Capítulo Sete



Arrumou o boné, escondendo o rosto enquanto colocava as mãos dentro do bolso do jeans. Caminhava em passos vagarosos, de cabeça baixa, por uma rua cheia de arvores, onde as folhas verdes balançavam suavemente com a brisa daquele dia verão.

As pequenas casinhas eram todas parecidas; a maioria estava com as luzes da sala acesas e, às vezes era possível escutar musica elevada e risadas.

Avistou um grupo de jovens, talvez um ou dois anos mais novos que ele, sentados em um jardim. Riam, conversavam e pareciam estar tentando estudar feitiços avançados. Obviamente nada do que ele já não sabia.

Eles pareciam felizes, mas toda aquela alegria não o afetou; a sensação de medo e de raiva que havia passado ainda estava vivo em sua carne e ele tinha quase certeza que, se fechasse os olhos, poderia reviver aquele ato de assassinato como se estivesse voltando no tempo repetidas vezes.

Suspirou pesadamente e mordeu o lábio ao escutar o berro agonizante do Comensal em sua mente.

Passou pelo grupo de futuros aurores sem ser percebido; estavam muito ocupados com as provas finais e a diversão do momento para notarem a figura solitária.

Andou por mais ou menos quinze minutos, ignorando seu coração acelerado e o corpo implorando por recuperação da batalha. Toda a dor física não importava para ele no momento.

Tudo o que precisava saber era que estava tudo bem, que o feitiço de proteção ainda funcionava perfeitamente e que o plano de atingi-lo através dela continuava não dando certo...

Finalmente, parou quando avistou uma casinha com o numero 8. Erguendo o rosto, tomando o cuidado para não revelar o mesmo, ele avistou a figura feminina na varanda, com um grosso livro em mãos.

Os cabelos ruivos estavam soltos, longos e brilhantes espalhados em seus ombros e refletiam aquele por do sol canadense. Ela girava a varinha entre os dedos e tinha um pequeno sorriso, de quem estava prazerosamente distraída com a leitura. Vestia um shorts jeans, deixando à mostra as pernas longas e torneadas e uma camiseta branca confortável.

Ele chegou até se sentir fraco pelo alivio. Deixou que um suspiro cansado e agradecido escapasse de sua boca e o aperto em seu coração se aliviou. Ginny estava segura.

A raiva que sentira por todo o trajeto até a casa em que ela estava havia amenizado consideravelmente e ele chegou até suavizar a expressão com a promessa de um sorriso.

Ginny coçou a nuca e sorriu, entretida com o livro. Ele acompanhou seu sorriso e a imaginou em seus braços.

Ela pareceu ter sentido que alguém a observava, ou chegara até mesmo sentir o calor daquele sorriso e daquele olhar sobre si, mas quando erguera o rosto, Harry já não estava mais lá.


- Se olhares matassem, aposto que se Michael Stuart estivesse em seu caminho, ele estaria sendo guilhotinado.

Ginny estava sentada sozinha em uma das mesas do refeitório lotado do DICAT. O queixo repousava em suas mãos e ela estava com o cenho franzido e o semblante frio, com o olhar perdido, quando escutou uma voz feminina chamando sua atenção.

Ela não saiu da posição em que estava para observar Sarah Madison caminhar em sua direção, atraindo olhares de todo o refeitório.

Sarah sempre chamava atenção onde quer que estivesse e, mesmo trabalhando no departamento desde sua criação, nenhum auror se cansava de devorá-la com os olhos quando esta passava pelos corredores do prédio ou quando trabalhavam em um mesmo caso. Ginny achava engraçados os comentários a respeito de sua parceira e melhor amiga. Sarah era o sonho de consumo masculino e já havia perdido as contas do numero de aurores que sempre a chamava para algum programa a dois após a conclusão de um dia exaustivo de trabalho.

Mas ela parecia ter noção do quanto conseguia afetar os homens, e Ginny sabia que ela era mestre em como usar isso para tirar proveito.

Ela encostou-se no balcão e cruzou os braços, sorrindo para a amiga.

- Quantas vezes você já imaginou a cabeça de Mike rolando pelo chão em todo esse tempo de meditação? – Ginny abriu um sorriso simpático para Sarah, encolhendo os ombros.

- Não acho a guilhotina um meio muito adequado para se matar de alguém. De qualquer modo, seria algo muito indolor para Mike. Talvez uma maldição egípcia iria calhar.

Sarah soltou uma gargalhada divertida e passou a mão pelos cabelos.

- Aposto então que estava pensando naquela dos escaravelhos. – ela puxou uma cadeira e se sentou na frente de Ginny. – Mike acabou de me contar o que está acontecendo.

Ginny perdeu o sorriso.

- Ele lhe disse seu maravilhoso plano? – ela franziu o cenho. – Pensei que esse plano era justamente para que a notícia não vazasse.

- Bem... Sim. – Sarah pareceu distraída com uma mecha de seu cabelo incrivelmente negro e encolheu os ombros. – Mas ele considerou a possibilidade de um ataque de Comensais, e você sendo imobilizada. De qualquer modo, estou na jogada.

Ginny balançou a cabeça.

- Se fosse para todo mundo saber, por que ele não coloca você como o amor da vida de Potter?

- Porque eu já estou tendo muito trabalho esbanjando minha inteligência, bom humor e charme em cima daquele galo amarelo. – ela abriu um sorriso cinicamente simpático. - Eu teria que ser muito depravada para estar vivendo um romance com Potter e andando para cima e para baixo com o russo.

- Isso não seria nenhum problema. – Ginny provocou a amiga. Sarah ergueu uma sobrancelha.

- Ora, isso foi ofensivo. Eu nunca saí com dois homens ao mesmo tempo.

- E ano passado? Eu fiquei sabendo sobre seu romance no Brasil. E nesse tempo eu sabia que você estava enrolada com um auror daqui.

Ginny presenciou Sarah abrir um sorriso que nunca havia visto antes; era uma mescla de nostalgia e uma alegria que chegava até ser inocente.

- É diferente. Eu só havia saído com David uma única vez e o Matheus é uma linda historia que eu gostaria que tivesse dado certo, mas não deu. Não existia nada entre David e eu que me impedisse de ter algo com alguém. De qualquer modo – ela balançou a cabeça. – Não era sobre minha vida que estamos falando. Estávamos falando sobre o brilhante plano de nosso querido chefe.

Ginny suspirou.

- Sim. Eu não quero nem imaginar a cara de meus pais quando eu precisar fazê-los engolir essa historia.

- Não vai ser muito difícil, vai? E seus pais gostam dele, pelo menos foi o que Hermione acabou de me dizer.

- Não é esse o problema. Não faz nem uma semana que eu conversei com a minha mãe sobre Daniel não querer me dar o divorcio, e agora eu vou entrar de mãos dadas com Harry na casa deles e dizer que eu estou perdidamente apaixonada? Semana passada eu fazia uma careta de nojo toda maldita vez que minha mãe dizia que eu precisava me abrir para novas oportunidades na vida amorosa.

Sarah abriu um sorriso de quem segurava uma risada.

- Sua mãe deve ser uma pessoa adorável. – disse com a maior cara de pau. Ginny sorriu sarcástica.

- Eu não sei, eu não acho que isso vai dar certo. Foi o que eu disse para Mike, eu ainda nem consegui me separar, e as pessoas sabem disso, me chamam de Virginia Hammet, você sabe...

Sarah estalou os dedos das mãos enquanto olhava furtivamente para os lados.

- Mike já deu um jeito nisso. – confessou. – Mas ele ainda não queria te contar.

Ginny não entendeu porque, mas sentiu medo da resposta.

- O que foi que ele fez?

- Amaldiçoou seu ex para que ele assinasse os papéis. – Sarah comentou casualmente, como se estivesse fazendo algum comentário bobo sobre o tempo.

- O INFELIZ FEZ O QUÊ?

Até ela se assustara com o grito que soltara. O refeitório inteiro ficara em silêncio, e o cozinheiro derrubara a panela cheia de uma pasta verde, que se espalhou pelo chão, escorregando na mesma. Sarah apenas sorriu com sua atitude.

O sorriso de Sarah apenas se alargou com a histeria de sua parceira.

- Sim, foi exatamente o que você escutou. Mike lançou a maldição Imperius em seu ex e o obrigou a assinar aqueles papéis de divórcio.

Ginny, que havia se levantado por causa do susto, caiu sentada na cadeira, boquiaberta.

- Como... Como...

- Como ele pode ter tamanha audácia de se intrometer em sua vida? Sinceramente eu não sei. – a morena coçou o queixo.

Sarah observou Ginny torcer as mãos sobre a mesa. As íris amendoadas de sua parceira escureceram de tal forma que pareciam ser tão negras quanto seus cabelos. Sarah sabia o que viria pela frente.

- Ele ainda está aqui no departamento?

- Parece que foi ao St. Mungus falar com Potter a respeito do esquema de segurança e a sua saída.

Ela grunhiu de pura fúria.

- Filho da...

- Relaxe, Gin. Pense pelo lado positivo, você está livre daquela mala.

- Mas se eu quisesse amaldiçoá-lo para conseguir o divorcio, teria feito eu mesma. – murmurou seca.

Sarah sorriu.

- Acho que você tem coisas mais importantes para se preocupar no momento do que seu ex marido amaldiçoado assinando os papéis.

- Sim, tenho que transformar os últimos minutos de vida de Mike em um completo inferno antes de matá-lo e afogar minha cabeça no vaso sanitário.

Ela se levantou e caminhou com Sarah para fora do refeitório.

Não ia declarar a parceira que estava furiosa com Mike; ele não tinha direito de se intrometer em sua vida, por mais mortalmente do avesso que ela estivesse.




- Por que estamos aqui paradas? Por que não estamos no St.Mungus estrangulando Mike? – Ginny perguntou aborrecida ao perceber que já havia se passado quase meia hora desde que saíra do departamento.

- Estamos esperando o avestruz amarelo parar de limpar as penas. – Sarah respondeu levemente entediada, enquanto encostava-se à parede da sala de seu luxuoso apartamento e girava a varinha entre os dedos.

- O russo está aqui? – ela perguntou levemente surpresa. Sarah bufou exasperada.

- Por que acha que estamos aqui? – Sarah girou os olhos. – Não posso desgrudar dele, esqueceu? E, de qualquer modo, ele vai trabalhar conosco nesse caso de proteção a Potter.

- Eu quis perguntar na verdade, se ele está morando aqui em seu apartamento.

- Ah, certo. – Sarah encolheu os ombros. – Bem, você sabe... Não é só você que quer estrangular Mike. Ele achou que seria mais fácil arrancar informações do russo se estivéssemos debaixo do mesmo teto.

- Em outras palavras, ele está te usando. – Ginny se sentiu zangada com essa possibilidade. Sarah deu de ombros.

- Ele está muito enganado se acha que vou ficar paparicando esse idiota.

- Mike comentou que ele não é russo, na verdade.

Ela balançou a cabeça enquanto pegava uma garrafa de água mineral na geladeira.

- Não, ele não é. Na verdade, ele é tão britânico quanto eu ou você. Mas sabemos porque ele foi para a Rússia. – Sarah sentou-se na bancada da cozinha e abriu a garrafa.

- Você sabe? – Ginny pareceu surpresa. – Ele contou para você?

- Não, eu li seu dossiê. Eu não seria idiota de ficar quase 24 horas com um cara sem saber a historia dele.

Ginny soltou um pequeno sorriso com aquele comentário.

- Ora, nunca conversamos sobre seu russo fajuto. Conte-me mais.

As íris incrivelmente azuis da morena faiscaram.

- Ele não é meu coisa nenhuma. – resmungou. – Bom aí vai um pouco da historia: ele foi obrigado a se juntar aos Comensais da Morte aos dezesseis anos, passou por maus bocados e quando o pai morreu em Azkaban, ele conseguiu fugir com sua mãe. Essa seria sua historia mais do que resumida.

Ginny teve a leve impressão de que já escutara aquela historia em algum lugar.

- Como ele entrou no departamento russo se era Comensal da Morte? – perguntou surpresa. – Eles são altamente mais rigorosos do que qualquer outro departamento.

- E também os melhores. – Sarah admitiu. – Talvez eu peça transferência para lá o dia que me achar qualificada o suficiente.

- Pare de baboseiras, você é excelente, sabe jogar. – Ginny balançou a cabeça. – Conte-me mais, como ele conseguiu entrar no departamento?

- É muito simples, Weasley: eu sei jogar muito bem.

Aquela voz lhe era fantasticamente familiar. Ginny estava de costas para o dono da voz, mas apenas o som rouco e rasteiro fora o suficiente para que um arrepio percorresse por sua espinha. Havia um pouco de sotaque em sua voz, de quem não falava inglês há certo tempo.

Ela virou-se, e sentiu que suas pernas haviam virado geléia, ao mesmo tempo em que boquiabria-se.

Lá estava Draco Malfoy, secando os cabelos platinados bagunçados com uma toalha, displicentemente; a camisa branca estava aberta, revelando todo o corpo bem trabalhado, com jeans e descalço.

Deus do céu, os anos foram generosos com ele, ela pensou. O ar esnobe continuava ali, da mesma forma que ela vira por tantos anos, mas sua posse arrogante e seu ar debochado faziam um contraste magnífico com seu corpo, que se movimentava como se fosse um grande felino.

- Infelizmente não posso dizer que é um prazer em revê-la, Weasley. – ele abriu um pequeno sorriso de canto, enquanto encolhia os ombros e parava de passar a toalha pelos cabelos louros bagunçados. – Ou será que eu deveria lhe chamar de Hammet?

Aquela certa hostilidade parecia não ter sumido, ainda que ele parecesse receptivo ao parecer que até gostaria de passar algumas horas ao seu lado.

- Weasley, você deve chamá-la de Weasley. Se quiser zombar das pessoas, inteire-se do que está acontecendo Malfoy. – Sarah rebateu aborrecida. Ao contrário de Ginny, que estava chocada com Malfoy, ela não parecia abalada com a presença dele. Ginny estava surpresa com ela; era obrigada a admitir que qualquer mulher com sangue nas veias olharia uma segunda vez para ele, e Sarah com certeza era uma pessoa que sabia como não desperdiçar bons momentos com homens bonitos, o que não estava ocorrendo, no entanto.

Draco Malfoy ergueu uma sobrancelha para ela e encolheu os ombros mais uma vez. Ginny pensou que ele fosse responder alguma coisa à morena, mas tudo o que fizera fora jogar a toalha molhada para Sarah e dizer com a maior cara de pau:

- Pendure-a para mim, doçura.

Ginny segurou-se para não rir do olhar mortal que Sarah lançou para ele.

- Claro, e você acha que eu vou obedecer-lho, suponho.

- Na verdade, eu tenho certeza. – Draco respondeu tranquilamente, enquanto abria a geladeira e pegava uma jarra de suco e o colocava sobre a pia. – A menos que você queira deixar uma toalha molhada no chão da sua cozinha, o que seria muito nojento da sua parte.

Ponto para ele. Ginny olhou para a parceira, que continuava segurando a toalha como se isso fosse a coisa mais inacreditável que já presenciara na vida.

- Bom, a toalha é sua. – ela rebateu num tom perigosamente calmo. U-Huh. Ginny sabia o que aquele tom significava.

- Sim, é minha.

- Pois bem, vamos chegar ao ponto principal. – ela caminhou até a janela da cozinha e encostou-se ao lado, com a toalha em mãos. – Eu não sentiria falta de uma coisa que não é minha e, se por acaso algo acontecesse a essa toalha, a culpa seria sua, certo?

- Suponho que sim. – ele respondeu entediado.

- Ótimo, é tudo o que eu precisava ouvir. – ela sorriu docemente para ele, enquanto jogava a toalha da janela da cozinha.

Malfoy engasgou-se com o suco.

- O que diabos você pensa que está fazendo Madison?

Ela imitou o gesto dele, encolhendo os ombros.

- Ora, você apenas não cuidou do que é seu de forma correta, doçura. –retrucou, imitando seu sotaque. – E pare de enrolar como uma noiva, Malfoy, precisamos ir ao St. Mungus e você já nos atrasou. Não pense que só porque não é do departamento que não pode ser punido.

Ele deixou escapar a piada, por continuar olhando incrédulo para a janela de onde toalha havia sido jogada.

Sarah ergueu o queixo para ele e disse simplesmente:

- Pare de enrolar como uma noiva e termine de se arrumar, Malfoy, precisamos ir ao St.Mungus.

Ela saiu de queixo erguido, sendo seguida pelas íris acinzentadas do homem, que brilhavam em incredulidade. Mas Ginny conseguiu perceber certa admiração, ainda que mínima, naquele brilho.

Malfoy voltou a ficar sério e seu olhar tornou a cair sobre Ginny, que continuava sentada na bancada.

- Então você conseguiu se separar do marido? – ele perguntou casualmente, como se fossem amigos há muito tempo para que ela lhe contasse tal fato. – É por isso que agora devo lhe chamar de Weasley.

- Bem, eu suponho que sim. – retrucou calmamente, enquanto cruzava as pernas. Malfoy demorou um pouco o olhar nelas.

- Huh. – ele assentiu. – E suponho que agora vá realizar o sonho de sua vida, não é mesmo?

Ela ergueu uma sobrancelha.

- O que está querendo dizer com isso?

Malfoy guardou a jarra na geladeira e virou-se para encará-la.

- Bom, acredito que você saiba o que eu estou querendo dizer.

Ginny segurou uma resposta grosseira.

- Suponho que isso deva significar que você não deixou as velhas diferenças de lado? – ela perguntou lentamente.

Eles se encararam por um breve momento. As íris cinzentas consumindo as castanhas. Por fim, ele abriu um sorriso irônico, ao mesmo tempo em que ela.

- Você é diferente do seu irmão, Weasley.

Ela não respondeu, apenas pareceu relaxar consideravelmente.

Malfoy estendeu a mão e respondeu:

- Meu passado é algo que está enterrado. Não sou mais a mesma pessoa que você conheceu em Hogwarts ou que tentou assassinar Albus Dumbledore. – seu sorriso irônico se alargou. – Draco Malfoy, prazer.

Ginny se levantou e apertou a mão dele.

- Virginia Weasley.

Era engraçado pensar que, anos atrás ela conseguia chegar até mesmo detestar aquele homem e que, naquele momento, ela sentiu-se estranhamente em segurança com ele. Como se ele fosse alguém realmente confiável e que, se ela se tornasse alguém de importância para ele, ele arriscaria o que fosse para vê-la em segurança. O futuro era realmente imprevisível.

- Que comovente. – a voz extremamente sarcástica de Sarah soou ao fundo, e Ginny a encontrou encostada no batente da porta, com os braços e os calcanhares cruzados. – Malfoy, qual parte do ‘estamos atrasados’ você não entendeu?

Ambos se fuzilaram com os olhos, antes que Malfoy se afastasse de Ginny e passasse por Sarah. Quando ele estava na sala, gritou:

- Começarei a usar sua toalha, Madison, aguarde.

- Você teria que entrar no meu quarto para conseguir isso. – ela respondeu, onde Ginny sabia que ela estava se referindo ao fato de que a toalha ficava em sua suíte.

Ela pôde sentir o sorriso malicioso na resposta dele:

- Isso não vai ser problema algum.




Hermione torceu as mãos nervosamente, antes de olhar para o relógio de pulso pela centésima vez. Ron estava atrasado, e isso apenas a deixava mais nervosa ao se lembrar que aquele encontro seria apenas para começar o plano de segurança.

Alguns minutos atrás, ela conferiu orgulhosamente que Rita Skeeter já estava rondando pelo local, esperando que Ron chegasse e ela contasse a noticia chocante que precisava contar.

Ela já suspeitava a algum tempo que Skeeter vinha xeretando as cartas que ela enviava a Ron, a procura de alguma noticia que a abalasse; decidiu então usar esse fato como uma vantagem.

Passando a mão pelos cabelos e soltando um suspiro, ela sorriu quando viu seu noivo finalmente aparecer. Ron segurava a vassoura no ombro e parecia cansado; havia provavelmente acabado de terminar o treino.

Ela se apressou até ele e sua mão se entrelaçou com a livre dele, enquanto ficava na ponta dos pés e o beijava carinhosamente. Obviamente ele pareceu gostar do gesto carinhoso dela, pois a segurou com firmeza pela cintura quando a puxou para mais perto de si.

- Você disse que precisava conversar comigo. – ele murmurou com a voz rouca para ela. – Não é nenhuma surpresa desagradável, é?

Hermione sorriu.

- Depende do que você considera uma surpresa desagradável. – disse com meiguice.

Ele pareceu se preocupar com aquela resposta.

- Bem, você sabe. Uma gravidez... Estivemos tomando todo o tipo de precaução contra isso, mas se por acaso acontecesse... Você sabe, minha mãe deixaria você viúva antes mesmo de chegar a colocar uma aliança no dedo.

Ela riu graciosa com aquela resposta.

- Uma criança seria uma benção maravilhosa.

- Não antes do casamento. – ele respondeu de sobrancelha erguida. – Não quando sua mãe é Molly Weasley.

Ela balançou a cabeça.

- Esqueça, não é sobre isso que eu queria falar. – ela respondeu rapidamente quano percebeu que Skeeter poderia ter escutado isso. Imaginou a conversa sobre sua vida intima no jornal no dia seguinte e imaginou se Ron não estaria curioso com o fato de estar começando a ficar vermelha. – Na verdade, eu acho que isso é uma ótima noticia.

Ele começou a caminhar com a noiva de mãos dadas pelo parque, segurando a vassoura por sobre o ombro com a outra mão.

- Pois bem, o que seria? Você conseguiu aquele pacote de lua-de-mel que tanto queria? O agente disse que não tinha mais como encaixar para esse ano.

- Ah, infelizmente não é tão bom assim.

- E então o que é? Que droga Hermione, odeio esse suspense todo.

- Harry conversou com Ginny, você sabe.

Ron parou de andar.

- Você está querendo me dizer que ele contou a ela sobre...

Ron não conseguia falar, e Hermione não sabia se seria certo dizer a verdade: que ele já gostava dela antes de fugir. Imaginou a verdade nos jornais, a cara de Ginny ao ler aquilo... E principalmente, a do próprio Harry. Por outro lado, não havia como Rita engolir aquela historia se não fosse desse jeito.

Bom, ela iria ter que tentar enrolar Ginny depois, dizendo que inventara a historia, se Harry quisesse.

- Exatamente. – ela o cortou, sorrindo para o noivo. – Veja bem Ron, Ginny me contou que foi a cena mais linda que ela já viu. Ele a abraçou e disse tudo o que vinha guardando desde antes de fugir.

Ron parecia embabascado.

- Isso parece até inacreditável, vindo do Harry. – murmurou.

- Ginny me disse que ele não quer mais perder tempo longe dela; não agora que a Guerra acabou.

- E Ginny? – ele perguntou temeroso. Hermione forçou a armar um lindo sorriso.

- Bem, isso vai parecer inacreditável, mas ela confessou que jamais o esqueceu.

- Ela parecia bem convicta que desistira dele quando anunciou que iria se casar com aquele bastardo.

- Mas ela nunca o amou de verdade. Ron, você não percebe? Ela nunca esqueceu Harry. Ela pensou que conseguiria ser feliz sem ele, mas descobriu no fim que jamais conseguiria. Foi uma sorte esse casamento sem amor terminar antes que o Harry voltasse.

Ron estava com os lábios levemente entreabertos.

- Isso parece... Uma mentira.

Hermione quase vacilou com aquela resposta, mas aliviou-se ao vê-lo sorrindo.

- Isso é ótimo, não é? Um mundo sem Voldemort, meu melhor amigo agora podendo ser feliz... E minha irmã também... Eu gosto de ver os dois juntos.

- Ginny estava às lágrimas quando me contou. – respondeu Hermione amavelmente. – Disse que se sentia boba de pensar que poderia esquecer o quanto o amava.

- E então as coisas entre os dois estão certas? Mas e Hammet?

- Ah, você não ficou sabendo? Ele assinou os papéis do divorcio ontem. E sim, as coisas entre Harry e Ginny estão certas. A única coisa que ela está tentando convencê-lo é dele morar com ela até que ele consiga comprar uma casa nova, já que o numero 12 foi destruído logo no inicio da Segunda Guerra.

Triunfante, Hermione conseguiu observar Rita atrás de Ron tentar escapar silenciosamente e no anonimato, mas era simplesmente impossível, com aquelas roupas ridiculamente chamativas. Se Hermione se esforçasse um pouco mais, conseguiria até ver a pena de repetição em suas mãos junto com um bloco de anotações.

Agora o sorriso dela era verdadeiro; o plano começara e a mentira estava dada.

Continua




Notas: Eu sei, eu sei que no fanfiction a fic está beeeem mais adiantada do que o capitulo sete, mas simplesmente não tenho conseguido arranjar tempo de ficar copiando e colando os capítulos aqui no site.
Vestibular, meus amigos. Vestibular. .-.
Gomenasai, Sorry, Desculpa, e etcs ><

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