DURO COMO PEDRA



CAPÍTULO 5

DURO COMO PEDRA








O processamento das Vagens-da-Capadócia correu de forma tranqüila, Harry extraiu o sumo dos grãos verdes, admirando-se do volume obtido e também torrou e moeu as maduras, recolhendo o pó e o sumo em frascos, rotulando-os e guardando-os nas estantes. Então, Snape deu-se por satisfeito.
_Bem, Sr. Potter, o senhor já cumpriu sua detenção. Agora, prepare-se para as exigências das aulas. Boa noite e até amanhã.
_Boa noite, Prof. Snape. _ e Harry recolheu seu material, saindo da sala e seguindo pelo corredor. Uma noite escura, sem luar, com um vento que fazia oscilar a chama das tochas, prejudicando a visibilidade e obrigando Harry a lançar mão de sua varinha para iluminar o caminho até a Sala Comunal da Grifinória.
_ “Lumus”. _ a ponta de sua varinha acendeu-se, fazendo as vezes de uma lanterna. Com aquilo, o bruxinho percebeu uma outra coisa que estava acontecendo. Várias aranhas caminhavam em fila indiana, atravessando o corredor e saindo pela janela, descendo pela parede externa do castelo (“Estranho. Formigas deslocando-se em fila indiana é uma coisa comum de se ver. Já aranhas, é a primeira vez que eu vejo”, pensou o bruxinho, saltando por sobre a fila de aranhas e dirigindo-se para a Grifinória, louco por uma xícara de chá quente e uma cama macia.
Chegando à frente do quadro da Mulher Gorda, ela olhou para ele e falou:
_Mal chegou e já ganhou uma detenção, hein, Sr. Potter? Nada diferente do seu pai, já perdi a conta de quantas vezes ele e Sirius retornavam para cá, cansados, depois de cumprirem as deles.
_Fazer o quê, madame? Pelo menos agora já cumpri a minha e só quero entrar, tomar um chá e dormir. _ disse Harry, bocejando _ “Vá em frente, alegre o meu dia” (“Realmente, a Profª McGonnagall está tornando-se cada vez mais cinéfila. Esta frase era de Clint Eastwood”, pensou o bruxinho, enquanto o quadro abria-se, dando passagem ao garoto cansado).
Chegando à Sala Comunal da Grifinória, ele viu um bule de chá sobre a mesa, próximo à lareira, certamente deixado pelos elfos domésticos. E também algo mais: Gina Weasley, sentada em uma das poltronas, com alguns livros no colo, ressonando.
_Ei, pequena leoa, vamos acordar. _ disse Harry, baixinho, para não assustá-la _ Dormir na poltrona não vai fazer bem à sua coluna.
_Ahn? Ah, é você, Harry? Estava estudando até agora pouco e devo ter caído no sono. Mas valeu a pena, só para ser despertada por você, vassourinha despenteada. _ disse Gina, beijando Harry _ E como foi a segunda noite de detenção?
_Menos trabalhoso do que eu imaginava. Obtivemos um bom estoque de sumo dos grãos verdes e pó dos maduros. _ disse Harry, servindo-se de uma xícara de chá, oferecendo outra para Gina e tomando um gole da sua. _ Agora é hora de ir para a caminha.
Terminaram o chá e subiram para os dormitórios, Harry reparando que, em meio aos livros de estudo, encontrava-se o pequeno diário (“É, parece que ela iniciou mesmo um diário”, pensou ele). Escovou os dentes, vestiu o pijama e deitou-se, dormindo logo em seguida. Estava tão cansado que nem deu importância a outra aranha, que saiu do castelo, por uma fresta da janela.

Nas semanas seguintes, as coisas pareciam transcorrer sem maiores alterações. Aulas, deveres e treinos para o Quadribol. Cumprindo sua promessa, Tiago mandou para o filho, através de Edwiges, a fórmula da Poção Átonos, para que Harry não fizesse feio em seu preparo. E foi aí que ocorreu um dos poucos fatos dignos de nota.

Snape havia ensinado e supervisionado o preparo da Átonos, não se surpreendendo com o fato de Harry estar apresentando desenvoltura com a poção, já que Lílian a havia criado, juntamente com ele, na época de estudantes. Quando a poção estava pronta, Severo Snape deu início aos testes, nos quais sortearia um aluno para testar em si a sua preparação, sendo que, quando Pansy Parkinson tirou o papel do saco em sua mão, com o nome da vítima... digo, do aluno, saiu o de... Harry.
_Sr. Potter, como o senhor sabe, a Átonos não é para ingerir, na realidade sendo um potente sedativo e relaxante muscular de contato. Portanto, um arranhão basta para que ela faça efeito. Se a sua preparação estiver correta, ela irá relaxá-lo ao ponto dos músculos não conseguirem sustentá-lo. Então, bastará fazer um pequeno arranhão no dedo. Está pronto?
Harry estava preparado para fingir um escorregão e, “sem querer”, arranhar Snape, mas aconteceu algo ainda melhor. Flint entrou na sala, trazendo um recado do Prof. Flitwick e passando entre Harry e Snape, dando um encontrão em Harry, de forma arrogante.
Naquele momento, Harry aproveitou e arranhou de leve a mão direita de Flint, com a agulha impregnada de Poção Átonos que trazia na mão. Bem, afinal de contas, quem mandou que Marcus Flint colidisse com ele daquela maneira?
O resultado foi instantâneo. Flint parou de falar e seu corpo amoleceu. Os músculos perderam o tônus, de modo que não mais conseguiram sustentá-lo e ele caiu ao chão, com o corpo esparramado e a boca entreaberta. Um odor nauseante e uma mancha que formou-se nas vestes do sonserino foram o suficiente para que percebessem que a fórmula havia sido bem preparada. Os esfíncteres de Flint haviam relaxado e liberado o conteúdo da bexiga e intestinos.
_Marcus Flint, seu desajeitado! _ exclamou Snape, ao ver o aluno caído ao solo, naquela situação humilhante _ Bem, pelo menos pudemos constatar que a preparação do Sr. Potter para a Átonos estava correta. Daqui a pouco o efeito vai passar, mas não podemos deixar o Sr. Flint nesse estado. “Limpar”!
Em um instante, Flint estava limpo e o ar não mais estava saturado com o odor acre dos seus dejetos. Snape encerrou a aula.

Saíram para o pórtico e Hermione comentou:
_Quer dizer que Snape estava planejando fazê-lo passar por aquele ridículo, Harry? Ele pegou pesado.
_Ia ficar pior para ele, pois eu já imaginava que ele tentaria algo assim e estava preparado para “acidentalmente” arranhá-lo. O idiota do Flint “Boca-de-Trasgo” caiu de paraquedas na história e, bem... sacanear um sonserino babaca é como cartão Mastercard, não tem preço. _ disse Harry.
_Que história é essa de “sonserino babaca”, Harry? _ brincou Nereida.
_Nereida, salvo algumas exceções, você entre elas, essas duas palavras têm a tendência de andarem juntas. _ disse Rony.
_E o pior é que eu sou obrigada a concordar. _ disse a garota _ Você ia mesmo arranhar papai com a agulha de Átonos, Harry?
_Era ele ou eu. Tanto que eu passai o dia de ontem e a manhã de hoje em jejum, para evitar o mico, caso eu não conseguisse. Mas, graças à ajuda do lesado do Flint, nem foi preciso. _ disse o bruxinho, mordendo um Sapo de Chocolate, a primeira coisa que colocava no estômago, naquele dia.
_Sem contar que também serviu como vingança para aquela história de “Sangue-Ruim” do outro dia. _ disse Soraya.
_Vocês terão treino de Quadribol hoje, Harry? _ perguntou Neville.
_Sim. Estamos treinando quase todos os dias, não importa o tempo.
_E ainda temos as instruções de Ninjutsu-Bruxo, com o Prof. Mason. É, a agenda está bem cheia. _ comentou Rony.
_Não te invejo nem um pouco. _ disse Gina, que acabara de chegar, com Luna e Algie _ Parece que vai chover forte, no final da tarde. Vamos te esperar na Sala Comunal, com um chá bem quente, OK?
_Hmm, é o que faz a vida valer a pena: vocês. _ disse Harry, contente com os amigos.

No caminho para as aulas seguintes, cruzaram com o Cavaleiro Nick “Quase-Sem-Cabeça”, o Fantasma-Residente da Grifinória.
_Boa tarde, Sir Nicholas. _ disse Rony.
_Oh, boa tarde, jovem Rony Weasley. Boa tarde, meus jovens.
_O senhor parece estar meio apressado, Sir Nicholas. _ disse Hermione.
_Na verdade, Srta. Granger, estou ocupado com os preparativos da festa do meu Aniversário de Morte, que está próxima.
_Ah, sim. _ lembrou-se _ Os fantasmas passam a comemorar aniversários a partir da data de seu falecimento. E o do senhor foi em...
_Foi em 31 de outubro de 1492. No ano da descoberta da América. Mas, como as notícias demoravam naquela época, só fiquei sabendo da façanha de Colombo depois que eu já estava morto. _ disse o fantasma, ajeitando o pescoço na gola de rufos de sua roupa. Era conhecido como “Quase-Sem-Cabeça” pelo fato de seu carrasco haver desistido de continuar com a execução, depois de constatar que um tendão e um pouco de pele resistiram bravamente aos quarenta e cinco golpes do machado cego que utilizara naquele trabalho _ Ah, como isto me atrapalha! Fico impedido de participar de várias atividades com outros fantasmas, pois elas são exclusivas para os totalmente decapitados. Vocês me prestigiariam com sua presença? Talvez o ambiente seja meio diferente e até meio desagradável, pois a comida que fica exposta já é meio deteriorada, para que possamos sentir o sabor e o cheiro, já que não podemos engolir e o nosso olfato atrofia-se, após a morte. Portanto, se não quiserem ir, não me ofenderei. A festa será nas masmorras, por volta das 22:00 h. Acho que não os impedirá de participarem da festa do Dia das Bruxas.
Após uma rápida conferência dos bruxinhos, Hermione respondeu que passariam por lá, para cumprimentá-lo. O fantasma de Sir Nicholas de Mimsy-Porpington saiu flutuando, satisfeito. Ele gostava muito dos alunos de sua antiga Casa.


As palavras de Gina Weasley revelaram-se quase proféticas. O céu escureceu e um respeitável aguaceiro despencou, encharcando os pobres jogadores do time de Quadribol, que cumpriam as ordens de Oliver Wood, de treinarem com qualquer tempo. Depois do treino, preferiu tomar banho direto na Grifinória e não no vestiário, pois sabia que logo teriam a instrução de Ninjutsu-Bruxo com Derek Mason e não queria perder tempo. Um chuveiro, chá quente e para a instrução. O bruxinho nem percebeu que deixava um rastro de lama atrás de si, mas não por muito tempo, já que a voz asmática de Filch tirou-o de seus devaneios.
_Harry Potter! O que o senhor pensa que está fazendo, enlameando o corredor que eu limpei há pouco?!
_Ah, Sr. Filch, nem percebi. Estava com tanta pressa de chegar à Grifinória que fui entrando. Me desculpe.
_ “Me desculpe” coisíssima nenhuma, garotinho abusado! Serei eu a limpar tudo isso, pois é claro que o senhor não irá oferecer-se para me ajudar! Isto vai lhe custar outra detenção, sua praguinha! Vamos à minha sala!


Na sala de Filch, Harry aguardava que o zelador desencavasse das gavetas os formulários de detenção e acabou fazendo uma pergunta que lhe queimava a língua.
_Sr. Filch, não seria melhor e muito mais fácil limpar aquele corredor com magia? _ e arrependeu-se de suas palavras ao ver a reação do zelador.

Argus Filch ficou pálido, seus olhos chamejaram e ele, em seguida, passou da palidez ao rubor.
_O que lhe dá o direito de fazer esse tipo de comentário, seu pequeno desordeiro? Nem mesmo o seu pai, encrenqueiro de marca maior, juntamente com aqueles outros três, Black, Lupin e Pettigrew, atreveu-se a mencionar nada sobre isto! Ou você está me gozando por já saber que sou um “Aborto”... _ e Filch calou-se, repentinamente, vendo que falara demais.
Harry entendeu tudo, então. Filch não executava seus serviços com magia porque simplesmente não era capaz de executar nenhum tipo de feitiço. Um “Aborto” era alguém nascido em uma família bruxa, porém sem poderes. Era exatamente o oposto de um bruxo nascido trouxa. Um tipo de pessoa que os bruxos mais preconceituosos desprezavam ou execravam e que, para garantirem sua sobrevivência, executavam serviços para os quais não era obrigatoriamente preciso o uso de magia, tais como faxinas e limpezas em geral ou então, davam as costas à bruxidade e levavam sua vida entre os trouxas, vivendo e trabalhando como eles.
_Sinto muito, Sr. Filch. _ disse Harry _ Eu jamais pensaria em ofendê-lo e nem tinha conhecimento dessa sua condição (o bruxinho evitou falar a palavra). E agora que sei, guardarei segredo até que o senhor queira. Eu, realmente, nem me toquei que estava enlameando o corredor e vou resolver isso agora.
Harry foi até o corredor, com Filch nos seus calcanhares e sacou sua varinha. Com um forte Feitiço de Limpeza, ensinado por sua mãe, logo o corredor estava brilhando. Utilizou o mesmo feitiço em suas botas e a lama desapareceu.
_Vou relevar desta vez, Sr. Potter. Mas só se o senhor prometer guardar segredo sobre minha... “condição”.
_Conte com a minha discrição, Sr. Filch. _ disse Harry.
_OK. Vá embora, antes que eu mude de idéia, Sr. Potter.

Mais que depressa, Harry foi para a Sala Comunal da Grifinória. Só que os acontecimentos haviam sido presenciados por alguém nada confiável.

Jefferson Montague, da Sonserina.

Uma xícara de chá, um banho e uma sessão de Ninjutsu-Bruxo, desta vez com a participação de Gina e Algie, que começaram com o básico e mostraram um bom progresso. Ao retornarem para suas Casas, Nereida notou que Harry parecia meio distraído.
_Ei, Harry, Gina está aí, bem ao seu lado. Não precisa ficar sonhando com ela.
_Ahn? Não, nada disso, Nereida. É que o dia foi bem pesado. Mas agora é descansar e preparar tudo para amanhã. _ disse Harry, de mãos dadas com Gina.

Só que a verdade era bem outra. Harry distraíra-se porque parecera ouvir um sussurro baixo e sibilante, que dizia: “Breve, muito breve. O momento está chegando e, desta vez, nada nos impedirá”.

E, tão repentinamente quanto veio, o sussurro desapareceu.

Só que ninguém mais parecia tê-lo ouvido.

O que poderia ser?


O dia 31 de outubro chegou, trazendo a Festa do Dia das Bruxas, com um verdadeiro espetáculo no Salão Principal, onde a decoração de gigantescas abóboras cultivadas por Hagrid roubava a cena, juntamente com o grupo de esqueletos dançarinos, contratados por Dumbledore. Um delicioso banquete encantava os alunos, com deliciosas comidas e suco de abóbora bem gelado nas mesas dos alunos e o incomparável quentão do Três Vassouras, especialidade de Rosmerta McTaggert Snape, na mesa dos professores. Certa hora, os Inseparáveis pediram licença e retiraram-se do salão, a fim de cumprirem a promessa feita a Nick Quase-Sem-Cabeça de comparecerem à sua festa de Aniversário de Morte. Saíram e tomaram o caminho das masmorras, chegando a um salão de onde saía uma luz azul de aspecto lúgubre.
_Acho que deve ser ali. _ disse Algie.
_Bem, considerando que não temos notícia de nenhum velório ocorrendo hoje em Hogwarts, só pode. _ comentou Nereida.
_Vamos entrar, então. _ disse Harry.

Entraram no salão, decorado com velas em pontos estratégicos, responsáveis pela luz azul que viram. Os Fantasmas-Residentes das Casas estavam ali reunidos e acenaram para os alunos. O Frei Gorducho, da Lufa-Lufa, sempre sorridente e brincalhão. A Dama Cinza, da Corvinal, cumprimentou com um aceno de cabeça e manteve sua postura aristocrática. Mesmo o da Sonserina, Barão Sangrento, cumprimentou o grupo, porque Nereida Snape fazia parte dele. Nick, o anfitrião, aproximou-se.
_Que bom que vocês puderam vir. Como podem ver, creio que a maior parte da população espiritual de Hogwarts encontra-se aqui.
_É mesmo, Sir Nicholas. _ disse Hermione _ Até mesmo Sir Patrick apareceu.
_Ah, aquele lá não deixaria de vir, nem que fosse para vangloriar-se de ser um totalmente decapitado.
_Era ele quem sempre indeferia seus pedidos para as atividades dos decapitados, Sir Nicholas? _ perguntou Rony.
_Ele mesmo. Mas não está tendo nada para reclamar, notem como ele está meio contrariado.
_Pelo que já pesquisei sobre festas de fantasmas, a sua está impecável, Sir Nicholas. _ disse Soraya _ Velas pretas que projetam luz azul, temperatura bastante baixa, a mesa com a comida deteriorada e o bolo negro com a dedicatória “Sir Nicholas de Mimsy-Porpington-Falecido em 31/10/1492”, uma orquestra... Não está faltando nada.
_Nem eu, Srta. Black! Boa noite! _ disse Pirraça, materializando-se na frente do grupo, repentinamente, reparando principalmente em Harry, de mãos dadas com Gina Weasley _ Como vão os filhotes de Marotos? Hein? Um Potter e uma Weasley? Garantia de confusão em dobro!
_Ora, ora, boa noite, Pirraça. _ disse Harry _ Gostaria de mais algumas horas agradáveis dentro de um globo de gelo especial para Poltergeists?

Lembrando-se de como a peça que tentara pregar em Harry no ano anterior voltara-se contra ele, o Poltergeist desordeiro tratou de ficar bem comportado.
_OK, Potter, você venceu. Nesta escola, entre os alunos que o velho Pirraça respeita estão os Marotos, os Weasley e suas crias.
_Talvez porque eles nunca tenham sido pegos em suas brincadeiras e ainda conseguiam revertê-las contra você, não é? _ disse uma voz tristonha.
_Murta! Você por aqui? _ perguntou Pirraça.
_De vez em quando é bom sair daquele banheiro. Ora, temos alunos vivos aqui, hoje? Harry Potter nos dá a honra de sua presença? _ disse o fantasma adolescente, que trajava vestes de aluna de Hogwarts.
_A honra é minha, Murta. Sir Nicholas é o Fantasma-Residente da minha Casa e nos convidou. Não poderia deixar de vir. _ disse Harry.
A fantasminha assombrava o banheiro feminino do segundo andar, não por acaso o menos freqüentado pelas alunas, já que Murta era conhecida por ser um raro caso de fantasma com Transtorno Bipolar e que, quando estava no extremo ou da depressão ou da mania, fazia uma “molhança” que deixava o banheiro quase que inundado.
Permaneceram na festa apenas pelo tempo suficiente para não demonstrarem descortesia, sendo que mesmo Sir Nicholas compreendera que o cheiro da comida deteriorada já estava começando a desagradar aos vivos. Então, os Inseparáveis despediram-se e começaram a subir em direção ao Salão Principal, para retirarem-se para as suas Casas com o restante dos alunos. Foi quando Harry novamente ouviu o sussurro gélido e cruel, que dizia palavras de morte, em tom assassino.
“_Finalmente, meu Mestre me ordenou que começasse a fazer minhas vítimas! E vou começar agora, essas mortes serão apenas as primeiras!!”

_Não! Seja o que for, vai tentar matar alguém! _ exclamou Harry, subindo as escadas em grande velocidade, em direção ao segundo andar, deixando perplexos os seus amigos _ Tenho de fazer alguma coisa para evitar!!

Os outros correram atrás dele, emparelhando com o bruxinho e percorrendo os corredores do segundo andar, até que chegaram a uma parede, em frente à qual havia uma enorme poça de água que refletia a luz das tochas e algo mais.
Na parede, estavam pintadas palavras com enormes letras vermelhas brilhantes, formando a seguinte frase:

“O HERDEIRO CONTINUARÁ SEU TRABALHO E SEUS INIMIGOS NÃO PODERÃO ESCAPAR. DA CÂMARA SECRETA SAIU O EMISSÁRIO DO EXPURGO E DO FIM DOS SANGUES-RUINS.”

E ainda havia outra coisa, uma figura ajoelhada no meio da poça de água, olhando para baixo, com os olhos arregalados.
Argus Filch, com Madame Nor-ra no colo. Ambos estavam duros e pareciam ter sido talhados em rocha.

Coincidentemente, a festa no Salão Principal havia terminado e os alunos começaram a dirigir-se para as Casas, a fim de uma boa noite de sono. Logo o corredor do segundo andar ficou cheio e todos viram a cena: Harry, Gina, Rony, Hermione, Soraya, Nereida e Algie, parados em frente àquela cena grotesca.

_Em nome de Merlin, o que houve? _ perguntou Neville, que não havia ido à festa dos fantasmas _ O que é aquilo?
_Que palavras são aquelas na parede? _ perguntou Luna, que também não quis descer às masmorras _ Câmara Secreta? A tal de Slytherin?
_Ei, aquele é Filch! _ exclamou Roger Davies _ O que houve com ele?
_Parece estar morto! _ exclamou Michael Corner.
_ “Seus inimigos não poderão escapar”... Seriam os inimigos do herdeiro de Slytherin? _ perguntou Pansy Parkinson _ Tomara que comecem mesmo a dar um fim nos Sangues-Ruins de Hogwarts... Ai, não me belisque, Draco! Só estou dizendo o que quase todo sonserino tem vontade de dizer!
_Mas o que foi que houve com Filch? _ perguntou Cedric Diggory.
_Perguntem ao Potter! Ele deve saber pois, certamente, foi ele quem deu um jeito no Sr. Filch! Outro dia mesmo, o próprio Filch disse a ele uma coisa bem esclarecedora!
_E o que pode ter sido essa “coisa bem esclarecedora” dita ao Sr. Potter, Sr. Jefferson Montague? _ uma voz firme e madura ouviu-se no meio da multidão. Montague voltou-se e deu de cara com Derek Mason _ Será que o senhor poderia nos dizer o resultado de suas bisbilhotices? Sim, pois é certo que o que quer que o senhor tenha ouvido, devia estar escondido e a xeretar a conversa alheia.
_Bem, Prof. Mason, está certo. Eu acabei ouvindo o que não devia, mas agora tenho de dizer, pois é importante. O Sr. Filch confidenciou a Harry Potter o fato de ser um “Aborto” e o Potter prometeu que guardaria segredo. Agora eu estou vendo a razão, ele queria era começar a livrar-se dos Sangues-Ruins e iniciou o serviço pelo Sr. Filch e sua gata. Ele deve ser o Herdeiro!
_Quanta besteira, Montague. _ disse Draco _ Acha que um aluno do segundo ano teria poder suficiente para fazer isso?
_O Sr. Malfoy está certo. _ disse Alvo Dumbledore, aproximando-se de onde estava a figura hirta de Filch _ Nem Harry Potter e nem nenhum dos seus amigos possui um nível de magia que permita enfeitiçar alguém dessa forma. Monitores, levem os alunos para suas Casas. Srs. Potter e Weasley, Srtas. Weasley, Granger, Snape e Black, vamos à sala do Sr. Mason, tentar descobrir o que houve com o Sr. Filch e saber por que não estavam na festa, com todos... sim, Sr. Longbottom?
_Duas coisas, Prof. Dumbledore. Primeiro, eu e Luna gostaríamos de acompanhar nossos amigos. Segundo, eles estavam na festa do Dia das Bruxas, só saíram para cumprimentarem Sir Nicholas pelo seu Aniversário de Morte, como haviam prometido a ele.
_Certo, certo. _ disse Dumbledore _ Mas isso nos remete a outros questionamentos, tipo...
_... Tipo, “por que não retornaram ao Salão Principal, para o final da festa e reunirem-se com o restante da turma?” _ ouviu-se a voz de Severo Snape, que aproximava-se do grupo _ Vamos, então, para a sala de Derek, tentar esclarecer o que aconteceu, inclusive porque minha filha também está metida nesse rolo. “Mobilicorpus”!
Com o feitiço de Snape, o corpo rígido de Argus Filch, com Madame Nor-ra no colo, foi levitado até a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas e examinado. Com uma enorme lupa, Dumbledore esquadrinhou cada centímetro da estranha “estátua” e, finalmente, deu seu parecer.
_Filch e Madame Nor-ra não estão mortos, mas petrificados. Uma magia fortíssima, realmente muitíssimo acima do nível de bruxos adultos, que dirá de alunos. Há vários feitiços que poderiam provocar tal estado.
_Tipo, por exemplo, o “Κακών Ομμα Πετρώσεως”, “Kakon Omma Petroseos”, ou “Mau-Olhado da Petrificação”. _ sugeriu Hermione _ Outro dia eu li sobre esse feitiço.
_Ou, também, o “Πνοή Πέτρας”, “Pnoe Petras”, ou “Sopro de Pedra”, Srta. Granger. _ disse Snape _ Lembro-me de que foi bastante utilizado, nos Dias Negros.
_Mas ainda há um outro bem mais forte, Severo. _ disse Derek, guardando a lupa que Dumbledore lhe passou _ O “Αιωνίων Πετρωσης”, “Aionion Petrosis”, ou “Petrificação Eterna”. Ele tem esse nome porque era extremamente difícil de reverter.
_Mas, novamente, a questão é: o que vocês foram fazer no corredor do segundo andar? _ perguntou Snape _ E bem naquele momento.
_Na verdade, Prof. Snape, eu ouvi um som meio diferente e corri para tentar ver o que era. E os outros foram atrás de mim. _ disse Harry.
_Que tipo de som, Sr. Potter?
_Não sei explicar muito bem, Prof. Snape.
_Talvez o corte de alguns privilégios ajude o senhor a descobrir. Que tal, por exemplo, deixá-lo de fora da equipe de Quadribol por algum tempo? Talvez possa servir para reavivar sua memória.
_Como se Filch tivesse sido atingido por um balaço ou coisa assim. Não seja ridículo, Severo. _ disse Minerva McGonnagall, que acabara de chegar à sala de Defesa Contra as Artes das Trevas _ A não ser que você esteja com medo de que, mesmo com as supervassouras da Sonserina, a Grifinória vença a partida desta temporada.
_OK, acho que exagerei. _ disse Snape, seu rosto habitualmente pálido agora levemente ruborizado _ Mas creio que devemos nos concentrar no que fazer para trazer o Sr. Filch e sua gata ao seu estado normal.
_Com licença, papai, acho que sei de algo. _ disse Nereida _ O senhor me disse, certa vez, que Tônico Restaurador de Mandrágoras pode reverter a maioria dos feitiços, inclusive os de petrificação.
_Bem lembrado, filha. _ disse Snape _ E vocês vão trabalhar com Mandrágoras, nas próximas semanas, nas aulas de Herbologia. Procurem trabalhar bem, para que elas fiquem bem sadias.
_E o tônico poderá ser potencializado com uma infusão do pó das Vagens-da-Capadócia que Harry e o senhor processaram, Prof. Snape. _ disse Soraya.
_Sim, Srta. Black. Então, será uma questão de tempo para que possamos recuperar o Sr. Filch e descobrir quem ou o que fez isso com ele.
_Existe a possibilidade de o responsável ser algum tipo de criatura das Trevas. Será que não seria útil alguma ajuda externa? _ sugeriu Luna _ Ouvi dizer que aquele caçador de criaturas das Trevas, Gilderoy Lockhart, permanecerá na Inglaterra por algum tempo, para divulgar seu livro mais recente.
_Toda ajuda é útil, Srta. Lovegood. _ disse Dumbledore _ Talvez eu deva mandar uma coruja para ele.
_Está pensando em convidar aquele pavão para investigar o caso, Diretor? Acha que ele é tudo aquilo que apregoa? _ perguntou Mason.
_Se ele não for, logo descobriremos, Derek. O fato é que não podemos deixar de contar com toda a ajuda que pudermos e ele não irá negar-se a um trabalho que aumentará a publicidade em torno dele. Bem, creio que podemos dispensar vocês, alunos. Vão direto para suas Casas e... bem, acho que será melhor serem acompanhados.
_Eu acompanho Nereida até a Sala Comunal da Sonserina. E vamos ter uma conversinha no caminho, minha filha. _ disse Snape.
_Eu vou com os da Grifinória. _ disse Minerva McGonnagall.
_E eu acompanho a Srta. Lovegood até as proximidades da Casa à qual minha mãe pertencia. _ disse Derek Mason. Sua mãe, Renata, havia sido da Casa Corvinal, um fenômeno do Quadribol, nos tempos de aluna.

Todos tomaram seus destinos, inclusive Dumbledore, que foi para seu gabinete, escrever uma carta que logo estava na perna de uma coruja, rumo a Londres e às mãos de Gilderoy Lockhart.
A coruja pousou na sacada de um apartamento em Prowse Place, no Borough (Distrito) de Camden, em Londres. O bruxo alto e loiro, vestindo um robe azul, retirou o pergaminho da perna da ave e leu o seu texto. Em seguida, pegou uma pena, um pergaminho e um tinteiro, logo escrevendo sua resposta, com letra elegantemente floreada e enviando-a, pela mesma coruja.
_O que está havendo, Gilderoy? _ ouviu-se uma voz feminina, sonolenta, vinda do meio dos lençóis de seda _ Que coruja era aquela? Não me diga que vai viajar pelo mundo caçando monstros, de novo?
_Nada de muito distante desta vez, Amy. _ disse Lockhart, retornando para a cama e deitando-se _ Um pedido do Diretor da minha escola, para ajudar em uma investigação.
_Onde vai ser, desta vez? _ perguntou Amy.
_Na própria escola, Hogwarts. _ respondeu Lockhart, abraçando a garota.
_Escócia? Bem, pelo menos não será muito longe.
_Calma, minha querida. Mesmo que tenha de ficar mais tempo por lá, mandarei corujas.
_E quando é que você vai partir?
_Amanhã de manhã, no trem das 11:00 h. Embarcarei, como sempre, na Plataforma 9 ½, em King’s Cross. Bem, acho que já vou deixar as coisas prontas para amanhã. “Fazer Malas”! _ com um gesto de varinha, as bagagens do bruxo arrumaram-se, sozinhas.
_Que inveja. _ disse Amy _ Quando vou me apresentar com o Tyler, fora da cidade, é sempre um transtorno arrumar a bagagem.
_Não vá arrumar confusão enquanto eu estiver fora, entendeu, garotinha? Afinal, qual é mesmo a sua idade? Pois eu não engoli direito essa história de que você já tem 18 anos.
_Isto você jamais saberá. _ disse a garota, mostrando-lhe a língua.

“Sinto que vou ter problemas. Esta garota parece que possui a palavra ‘Confusão’ tatuada na cara”, pensou Gilderoy Lockhart.
Ele nem imaginava o quanto estava certo. Os anos seguintes encarregar-se-iam de provar.


Na Sala Comunal da Grifinória, os bruxinhos tomavam uma última xícara de chá, antes de irem dormir.

_Mas o que foi que você ouviu, Harry? _ perguntou Neville.
_Não sei direito, Neville. _ respondeu Harry _ parecia um sussurro cruel. Nenhum de vocês ouviu ?
_Não. _ disse Gina.
_Nada. _ disseram Soraya e Algie.
_Nem um som sequer. _ responderam Rony e Hermione.

_Estranho, muito estranho. _ disse Harry _ Por que será que somente eu ouvi? Será que eu devo dizer ao Prof. Dumbledore ou ao Prof. Mason?
_Talvez seja melhor não dizer nada, por enquanto. _ disse Algie.
_Seu irmão está certo, Harry. _ disse Rony _ É melhor que isso fique entre nós, por enquanto.
_Sim. Seja entre os trouxas, seja entre os bruxos, ouvir vozes não é um sinal dos melhores. _ disse Hermione _ E ainda há aquelas palavras, pintadas na parede. “Da Câmara Secreta saiu o emissário do expurgo e do fim dos Sangues-Ruins.”
_Seria a lenda da Câmara Secreta de Slytherin, cumprindo-se, depois de todos esses anos? _ perguntou Gina, sonolenta, tentando reprimir um bocejo, sem sucesso.
_Até pode ser. _ respondeu Soraya, também bocejando _ Mas será melhor pensarmos nisso amanhã, pois acho que o sono está começando a pegar. Deve haver alguma coisa sobre o assunto, na Biblioteca.
_Deixem com a “Traça-de-Livros” aqui. _ disse Hermione _ Estou certa de que há algo sobre a lenda, em um dos volumes de “Hogwarts, Uma História”.Amanhã vou à Biblioteca, logo cedo, falar com Madame Pince e retirar um exemplar.
_Ela deve estar triste pelo que houve com o Filch. Tenha jeito ao falar com ela. _ disse Harry _ Bem, vamos dormir, então.

Subiram para os dormitórios, com os acontecimentos ainda frescos na memória. Todos achavam que havia confusão vindo pela frente.


E estavam mais do que certos. Confusão e muito perigo, com o mal procurando levantar-se, novamente.

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