A Travessa do Tranco



Acordou ansioso na manhã seguinte. Vestiu-se. Logo já se encontrava em frente à lareira, na sala de estar, viajaria pela Rede de Flú. Pendurados na parede havia dois saquinhos de couro.

No primeiro continha Pó de Flú, no outro havia moedas. Sirius pegou o saquinho com as moedas e guardou no bolso de sua capa. Retirou um pouco de Pó de Flú do outro saquinho, entrou na lareira e disse em voz alta:

- Beco Diagonal!

A imagem da bela sala de estar mal-iluminada de sua casa desaparecera de vista em uma erupção de chamas verde-esmeralda. A sensação era a de que estava sendo sugado por um enorme ralo. Girava rapidamente e lareiras difusas passavam como relâmpagos por ele, aquilo começara a deixá-lo tonto, portanto fechou os olhos. Só voltou a abri-los quando toda aquela sensação começava a cessar.

Viu-se em um lugar movimentado.

A quantidade de lojas que ali havia era extraordinária e a quantidade de pessoas era mais incrível ainda. Sirius nunca havia feito compras sozinho, portanto mal sabia por onde começar. Retirou sua lista de material do bolso e verificou: sem dúvidas não ia começar pelos livros.

Passou os olhos em torno de diversas lojas e logo se viu em frente ao “Empório de Corujas”. Era uma loja barulhenta, havia gaiolas por todos os lados e dentro delas as corujas não paravam de piar. Procuraria pela coruja mais calma. Estava entusiasmado para ter uma coruja só para si.

Escolheu uma que lhe pareceu muito amigável, suas penas variavam entre um tom de marrom escuro e preto, seus olhos eram muito grandes e amarelos, parecia ser jovem ainda.

- Então, vai escolher ela? – disse o moço da loja que o observava.

- Ah, sim – respondeu Sirius – vocês vendem gaiolas aqui, também?

- Sim, logo ali atrás, pode dar uma olhada.

Sirius pegou uma gaiola, de bom tamanho para a coruja que escolhera.

- Você sabe se ela já tem um nome? – perguntou ao moço.

- Não, não tem. Aqui esta a coruja. – disse colocando a coruja na gaiola.

- Obrigado.

- E qual vai ser o nome? – perguntou gentilmente o moço.

- Hum – fez Sirius – Vou chamá-la de Hésti.

- Mas da onde você tirou esse nome?

- Essa é a graça, me veio de súbito.

O moço riu.

- Certo garoto, cuide bem dela... – disse – Boa tarde!

Sirius saiu da loja. Apesar da coruja ser uma excelente companhia, se arrependera de não ter comprado os livros antes, pois teria de carregar Hésti para onde fosse.

Comprou todos os seus livros, uma varinha, conjuntos de frascos, uma balança de latão, um telescópio e um caldeirão, sem falar na mala, onde colocaria suas coisas, só faltavam suas vestes. Andou um pouco observando todos os letreiros novamente, foi quando se deparou com “Madame Malkin – Roupas para Todas as Ocasiões”.

Entrou na loja e comprou tudo o que precisava. Ao sair, esbarrou acidentalmente em outro garoto, que deixou seus óculos caírem no chão, seus cabelos eram negros e despenteados. Sirius se desculpou. O garoto pareceu simpático, e enquanto recolhia seus pertences:

- Não tem problema, vejo que você está muito sobrecarregado. Precisa de ajuda?

- Não, obrigado. – e sorriu.

- A propósito, me chamo James Potter! – disse o outro estendendo a mão para um cumprimento.

- Eu me chamo Sirius – ele apertou a mão de James. A resposta, todavia estava incompleta Sirius hesitou por um momento: – Sirius Black.

- Ah, então você é um dos Black! – disse James parecendo surpreso, e desfazendo o aperto de mão. – Típicos Sonserinos, não? Andam tratando muito mal os mestiços? Ou dessa vez se contentaram em tratar mal somente os trouxas?

- Não sei, prefiro ficar longe da minha família quando se trata desse tipo de coisa.

- Por quê? Ainda é muito inocente?

- Não é essa a questão, gosto da minha família tanto quanto você.

- Não me venha com sarcasmo, Black! Sei muito bem que você e toda a sua família odeiam trouxas e mestiços.

- Você deve saber muito sobre o mundo não é? Pra sair por ai dizendo isso! – disse Sirius que começara a se irritar. – Não se meta na minha vida! Sei muito bem o quão “adoráveis” são meus pais, e não preciso de nenhum pentelho pra esfregar isso na minha cara!

- Espero que você realmente saiba de tudo que os seus “adoráveis” familiares fizeram, os Black são extremamente preconceituosos! Aposto que gostaria de seguir os passos deles, não é?

- Larga de ser tonto! Mal me conhece! Quem esta sendo preconceituoso por aqui é você!

- Mas sei bem como é teu pai, ele trabalha junto ao meu! E ele não é do tipo de pessoa que eu chamaria de “civilizada”.

- Pode falar o quanto você quiser deles, não vou fazer objeção alguma, eu até concordo com o que você diz. Agora me deixe ir, está ficando tarde.
- Ora Black, não se acovarde! Volte aqui!

Sirius ignorou. De fato, sua família não era das melhores apesar de serem “sangue-puro” – Não se cansavam de dizer isso a todos -. Não tinha com o que discordar do garoto a respeito de sua família. Os Black eram preconceituosos, de fato tratavam mal trouxas e mestiços apenas por serem o que eram. Mas não é porque sua família é dessa forma, que você será necessariamente igual a eles. James Potter fora um completo bronco. Decidiu esquecer o ocorrido.

Ficou mais um tempo passeando e observando as vitrines das lojas. Muitas crianças ficavam loucas por brinquedos e saiam correndo atrás dos pais para pedir-lhes dinheiro, alguns garotos da idade de Sirius estavam colados no vidro da vitrine de uma loja para artigos de quadribol.

Curioso, Sirius se aproximou para ver o que os garotos tanto olhavam: era uma vassoura, muito bonita por sinal, e pelo que ouvira, era muito rápida também.

Não se deixou levar pela ilusão de ter o “artefato”. Sua família não gastaria tanto dinheiro com ele. Saiu dali e continuou a caminhar, continuando a explorar as lojas. Aquela caminhada já estava deixando-o exausto, pois tinha de carregar uma mala pesadíssima – com o material – e a gaiola – com a coruja dentro! -. Decidiu que voltaria para a casa. Mas antes que pudesse dar meia volta viu uma coisa que lhe chamou a atenção.

Entre duas lojas, havia uma pequena entrada que seguia para um corredor escuro e sombrio; havia uma pequena placa indicando: “Travessa do Tranco”. Sirius se interessou rapidamente. Um homem de aparência misteriosa passou por Sirius mirando-o, logo entrou no corredor. Era um corredor extremamente estreito, Sirius não conseguiria passar por ele com a gaiola e a mala. Decidiu que voltaria outro. Mas ele sabia que a curiosidade o incomodaria durante muito tempo.

Ao chegar em casa, subiu direto para o seu quarto, não encontrou com ninguém e deu graças a Merlin por isso. Pousou a gaiola da coruja em cima de seu criado-mudo e soltou Hésti. Começou a arrumar suas coisas na mala, faltava uma semana para o dia primeiro de setembro, qual embarcaria no trem para ir a Hogwarts.

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