Milhas e milhas distante...



“Longe de casa


Há mais de uma semana


Há milhas e milhas distante...


Não sei porque


Que eu fui dizer


Bye! Bye!...”


(Planta e Raiz – A dois passos do paraíso)


 


“Sempre que tiver um dia ruim, saiba que alguém lá fora está tendo um ainda pior. Então, pare e concentre-se nas coisas boas”. Por mais que tentasse encontrar conforto nas palavras da mãe, João Pedro era obrigado a reconhecer que, ultimamente, estava léguas distante de algum tipo de sorte. Em menos de três meses, descobrira que a mãe estava grávida novamente, e que a gestação, pela complicação, afastaria a mãe de seu emprego como preparadora física no centro esportivo do Flamengo muito mais cedo do que o esperado. O que representou um rombo no orçamento, já apertado, da família Black, ou melhor, daquela parte a deriva do tradicional clã inglês.


Sirius Black, em uma breve passagem pelo país tropical, encantou a primeira vista pela carioca, Ana Luisa Andrade. O que não passaria de um namoro fugaz resultou em um bebê pouco mais de um ano depois do primeiro encontro. Avisado da paternidade, Sirius regressou imediatamente para terras tupiniquins e aqui, fixou residência e família. Agora, 16 anos após, estava desesperado. Havia acabado de abandonar o emprego como funcionário publico para dedicar-se integralmente a sua vocação: arquitetura. Atualmente, trabalhava em uma empreiteira que dava seus primeiros passos. A saída foi submeter-se a uma jornada dupla, como taxista noturno, para levar um dinheiro extra para casa.


O filho, João Pedro, cursando o 2º ano do ensino médio e jogando nas categorias de base do time Madureira, pouco podia fazer para aliviar a crise que recaia sobre eles. Foi nesse ponto que o drama pessoal do jovem atleta começara. Procurado por um empresário britânico, ele recebeu a proposta de jogar para um clube da segunda divisão inglesa. Foi assegurado que ele continuaria estudando, teria suas despesas pagas pelo time e ainda contaria com uma ajuda mensal. Contudo, já dizia o ditado... “Quando a esmola é demais...”


Quarenta e cinco dias foi o máximo suportado pelo brasileiro. Quando estava pronto para jogar tudo para alto e voltar para casa, o técnico do time da escola de Torquay entra em contato, convidando-o a integrar sua equipe. A cidadezinha litorânea não possuía mais do que 30 mil habitantes e era a morada de Remo Lupin e de outros parentes do rapaz. Ele aceita a proposta e passaria a morar com o então padrinho e antigo amigo de Sirius, Remo.


“Sempre que tiver um dia ruim, saiba que alguém lá fora está tendo um ainda pior. Então, pare e concentre-se nas coisas boas”. Realmente, sua mãe tinha alguma razão, chegara a conclusão João Pedro, quando seu trem chegou a Torquay. Mesmo se ali não fosse o lugar mais indicado para ganhar destaque nos gramados, ao menos, não seria um peso para seus pais.


Pais... Era um luxo que os irmãos Winchester não tinham mais ao seu alcance. Estatelado no chão da casa das Summers, o mais velho, Dean não cansava-se de tirar sarro do caçula, Sam, por mais uma derrota vergonhosa para a filha natural de Joyce e irmã de criação e afeição dos dois, Dawn, em um jogo de videogame. Revoltado, Sam dispara palavras nada delicadas para o irmão, provocando gargalhadas desenfreadas nos dois jovens e uma bronca da matriarca, Joyce Summers.


_ Dean, levanta já daí e vai buscar a Buffy no restaurante, agora! – ainda rindo, ele coloca-se prontamente a caminho – E as duas criancinhas poderiam fazer o favor de organizar essa bagunça? – ela engrossa para cima dos dois adolescentes.


_ Pra que, mãe? Pelo que a senhora falou dele... A gente vai acabar desorganizando tudo de novo mesmo! – dispara Dawn.


_ E eu ainda me dou ao trabalho de parar e ouvir vocês dois! – reclama Joyce, fazendo com que os dois desatassem a rir.


Vencida, Joyce retorna aos seus afazeres domésticos. Uma breve olhada para o relógio e o um pequeno sorriso toma sua face. Faltava pouco para que afilhado de seu vizinho e grande amigo, Remo Lupin, chegasse e ela fazia questão de recepcioná-lo com uma mesa farta e caprichada. Sabendo que o menino, no caso João Pedro, teria aproximadamente a mesma idade de Sam e Dawn já considerava que sua família aumentaria. De bom grado o fato de ter mais alguém correndo e “bagunçando” sua residência invade seus pensamentos. Fora exatamente essa sensação que tivera ao acolher os irmãos Winchester.


Morando na mesma rua que os dois garotos, ela obteve uma visão privilegiada da decadência daquele lar. Primeiro, Mary, mãe dos garotos, arrumou as malas e regressou ao México, pouco meses depois das primeiras palavras de Sam. O pai, John Winchester, perdeu totalmente o controle de sua vida. A separação foi sua ruína e, conseqüentemente, de seus filhos. A queda de mecânico a desempregado e alcoólatra foi meteórica e a situação piorou ao aceitar participar de pequenos trambiques. De mero “picareta” alcançou a alcunha de procurado federal e em uma manhã, simplesmente, não mais apareceu. Dean, contabilizando 12 anos – o dobro da idade de Sam – ainda o esperou por quase uma semana até, finalmente, dar adeus ao passado e abraçar com todas as forças a mulher que, por escolha própria, oferecia muito mais do que um teto oferecia-lhes um lar. John Winchester regressaria, posteriormente, cedendo extra-oficialmente a guarda de seus filhos a Joyce. Atualmente, o contato escasso por parte paterna dar-se-ia em raros e rápidos telefonemas, vagos e-mails e através de cartas saudosistas a Mary Garcia tentava resgatar a idéia de que um dia ambos tiveram uma mãe.


_ Você está atrasado! – protesta Buffy abrindo a porta do carro de seu namorado Dean Winchester.


_ Ta atrasado! – resmunga o mais velho dos Winchester – Oi pra você também, namorada! – a jovem fecha a porta e sorri da gracinha – Você está a cada dia mais parecida com a sua mãe, sabia? – ele dispara por fim.


_ Eu considero isso um elogio ou uma ofensa? – ela questiona já acomodada no banco do passageiro.


_ Considere como uma observação. Então, muito trabalho essa noite? – Dean pergunta com relação ao movimento do restaurante de Alan Lovegood, que empregava a moça nos finais de semana.


_ Não. Hoje, o restaurante estava fechado para uma recepção promovida pelo Lucio Malfoy... Falando nisso, a mãe comentou porque que não veio? – questiona a jovem.


Joyce Summers poderia não ser mais do que uma simples contadora aos olhos dos demais empregados da investidora de Lucio, contudo, em verdade, em verdade, devido a sábios e concisos conselhos dadas por Joyce Summers há pouco tempo, no que ficou marcado para o mundo como a “crise financeira”, ela fora informalmente promovida a consultora empresarial da companhia. Maior carga horária, maior responsabilidade e, claro, maior remuneração o que significou uma maior tranqüilidade para o cotidiano da “grande família” Summers e a ida de Sam para o mesmo colégio que Dawn. Antes, o rapaz fazia questão de contribuir e era empregado em meio período na oficina de restauração de carros, aonde seu irmão também trabalha. Agora, Sam tinha a “regalia” de dedicar-se de segunda a sexta totalmente aos estudos e o oficio ficara restrito ao seu tempo livre, ou seja, o tempo passado a léguas do colégio.


_ Você não tem a mínima idéia do motivo? – Dean sorri.


_ Ah... É! O afilhado do professor Lupin... Ele já chegou?


Estar sentada em um sofá em plena noite de sexta-feira não era exatamente o passatempo planejado por Brooke Davis. Todavia, há cerca de três meses as suas noites, dias e tardes estavam bem atípicas. O fato de ter topado o tímido pedido de namoro de seu colega de classe, Harry Potter, fora o estopim benigno de toda a metamorfose. Nada mais de festas extravagantes, ressacas morais e colossais nas manhãs de segunda-feira e, realmente, nada mesmo de sair por ai beijando outros caras. Estranho, todavia, era inegável que ela estava gostando dessa sua fase “comportada” e sossegada. O braço de Harry parecia já estar completamente ajustado aos seus ombros e a sensação do abraço conhecido e carinhoso a traz novamente ao presente. Lílian Potter havia perguntado alguma a ela sobre o novo filme de sua mãe, a atriz Victoria Davis, e o tempo que passaria fora de Torquay. Outra novidade. Conviver com uma mãe, uma mãe de verdade, e ser tratada com carinho pela própria. Namorar poderia ter seus instantes de monotonia ou tédio, porém, esses lapsos eram um preço justo a pagar por todos os benefícios que um relacionamento proporcionava.


Algum comentário sobre fama oriundo da melhor amiga de seu “garoto”, Hermione Granger e três audíveis batidas na porta. O marasmo, ao menos momentâneo, estava finalizando. Harry pula do sofá e desloca-se para receber os nada surpreendentes visitantes.


Ronald e Gina Weasley adentram a casa dos Potters sem qualquer cerimônia. O garoto, emburrado sabe lá Deus o motivo, divide, como sempre, o sofá com Hermione e apesar dos protestos femininos, Brooke sorri internamente ao presumir o dia em que a dupla dinâmica assumiria o romance que o mundo já dava como concreto.   


_ Que demora, hein! – reclama Hermione.


_ É que diferentes de vocês – Ron enche a boca para pronunciar as próximas sentenças – eu tenho uma coisinha que se chama: E-M-P-R-E-G-O! E outra conhecida como patrão... E depende única e exclusivamente dele... O meu horário! – fala o garoto todo pomposo de si.


_ Como choraminga esse meu irmão. – todos caem na gargalhada, Ron fecha a cara – Quem escuta pensa que você é explorado diariamente. E...Bom... Hoje nem foi tanta gente assim... Essa noite o restaurante tava reservado só para uma janta da empresa do pai do Draco. – explica Gina.


_ Tanta gente... Tanta gente só pra você mesmo que ficava ali na frente recepcionando. Caramba, foi a maior trabalheira servir aquele pessoal. Eu to morto! – dramatiza Ron, ao mesmo tempo em que, inconscientemente, se espreguiça e deita-se no colo da melhor amiga.


_ Bom... Boa noite a todos! E por favor, crianças, se comportem! – brinca Lílian ao retirar-se para o quarto.


_ Fica tranqüila, mãe! A gente vai ver um filme... Não produzir um! – responde a altura o filho.


Lílian revira os olhos e despede-se novamente.


_ A minha mãe tenta disfarçar, mas eu sei que ela está assim preocupada porque o meu pai ainda não voltou da estação. – justifica Harry, enquanto coloca o dvd escolhido no aparelho.


_ Deveríamos estar esperando alguém? – manifesta-se timidamente Brooke.


_ Ah...Não exatamente nós, - gesticula Harry – talvez a Gina. – ninguém entende – É que assim... Meu pai foi com o nosso novo professor... O Remo Lupin, sabem? – todos acenam positivamente – receber o filho de um amigo deles. Esse cara... É afilhado do Lupin e...


_ Ah! O primo do Draco! – interrompe Gina, pasmando a todos – João Pedro Black, não é? – Harry confirma – Hum. É... Er... O Draco me falou...Hãn... Hoje...No restaurante. – fala Gina, corada, já que o filho dos Malfoy não era exatamente amigo dos seus amigos.


_ Não sei o que mais me deixa surpresa. Se é o fato de você – apontando para Ginevra – de conversinhas com o Malfoy ou o de você – referindo-se a Ron – não ter impedido isso.


_ Não que eu tenha soltado fogos pelos dois terem ficado de papinho por horas, mas eu estava ocupado demais para me preocupar com aquele idiota do Draco. – releva Rony, dando claros sinais de sonolência.


_ Ele não é tão ruim assim... Digo, depois que você se acostuma com aquele jeito de rebelde sem causa, ele até que é...Suportável. – define Brooke, arrancando risos de todos.


_ Enfim, esse primo do Malfoy, que eu ESPERO que não tenha herdado os mesmo genes, deve chegar daqui a pouco... E, bem... O meu pai e o Remo foram buscá-lo na estação. E, para esclarecer, ele vai estudar no nosso colégio... Na mesma série que você, Gina. – Harry coloca os pontos nos “is”.


_ Ele é gato? – dispara Gina.


_ Você não ta me perguntando justamente isso, né? – indigna-se Harry.


_ Eu só vi algumas fotos, mas... Sim, ele é muito gato! – confirma Brooke, recebendo uma olhada nada amistosa do namorado.


_ Ei! – repreende Harry – Eu vou lembrar disso na nossa próxima briga! – as garotam riem, Brooke releva as ameaças e beija a bochecha do “revoltado” – Declarações surpreendentes a parte, eu acho que a vinda desse João Pedro vai ser dez! Quero dizer... – trata de se explicar – Pro time da escola... Ron, o cara é brasileiro e joga muito!


_ Será que ele fica aqui até o final da temporada? Digo... Do ano? – perde-se Ron.


_ Acho que sim. Pelo o que o Remo contou, ele quer se formar aqui. Na verdade, ele queria era tentar carreira por aqui... No futebol mesmo.


_ Um craque, então? – debocha o irmão de Gina.


_ Craque, fenômeno ou perna-de-pau... Vocês podem deixar essas discussões tão interessantes para depois? Porque, eu gostaria de ver esse bendito filme ainda nesse final de semana! – explode Hermione pela conversa sem fim.


_ Tava demorando mesmo... Mas, ta... O que a gente vai ver? - complica Ronald.


_ Como se você fosse assistir alguma coisa além dos primeiros dez minutos. – critica Hermione, aplicando-lhe um leve beliscão.


O garoto implica. A garota replica. Os outros seguram, como podem, as gargalhadas.


_ Você tem certeza que esses dois não andam se agarrando por ai!?! – Brooke fala ao pé do ouvido do namorado.


_ Tenho, tenho sim! Pelo menos, por enquanto! – responde Harry, sorrindo ainda mais.


Tudo bem. Tudo bem? Desde quando nos últimos meses, estava tudo bem para ele? Bem, nas ultimas 2 horas parecia que a má sorte havia decretado sua trégua e ele pudera voltar a respirar. Fora recepcionado por seu padrinho, Remo Lupin, e um amigo de seu pai, Tiago Potter. Agora, estava a caminho da residência do padrinho, quer dizer, para a casa de uma vizinha em que estava sendo aguardado para uma pequena janta. Tudo bem, tudo bom demais... E quando a esmola é demais... Todo o brasileiro desconfia. Será!?!


João Pedro Black não foi capaz de dar mais do que três passos na residência de Joyce Summers sem ter o peso da mala extraviado de sua mão e de vários braços e abraços o apertarem por minutos a fio. Numa confusão repentina e extremamente ligeira, ele fora apresentado a nova vizinhança. A refeição, simples e deliciosa, foi terminada e por mais que ele insistisse foi dispensado dos serviços domésticos. Joyce e Remo se responsabilizariam pela louça suja. Enquanto isso, pode perceber uma tensão afetiva discordante oriundo dos quase adultos: Dean e Buffy. A moça levantara-se da mesa informando a todos que se recolheria ao seu quarto e não fora nada sutil a disparada do mais velho dos Winchester atrás dela.


_ Já Buffy? Você nem tem aula amanhã na faculdade... – suplica Dean.


_ Aula, eu não tenho mesmo. Mas, tenho monitoria! – ela enlaça o pescoço dele – Será que eu descolo uma carona até o campus na primeira hora de amanhã? – ela pede, meigamente.


_ E eu posso saber qual das 24 horas do dia de amanhã você vai dedicar ao seu namorado? – fala Dean, visivelmente aborrecido.


_ Você está tão carente ultimamente, Dean Winchester! – ela brinca – Vai trabalhar até que horas amanhã, namorado?


_ Não sei direito... Acho que até o meio-dia. – ele conta desmotivado.


_ Então, passa na faculdade depois... A gente pode almoçar juntos e bem, eu soube que um certo acadêmico de engenharia mecânica anda com dificuldades... Sabe alguma coisa a respeito? – ela questiona marota.


_ Aula particular, é? – ele sorri maliciosamente.


_ Aula sim, certo? E pode desfazendo esse sorrisinho de cafajeste!– um beijo mais profundo acontece – Já vai dormir também?


_ Não, eu teria que ir pra cama sozinho mesmo... – Dean faz cara de poucos amigos, Buffy cora pela declaração – Vou ficar mais um pouco aqui com a molecada jogando.


_ O que você achou do afilhado do Lupin? – quer saber a namorada.


_ Não faz muito o meu tipo! – ele ri, ela estapeia de leve o braço dele – Parece ser um garoto bacana. Não vejo problemas em tê-lo por perto da nossa família. 


_ É, eu também o achei um bom garoto. Boa noite, então! – outro beijo e se ela finalmente se dirige ao quarto, Dean retorna a sala.


_ Ta levando goleada até mesmo do novato? – fala Dean cornetiando por seu irmão estar perdendo de muito para o brasileiro em um jogo de futebol.


_ Sinceramente, Sam, você é a ovelha negra dessa família! – Dawn faz volume ao coro de insatisfeitos pela horrenda atuação do caçula dos Winchester.


_ Calem a boca vocês dois! – diz emburrado Sam, jogando o controle para seu irmão.


_ Quem é o próximo? – desdenha João Pedro, confiante pela goleada recém-aplicada.


Houve resposta a implicância do filho de Sirius Black, houve outras tantas partidas, outras tantas risadas e quase brigas. Ao terminaram de organizar a cozinha, Joyce e Remo despedem-se dos adolescentes, quase inutilmente, já que a toda atenção estava voltada para o vídeo-game.


_ E essa é apenas a primeira noite, não é? – avalia o professor Remo Lupin.  


 


 


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Bem, espero que vocês tenham gostado! É sim, apenas a primeira de muitas e muitas noites do nosso conterraneo João Pedro Black em solo inglês. Daqui por diante personagens tradicionais do mundo de Jk Rowling, como Draco, Luna, terão mais destaque. Claro já descrevi, Harry, Hermione e Rony nutrem certa implicância para com Draco. Isso terá uma dimensão um pouco menor do que a mostrada nos livros, tanto que Lucio e Narcisa não serão tão vilões assim. O próximo capitulo virá em breve, espero comentários, opiniões, sugestões! Até mais!


Ah e quem quiser... Eu tenho um blog de noticias que atualizo diariamente:


www.cronicapopular.blogspot.com

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