Traição no templo



CAPÍTULO 40 - Traição no templo


As enormes estátuas pareciam encara-los. Harry sentiu um calafrio ao pousar os olhos nos enormes dentes do tigre. E, quando virou para a estátua do bruxo de um olho, sentiu igual temor, embora nada houvesse de horrendo naquela estátua. Uma sensação esquisita apoderou-se dele com ímpeto, enquanto olhava a estátua gigantesca. Ela era composta de pedra, mas, de alguma forma que ele não compreendia, transbordava vida... Ele tinha a impressão de que aquele olho estava atento, encarando-o com firmeza, como se, por trás da estrutura, houvesse íris e um globo ocular.


                Quando engoliu em seco tentando limpar a garganta, Harry viu a estátua piscar o enorme olho de pedra. Uma carga elétrica de puro pânico percorreu suas veias, um misto de incredulidade e pavor. Ia virar-se para os outros, perguntar se alguém tinha visto aquilo, quando o bruxo-estátua abriu a boca, e falou – sim, falou – como se por baixo de toda aquela pedra houvesse cordas vocais, articulando palavras, um cérebro produzindo idéias, músculos faciais e um olho, que piscava sem parar.


                -QUEM DESEJA ENTRAR NO TEMPLO DO JARDIM DAS ILUSÕES? – perguntou a voz cavernosa.


                -H-Harry Potter – respondeu ele, sem fôlego.


                -VOCÊ NÃO É O LORDE, TAMPOUCO O JOVEM EVANS. SÓ ELES TÊM PERMISSÃO DE ENTRAR LIVREMENTE AQUI NO TEMPLO.


                -A entrada é proibida? – perguntou Harry.


                -NÃO, MAS POUCOS TÊM A AUDÁCIA DE ENTRAR NO TEMPLO DO JARDIM DAS ILUSÕES. PERIGOS AGUARDAM OS VISITANTES INESPERADOS. EXISTEM ARMADILHAS, CILADAS CRIADAS PARA QUEM POSSUIR SENTIMENTOS OPOSTOS AOS DO MESTRE.


                -Desejamos entrar – falou Harry, finalmente voltando-se para os outros e vendo que cada um parecia sentir o mesmo medo que ele. – Todos nós. Precisamos entrar para salvar uma amiga.


                -SENTIMENTOS NOBRES – rugiu a estátua, parecendo encher-se subitamente de furor. – NOBREZA NÃO É NADA BOA... OS PORTÕES SERÃO ABERTOS PARA VOCÊS, MAS LEMBREM-SE: IRÃO ENTRAR, MAS PROVAVELMENTE NUNCA SAIRÃO.


                Com um rangido, as portas douradas se abriram lentamente. Todos olharam uns para os outros. O receio era grande, mas Harry sabia o risco que Hermione corria junto com Úrsula. Eles precisavam salva-la, mesmo sabendo que, ao pisarem no chão do templo, poderiam estar caminhando para a morte.


                -Vamos – foi a única palavra que Harry proferiu, antes de dar as costas aos outros e, com firmeza, avançar e passar as portas de entrada. Passos as suas costas indicavam que ele estava sendo acompanhado no seu caminho para a morte.


                A entrada do templo dava para um saguão muito amplo, coberto de ouro, sustentado por grossas colunas. Nada havia nele. Harry olhou em volta, confuso, a procura de alguma passagem que levasse a saída. Havia apenas uma pequenina passagem bem em frente, por onde escapava uma claridade retangular.


                -Bom, creio que devemos ir por ali – falou ele, dizendo o óbvio. No entanto, Harry sentia que até mesmo Draco Malfoy precisava ouvir as ordens saindo de sua boca. Ali, naquele grupo assustado, ele tinha as rédeas de líder.


                Conforme esperava, todos começaram a lhe acompanhar. Atravessavam o saguão do templo com grande tranqüilidade. Fora um equívoco acreditar que, num lugar escolhido por Voldemort e Michael Evans, eles poderiam passear tranqüilamente, até encontrarem Hermione. Equívoco percebido logo quando o grupo alcançou o centro do saguão.


                Subitamente, paredes despencaram do teto, com grande rapidez. O susto foi enorme. Harry sobressaltou-se, pulando para trás, juntamente com Christian Baker. A dupla foi fechada entre um grupo de paredes. Draco Malfoy tentou correr, mas foi impedido por uma parede. Gina estava próxima, e, antes que o cerco das paredes se fechasse a sua volta, Draco puxou-a para junto dele. Padma e Rony permaneceram gelados de medo, como se estivessem colados ao chão, e, antes de qualquer reação, as paredes os fecharam com ímpeto, impedindo qualquer forma de fuga.


                -GINA! – gritou Harry, preocupado, de dentro de sua prisão apertada, compartilhada por ele e Christian.


                -EU ESTOU BEM – respondeu Gina, lançando um frio olhar para Draco. Em seguida, Gina olhou para cima. As paredes douradas estavam coladas ao teto, e mesmo se não fossem tão altas sua superfície lisa impedia uma escalada. Institivamente, Gina levou a mão ao bolso, tateando até a varinha. – Deve haver algum feitiço que nos tire daqui...


                -O que?


                -Não estou falando com você, Draco – vociferou ela. – Você forçou-me a ficar perto de você. Não pense que estou feliz por isso.


                Harry ouvia a voz da namorada, mas o som era abafado. Distinguiu por um momento a voz de Draco, o que lhe causou um mal estar. Não queria imaginar que Draco e Gina estivessem juntos, mesmo sendo um pensamento idiota ante a situação em que todos eles se encontravam.


                -O que faremos para sair daqui? – perguntou Christian, cobrando uma resposta.


                -Como saberei? – respondeu Harry, irritado. – Nunca estive aqui neste lugar. Não sou um gênio, com todas as respostas na ponta da língua... Ah, não mesmo!


                -O famoso Harry Potter é realmente um burro! – gritou Christian, irritando Harry.


                Harry ia responder, quando o solo dourado subitamente desapareceu debaixo de seus pés e ele teve a sensação de sobrevoar o vazio. Ele e Christian mergulharam na escuridão, ouvindo os gritos histéricos de Gina e Padma, enquanto deviam estar caindo como eles, juntamente com Draco e Rony.


                A queda não foi tão grande. Harry sentiu uma nova onda de dor percorrer suas costelas quando ele e Christian chocaram-se contra o duro solo de pedra. Os óculos de Harry deslizaram até a ponta do nariz. Ele os arrumou, colocando a visão novamente em foco, e olhou ao redor.


                Era um corredor escuro, iluminado apenas por archotes. Era totalmente feito de pedra, semelhante a uma caverna. Até onde sua visão alcançava, Harry viu que ele seguia reto, e, pensou ele, deveria levar a algum lugar.


                Olhou para Christian, que limpava o sangue que escorria por um corte no cotovelo, causado pela queda. Pensou em perguntar se o garoto estava bem, mas após o comentário grosseiro antes da queda dos dois, resolveu ficar calado.


                Ansioso, Harry levantou-se e começou a caminhar pelo corredor. Queria achar uma forma de sair dali, encontrar os amigos. E o ataque em Hogsmeade? Como estariam todos? A destruição do ataque antecipado devia estar tomando proporções gigantescas...


                Após alguns passos, Harry ouviu os passos apressados de Christian, correndo para acompanha-lo. Ignorou o garoto, continuando a observar, atento, cada canto do imenso corredor.


                -Esse lugar me dá arrepios – falou Christian com a voz trêmula. – Será que ele nunca vai acabar?


                Novamente cobrando respostas que Harry não tinha, o que o irritou novamente. Harry suspirou, liberando as ondas de raiva, quando finalmente algo diferente surgiu no imenso corredor.


                Um quadrado de luz se projetava no chão, vindo de um canto à esquerda, mais em frente. Havia uma passagem. Harry correu até o quadrado de onde saía a iluminação, ansioso.


                -Acho que temos uma saída aqui, Chris... Christian?


                Ele olhou para trás. O corredor de pedra estava deserto, em silêncio. Nem sinal do garoto.


                -Christian? – perguntou novamente.


                Um pingo caiu na testa de Harry. Ele passou o dedo, secando. E, quando olhou para o dedo, sentiu o coração gelar. O líquido era vermelho, pegajoso... sangue.


                Seu coração iniciou uma seqüência furiosa de batidas. Temendo o que veria, Harry levantou os olhos – e o que viu parecia ter sido tirado de um livro de horror. O que viu era capaz de enlouquecer qualquer um.


                Pendurado no teto, com o corpo de Christian enrolado por sua cauda, havia um enorme bicho esverdeado. Assemelhava-se com uma lagartixa, mas não era uma. Aquilo fazia uma lagartixa parecer um simples bichinho fofinho. O corpo escamado iniciava-se com uma cabeça horrenda, com presas enormes e afiadas pendendo de uma boca torta, de onde também escorriam grossos filetes de baba espumosa misturada com sangue. No topo do crânio havia uma ponta afiada, uma espécie de chifre. Suas patas se prendiam ao teto através de garras tão potentes que estavam cravadas na pedra.


                Aquilo o fitava com olhos vidrados, amarelados, faiscantes de voracidade, fúria, e fome. Harry concluiu que a fera que apanhara Kevin Wallace, mencionada por Malfoy, só poderia ser essa.


                Ele olhou novamente para Christian. Havia um enorme corte que se iniciava no ombro e parecia descer pela barriga do garoto. Harry supôs que a criatura se alimentasse de órgãos humanos, e aquilo fez com que seu medo crescesse ainda mais. Poderia ter suas entranhas devoradas por aquele monstro de boca espumosa e pegajosa.


                A idéia de ter órgãos de seu corpo no estômago daquela criatura fez com que ele começasse a correr como nunca, entrando na porta que tinha encontrado. Ele ouviu um baque logo atrás dele, e presumiu o óbvio: o monstro tinha abandonado Christian e agora iria se dedicar a ele.


                A passagem dava para um lugar iluminado, com uma claridade forte que se opunha a quase escuridão dos corredores de pedra. Isso ofuscou a vista de Harry por alguns momentos. Quando sua visão habituou-se a claridade, ele viu que a sala era circular e que estava se encaminhando para o centro, onde havia um pequeno pilar com uma almofada vermelha em sua superfície.


                O resto do lugar ele não conseguiu observar. Afinal, somente a fuga passava por sua mente. A fuga e uma forma de sair daquele lugar. Às suas costas, Harry ouvia as patas do monstro chocando-se contra o teto, as presas se batendo, como se ele estivesse se preparando para saborear o jantar – fígado de Harry Potter com porções de estômago acompanhadas pela sobremesa: cérebro ao molho de sangue.


                Os olhos astutos de Harry encontraram uma única passagem à frente, e, para seu desânimo, não era uma porta, e sim uma pequena passagem no chão. Ele disparou até ela, com a impressão de que a criatura o estava alcançando.


                O quadrado se aproximava, ao mesmo tempo em que ele concluía que o monstro estava realmente próximo dele. Um filete de baba escorreu para o ombro dele, e o clique-clique das presas tornou-se muito audíveis – como uma canção funesta sussurrada em seu ouvido.


                Harry arriscou uma olhadela, e viu a proximidade da criatura. Os olhos dela, tão próximos do dele, adquiriam uma ameaça ainda maior. Um cheiro semelhante a repolho podre invadiu suas narinas. O cheiro do monstro era insuportável. Harry sentiu o coração disparar ao ver que as presas dele se abriam, prontas para o ataque.


                Harry virou-se novamente para frente, aproximando-se da pequenina passagem. Se conseguisse alcança-la a tempo, o bicho não conseguiria atravessa-la. Mas, se não conseguisse... Ali, naquele quadradinho, estava ou a sua salvação ou o seu encontro com a morte.


                A criatura fez um som de ataque que invadiu os ouvidos de Harry. Ele tinha certeza de que ela estava preparando o bote. Harry, rapidamente, deslizou o corpo para o chão e, com velocidade, passou pela passagem, vislumbrando ainda o corpo da criatura chocando-se contra a parede, fracassando em seu ataque.


                O deslizar dele perdeu o pique logo quando ele atravessou a passagem. Exausto, com o corpo doendo como nunca, Harry suspirou de alívio, pela bênção de estar vivo.


                Limpou o suor da testa e olhou para o local onde havia entrado.


                Seu coração disparou ao ver onde estava.


                Havia uma casinha naquele lugar, uma casinha simpática, branca. Diversas janelas em madeira a compunham, assim como uma belíssima porta do mesmo material, que saía numa varanda. Os olhos fascinados de Harry passavam por cada detalhe do local. Atrás da casinha, diversas árvores começavam a surgir do nada. Flores coloridas brotavam do chão como magia. Mas isso não parecia anormal para ele. Seus olhos devaneavam pelo local, e, quem o visse de longe, perceberia a mudança em seu rosto.


                Seus olhos estavam vazios, sonhadores... Uma expressão estranha, como se ele estivesse dopado.


                De repente, uma voz quebrou aquele silêncio, uma voz doce, vinda de dentro da casa:


                -Depressa, Tiago, querido! Harry está chegando. Traga logo esses biscoitos que eu sei que ele vai adorar.


                Um sorriso de alegria incendiou-se no rosto de Harry. Logo depois a porta da casa abriu-se, e sua mãe, sim, sua mãe, Lílian Evans, com os cabelos presos em um coque, os olhos verdes ansiosos, segurando uma bandeja com diversas xícaras floridas, a pele alva como a neve, saiu da casa para a varanda.


                Com uma felicidade desmedida no peito, Harry a observou arrumando a pequena mesa que havia surgido na varanda. Um novo rangido da porta. E por ela saía Tiago Potter, com o cabelo despenteado, uma expressão tão ansiosa quanto a da esposa e uma bandeja com biscoitos marrons enfileirados cuidadosamente.


                -Aqui está querida – falou Tiago, passando a bandeja para a esposa, que a arrumava ao lado das xícaras.


                -Espero que ele venha logo, e... – de repente, Lílian parou de falar ao levantar os olhos e encontrar Harry. Lágrimas escorreram dos olhos dela, ao encontrar os verdes lacrimosos dos olhos do filho. Tiago também o viu, e imediatamente caiu no choro. Lílian, ainda da varanda, murmurou:


                -Filho... Você está aí... Estávamos lhe esperando. Venha até nós.


                A mãe esticou os braços e mexeu as mãos num sinal convidativo, chamando-o para encontrá-los ali, abraça-los...


                Uma trilha, circundada por moitas e flores, materializou-se subitamente, e conduzia direto para a casa. No estado de emoção em que estava, Harry nem estranhou a súbita aparição.


                Começou a andar pela trilha em direção a casa, aos pais, para finalmente estarem juntos, como uma família de verdade.


                -Estou indo, pai, mãe... Estou indo...


                Mal sabia Harry que, na realidade, não havia casa nenhuma ali. Na verdade, onde deveria estar a casa, havia um enorme poço de lanças afiadíssimas, prontas a levá-lo para a morte, usando como disfarce a imagem simpática dos pais esperando ansiosos pelo filho.


 


* * *


 


-Uau, onde estamos? – perguntou Draco, olhando fascinado ao redor, logo após ele e Gina terem caído, após o chão ter se aberto.


                O local onde Draco e Gina se encontravam era realmente belo, digno da fascinação e da exclamação de Draco. Estátuas douradas de bruxos cercavam o ambiente, que era grande e iluminado por uma claridade baixa, que dava um charme todo especial. Duas poltronas vermelhas estavam num canto. Era uma espécie de sala de visitas dentro daquele templo.


                -Realmente é fabuloso – concordou Gina, em seguida olhando para Draco com fúria. O garoto engoliu em seco. – Não pense que alguma coisa vai apagar minha raiva por ter sido trazida aqui à força, e com intenções que, sinceramente, acredito que não sejam nada boas.


                Draco levou uns segundos para responder.


                -Desculpe – disse, e após mais alguns segundos, completou. – Mas foi um impulso. Tente entender.


                -Um impulso? Pois acho melhor você aprender a controlar seus impulsos, Malfoy.


                -Tente entender – falou ele, em tom de súplica. – Sempre ouvi falar que quando uma pessoa começa a gostar de outra, é capaz de fazer algumas loucuras para ficar junto dela.


                -Esse caso é diferente – replicou Gina, séria. – Já lhe disse que não quero nada com você...


                -Você tem que me entender! Você, por exemplo, quando era apaixonada pelo Harry e ele não lhe dava atenção, o que fazia? Insistia, até conseguir, por mais que ele te ignorasse...


                -É diferente. Na época, Harry não estava saindo com ninguém. Ao contrário do seu caso, pois você sabe muito bem que estou namorando o Harry.


                -Gina, foi natural o que eu fiz...


                -Não foi – falou ela, com a voz firme. – Parece até os mesmos artifícios que Úrsula não hesitou em usar para afastar Rony de Hermione. É o mesmo caso. Ali existia um casal, e ela fazia de tudo para separá-los. Aqui é a mesma coisa. Eu teria ficado perto do Harry se você não tivesse me puxado pra cá, e creio eu que você fez isso com segundas intenções, para me afastar do meu namorado e dar em cima de mim.


                Draco ouviu tudo calado, mas sem baixar a cabeça; olhava diretamente nos olhos penetrantes de Gina Weasley, olhos lindos que tornavam a face ainda mais bela. E mesmo que, naquele momento, Gina estivesse irritada, ela estava mais linda do que nunca.


                Diante daquele olhar firme, ele não conseguiria mentir.


                -Sim, minha intenção era essa – confessou. Andou em direção a Gina, mas ela afastou-se para trás, e ele parou de avançar. – Mas é que... Eu te amo demais.


                -Não adianta armar para ficarmos sozinhos, Draco – falou ela, abrandando o tom de voz. – Não se conquista uma pessoa por meio de planos, trapaças... O sentimento de cada ser humano, o mecanismo que o faz brotar dentro do peito, fazendo o coração disparar por determinada pessoa e não por outra, são desconhecidos. E talvez nunca ninguém os entenda. O coração não é um terreno onde você expulsa o morador que o conquistou e se instala tão facilmente no lugar.


                -Mas... – disse Draco, a voz vacilando. – Você já gostou de mim. Foi incrível o tempo que passamos juntos.


                -Tudo terminou em conseqüência daquele plano ridículo do flagrante, Draco. Plano que você participou, conduzindo a pobre garota apaixonada até a colina da Casa dos Gritos. Tratou-me como uma isca. A isca para que Úrsula desse a entrevista em nome de Hermione. Se você me amasse de verdade, teria feito aquilo?


                -Eu estou arrependido, e...


                -Depois daquilo tudo, aproximei-me de Harry, e agora estou feliz ao lado dele. E Rony e Hermione ficaram juntos depois de tudo aquilo, afundando o plano de Úrsula. Veja como não existe forma de enganar um coração...


                -Mas eu tenho certeza que seu coração é ocupado por duas pessoas – falou Draco, aproximando-se. Dessa vez Gina não recuou. Ele segurou-a firmemente, apertando os braços dela com as mãos. – Uma vez, logo após o plano, você falou pra mim que não retornaria o namoro porque não podia manter um relacionamento com um filho de um Comensal...


                -Eu ainda gostava de você – respondeu Gina, pequeninas lágrimas formando-se nos olhos. – Aquilo foi antes do Harry. Agora, eu já o esqueci.


                -Se já, então resista a isso – falou Draco, aproximando seu rosto lentamente do rosto de Gina, tentando ver se ela resistiria. Gina fraquejou e seus lábios encontraram os de Draco. O beijo começou num ritmo lento, tímido, mas logo os lábios estavam em perfeita sincronia.


                -Mas que cena é essa que estou presenciando...


                Gina afastou-se bruscamente de Draco ao ouvir a voz, que reconheceu logo no “Mas”. O jovem também se assustou, e olhou constrangido para o local onde a terrível dona da voz deveria estar.


                Úrsula saíra numa porta lateral da grande sala. Ainda trazia Hermione consigo, com a varinha apontada para a cabeça da jovem. Ao ver Gina, Hermione soltou um grunhido que se assemelhava ao nome da garota, mas o som foi abafado por uma fita adesiva que Úrsula havia colado na boca dela.


                -Que coisa feia, Gina – falou a voz traiçoeira de Úrsula. – Traindo o Potter? Quem sabe não terei que dar outra entrevista para algum jornal? Hermione Granger revela: “Gina Weasley trai o namorado, o famoso Harry Potter, com o filho de Comensal fugitivo de Azkaban”. Será uma bomba incrível! O Potter iria adorar, não acha, Gina?

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