it was so hot, but wrong .



Não estava com sono, ela teve certeza disso depois de passar duas boas horas tentando pregar os olhos. Procurou alguma roupa decente pra se vestir. Já havia parado de chorar fazia certo tempo e em cada segundo estivera a ponto de implodir diante de todas as coisas cada vez mais absurdas que lhe passavam pela mente... Só precisava arrumar uma forma de ocupar seus pensamentos, da mesma forma que precisava arrumar uma forma de pedir desculpas a Harry.


 


Não que estivesse de acordo que ele fora a vítima da história, até por que, de inocente ela sabia que ele não tinha nada. É óbvio que fora errada sua atitude, mas do ponto de vista racional, ela fora mais errada ainda por fazer todo aquele drama, como se fosse a droga de uma namorada traída!  Desde o começo as cartas estavam  na mesa, ela aceitara aquela “amizade-colorida” ciente de que ele continuaria sendo o que costumava ser, e que mesmo amando-a mais do que possivelmente qualquer outra garota, ambos não deixariam de perceber que suas fortes ligações não eram sinônimo de “paixão” ou qualquer coisa do gênero.


 


Já fazia algum tempo que começava a se perguntar o que diabos fazia metida em uma relação tão complexa e unilateral e ao mesmo tempo tão simples... Talvez os dois fossem mesmo grandes idiotas por estarem aceitando aquele tipo de coisa!


 


E lá no fundo, bem no fundo, ainda havia Ron. Tudo bem, o namoro entre eles havia terminado há pouco mais de duas semanas, mas alguma parte estúpida de si ainda o amava. Ela não sabia explicar ou entender aquilo, talvez as coisas tivessem sido apenas rápidas demais e ele fosse alguém importante demais pra ser esquecido por completo, após seu rompimento caótico. Esta era uma coisa que não ousara falar nem mesmo com Harry, HARRY! Não queria causar as impressões erradas ao moreno.


 


Às vezes ela sentia uma falta absurda dos anos anteriores, quando as coisas não eram tão definitivas. O trio dourado... As aventuras... Gina Weasley...


 


O que acontecera com todos neste pequeno período de tempo? Não é que preferisse os acontecimentos de antes, mas ver o que cada um deles havia se tornada bagunçava um pouco suas lembranças...


 


Parou em frente a porta do seu quarto, segurando a maçaneta com indecisão, até que por fim abriu-a e se pôs pra fora. Assustou-se com  a imagem de seu melhor amigo sentado no chão, com as costas apoiadas na parece, o rosto tão sério que parecia absorver algum pensamento furioso.


 


Sentiu-se um pouco agradecia por ele ter esperado-a apenas pra se desculpar. Não fora a coisa mais inteligente, ou romântica do mundo, no entanto aquela atitude já significava alguma coisa.


 


Ele continuou lá, sem notar sua presença. Só percebeu que não estava sozinho, quando notou que alguém havia sentado ao seu lado.


 


O olhar dele pareceu mais líquido, um verde quase hipnotizante, que fez Hermione odiá-lo e desejá-lo ao mesmo tempo.


 


Ela estava prestes a falar, quando ele a cortou e começou seu discurso.


 


- Okay Herms, só preciso que me escute... – Ele começara, com uma expressão decidida. – O que eu fiz foi... Estúpido; vai parecer clichê tentar explicar, mas eu só fiz aquilo pra provar a mim mesmo que as coisas entre nós não estão tão sérias...


 


Ela queria mandá-lo calar a boca e parar de fazer toda aquela droga de discurso ensaiado. Conhecia muito bem seu amigo, essa provavelmente era só mais uma carta na manga.


 


Mas em vez de dizer logo que ele não precisava ficar bancando o Sr. Romastismo, ela preferiu se divertir, questionando-o.


 


- E conseguiu provar, Potter? – Perguntou-lhe, com uma expressão suave.


 


- Ah, mais que droga Herms!  Você não tá acreditando em mim ¬¬


 


- Na verdade, não mesmo. Mas valeu a tentativa ;D – Isto o fez rir.


 


- Acontece que você esqueceu de uma coisa importante...


 


- O quê, por acaso?


 


- Você não é uma conquista. Ou seja, não tenho porque mentir e... – Pausara, com um sorriso sarcástico. – Eu sei que já me perdoou, já que você nunca conseguiria ficar com raiva de mim por mais que alguns minutos. – Encerrou, arrogantemente.


;D


 


- Vai pro inferno, Harry... – Ela murmurou com seriedade, antes de levantar-se dali e deixá-lo pra trás.


 


Quer dizer, ele tinha aquela coisa de entendê-la antes que ela própria pudesse tomar suas decisões. Isso era tão... frustrante! Ele sabia que seria comovente permanecer na porta de seu quarto, ou fazer aquela porra de discurso. A castanha sentia-se como se estivesse em um jogo de manipulações inofensivas, mas de alguma maneira, aquilo estava começando a machucá-la. Por mais que não pudessem se afastar um do outro, ela tinha certeza de que não era páreo pra vencer Harry.


 


Uma grande onda de revolta perfurou seu ego com intensidade, no momento em que sentiu seu pulso sendo segurado pelo moreno.


 


**


 


Ela o perdoara. Ela finalmente cedera. Aquela cena patética criada por Chuck havia sido a coisa mais semelhante a uma briga que acontecera entre ambos. Harry passara as mãos pelos cabeços, bagunçando-os ainda mais. Ato que arrancara de algumas garotas suspiros e de sua amiga um revirar de olhos bastante indiferente.


 


Eles haviam feito as pazes. Fora tudo inicialmente dramático, mas logo em seguida assumira um tom mais maduro.


 


Ela lhe lançara um olhar resignado e ele a beijara. Aquilo fora o bastante. Como se a estabilidade de suas vidas pudesse agora ser representada na droga de um beijo. E que beijo hein! Não faziam mais que alguns poucos minutos desde a volta à normalidade. O passeio à Hogsmeade havia sido perdido por ambos, embora nenhum deles estivessem ligando pra esse fato.


 


O silêncio entre eles era algo quase palpável, enquanto andavam lentamente pra fora do castelo, perto do lado em que todos os tradicionais casais-grude ficavam apreciando o pôr-do-sol.


 


A intenção de estar ali não era por qualquer tendência romântica e sim porque precisavam de algum ar, além do quê, o moreno queria levá-la o mais longe possível da maldita biblioteca, antes que a sua cdf tivesse ímpetos de convidá-lo pra ir lá e o conseguisse através de alguns de seus sorrisos perigosamente angelicais.


 


Aconchegaram-se em uma árvore gigantesca, apoiando seus corpos ali, um do lado do outro.


 


- Quer saber de uma coisa, Potter? – A garota começara.


 


O moreno teve a impressão que o tom suave dela causara uma série de sensações estranhas dentro de si, como se todos os seus pensamentos tivessem escolhido aquele momento pra se manifestar somado a falta de coerência que seu corpo adquirira, pronto para beijá-la desesperadamente.


 


Limitara-se a fazer que sim com a cabeça, com um sorriso sarcástico brincando em seu rosto. Também não era um completo imbecil, afinal. Precisava manter sua ótima pose de conquistador e amigo.


 


- Senti ciúmes. – Afirmara ela, encarando-o com o ousadia. – Muito ciúme. Não foi pelo desrespeito de parecer mais uma e sim ciúmes de você com a outra garota, compreende?


 


Ele se esforçou pra dizer alguma coisa sagaz ou fodástica, quase obtendo sucesso:


 


- Compreendo sim Granger: Você me ama. FATO.


 


O som do sorriso dela tomou seus ouvidos, o tipo de som que sentiu ser capaz de ouvir pelo resto da sua vida. Quando se deu conta da coisa piegas que pensara, tratou de desviar sua mente de tudo aquilo.


 


Era só uma conversa, não uma declaração de amor, dã.


 


- Parabéns, você CONSEGUIU estragar a exposição dos meus mais profundos sentimentos, tsc tsc. – Ironizara.


 


- Também senti ciúmes de você com o Bass, oras. Se bem que isso não é uma novidade ¬¬’


 


- UAHSUHASUHASUYHASUHASUHASUHASUH... Ei, Hogwarts tá vazia ou é impressão? oO’ – Quisera saber, em um tom sério.


 


- Totalmente vazia, Granger. Estamos só eu e você, sozinhos... (6’. – Ele não deu tempo pra que ela pudesse lançar uma réplica sobre a sua insinuação, apenas a beijou.


 


Quente. Quente. Quente.


 


Tão quente que chegava a arder entre os pequenos choques elétricos pelo contato mais urgente que acontecia entre seus corpos.


 


O moreno mordiscou seu lábio inferior, arrancando um gemido que foi aprisionado pelo contato fechado de seus lábios.


 


Ela começou a arranhar a nuca de Harry, de forma quase involuntária, enquanto ele a trazia pra si, pondo-a em seu colo.


 


Os beijos alternavam-se entre pescoço e colo, de forma que Hermione conseguia sentir sua pele sugada e a língua quente dele tocando sem pudor. O amigo segurara as pernas da garota com luxúria, encaixando-a em seu quadril, sem se importar se a situação já estava atingindo níveis eróticos ou não.


 


Ambos se arrepiavam cada vez que a respiração arfante colidia contra suas peles.


 


Era tão quente...


 


Mordera o lóbulo da orelha da castanha e gemera em uma mistura inseparável de dor-prazer que as unhas dela em sua nuca junto da sensação da boca dela na curva de seu pescoço proporcionara.


 


Uma de suas mãos moveu-se na cintura da castanha, explorando ao máximo a pele macia dela e subindo com lentidão.


 


Ele virou o jogo, caindo lentamente sobre ela...


 


Sanidade.


 


Era a única coisa que seus cérebros haviam perdido.


 


Sentiram gotas pingando sob seus corpos e a chuva torrencial que começou a cair foi a única coisa que despertou Harry do torpor de tocá-la.


 


A insanidade era tanta, que segundos atrás o amigo estava ciente de que a possuiria ali mesmo.


 


Mas não, alguma força externa o fez despertar e se dar conta que aquilo era errado.


 


ERRADO.


 


Transar no gramado da escola com sua melhor amiga definitivamente não era uma coisa, ahn, fraternal e dentro dos limites da moralidade.


 


Hermione merecia mais. Merecia alguém que a amasse e que visse do mesmo jeito que ele achava ser capaz. Com todos os defeitos irritantes e as qualidades necessárias.


 


Ela não o merecia. Harry Potter era só um filho da puta sortudo demais por ser seu melhor amigo e ter toda a sua plena confiança a ponto de permitir que as coisas perdessem o controle.


 


 


Ela merecia o cara certo, no momento certo. Não em um ataque estúpido de luxúria ¬¬


 


Os pensamentos racionais o abalaram.


 


Ele rapidamente afastou-se da castanha, sentindo-se miserável, o amigo mais desprezível da face da terra.


 


A garota abriu os olhos e soube que alguma coisa havia acontecido.


 


Arrumou suas vestes, com ondas de mágoa invadindo-a aos poucos.


 


A chuva continuou caindo, forte o suficiente para encharcá-los e fraca o suficiente para fazê-los compreender a grande bosta que aquilo estava se transformando.


 


Permaneceram lá, sentados na chuva, com os corpos próximos.


 


- Eu fui longe demais. – Ouviu uma voz rouca dizer.


 


O moreno estava sério, tão sério como nunca ficara em toda a sua vida.


 


- É, nós fomos. – Ela retrucou, sentindo o peso que aquilo os afetava. – Não se sinta culpado, Harry.


 


- Você seria capaz de ser entregar tanto pra mim? – Ele perguntara olhando em seus olhos.


 


- Provavelmente. – Respondeu, ciente de que não saberia como mentir. Não pra ele, sobre o que quer que fosse.


 


- Então acho melhor acabarmos com isso, Herms.  – Dissera, sem ocultar uma expressão protetora.


 


Ela demorou alguns segundos pra absorver o que ouvira.


 


Sentiu um grande vazio tomar conta, e alguma coisa dolorosa presa em sua garganta.


 


- Tem razão. – Fora a única frase que conseguira formular.


 


Virou o rosto em outra direção quando as lágrimas quentes rolaram por suas bochechas.


 


Ele tocou seu queixo, fazendo-a encará-lo cara-a-cara.


 


Beijou-a na boca. De novo. Merda.


 

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