"Talvez"



Por um momento
Hanging by a moment



Capítulo 11 – “Talvez”

- Disfarça que o Teddy tá entrando no salão – disse Sam, que estava sentada na frente de Victoire.

Victoire baixou os olhos para o prato e ficou esperando as amigas darem o sinal de que o rapaz já tinha passado. De repente, Sam começou a sufocar risinhos e Susie, sentada do lado da Sam, ficou extremamente sem graça.

- O que eu perdi? – perguntou Victoire.

- Jake Cleaver mandando beijinho para a sua amiga aqui – respondeu Sam, ainda rindo.

- Eu ainda não entendi qual é a dele – comentou Susie, desanimada – Se ele só quer brincar comigo, então por que precisa fazer isso em público?

- Para mostrar a nova conquista, oras – disse Sam, imediatamente.

- Muito obrigada pelo apoio.

- Sabe o que você deveria fazer? Era dar um fora nele hoje a noite para mostrar a esse convencido que ele não está com nada, isso sim. Você está facilitando muito as coisas, Su.

- Você diz isso porque ele nunca agarrou você!! Fica quase que impossível reagir!!

- Aí, oh! Você tá toda derretida. Se gosta mesmo dele, vai ter que dar um chega pra lá nele hoje a noite senão ele vai achar que você é apenas mais uma na lista de conquistas dele.

- Você está certa, Sam – concordou Susie – é o que eu vou fazer depois do treino.

- NÃÃÃÃÃO!! – elas ouviram o grito de Jake na outra ponta da mesa e olharam na direção em que ele apontava.

Estavam entrado no salão Mike McDonald e Katie Stratford de mãos dadas.

- Parece que todo mundo queria que eles ficassem juntos, não? – comentou Victoire, vendo a algazarra que Teddy e seus amigos estavam fazendo por causa do casal.

- Devem ser do mesmo tipo que você e o Teddy – disse Sam – nunca se acerta.

Victoire suspirou.

- Ele pelo menos olhou para cá?

- Sinto muito dizer que não...

- Então parece que a gente não vai se acertar nunca!

- Quem sumiu foi a Morgan, né? – comentou Susie – Não vi ela o dia todo.

- Tadinha, deixa ela degustar o fora longe do campo de visão de sua principal rival, não é? – disse Sam.

- Sabe, Sam – disse Victoire – quero morrer sua amiga!!




- Eu realmente não vou conseguir fazer isso!! – Sam fechou seu livro com um estrépito e fazendo Victoire, que estava sentada na sua frente, pular de susto.

- Você tem que se concentrar – disse a loira – Você sempre se estressa quando realmente senta para fazer dever de casa...

- A gente não pode simplesmente jogar um Snap Explosivo? É sexta!

- É, mas se a gente não começar a fazer lição agora, não teremos fim de semana que, tecnicamente, só chegará a meia noite.

- Mas se eu não consegui preparar a poção, como é que o Prof. Jackson quer que eu saiba no que errei??

- Eu estava do seu lado na última aula – Edu Carmichael se sentou do lado dela – acho que posso te ajudar a escrever o que errou!

- Não acredito!! – exclamou ela – Edu Carmichael me oferecendo ajuda, mesmo depois de uma discussão tremenda e eu chamando-o a cinco anos de CDF...

Edu esticou a mão.

- Eu proponho trégua, não te pentelharei mais por ser irresponsável e você não me pentelhará por ser certinho demais, que tal?

- Acho que não chegaremos ao sétimo ano sem uma trégua, né? – ela estendeu a mão também – Fechado! Por onde eu começo?? – ela olhou para as varias anotações da matéria que tinha espalhadas pela mesa.

Victoire abaixou o rosto e sorriu. Nunca imaginara que poderia existir trégua entre aqueles dois. Ao olhar em volta da sala comunal, viu que Rox afinava sua guitarra, sentada perto da lareira. Resolvendo sair de perto de Sam e Edu, foi a até a prima.

- Vai ensaiar hoje ainda? – perguntou a loira, sentando numa poltrona do lado da garota.

- Ah, sim... a gente não conseguiu ensaiar nenhuma vez essa semana. – respondeu a garota.

- E como você vai fazer com o barulho?

- É uma forma um pouco mais avançada de abaffiato. Em vez de lançar o feitiço nas pessoas em volta, lançar nas paredes.

- Bem pensado – disse Victoire. E então ela reparou que Rox lançava olhares para a mesa onde estavam Sam e Edu, que a essa altura já estavam rindo – Qual é o problema com eles?

- Edu Carmichael – respondeu Rox – Gosto dele.

- Então é dele que você gosta? – espantou-se Victoire – você não acha ele um tanto... ahn... certinho demais?

- Eu sei, mas não posso evitar.

- Sinceramente, acho que ele não é o cara para você – disse Victoire – você acabou de fazer quatorze anos, o cara certo ainda vai aparecer.

- Bom, esperar, né? – disse Rox, sacudindo os ombros – Já que você passou quatro anos gostando do Teddy até ele reparar em você...

- É, mas ao que parece, não tem a mínima chance de ele chegar em mim já que está fugindo...

- Ele já terminou com a bruxa-má... calma, falta pouco para vocês viverem felizes para sempre. É só dar um tempo, não é? Existe um tempo de luto depois da morte do namoro...

- Gostei da comparação – riu a loira.

Nesse momento, o buraco do retrato se abriu e as duas viram Teddy e Jason entrando no buraco do retrato, ainda vestidos com o uniforme do time de quadribol. Victoire virou o rosto para não precisar encarar Teddy.

- Jason chegou, tenho que juntar a banda agora – e a garota correu para o dormitório feminino.

Victoire voltou para mesa que estava Sam, já que Edu tinha se levantado para conversar com Jason.

- Algum avanço no trabalho?

- Finalmente!! – exclamou a outra – Ainda bem que Edu sabe Poções.

- Ainda bem que ele resolveu acabar essa guerra que vocês dois travavam, isso sim...

- É – disse Sam, e então baixou a voz: - Como será que Susie está se saindo nesse momento, hein?




- Bem time, por hoje é só – disse Jake – Não se esqueçam que domingo tem treino extra pela tarde. Boa noite, pessoal.

Susie reparou que Jake tinha piscado para Teddy antes deste sair do vestiário. Ela, então, se despediu dos colegas do time também e ficou na frente da porta do vestiário, esperando por Jake.

- Bem – Jake encostou-se na parede do vestiário – chegou a hora da gente conversar.

- É, mas eu gostaria de falar primeiro – disse ela, decidida.

- Primeiro as damas.

- Você me pegou desprevenida hoje na hora do almoço...

- Susie, eu...

- Isso mesmo! Se você pensa que pode brincar comigo como faz com as outras garotas, está completamente enganado!

Jake já esperava esse tipo de reação. Não conseguiria se passar de santinho com a reputação que carregava.

- E quem disse que eu quero brincar com você?

- E o que mais Jake Cleaver poderia fazer?? – ela retrucou, sarcástica.

- Por favor, me escuta! – pediu ele – eu nunca senti nada assim por qualquer garota que já saí ou azarei – “se bem que todas as garotas que eu azarei, eu saí” – pensou.

- Então por que me beijou daquele jeito hoje? – perguntou Susie, já indecisa se essa discussão era o melhor no momento – Um perfeito cavalheiro não me daria um beijo roubado.

- Por que eu tentei ser um perfeito cavalheiro e você não me deu a mínima atenção, não é?

- Mas como eu ia imaginar que você ia me chamar para sair?

- Você nem ao menos deixou eu terminar, já saiu correndo para terminar o dever de casa – estava começando a ficar irritado com essa situação, inédita na sua vida – E depois, se eu tivesse te chamado para sair, duvido que você teria aceitado.

- Uau! Como você descobriu isso? – disse ela, irônica.

- Será que você não pode me dar uma chance?

- Para que? Para você me dar um par de chifres??

Jake então segurou os braços da garota.

- Olha, eu estou sendo sincero. Nunca gostei de verdade de nenhuma garota, então não sei responder como vai ser. Mas gostaria de tentar, e só posso fazer isso se você me der uma oportunidade.

Pela primeira vez naquela noite, os dois se encararam. Susie, levemente corada. Ela sabia que poderia sair muito machucada dessa história se aceitasse o que Jake estava falando. Porém, não se podia negar que ele estava sendo sincero e era fato de que seu método de conquista não incluía declarações de amor.

- Juro que, enquanto estiver junto com você, nunca a trairei!! Juro que terminarei com você antes se resolver sair com outra.

Ela riu.

- Juras de amor de um galinha – comentou – Será que depois desse término, você não vai voltar e pedir para voltar, não? E assim a gente ficará terminando e voltando?

- Não, se for para terminar, que seja uma vez. Nada de ida e volta.

- A gente não sabe nada do futuro, Jake Cleaver.

- Concordo, Susie Simpson. Vai que eu me torne um namorado fiel e completamente apaixonado? Vai querer testar o morrer na duvida?

Ela passou os braços pelo pescoço dele e ele a puxou para mais perto de si.

- Será que eu deveria arriscar? – perguntou ela, com um sorriso maroto.

- Melhor se arrepender do que fez que do que não fez...




- Viu? Conseguimos ensaiar hoje! – disse Jason – mesmo tendo que expulsar todo mundo que estava na sala comunal.

Ele e Rox estavam sentados numa mesa da sala comunal, ele com um violão e uma caneta anotando cifras num papel, e ela apenas observando-o.

- Finalmente, eu teria um troço se não conseguisse tocar as minhas últimas composições.

- Vamos tocar amanhã mesmo?

- Foi o que prometemos ao povo que expulsamos daqui, não é? – disse ela, como se isso fosse óbvio – e por falar nisso, eu quero que toque essa sua música. Faz bastante tempo que você está trabalhando nela...

- Mas sem ensaio?

- A gente ensaia antes do show...

- E que horas que eu vou fazer meus deveres?

- Se vira – respondeu ela, sacudindo os ombros – Ou melhor, copia do Carmichael, como você sempre faz.

Ele fingiu não ter escutado essa última parte e então seu estômago deu uma volta quando sentiu a cabeça dela próxima ao seu pescoço. Ela havia se debruçado para observar o que ele estava anotando.

- Gostei dessa letra – comentou ela, corando – precisa de alguma ajuda com as cifras?

- Não, obrigado... Acho melhor você ir dormir, amanhã teremos um dia longo. Eu só vou terminar isso aqui e já vou também...

- Realmente – ela concordou – Boa noite – e seguiu em direção as escadas do dormitório feminino.

Antes que pudesse começar a subir, porém, Rox parou e o chamou:

- Hei, Jason!

- Que foi?

- Talvez um dia eu aceite o seu pedido para sair...

Ele sorriu.

- Vou ficar torcendo por esse “talvez”, então...

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