora, vamos entrar e deixar nossa bagagem com a dos outros. Por sorte, já estamos com os uniformes e poderemos entrar no Salão Principal antes da Cerimônia de Seleção, sem chamarmos muito a at...


Mas Algie Potter interrompeu sua frase no meio. Mal deixaram suas bagagens e dirigiram-se ao Salão Principal, deram de cara com as duas figuras que menos gostariam e menos esperavam ver.


 


Argus Filch e Severo Snape, em pé, esperando por eles.


 


_Quando a gente pensa... _ disse Rony.


_... Que não pode piorar... _ continuou Harry.


_... É aí que piora. _ concluiu Algie.


 


_Senhores, eu os estava aguardando, juntamente com o Prof. Snape. Talvez sejam expulsos, depois do que aconteceu hoje. _ disse Filch.


_Algernon Potter, para o Salão Principal. Harold Potter (e Harry contraiu os maxilares, pois não gostava de ser chamado assim) e Ronald Weasley, os dois para a minha sala. _ disse Snape _ Vamos ter uma “conversinha”.


 


FERROU!!!”, pensaram os bruxinhos, acompanhando Snape até sua sala, de cabeça baixa, já antevendo a repreensão que tomariam. O pavor de uma possível expulsão só diminuiu quando viram que Derek Mason estava na sala de Snape, sentado em uma cadeira. Ao menos imaginavam que a “esfrega” que levariam do professor de Poções seria um pouco amenizada pelo seu velho amigo, professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, que sempre fora um contraponto ao mau humor de Severo.


 


_Garotos, esta foi bastante grave. _ disse Mason _ Conseguiram fazer algo que daria inveja nos Marotos, nos velhos tempos.


_Realmente, Derek. _ disse Snape, em princípio até calmo, mas cada vez mais fazendo jus ao seu nome “Severo” _ E vocês três agiram de modo muito inconseqüente, arriscando-se a exporem o nosso mundo, no momento em que o Multiplicador de Invisibilidade deu uma falhada, além de terem arriscado as suas próprias vidas. O carro de Arthur ainda estava em uma fase experimental, o motor não estava preparado para uma viagem longa como a que vocês fizeram, de Londres a Hogsmeade. O motor foi muito forçado e vocês correram o risco de ficarem pelo caminho, tendo tido muita sorte do carro não cair.


_Sem contar que quase foram atingidos pelo trem. Eu estava no vagão dos professores e rezei para Deus, Merlin e para todos os santos bruxos e trouxas dos quais me lembrava, para que vocês conseguissem sair ilesos. _ disse Mason.


_E adiantou. _ murmurou Harry.


_Por muito pouco, Sr. Potter. _ disse Snape _ Eu também estava no trem e, acreditem, consegui ficar ainda mais pálido do que eu já sou. Além disso, vocês colidiram com o Salgueiro Lutador. Além de terem danificado a árvore, que foi transplantada para Hogwarts quando eu ainda era aluno, quase foram “danificados” por ela. Faltou bem pouco para que fossem arrebentados.


_Os Salgueiros Lutadores são bastante raros e uma de suas principais características é a de que não gostam que se aproximem muito deles. _ disse Mason.


_Descobrimos isso da pior maneira. _ disse Rony.


_Sim, Sr. Weasley. Faltou um tantinho para que suas duas famílias se vissem privadas de alguns de seus membros. _ disse Snape _ A besteira de vocês três só não foi completa porque tiveram um lampejo de inteligência e enviaram aquelas cartas.


_Mais sorte do que juízo. _ comentou Mason _ Graças a esse detalhe, foi possível que o Prof. Dumbledore acionasse seus contatos na RAF. Vejam a notícia que apareceu na edição vespertina do “London Times” e do “The Sun”, aquele tablóide sensacionalista.


 


Os garotos viram a manchete de primeira página dos dois jornais, tanto o sério quanto o espalhafatoso.


 


 


RAF testa, secretamente, motor para veículo aéreo compacto, disfarçado em um inocente Ford Anglia 1961.


 


_Pelo menos desta vez a Bruxidade escapou de ser exposta ao mundo trouxa. Ainda não é o momento de os dois mundos interagirem em grande escala. Por enquanto, somente pessoas escolhidas sabem de nós. _ disse Snape _ Vocês três, principalmente vocês dois, têm muita sorte. Mais sorte do que juízo, como disse Derek. Se fossem da Sonserina, eu não teria alternativa a não ser expulsá-los, o que faria com todo prazer. Mas, como são da Grifinória, a prerrogativa de decidir sobre os seus destinos pertence a Minerva McGonnagall. Ah, aí vêm ela e o Diretor.


 


Alvo Dumbledore e Minerva McGonnagall adentravam a sala de Snape.


 


_Sr. Potter, Sr. Weasley, é melhor que tenham uma boa explicação para tudo isso. _ disse Minerva _ Como pode ser que a passagem da Plataforma 9 ½ tenha sido fechada, sem que os administradores tivessem tido conhecimento?


_Não sabemos, Profª McGonnagall. _ disse Rony _ tudo o que podemos dizer é que, ao tentarmos atravessar, demos de cara com uma sólida coluna de pedra, em lugar da passagem.


_E, com aquilo, acabamos perdendo o trem. Como Edwiges e Vésper já haviam sido despachadas, tivemos de usar as da agência postal de King’s Cross, mandando cartas para a escola e nossas famílias. _ disse Harry.


_E quanto ao Nôitibus? _ perguntou Snape.


_Ficará em manutenção mágica por cerca de uma semana, Severo. Fui avisado ontem à noite. _ disse Dumbledore.


_Vocês poderiam ter recorrido ao Ministério. _ disse Minerva.


_Mas eles não fariam nada por três menores desacompanhados. Não acreditariam em nós. _ disse Rony.


_Vocês se subestimam, garotos. _ disse Mason.


_É verdade. _ disse Snape _ O nome “Potter” abre muitas portas na Bruxidade, crianças. Não somente por vocês serem “A-Família-Que-Sobreviveu”, mas pelo fato de Tiago sempre ter sido um Auror cem por cento leal à causa da Luz e muito estimado pelos outros setores do Ministério da Magia. Bastaria que você fosse reconhecido no Ministério, que logo lhes franqueariam uma lareira ou uma Chave de Portal e alguém os acompanharia até aqui.


_E nós pensamos justamente o contrário. _ disse Rony.


_Não pense que somente Harry Potter e sua família são importantes na Bruxidade. _ continuou Snape _ O sobrenome “Weasley” também possui um grande peso, pela honestidade de Arthur e pela competência com que ele chefia um Departamento que, embora pequeno e aparentemente sem importância, evitou que a Bruxidade fosse exposta, por inúmeras vezes, graças à eficiência com que sempre identificou e recolheu artefatos trouxas que possuíam feitiços nocivos, colocados por bruxos que queriam prejudicar ou simplesmente pregar peças em trouxas. Seu pai, Sr. Weasley, é bastante conhecido e querido no Ministério.


_Bem, vocês acabaram salvando-se, devido ao conjunto de vários pequenos detalhes. _ disse Dumbledore _ Tiveram a idéia de remeterem as cartas, possibilitando que tomássemos nossas medidas. Embora não tivessem ido ao Ministério, tendo utilizado a última alternativa possível, lembraram-se do Artigo 7 do Estatuto Internacional do Sigilo em Magia, que faculta a bruxos utilizarem, em situação de emergência, quaisquer meios mágicos para resolverem uma situação, desde que comuniquem a algum órgão competente, em tempo hábil. Algumas memórias talvez tenham de ser alteradas, mas isso é relativamente fácil de fazer.


_Então, não estamos expulsos? _ perguntou Harry.


_Não, Sr. Potter. Safaram-se por um triz. E também não perderão pontos pois, tecnicamente, a “travessura” de vocês ocorreu antes do início oficial do ano letivo. _ disse Minerva, enquanto Snape disfarçava uma careta, como se tivesse sido obrigado a mastigar algo de sabor e cheiro desagradáveis, enquanto as de Harry e Rony demonstravam um grande alívio _ Mas não irão escapar de pegar merecidas detenções. Harry Potter irá cumpri-la com o Prof. Snape (e a expressão de Severo Snape pareceu melhorar um pouquinho, à medida que as dos garotos ficavam menos alegres). A de Rony Weasley será com o Sr. Filch e a de Algie Potter será comigo. Ah, antes que me perguntem, Gina Weasley e Algie Potter foram selecionados para a Grifinória. A Srta. Luna Lovegood, a qual eu sei que é amiga de vocês, foi para a Corvinal.


_Acho que será melhor que eles façam sua refeição aqui, para não provocarem muito alvoroço no salão. _ disse Dumbledore. Com um gesto, fez aparecerem pratos e travessas com o jantar e uma garrafa de suco de abóbora _ Enquento isso, nós retornaremos ao Salão Principal. Tomem aqui estes passes de corredor. Depois de jantarem, vão direto para a Sala Comunal.


_Aqui está a senha. _ disse Minerva _ decorem e destruam o papel.


 


Harry e Rony decoraram a senha e destruíram o pedaço de pergaminho no qual ela estava anotada. Os professores saíram para o salão.


_Mais sorte do que juízo, como disse Derek. _ comentou Snape, com um meio sorriso _ Sr. Potter, o senhor será de grande ajuda. Recebi duas barricas de vagens da Capadócia e precisarei de um auxiliar para me ajudar a separar as verdes das mais maduras e iniciar seu processamento. Conto com sua presença aqui, amanhã à noite.


_Fazer o quê, não é, professor...? _ disse Harry.


Os dois bruxinhos jantaram e, após estarem satisfeitos, levantaram-se e prepararam-se para sair, enquanto as vasilhas conjuradas por Dumbledore desapareciam. No corredor, cruzaram com Derek Mason.


_Sr. Weasley, vejo que sua varinha quebrou-se. Vou fazer um reparo de emergência, para que o senhor não fique somente com os pedaços na mão. Já vou adiantando que o funcionamento dela vai ficar bem meia-boca, pois o cerne de pêlo de cauda de unicórnio foi bastante danificado. Procure não executar feitiços mais elaborados, até que consiga uma substituta e, mesmo os feitiços simples, irão exigir mais de sua concentração do que o normal.


_Vai demorar um pouco, Prof. Mason. Com a vinda de Gina para Hogwarts, tivemos um aumento nas despesas de casa.


Aquilo doeu no coração de Harry, por dois motivos. Sabia que seria com dificuldade que os Weasley dariam uma nova varinha a Rony e também conhecia o irmão de sua namorada o suficiente para saber que ele jamais aceitaria receber de presente do amigo o objeto que, de bom grado, Harry lhe daria, pois isso feriria a sua honra, pelo ponto de vista do ruivo.


Mason executou o reparo na varinha de Rony e fizeram um pequeno teste, vendo que até mesmo feitiços simples não saíam cem por cento, exigindo maior concentração, bem como Mason dissera.


_Pior do que eu pensava, Sr. Weasley. Sugiro providenciar outra o mais breve possível, até mesmo para sua segurança.


_Bem, vou ver o que dará para fazer, Prof. Mason. De qualquer forma, meus pais já devem esar sabendo o que houve. Boa noite.


_Boa noite, garotos. Lembrem-se de que logo retomaremos as aulas de Ninjutsu-Bruxo.


 


Mason seguiu para seu alojamento e os dois bruxinhos para a Sala Comunal da Grifinória. No caminho...


_Rony, você tem certeza de que não... _ mas o ruivo não permitiu que Harry terminasse a frase.


_Harry, já sei o que você vai dizer e a resposta é não. Por mais que eu saiba que sua intenção ao querer me presentear com uma varinha nova seja de amizade  sincera, sem o menor desejo de fazê-lo para se mostrar e que seja grande a tentação de aceitar, eu não posso. Eu não iria me sentir bem se o fizesse. É uma espécie de senso de honra meio antiquado e talvez distorcido, mas é assim que eu penso e sei que você, como meu melhor amigo, irá respeitar.


_OK, OK. Você me deixou sem argumento algum. Mas, como é que você vai se virar com os feitiços das aulas?


_Bem, o Prof. Mason disse que será necessário maior concentração por parte do bruxo, não é? Então, vamos tentar. “Sakura”! _ e um ramalhete de flores de cerejeira brotou da ponta da varinha de Rony _ Viu? Dá um pouco mais de trabalho, mas dá certo. Ah, eu acho que você deveria fazer o mesmo.


_???


_Já se esqueceu das duas feras que vamos ter de acalmar, na Sala Comunal? _ Harry ficou branco, ao perceber o sentido das palavras de Rony.


_Caracas! É mesmo, eu já ia me esquecendo! “Orchydea”! _ e, assim como aconteceu com Rony, orquídeas brotaram da ponta da varinha de Harry _ Bem, acho que será suficiente, para o começo.


 


Os garotos pararam, em frente ao quadro da Mulher Gorda, que estava tricotando, juntamente com sua amiga de outro quadro, a bruxinha encarquilhada de nome Violeta.


_A senha, por favor, Sr. Potter. _ pediu ela.


_ “Rebeldia Indomável”. _ e a porta abriu-se.


_Acho que a Profª McGonnagall deve ter passado as férias assistindo a filmes clássicos. _ comentou Rony _ Esse era com Paul Newman.


_Sr. Potter, Sr. Weasley, suas aventuras com o carro voador já correram a escola. Todos já estão sabendo. _ disse a bruxinha.


_Tão rápido assim, Violeta?


_Sabe como são as coisas em Hogwarts. Boa noite, garotos.


_Boa noite, senhoras. _ despediram-se os bruxinhos, entrando pela passagem que dava acesso à Sala Comunal da Grifinória. Ao chegarem...


 


Um clamor de gritos, assobios e aplausos quase fez com que dessem um pulo. Os colegas da Casa cercaram os bruxinhos, cumprimentando-os e levando-os até o meio da sala, onde mostraram um desenho, recém-terminado, que retratava um carro voador deslocando-se em direção a um castelo.


_Uau, Dean! _ exclamou Rony _ Você se superou, desta vez. Está espetacular!


_Muito bem feito, Dean. _ disse Harry _ Você está desenhando cada vez melhor.


 


Os colegas queriam saber como fora a viagem, sorrindo e abraçando Harry, Algie e Rony. Todos, menos duas garotas que olhavam para seus respectivos namorados com olhares de basilisco furioso. Vendo aquilo, Rony e Harry logo trataram de aproximar-se das garotas e entregarem suas flores, em um silencioso pedido de desculpas. Vendo as caras dos namorados, Hermione e Gina logo desfizeram as expressões carrancudas e abraçaram os garotos. Gina deu um beijo em Harry, o que deixou Rony vermelho e com sua famosa cara de “irmão-mais-velho-ciumento”, que logo abrandou-se, quando Hermione também o beijou. Os dois casais de bruxinhos nem notaram que o volume dos aplausos havia aumentado.


 


_OK, OK, gente! Acho que já é hora de dormir. _ disse Percy, consultando o relógio _ Se continuarmos fazendo esse barulho, é provável que a Profª McGonnagall venha aqui, para querer saber o que está havendo e eu não saberei como explicar a ela. Boa noite a todos.


_BOA NOITE, MONITOR WEASLEY! _ entoaram os alunos, em um coro meio zombeteiro, do qual nem mesmo Percy conseguiu ficar sem dar risada. Em seguida, subiram todos para os dormitórios, Harry notando que Gina segurava um pequeno livro de capa de couro preta (“Será que ela está iniciando um diário?”, pensou ele). Antes que Rony subisse, Percy chamou o irmão de lado.


_Tudo bem com você, mano? Como é que me faz uma travessura dessas? E quem foi que te ensinou a dirigir tão bem o carro voador do papai... bem, esta última já tem resposta, não é, Fred e Jorge?!


_Queeem, nóóósss? Imagiiinaaaa! _ exclamaram os gêmeos, em coro, conseguindo arrancar risadas até mesmo do sisudo Percy Weasley.


_Tá, tá. Vamos para a cama, que amanhã já começam as aulas.


 


Todos subiram e, depois de escovar os dentes e vestir o pijama, Harry deitou-se. Logo adormeceu, sem conseguir reprimir um pequeno sorriso, ao lembrar-se das aventuras daquele dia, uma alegria de Maroto que nem mesmo a perspectiva de ter de passar algumas noites separando vagens em companhia de Severo Snape era capaz de desfazer. E ele apostava que, em suas respectivas camas, Rony e Algie deviam estar com sorrisos semelhantes.


 


 


Enquanto isso, começavam a delinear-se os contornos de mais um macabro plano das Trevas, orquestrado à distância pelo maligno Lord Voldemort.


 


 


A sorte de Harry era que alguém trabalhava, secretamente, para que aquele plano não tivesse êxito, mesmo sem que o bruxinho da cicatriz sequer desconfiasse.

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