What Am I to you?



Capítulo 5 - What Am I to you?

-- Quase dezesseis anos atrás (sob a perspectiva do casal) --

-Acho que agora podemos tentar um menininho – Harry disse beijando-lhe o pescoço. – Depois outra menininha. E em seguida... – a mulher lhe interrompeu com um beijo.

Hermione se afastou levemente e o olhou sorrindo. – Eu pensei que estivesse brincando quando disse que queria encher esta casa, com o nosso próprio time de quadribol – murmurou em tom de brincadeira.

-Você pensou é? – indagou mordiscando o lábio dela. – Quero fazer amor todo tempo com você, nena. E ter meia dúzia de recordações como a nossa Chloe – murmurou ao seu ouvido, deslizando, em seguida, a boca pelo pescoço dela.

-Concordo que devemos tentar um garotinho... – ela retrucou num sussurro, postando-se sobre as pernas dele, lhe oferecendo mais de seu pescoço, suas mãos sobre os ombros dele. – Eu adoraria ter um Harryzinho em miniatura.

Harry se afastou, fazendo um careta. – Um mini-Harry não, Herms... Coitado do nosso filho.

Ela riu. – Obviamente um “mini-Harry” – respondeu, beijando-lhe de leve a boca.

O homem suspirou. – Duvido que poderia agüentar mais um com um senso heróico em alta. Ou alguém que corresse tantos riscos espontaneamente como eu. Tão arrogante e cabeça dura... Por vezes tão cego que não pode ver as coisas mais óbvias. E...

-E você é adorável, é doce, inteligente, e irresistivelmente teimoso – a mulher acrescentou, interrompendo. - Você é lindo. E eu o amo loucamente, seu tolo. Além disso, tem os olhos mais intensos que eu jamais vi. E eu poderia fazer agora uma imensa lista de suas qualidades, porém não quero inflar, ainda mais, seu ego – zombou, por fim. – O que quero dizer, é que um mini-Harry seria deveras, deveras maravilhoso.

Harry a derrubou no sofá, sob ele. – “Inflar, ainda mais, eu ego”, hm? – repetiu aproximando seu rosto do dela perigosamente. – Oh, a senhora Potter, foi uma menina má... O que poderia ser seu castigo?

Hermione sorriu de lado e estremeceu em antecipação.
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----- (SQN) -----

Hermione suspirou. Outra vez, estava ela naquela sala. A das lembranças. Olhando a sua volta, toda – ou a maior parte dela – sua vida ali. Tudo o que lhe importava. Toda a razão da sua existência.

Sentia um prazer doloroso de estar naquele lugar, ao momento. Quase masoquismo, enquanto as recordações a assaltavam uma a uma. Enquanto via os recortes de felicidade estampados em todas as paredes, em cada foto, em cada diário, em cada objeto.

Mordeu o lábio inferior e inspirou ao fechar os olhos para impedir a si mesma de desmoronar mais uma vez. O pensamento em Harry nublando sua coerência.

O que eu sou para você?
Diga-me, querido, a verdade
Para mim você é o mar
Tão vasto quanto pode ser
E tão profundo


Desejava só por um momento entender. Mas a verdade é que sentia ciúmes e este a cegava. Além disso, sentia ganas de feri-lo – a Harry – até que ele entendesse o realmente experimentava.
Não era ele que a estava perguntando todo tempo “o que há com você? Nena, diga-me”, “Por favor, diga-me”? Ela queria mostrá-lo.

O que lhe passava não era nada senão dor. E amargura. A sensação de que não podia ser verdade. Outra de que ele a estava traindo. Orgulho ferido. Coração partido. Confusão generalizada em sua mente: Por um lado, a confiança cega; de outro, a desconfiança ciosa, implantada por aquele monstro dos olhos verdes. Quanta ironia, olhos verdes.

Quando você está se sentindo triste
A quem mais você procura?
Veja que eu choraria se você se machucasse
Eu te daria a minha última camisa
Por que eu te amo muito


Sentia-se tola por dispensar a Harry um amor tão... irrestrito. Ela, que antes sequer acreditava nessa “espécie” de amor.
Aquele fora o melhor ano de sua vida – ou melhor, o primeiro dos melhores anos de sua vida -, toda aquela confusão para finalmente admitir que amava Harry. Que não conseguia imaginá-lo com mais ninguém senão ela. Que precisava do amor dele.
E admitir que sentia vontade de matar Parvati toda vez que ela o tocava.

Um riso nostálgico assaltou os lábios da mulher. Parvati a espevitada. Oh, ainda sentia o sangue ferver quando esta tocava Harry. Assim como um desejo sádico de demonstrar quem era sua esposa.
Francamente, uma disputa nada saudável entre ambas. Visto que Hermione perderia o tino com a “amiga” se ao menos sonhasse que os toques de Parvati dispensavam segundas intenções.

Era mais forte que ela! Depois de tanto tempo ainda sentia um senso de proteção aguçadíssimo para com Harry. Era como se o que quer que tivesse se instalado em seu coração, se expandisse a cada momento que se dava conta de que tinha necessidade de Harry Potter.

Oh, estava cansada de saber que faria qualquer coisa por ele.

Apesar de parecer uma eternidade que tudo ocorrera. Essa sua vida “perfeita”, parecia agora tão distante.
Os melhores anos de sua vida.

E agora, que parecia que tudo ia desmoronar, não conseguia sair daquele quarto de lembranças. Agarrava-se a qualquer pedaço do seu estilhaçado passado de felicidade.

Hermione suspirou. Lá estava ela, sendo outra vez demasiadamente trágica.
Virou os olhos, ainda que segurasse com firmeza um dos diários de Harry em sua mão. As letras dela mesclando-se às dele em cada página.

Agora, se meu céu caísse,
Iria você ao menos se importar?
Eu abri meu coração
Eu nunca quis a separação
Eu estou te passando a bola


Estava certa de que ele faria qualquer coisa por ela também. Antes. Agora?
Hermione fechou o diário com cuidado.

Ela teria dito que sim há uns meses... Mas Harry a estava deixando duvidosa. Não eram grandes coisas que ele fazia, mas ele estava diferente, havia alguma coisa, alguma coisa que ele não lhe mostrava, e apenas isso a deixava fora de si. O que mais poderia ser? E por que não podia dividir com ela se aquilo certamente o estava inquietando?
O que? Não confiava mais o suficiente nela?

Então houvera aquele dia... Um sábado, como se não bastasse.
Ele sabia que ela odiava que trabalhasse aos sábados, mas “O que podia fazer?”, nas palavras de Harry. “É trabalho”, ele havia dito, encolhendo os ombros. Basta dizer que ela ficou furiosa.
Principalmente ao saber que, naquele sábado – supostamente um dia familiar -, Harry estaria no ministério da magia das sete da manhã às sete da noite, “trabalhando para o bem da humanidade”.

Francamente, ela queria que o mundo se explodisse, queria Harry com sua família, consigo. Ele estava trabalhando demais, passando tempo demais naquele ministério, enfurnado em sua sala, ou em trabalhos de campo ou ensinando à sua nova estagiaria...
Nunca pensou que pudesse odiar tanto um lugar, mas ela odiava. Odiava o trabalho dele, as amigas de trabalho dele, os sorrisos que ele distribuía sem pudores para elas, odiava perceber que ele nem tinha noção do quando lhe magoavam aqueles atos. E, principalmente, aquelas pessoas.
Não sabia quando começara, mas passara a odiar toda ala feminina do departamento de aurores, talvez “odiar” seja uma palavra forte demais. Enfim, era irritante vê-lo tão compenetrado em uma conversa – não relacionada a trabalho – com as mulheres daquele lugar – se importando com ninharias das vidas delas - recebendo diminutivos – ‘docinho’, ‘amorzinho’... ‘Harryzinho’, Merlim, definitivamente o mais ridículo de todos – com complacência e simpatia. Às vezes tinha vontade de quebrar todos os seus dentes. Ou os delas – sempre tão gentis e alegre, e disposta para ele.

De qualquer forma, no sábado Harry não chegou às 19:10 da noite, nem as 20:00, ou as 22:00, sequer às 3 da manhã de domingo...
Às 21:00 ela prometera a si mesma que não ligaria para ele, já que ele não o fizera. Meia hora depois ligara, talvez tivesse acontecido algo com ele, só para encontrar o telefone móvel desligado. Pra quê ele tinha aquela porcaria se vivia desligada?!

Harry chegara pouco mais das nove da manha de domingo, sem explicações aparentes. Mais serviços, virando a noite trabalhando, cochilara em um dado momento, tornara ao trabalho e só há uma hora havia terminado. Já havia tomado café. E banho.

Nem queria pensa, a morena apertou o diário novamente, suspirando.

Alguém bateu na porta e instintivamente ergueu a vista, esperando; a cabeça de Harry surgiu instantes depois. Ele sorriu fitando-a, lhe retirando da recordação desagradável.

Quando eu olho em seus olhos
Eu posso sentir frio na barriga
Eu te amarei mesmo quando você estiver triste
Mas me diga querido a verdade
O que eu sou para você?


-Eu fiz o jantar. Venha comigo, senhora Potter – disse estendendo a mão.

A mulher franziu o cenho e antes que abrisse a boca para falar, Harry a olhou com falso tom de censura. – Não me diga que não está com fome. Eu preparei aquela sobremesa que adora, porém – ele ergueu a sobrancelha - só terá direito se sentar à mesa comigo.

Ainda que quisesse demonstrar indiferença, sorriu mordendo o lábio inferior antes de aceitar sua mão.

-Está bem, Potter – murmurou.

Agora, se meu céu caísse,
iria você ao menos se importar?
Eu abri meu coração
Eu nunca quis a separação
Eu estou te passando a bola


Hesitou outra vez ao observar que ainda segurava com firmeza um dos diários de Harry.

-O que tem aí em mãos?

Hermione sentiu o rosto esquentar. – Oh, bem... é apenas um dos nossos diários.

-Verdade? – ele fitou o diário com curiosidade, observando Hermione colocá-lo no lugar sem vontade. – Quer levá-lo? Nós podemos fazer um ‘breve histórico’ – murmurou ao seu ouvido, o tom divertido e mal-intencionado pairando no ar, a morena estremeceu.

-Besteira – ela comentou, guardando de vez o diário. Então voltou-se para ele, Harry parecia, no mínimo, decepcionado. Ela sorriu de lado, acrescentando:
– Onde estão as crianças?

-Chegarão em instantes – o homem comentou, dirigindo-se a saída.

-Harry... – Hermione desvencilhou a mão da dele e parou no meu do quarto. O moreno girou sobre os próprios pés e a fitou. - Nós ainda temos tempo para uma nova recordação?

Ele riu gostosamente, sem sequer se dar ao trabalho de responder enquanto voltava os passos, ao encontro dela.

Quando eu olho em seus olhos
Eu posso sentir frio na barriga
Poderia você achar um amor em mim?
Iria você gravar meu nome em uma árvore?
Não encha meu coração de mentiras
Eu te amarei mesmo quando você estiver triste
Mas me diga querido a verdade
O que eu sou para você?

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(continua)
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NA.: Sou apaixonado por essa música – os trechos em itálico são a tradução dela - seu nome é o título do capítulo. E é da Norah Jones.

Obrigada Pedro e Josy. E Pedro, desculpe a demora...

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