Pedras na Janela



n/a: não me orgulho desse capítulo, again .-. na minha opinião, acho que ficou meio enrolado, e como eu faço uma revisão só por cima… :/ eu tenho um problema em fazer fics que não são shorts: falta de criatividade e ânimo pra escrever. Então vou acabar reduzindo essa mais do que eu esperava, tanto que o próximo já é o último capítulo, e ainda estou pensando se faço ou não um epilogo. Mas acho que pelo menos não demorei a postar, né? Eu entro em férias e perco totalmente a noção do tempo, tanto que mal sei que ia é hoje :D’



Carolzinha Gregol: eu ri mesmo, q. mas te entendo, eu sou uma chorona de carteirinha, mas não espalhe ;x aai, essa era bem minha intenção quanto aos pais deles *-* na verdade não é que ele não se importe, mas ele percebeu que não vale a pena fazer os dois sofrerem por algo que eles não tem nada a ver. AAH, obrigada *0* demorei? :D logo logo vai ficar sabendo como as coisas vão ficar ^^


Luna -: obrigada *-* postado (:


Fê Black Potter: eu queria viver numa fic (?) auhauahuahuha. Own, obrigada mesmo *-* espero mesmo que goste desse também, mesmo que eu não esteja tão confiante :s


Jor Black: o pai do James é muito mais legal! Uahauahuaha. Tendo um que apóie a coisa fica melhor mesmo (?) postei o/


Bianca Evans: eu acho eles lindos e perfeitos em qualquer época *-* me veio na cabeça agora eles com roupas de astronauta, flutuando no espaço, q. obrigada amrr *-* tomara que goste desse aqui também (:






Capítulo 5 – Pedras na Janela.


Já havia se passado duas semanas desde seu desastroso aniversário. Lily mal saía do quarto e não queria falar com ninguém que não fosse a ama, ou Scarllet. Fabian Prewett havia ido a ver durante a semana, mas ela trancou a porta do quarto e não respondeu. Seu pai não havia nem tentado falar com ela. E Scarllet estava ficando louca. Dessa vez ela quem foi passar uns dias na casa da amiga, e estava servindo de ponte de comunicação entre o quarto e o resto da casa.


- Você tem que sair um pouco daqui, Lily. – Scarllet falou calmamente a amiga, que não havia levantado da cama ainda, mesmo já sendo a hora do almoço. – Tem que fazer as pazes com seu pai, quem sabe vocês conversam e se acertam.


- De que adiantaria? Ele já deixou bem claro o que quer. – Lily falou num suspiro. Haviam dias que não ouvia falar em James. Ele não aparecera, nem mandara recado algum, e com o passar dos dias a esperança que ela tinha conseguido criar, foi indo embora aos poucos, até restar apenas a solidão. – E acho que James desistiu de tentar. – fungou. Já não tinha mais lágrimas para chorar.


- É claro que ele não desistiu. James deve estar pensando em algo, ele não vai deixar você assim. – Scarllet acariciou os cabelos da ruiva.


- Eu queria ter toda essa certeza, mas a cada dia que passa parece mais impossível…


Lily estava abatida demais, e isso preocupava a todos, até a seu pai, mesmo que se mantivesse firme em sua decisão.


Ela mesma já não se reconhecia mais. Onde estava aquela garota forte que enfrentava tudo com a cabeça erguida e sem medo? Chegou a conclusão que era tudo culpa do amor. Maldito amor esse que acaba com a vida das pessoas. A coisa em que mais pensava era fugir dali, ir para bem longe e nunca mais voltar, fazer o que bem entendesse da vida. Tinha quase certeza de que Prewett estava por desistir dela. Ele era uma boa pessoa, mesmo que muito devagar para entender o que ela queria.


- Deve ser o almoço. – Scarllet falou assim que alguém bateu a porta.


- Não quero comer. – Lily se afundou mais ainda na cama.


- Deixe de ser idiota! – Scarllet resmungou e abriu a porta, contendo uma exclamação de susto ao ver quem estava parado ali. Fabian Prewett, parecendo tão cansado quanto ela estava, com as mãos nas costas. – Acho que ela não quer falar com ninguém. – disse em tom monótono. Já perdera a conta de quantas vezes havia falado essa mesma frase.


- Ela não precisa falar, desde que me ouça. – ele falou determinado, e entrou no quarto sem pedir permissão, sentando em uma cadeira perto da cama. – Eu gostaria de ficar a sós com ela, se não se importar.


Nesse momento Lily levantou a cabeça, e então sentou na cama. Acenou em consentimento para Scar, que revirou os olhos e saiu do quarto. Na falou nada, apenas esperou que ele falasse.


- Para você. – Fabian disse simplesmente, mostrando um rosa amarela que segurava nas costas, e a largando no colo de Lily. – Eu vim para dizer que entendo você. – continuou falando no que ela remexeu a rosa. – Sei como é gostar de alguém e não poder ficar com essa pessoa, por isso eu retiro meu pedido de sair com você com intenção de casamento, e espero que possamos ser apenas amigos. Também quero que você saiba que tem o meu apoio para fazer o que quiser… por mais estúpido que possa parecer. Mas fique sabendo que sempre estarei aqui, esperando chegar o dia em que você se arrependa dessa decisão e precise de mim.


- Não vou me arrepender. – ela murmurou, agora segurando a rosa firmemente. – Eu sinto muito Fabian, não queria que você passasse por isso.


- Não se incomode com isso. – ele sorriu tristemente. – Me preocupo demais com o seu bem estar, e espero que isso ajude você a se sentir melhor. – puxou do bolso um pequeno envelope lacrado. – Não foi ele quem me entregou, mas sei que é dele. Como está endereçado a você, não me atrevi a abrir.


Entregou a ela o envelope, se levantou, beijou demoradamente sua testa, e então saiu do quarto sem dizer mais nada.


Lily ficou olhando para o seu nome escrito no papel. Não conhecia aquela letra, mas tinha certeza de quem era. Um sorriso iluminou sua face, o primeiro em vários dias, mas logo se apagou. Ali poderia estar escrito que eles nunca mais se veriam, que foi tudo um grande erro, um grande besteira, ou uma brincadeira dele. Seus olhos arderam só em pensar nisso.


- Lily? – Scar apareceu a porta, e entrou, sentando onde Prewett estava antes. – Ele parecia arrasado. O que aconteceu?


Ela contou rapidamente o que Fabian havia dito, e então falou da carta e de todo o seu receio.


- Abra. Eu vou estar aqui para você, não importa o que esteja escrito. – Scarllet sorriu docemente para ela. Lily fez o que a outra havia dito. Era um bilhete curto, e parecia ser escrito rapidamente pela letra puxada.


“Vou cumprir com minha palavra. O que mais quero é estar com você. JP”


Ela não poderia estar mais feliz, era como se os dias passassem a existir novamente, e o ar voltar a entrar em seus pulmões. Ele não desistira dela. Eles ficariam juntos, ela se sentia encher de esperanças de novo. Esperanças essas que não sumiriam tão facilmente agora. Passou o bilhete a Scar, que sorriu quase tanto quanto ela ao ler.


- Nós vamos conseguir. – disse com os olhos brilhando, e pela primeira vez nessas duas semanas ela levantou da cama, colocou uma roupa limpa e desceu para almoçar com seu pai.


Raoul apenas sorriu desconfiado para ela, que estava mais do que radiante e bem humorada. Ele não fazia idéia do porque, e também não sabia que Fabian havia passado por lá e falado com ela, então ele entendeu como se ela finalmente tivesse aceitado seu destino.






 


- Boa noite Lily. – Scarllet fala quando elas deitam para dormir.



- Boa noite Scar. – Lily responde de volta. A outra dormiu na mesma hora em que encostou a cabeça no travesseiro, já a ruiva não sentia sono. Só pensava no bilhete e em como fariam para que tudo desse certo.


Caminhou até a janela e ficou olhando a lua. Já haviam dias que não fazia isso, e sentiu como se fizesse anos que não via a lua tão bonita assim. Sorriu tanto o dia todo que suas bochechas estavam marcadas com as dobrinhas nos cantos. Seu cabelo estava preso em uma trança para o lado. A noite parecia calma, mas suspirou ao ver um dos guardas que seu pai contratou passar pelo jardim. Como ela fora idiota ao pensar que ele os tiraria dali durante a noite. Como se ela fosse fugir…


Escorou a testa no vidro e fechou os olhos. Não sentia um pingo de sono, e se tentasse dormir certamente não conseguiria, não interessa o quanto tentasse. Abriu os olhos, andou em direção a sua penteadeira e ficou parada se olhando. Seu rosto parecia cansado. Claro, não havia dormido direito nas últimas noites. Sentou na cadeira e desfez a trança, para refazê-la novamente, mesmo que antes ela estive perfeita.


Foi então que ouviu algo bater contra sua janela, e se virou rápido. Não tinha nada ali, ela deveria estar imaginando coisas. Deu de ombros e voltou a trabalhar em sua trança. Mais uma vez o mesmo barulho, mas dessa vez mais alto. Repetiu o ato de antes e ficou observando a janela, ainda sentada na cadeira. De novo o barulho, mas desta vez ela viu algo pequeno batendo no vidro. Sua primeira reação foi medo. Porque estariam atirando pedras em sua janela? Cuidadosamente andou até a parede, e espiou pelo canto. Não viu nada, nem os guardas. Deu um passo para o lado para poder olhar melhor, totalmente de frente para fora. Viu alguém sair detrás de uma árvore e mirar o braço para sua janela. Quando a pessoa a viu parou no ato, e então acenou. Lily apertou os olhos para ver melhor e seu coração acelerou muito ao ver que era James Potter parado lá embaixo, fazendo sinal para que ela descesse. Mais adiante pode ver a Ama sorrindo para ela.


Não pensou duas vezes. Jogou uma capa para o frio por cima da camisola, saiu do quarto e andou pé ante pé até o andar de baixo, abriu a porta da sala para a rua sem fazer ruídos, e então atravessou rapidamente o gramado até a árvore onde James estava.


- Pensei que nunca mais fosse ver você! – Lily murmura o abraçando fortemente pelo pescoço.


- Eu disse que voltaria. – ele beijou o lado de sua cabeça, se afastou o suficiente para ver seu rosto. Seus olhos verdes brilhavam como nunca, ele podia ver isso mesmo que estivessem apenas com a luz da lua sobre eles. – Venha. – a puxou pela mão. Eles correram por alguns minutos, até encontrarem um cavalo negro parado do lado de fora do portão. James a ajudou a montar e subiu atrás dela.


- Vai me seqüestrar? – ela riu notando que gostaria dessa idéia.


- Embora eu tenha vontade, não. – ele também riu. – Eu precisava ver você. Essas foram as duas semanas mais longas da minha vida.


- As minhas também. – Lily estava sentada de lado no cavalo, deitou sua cabeça do ombro do rapaz e fechou os olhos. Sentiu como se agora finalmente pudesse dormir tranqüila.


Cavalgaram por vários minutos, que pareceram passar em poucos segundos. Chegaram em uma área aberta, como uma clareira perto de uma floresta. Ele a ajudou a descer do animal, o amarrou em uma árvore, estendeu um pano no chão, e sentou, a convidando para sentar também.


 - Eu lembro que você gosta de observar a noite, e aqui é um lugar que eu gosto muito. Descobri essa clareira há alguns anos enquanto cavalgava perdidamente. – James falou passando o braço por sobre os ombros dela. Lily se aconchegou mais sobre seu abraço.


- É lindo aqui. – ela não conseguia tirar os olhos da lua, que agora parecia sorrir abertamente para eles.


- Gosto de vir aqui para pensar. – James comentou olhando o céu.


- Dá a impressão de não existirem problemas. – Lily sorri para a lua. Era exatamente tudo o que eles precisavam, um lugar onde pudessem ficar apenas os dois, sem mais ninguém para incomodá-los. Não sabem quanto tempo ao certo ficaram ali, juntos, sentados sob as estrelas, apreciando a companhia um do outros, mas quando James recomeçou a falar, foi sobre algo que martelava a cabeça de Lily desde que chegaram lá.


- Falei com meu pai sobre nós… - James começo e deixou no ar.


- O que ele disse? – pergunta agarrando o braço dele com mais força.


- Não sei você vai acreditar... – ele riu. – Mas ele parece que… gostou. – falou parecendo achar confuso o que dizia. Ela o olhou com os olhos arregalados.


- Como assim?


- Primeiro ele fez cara feia e perguntou se eu estava ficando louco. – James torceu o nariz. – Eu disse que sim, estava ficando louco por você. – Lily sorriu. – E também disse que mesmo que ele não apoiasse, eu iria atrás de você, custe o que custar. Foi quando ele pareceu pensar um pouco mais, suspirou e disse que até que essa não era uma idéia de todo ruim. Que já estava na hora mesmo dessa rixa acabar.


- Porque meu pai não pode ser igual ao seu?


- Eu não esperava que ele reagisse assim. – James riu. – Pensei que ele fosse ser igual ao seu pai, ou até mesmo pior.


- Parece que nossos pais resolveram nos surpreender ultimamente… - Lily murmurou. – Fabian Prewett foi falar comigo hoje a tarde.


- O que ele queria? – James pergunta com os olhos apertados.


- Dizer que me entende, que eu e ele nunca seriamos felizes se eu fosse forçada a fazer algo, e retirou o pedido de me ver. – agora eles sorriam. – E também me entregar o seu bilhete.


- Foi para ele que Sirius disse se uma fonte confiável? – ele pergunta impressionado. – Não sabia que seria para Prewett que Sirius entregaria.


- Pode ter sido ai que Fabian percebeu pela última vez que eu pertenço a você, e não há nada que possa ser feito para desfazer isso.


James apenas concordou, e virou o rosto para ela. Lily o olhava com calma e carinho, e ele estava sentindo falta disso. Antes que pudessem perceber, seus lábios já estavam colados em um beijo doce e calmo, sem a precisarem se preocupar se alguém os encontraria, sem ter medo de serem pegos juntos.


- Eu poderia ficar aqui para sempre. – ele murmurou, ainda olhos fechados, quando se separaram.


- Eu também. – ela falou no mesmo tom. – Mas acho que seria bom se voltássemos. – acrescentou ao ver que a lua já estava bem baixa.


- Não quero. – ele falou manhoso, deitando para trás e a puxando sobre seu peito.


- James! – Lily ria. – Eu falo sério! Nunca quis tanto ficar em um lugar como quero agora, mas ainda quero ter minha cabeça amanhã! – falou deitando a cabeça sobre o peito dele.


- Eu te amo. – foi o que ele respondeu. Lily apoiou o queixo sobre ele e ficou o olhando, sorrindo.


- Eu também te amo. – ela disse, e ele puxou seu rosto mais uma vez de encontro ao dele.






Ela entrou silenciosamente no quarto. Scarllet ainda dormia profundamente, ela andava cansada ultimamente, e Lily se sentiu culpada, a amiga praticamente só se ocupava em cuidar dela. Estava na hora de fazer algo para agradecer a ela. Mal colocou os pés no quarto, e deu meia volta, direto para a cozinha.



 


O sol já estava nascendo, conseqüentemente os empregados já estavam acordados preparando o café. Não foi difícil localizar a Ama no meio deles. Ela era a menor e mais mandona de todos. Lily não pôde deixar de rir ao notar a pequena Ama dando ordens na cozinha.


- Lily, acordada tão cedo? – exclamou ao vê-la na cozinha.


- Eu vi você perto dele ontem a noite. – Lily sussurrou e sorriu.


- Alguem tem que dar um jeito de sumir com aqueles guardas para que aminha pequena protegida pudesse encontrar com seu amado. – a Ama falou também baixo, a abraçando.


- Obrigada. – Lily agradeceu sincera. – Ama, eu vim ajudá-la com o café.


- Fico feliz que tenha acordado de bom humor, mas eu posso fazer tudo sozinha. – puderam ouvir as reclamações dos demais empregados, “como assim sozinha?”. – Vocês me entenderam. – ela revirou os olhos para eles.


- Mas eu quero Ama, quero pelo menos levar algo pra Scar. Ela tem estado bastante cansada ultimamente por minha causa, e quero agradecê-la. – Lily explicou, a culpa tomando conta de sua voz.


- Hm… acho que posso ajudar com isso. – a Ama disse, e as duas foram preparar algumas coisas.


Meia hora depois, Lily subia as escadas equilibrando uma bandeja com torradas, algumas frutas e café. Foi um desafio abrir a porta, mas ela conseguiu, e quando entrou no quarto, Scarllet já estava de pé, terminando de se vestir.


- Trouxe para nós. – sorriu Lily. – Eu quem ajudei a Ama a fazer.


- Devo ter medo disso? – Scarllet riu, sentando na cama. Lily largou a bandeja na frente dela, e sentou com a amiga.


- Na verdade a Ama fez a maior parte, mas vamos fazer de conta que fui eu. – elas riram, e comeram quase tudo o que tinha na bandeja. Scarllet obviamente notou que Lily estava muito alegre, e a fez contar o que aconteceu. Ela contou sobre não dormir a noite, sobre as pedras na janela, o cavalo e a clareira.


Elas davam pulinhos de felicidade na hora em que Lily falou sobre o pai dele não se negar a ajudar. Parecia que agora as coisas iriam funcionar, ou pelo menos não seria tão difícil quanto era antes.






- Vejo que está de bom humor hoje. – Raoul comentou assim que terminaram o almoço. Lily apenas sorriu sincera para ele. – Gosto mais de te ver assim do que quando está chateada, trancada no quarto.



 


- Eu cansei de ficar no quarto. – ela deu de ombros, piscando discretamente para Scarllet.


Durante a tarde, Scarllet pegou carona com Hagrid para sua casa. O empregado tinha que fazer algumas entregas na cidade, e ela aproveitou para ir junto, sem falar que estando em sua própria casa poderia ver Sirius com mais freqüência. Ela e Lily se despediram demoradamente, prometendo uma a outra que se veriam logo novamente.


Os dias se passavam rapidamente, já estavam chegando na primavera, e não nevava mais, nem fazia tanto frio. E pelo menos duas vezes por semana James aparecia quando tinha certeza que todos na casa já estavam dormindo. Mesmo nas noites em que ele não aparecia, Lily ficava esperando na janela, com esperanças que um pedrinha batesse ali chamando sua atenção.


- Andei pensando, acho que devo chamar Fabian para um jantar essa semana. – o senhor Evans falou para Lily durante um almoço em que estavam apenas os dois. – Faz muito tempo desde que ele esteve aqui a última vez. – a verdade era que ele ainda não sabia do “rompimento” entre sua filha e Prewett, e Fabian aparecia às vezes para uma visita rápida, para fazer tudo parecer normal. Lily não entendia porque ele insistia em fazer isso ainda, e já até falara com ele sobre isso, mas de nada adiantou.


- Não acho que ele viria… - ela comentou colocando uma garfada de comida na boca.


- O que é para isso significar exatamente? – seu pai exigiu. Ela sabia que agora não adiantava dizer “nada”, ou “não sei”, agora ela teria que falar a verdade. Respirou fundo e falou de uma só vez, sem tirar os olhos de seu prato.


- Nós rompemos o compromisso.


- Acho que não ouvi direito. – ele achou que realmente tivesse ouvido mal.


- Nós não vamos mais nos ver. – ela disse simplesmente, dando de ombros.


- Desde quando vocês fizeram essa decisão absurda? – ela olhou rapidamente para o pai, seu rosto estava vermelho, e uma grossa veia saltava em seu pescoço.


- Faz quase dois meses. Nós conversamos e chegamos a conclusão de que não ia dar certo continuar com aquilo. – Lily já estava quase arrependida de ter começado a falar. A única vez que vira o pai tão bravo foi quando James falara com ele em seu aniversário.


- E você vem me enganando desde aquela época?! – ele esbravejou.


- Você queria me forçar a algo que eu não estava disposta! E você sabia disso! – ela gritou de volta, levantando da mesa e batendo a porta com força. Não devia falar com seu pai assim, sabia que não devia. Seus olhos começaram a arder mais uma vez, mas segurou o choro. Tinha decidido que não choraria mais por esse assunto, e seria isso que faria.


Essa noite provavelmente James apareceria para seu passeio noturno e ela estaria pronta para fugir se fosse necessário. Entrou em seu quarto, batendo a porta novamente, jogou dois vestidos, e uma capa para o frio sobre a colcha de sua cama e amarrou as pontas, formando uma trouxa, e a jogou embaixo da cama, para pegar mais tarde.


- Eu realmente não aprovo esse seu comportamento! – seu pai falou duro, escancarando a porta do quarto, fazendo com que ela pulasse de susto. – Eu sou seu pai, e você deve me obedecer.


- E ser uma infeliz como minha irmã? – ela cuspiu de volta. – Achei que você não fosse fazer isso comigo!


- Eu tentei fazer você se adaptar com seu noivo, e o que você fez? Bancou a criança mimada e achou que poderia se governar! – eles gritavam tão alto que até a Ama já estava parada a porta, olhando preocupada de um para o outro.


- Quem sabe se você tivesse me dito desde sempre que me obrigaria a fazer algo que não quero, eu tivesse me adaptado a idéia, e não teria desenvolvido uma cabeça que sabe pensar por si mesma! – Lily berrou de volta, se arrependendo a cada palavra que gritava. Querendo ou não ele ainda seu pai, aquele que a criou, que esteve ao seu lado quando perdeu sua mãe, mesmo que agora estivesse irreconhecível sob essa máscara cruel.


Raoul Evans bufou alto, fechou os olhos, o rosto mais vermelho que nunca, e sem respirar nem olhar para ela saiu do quarto, empurrando quem estivesse na frente. Lily sentou na cama e escondeu o rosto nas mãos, a Ama sentou ao seu lado e a abraçou.


- Eu estou com você pequena. Haja o que houver, nem que eu tenha que ir contra seu pai. – murmurou para ela, que respirava fundo para impedir o choro de vir.


- Já não sei mais o que me espera Ama, num momento eu tenho total certeza de que tudo vai dar certo, e no instante seguinte, só pelo modo com que meu pai fala, parece que nunca vou conseguir sair dessa casa. – Lily fala num suspiro, esfregando as mãos no rosto e depois as colocando no colo.


- A vida é confusa, pequena, mas no final tudo sempre dá certo. E eu sinto que o seu final feliz está bem perto. – a Ama concluiu, como se cada palavra do que ela disse fosse realizar, e esse pensamento fez com que Lily adormecesse tranqüila.


Lily dormiu o dia inteiro, e a Ama ficou ao seu lado o tempo todo, a acordando pouco antes do jantar, que ela recusou que trouxessem ao seu quarto, iria comer na mesa com seu pai. Não se pode dizer que foi um jantar agradável, mas pelo menos nenhum dos dois soltou nenhuma palavra. Ela notou que por várias vezes seu pai parecia tentar começar a falar, mas logo desistia. Quando terminou apenas murmurou um “com licença” e subiu de volta para o quarto, dessa vez sozinha.


Puxou a trouxa debaixo da cama, e a colocou por cima, abrindo uma das pontas e enfiando de qualquer jeito um par de sapatilhas, para logo depois fechá-la novamente. Olhou por todos os cantos do quarto para ver se não teria mais nada para pegar. Viu por sobre sua penteadeira a rosa amarela que Fabian Prewett havia lhe dado dois meses atrás. A rosa agora estava murcha, e possivelmente no exato lugar onde fora largada tempos atrás, mas ela representava uma das portas abertas para Lily poder seguir com sua vida sem interferência de ninguém, e isso fez com que ela sorrisse.


Ela esperou em silêncio até que tivesse certeza de que todos estavam dormindo e se plantou na janela. Não demorou mais que dois minutos e avistou James passando cuidadosamente pelo portão, e então acenando para ela. Lily pegou sua trouxa e desceu correndo até ele.


- O que é isso? – James perguntou rindo e olhando para o embrulho dela.


- Não agüento mais ficar aqui sem você, eu vou para onde precisar ir! – ela falou quase em tom de desespero.


- Lily, você não pode sair de casa assim. – ele falou sério, a segurando pelos ombros. – Eu não quero que seja assim. Quero que tudo corra do jeito certo.


- Você não percebeu que as coisas não vão correr do jeito certo? – ela diz sarcástica. – Eu tive mais uma briga com meu pai hoje, ele descobriu que eu e Fabian não vamos mais nos casar e teve um ataque. Eu não agüento mais ouvir ele falar comigo daquele jeito! – Lily falava rápido, com a voz enrolada.


- Mas fugir não é a solução para isso. – ele fala calmo. – Eu tenho uma idéia, mas para que eu consiga fazer ela funcionar, não vamos poder ficar acordados até tarde.


- Como assim? – ela pergunta confusa.


- Volte para o seu quarto, guarde essas roupas, e me espere amanhã. – ele falou rápido dando um selinho final nela.


- James! – ela chamou quando ele se virou para sair. Ele se voltou para ela, sorrindo. – Você vai voltar mesmo, não vai?


- Sempre. Amanhã. – ele falou tão confiante que ela acreditou, sorriu e correu de volta para a casa.






Na manhã seguinte, tomou seu café normalmente na cozinha. Não tinha visto seu pai e em parte estava feliz com isso. Conversava distraidamente com alguns empregados por ali. Essa era outra coisa que gostava de fazer, ela se sentia sozinha por morar longe da cidade, e não ter mais nenhuma família que more muito perto deles, então adorava ir para a cozinha e ouvir as histórias dos empregados, que em sua maioria vinha de muito longe e sempre tinham alguma história fascinante para contar.



 


Estava tão distraída, rindo da história de fuga de um peão, de quando ele era apenas um menino, que não ouviu a porta se abrir e fechar as suas costas. Só foi perceber que alguém entrara ali quando essa pessoa sentou ao seu lado, sorrindo para ela.


- James! – ela exclamou alegre e o abraçando. – O que faz aqui essa hora? – pergunta agora preocupada, olhando para os lados para ter certeza que seu pai não o vira ali.


- Eu disse que viria. – ele sorriu de volta.


- Não achei que fosse vir tão cedo.


- Se quiser posso ir embora. – sugeriu fazendo menção de levantar.


- Não, não! Fique aqui! – Lily segura seu braço, o fazendo rir.


- Ficarei. Pelo menos até que seu pai no expulse daqui.


- Nos expulse? – ela pergunta sem entender.


- Eu falei que tinha um plano. – James revirou os olhos para ela. – Trouxe meu pai. – Lily fez uma cara de espanto, e ele continuou. – Ele nos apóia, você esqueceu? – ele riu novamente, a fazendo dar um tapa em seu braço. – Deixe-me continuar! Ele disse que se a situação ficasse extrema, ele interferiria. E ele veio falar com seu pai.


- Hoje eu não saio da cozinha! – exclamou uma das cozinheiras. – Corremos o risco de sermos atingidos por tiros, ou algo pior se passarmos por aquela sala! – ela completou, fazendo todos os presentes rirem com vontade.


James e Lily também riram, mas sabiam que a piada não tinha sido tão engraçada assim, e que realmente corriam o risco disso acontecer. James aproveitou para comer com ela, e também ouvir as histórias que os outros tinham para contar. Não ficaram muito tempo ali e foram para sala. Lily arregalou os olhos ao ver um homem adulto parado perto da lareira. Não tinha como negar, ele só poderia ser Charles Potter, pai de James. A única diferença entre eles era mesmo a idade.


- Imagino que você deve ser Lily Evans. – disse educadamente pegando a mão dela e beijando suavemente. – A reconheci pelos cabelos vermelhos e olhos verdes.


- O senhor conheceu minha mãe? – ela pergunta surpresa.


- Fomos bons amigos na juventude. É uma pena que ela se casou com um Evans. Com todo o respeito, é claro! – ele tratou de logo se desculpar.


- Pai! – James exclamou indignado.


- Tudo bem, o senhor não está de todo errado. – ela riu.


- Obrigado. Mas quero que saiba de mim mesmo que estou disposto a acabar com esse conflito entre nossas famílias. – o senhor Potter falou sincero. – Apenas desejo o melhor para o meu filho, e se ele quer ficar com uma Evans, eu darei apoio. – ele completou, e ela sentiu que era difícil para ele fazer isso. Lily não conseguiu formar nenhuma palavra então apenas sorriu.


- Posso saber o que se passa por aqui? – Raoul Evans falou duro enquanto descia as escadas da sala.


- Deve saber. – Charles Potter o encarou firmemente. – Viemos conversar com você. Pacificamente. – acrescentou no que o outro lhe lançou um olhar torto.


- Não tenho nada para falar com um Potter, muito menos com dois. Então se puderem fazer o favor de se retirar…


- Você poderia ao menos ouvir o que eles têm a dizer. Não vai lhe custar nada! – Lily se pronunciou.


- Vai custar meu tempo! E eu deveria saber que você não demoraria a criar uma situação dessas! – Raoul praticamente cuspiu em cima dela.


- Não foi ela quem criou, e sim eu. – James se colocou na frente dela, num gesto de proteção.


- Sejamos adultos e vamos resolver isso rapidamente. – Charles falou.


- Já disse que não tenho nada a tratar com vocês. – disse grosseiro se voltando para o Potter mais velho.


- O senhor deveria ouvi-los, vai fazer bem para a garota. – a Ama apareceu na sala.


- Não se meta no que não é da sua conta!


- Me meto no que acredito ser da minha conta! E eu, ao contrário do senhor, criei essa menina com amor e carinho, como se fosse minha própria filha, e não acho certo o senhor a tratar desse modo, ainda mais na presença de visitantes. – a Ama falou de uma maneira que fez ela parecer que tinha o dobro de seu tamanho real.


- Intrusos, você que dizer. E volte já para a cozinha! – berrou apontando para a porta da cozinha.


- Não fale assim com alguém de muito mais valor que você! – Charles interferiu.


- Não se meta no modo como crio minha filha, ou falo com meus empregados!


- Vou me meter no que for necessário para a felicidade do meu filho, e não me interessa que isso vá contra você! O que aconteceu com você durante esses anos Evans? Achei que você fosse alguém de muito mais valor e respeito, e que acima de tudo respeitasse as pessoas ao seu redor. Posso nunca ter gostado de você, mas sei que você não era a pessoa mesquinha e arrogante que é agora. – o senhor Potter falou, parecendo muito controlado, se comparado com o outro.


- Como se você fosse uma pessoa incrível! Não lembra de anos atrás você tentando atacar minha pequena filha e sua amiga? Ou sua memória já está tão ruim assim? – Raoul acusou.


- Claro que eu lembro, e me arrependo muito. Elas não têm nada a ver com o modo como nós dois nos tratamos. Podemos nos odiar eternamente, mas eles não precisam cultivar o mesmo sentimento. Demorei a perceber isso, mas pelo menos eu o fiz. – Potter falou sabiamente, indicando os dois jovens que estavam calados.


E então o silêncio reinou. Lily pensava seriamente em subir, pegar sua trouxa e fugir dali. James olhava de um para o outro, tentando analisar a situação. A Ama não movia um único músculo. E Charles e Raoul se fuzilavam com os olhos. O ar estava ficando cada mais pesado ao redor deles até que o último falou.


- Vamos para o meu escritório.

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