Capítulo Doze



O lugar era maravilhosamente branco. A luz iluminava o aposento de cores claras, o que fazia a visão ter a perfeita visão de um lugar iluminado de uma forma que parecia ser divina. Fachos da luz solar iluminava o piso frio branco, enquanto a pequena figura feminina caminhava com um roupão branco em direção ao espelho.

Um frio interessante cortava a boca de seu estômago, quando seu olhar inspecionou o aposento e seus olhos caíram sobre o vestido branco no manequim. Um pequeno sorriso aflorou seus lábios, e ela se percebeu sorrindo quando observou a própria imagem refletida no espelho.

Era hoje, ela pensou. Hoje seria o dia que Contos de Fadas seriam reais apenas por um pequeno momento. Algumas horas, que seriam eternas para ela, guardadas em suas memórias.

Deixou o roupão escorregar pelo seu corpo, caminhando descalça até o vestido. Com delicadeza, deslizando o tecido pela pele macia, ela sentiu prazer em se vestir com aquela roupa. Seus olhos brilharam em puro deleite quando se virou e observou o vestido que havia escolhido com tanto carinho.

Ainda descalça,Ginny levantou o vestido para que pudesse caminhar sem sujá-lo e caminhou novamente até o espelho.

Levaria algumas horas ainda para o casamento, mas ela havia escolhido se arrumar da maneira trouxa; sem magia. E o trabalho manual parecia deixar os preparativos ainda mais gostosos.

Decidindo se deveria deixar os cabelos presos ou soltos, ela divertia-se como uma garotinha. Riu deliciosamente de suas atitudes no mesmo momento em que a porta do aposento se abria.

A figura masculina ficou parada por um momento longo, os olhos fixos em Ginny com o vestido de noiva. Os olhos azuis pareciam perdidos em lembranças, e um facho de desaprovação e decepção passou por eles.

Ginny não os percebeu, entretanto. Virou-se para o irmão com um sorriso radiante e foi até ele.

- Ginny. – ele segurou as mãos da irmã caçula e a olhou por inteiro. – Você está... – ele balançou a cabeça e abriu um pequeno sorriso. – Você está linda.

- Eu ainda nem terminei de me arrumar, Ron. – Ginny ergueu as sobrancelhas e riu. Ron encolheu os ombros.

- Vai matar todos do coração, então.

- Desde quando você está com vontade de elogiar sua irmã? – ela o cutucou, com um sorriso brincalhão. Ele sorriu.

- Bem, hoje é seu dia, não é? E eu tenho que ser sincero alguma vez na vida, afinal.

Ginny inspirou profundamente, não conseguindo parar de sorrir.

- Estou ansiosa para hoje. – ela admitiu, torcendo as mãos. – Estou realmente ansiosa e feliz.

Ela se virou para voltar ao espelho no mesmo momento em que Ron havia perdido o sorriso.

Lembrou-se de algumas semanas atrás, quando estivera na Londres trouxa e seus olhos se cruzaram com os verdes de seu melhor amigo, perguntando por ela... Se ela estava bem, se estava segura.

Lembrou-se também de quando estavam no trem, voltando de Hogwarts, no término de seu sexto ano. Hermione havia saído do compartimento, e Harry por alguma razão confessara coisas que pensara nunca confessar, que achava que seria o único que saberia da verdade.

E elas envolviam Ginny.

“Eu prefiro sofrer, ficar sozinho por toda a vida e morrer sem que ninguém saiba a verdade”, ele havia dito com os olhos fixos em seus sapatos, os punhos fechados sobre o colo, como se controlasse algum impulso, “do que viver sabendo que Ginny estaria morta por minha culpa.”.

Fora naquele momento que Ron percebera a dor em seus olhos, quando Harry o encarou nos olhos, inspirou profundamente e engoliu em seco. “Eu não me importo de morrer, Ron. Não me importo que meu corpo seja humilhado mesmo após a morte ou qualquer coisa do tipo... Mas eu não suportaria ver o corpo de Ginny sobre uma tumba da mesma forma que aconteceu hoje com Dumbledore. Não ela, a quem eu amo mais do que minha própria vida.”.

E ele agora iria perdê-la, Ron pensou amargamente. Harry estava Deus-sabe-onde, sofrendo sabe-se lá o quê e gastando toda sua energia... Sempre pensando nela. Pensando que ela estaria protegida. Pensando que quando voltasse, poderia dizer a ela a verdade.

Mas ele não conseguiria fazer isso. Não agora que ela estava achando que havia encontrado sua felicidade.

Ron inspirou e colocou as mãos no bolso do jeans.

- Ginny. – ele a chamou baixinho. – Você... Tem certeza de que tudo isso é o certo?

Pela primeira vez, ela prestou atenção em seu olhar. Ergueu as sobrancelhas.

- É claro que sim. – ela balançou a cabeça ante àquele comentário. – Dan é maravilhoso, Ron.

- Mas... – ele balançou a cabeça. Ele não conseguiu esconder seu olhar de decepção, e aquilo realmente deixou Ginny magoada.

- Você nunca se esforçou para gostar dele, Ron. Daniel é um bom sujeito, e eu... Eu realmente quero me casar com ele. – ela replicou com a voz suave.

Ele percebeu o que estava fazendo. Harry era seu melhor amigo, e ele conhecia realmente sua historia... Mas Ginny era sua irmã. Por mais que ele não apoiasse, ele precisava estar do lado dela.

“Eu a amo mais do que a minha própria vida”.

Ron suspirou e imaginou o casamento onde o noivo não fosse Hammet, mas Harry. Era Harry quem deveria estar ali em cima com ela horas mais tarde, era Harry quem deveria dizer os votos, coisa que Ron sabia que ele diria com prazer. Ginny deveria estar radiante porque iria se casar com Harry, não um desconhecido trouxa.

Mas nada daquilo era real.

Ele beijou a irmã no rosto e lhe deu as costas, indo em direção à porta.

- Eu vou o direito de você tomar suas decisões sempre, Gin. – ele respondeu com suavidade, e quando sua mão tocou a maçaneta, ele se virou e seus olhos cruzaram com os castanhos dela. – Mas eu apenas imagino como seria se Harry estivesse aqui presenciando esse dia.

Nada poderia ter machucado Ginny mais. Quando seus olhos encontraram sua figura vestida de noiva mais uma vez, ela já não mais sorria. A máscara de tristeza estava estampada em sua face, e seus ombros estavam até mesmo caídos.

Ela desviou os olhos para os próprios pés e, quando se voltou para o espelho, viu a imagem de Harry às suas costas, com uma das mãos sobre seu ombro e a outra, sobre sua cintura. Ele sorria, daquela forma que Ginny sabia que nos últimos dias fora raro ver.

Suas íris centraram-se no brilho verde das íris dele, e seus olhos se encheram de lágrimas, repentinas e inesperadas. Quando as limpou, a imagem que sua imaginação formara havia sumido, dando espaço apenas para sua imagem com os olhos vermelhos e um vestido de noiva que ela já não o achava mais tão atraente.

Havia se passado muito tempo que Ginny havia deixado de pensar em Harry. Então, no Canadá conhecera Daniel e sua vida mudara. Assim como ela própria havia mudado. As palavras de Ron então foram suficientes para que ela se lembrasse da despedida, em que seus lábios haviam encontrado os dele, e a forma como ele havia ido embora, simplesmente.

Harry se fora... E agora, ela tinha Daniel. Daniel a amava, e ela amava Daniel também, ou pelo menos era isso que acreditava fielmente.

- Meu Deus, que vestido lindo!

Ela forçou um sorriso quando seus olhos encontraram Hermione, com os olhos brilhantes em sua direção. Caminhou na direção da cunhada enquanto ela dizia que as cabeleireiras iriam chegar em breve, mas seus pensamentos não conseguiram fugir da imagem de Harry que formara no espelho.





Draco Malfoy acordou de mal humor. Sentia como se não tivesse conseguido pregar os olhos aquele pouco de noite que lhe restara, o que se confirmou quando se olhou no espelho do banheiro, as linhas escuras contrastando com a pele pálida.
Que encantador, pensou irritado, lavando o rosto.

O dia estava mais quente do que a madrugada e a noite passada, mas isso não fez diferença para ele. Lembrava-se de ter tido pesadelos que envolviam suas lembranças e as de Sarah Madison, motivo pelo qual dormira tão pouco. Ora via nitidamente Lucius Malfoy em seu colo, os olhos virando em órbitas, ora via Comensais invadindo uma casa com três crianças, passando pelo inferno.

Sem paciência para se vestir impecavelmente como sempre, vestiu jeans, deixou a camisa aberta e jogou uma jaqueta por cima. Sabia que sua aparência deveria estar horrível, mas não deu à mínima. Antes de ir trabalhar, que seria daqui a três horas apenas, ele queria poder tomar um café bem quente e amargo, para poder acordar e recuperar um pouco do bom humor. Na medida de Draco Malfoy, é claro.

Abriu a porta do quarto, que era de frente para o quarto de Madison, e supôs que ela ainda estivesse dormindo, já que a porta continuava fechada.

Como se dizia aquilo? O sono dos inocentes, ele pensou com sarcasmo.

Arrastou-se até a cozinha do apartamento bocejando e esfregando os olhos que estavam com a típica ardência de quem não havia conseguido dormir o suficiente.

Entretanto, sobressaltou-se ao perceber que não estava sozinho na cozinha. Seu olhar caiu sobre Sarah, que estava enrolada em um robe com uma caneca com chá, sentada na mesa da cozinha, mas subitamente entendeu que ela não estava sozinha.

À frente dela, estava um homem que parecia mais um gigante. E olhou tão ameaçadoramente para ele como se fosse um.

Mas que diabos era aquilo, Malfoy se perguntou ainda sob o efeito do sono. Mesmo com todo aquele trabalho, ela ainda conseguira achar tempo para levar um brutamontes daquele para a cama?

O gigante se levantou e a mão de Malfoy correu para o cós, para ter a péssima noticia de que havia deixado sua varinha em cima da cama. Ah, ótimo, pensou com sarcasmo, sentindo as íris acinzentadas do homem o fuzilarem.

- Quem diabos é você? – o homem disparou, avançando sobre ele, que não recuou e tentou fazer uma cara tão furiosa quanto a dele.

Sarah finalmente pareceu se levantar, e rapidamente se colocou a frente do homem com a mão em seu peito.

- Está tudo bem. – ela disse com suavidade para o homem. – Ele está trabalhando comigo em um caso.

Ele ainda fuzilava Malfoy com os olhos.

- Eu percebo – retrucou feroz. – O tipo de caso que vocês têm trabalhado.

E apontou para a aparência desgrenhada de Malfoy, que pareceu ficar ainda mais de mal humor. Sarah pareceu ficar momentaneamente vermelha, ao percebê-lo com os cabelos loiros bagunçados, a camisa aberta e descalço. Voltou-se para o homem, que parecia apenas não avançar por causa do toque dela.

- Ele é de Ministério estrangeiro, Nathan. Mike sugeriu para que se acomodasse aqui em casa. Provavelmente acabou de acordar, assim como eu.

Nathan. Sua mente trabalhou imediatamente, buscando informações. Nathan Madison, ele se especulou, observando ser consumido vivo pelas íris acinzentadas furiosas do provável irmão de Sarah.

Por fim, Nathan Madison afastou-se do toque apaziguador dela, desviando pela primeira vez o olhar do homem desgrenhado na porta da cozinha de sua irmã caçula.

Malfoy olhou mal humorado para os dois, especialmente para Sarah, que lhe deu um olhar apressado de desculpas.

- Nate, esse é Draco Malfoy, da Rússia. Malfoy, esse é Nathan Madison, meu irmão.

Ele estava certo então a respeito do grandalhão, pensou zangado enquanto seu olhar era retribuído pelo homem. Quando, relutantes, apertaram as mãos, ele pensou que seus dedos poderiam ser massacrados pelo os do homem, que manteve a postura fria e o olhar critico.

A exceção de uma marca avermelhada em seu pescoço, não havia sinais de queimadura em seu rosto nem mãos. Cabelos castanhos curtos, olhos astutos. Malfoy percebeu que só havia sido cumprimentado para agradar a irmã, que os encarava com certo receio, porque caso contrario, preferia ter moído Malfoy na pancada. Por fim, afastando-se bruscamente de Malfoy, dirigiu-se a mulher.

- Ouça Sarah, preciso ir.

- Mas já? – ela parecia chateada e aliviada. – Você nem terminou o seu chá.

A expressão homicida do irmão pareceu aliviar com um sorriso para ela. Olhou para o relógio em seu pulso e disse:

- Preciso me encontrar com o Ministro, parece que ele tinha um encontro com Kingsley (5). – disse em tom de desculpas. – Dependendo dos resultados de hoje, pode ser que nos vemos hoje ainda. Obrigada pelo café da manhã.

Segurou o braço de Sarah com ternura e deu um beijo em seu rosto, onde ela retribuiu fazendo o mesmo gesto.

- Se cuide, Nate.

Nathan piscou para a irmã e assumiu seu ar frio mais uma vez, quando seu olhar cruzou com Malfoy. Ele não recuou, mas sim retribuiu o olhar. Nathan Madison jogou a capa de inverno sobre os ombros e abriu a porta do apartamento, fechando-a em seguida.

O olhar de Malfoy encontrou Sarah, que encolheu os ombros como num pedido de desculpas.

- Quer alguma coisa? Chá? Café?

Ele sabia que o tratamento hospitaleiro era apenas por causa do comportamento do irmão, mas já estava sem humor o suficiente para recebê-lo.

- Café. – respondeu mal humorado, sentando-se no local que antes fora ocupado pelo irmão de Madison. Sarah assentiu e fez um aceno com a varinha, fazendo uma chaleira se encher de água e pousar no fogão, que já havia sido acendido.

Ela se sentou a sua frente e deu um gole em seu chá. Por fim, disse:

- Desculpe pelo comportamento de meu irmão. – ela pediu baixinho, mas ele notou o pouco de ar de riso em sua voz. – Nate acha que ainda é responsável pela minha segurança.

Ele não pensou isso enquanto se fingia de morto para salvar o próprio rabo, Malfoy pensou imediatamente, incapaz de refrear aquele pensamento.

- Você não parece mais em idade de precisar de segurança. – retrucou simplesmente, em tom zangado.

Ela sorriu para ele. Mas fora um sorriso sincero dessa vez.

- Ele acha que sim. Apenas se controla quando Michelle percebe e coloca um basta. – ela se levantou para pegar a água quente e começara a preparar o café. – Michelle é a noiva dele. – explicou ao ver o ar de confusão nos olhos de Malfoy.

Sarah terminou de fazer o café e o colocou a frente de Malfoy, em seguida colocando o pote de açúcar ao seu lado.

Ignorando o pote, Malfoy deu um longo gole, apreciando o liquido quente e amargo descer pela garganta. Aquilo em si pareceu aliviá-lo um pouco de seu estresse graças ao sono e ao purgante do irmão dela.

- O que seu irmão faz? – perguntou apenas por perguntar. Sarah se levantou para colocar sua própria caneca vazia na pia.

- É o diretor-geral do serviço secreto americano.

Malfoy sentiu que engasgaria se estivesse tomando o café naquele exato minuto.

- Ele parece ser novo demais para ocupar um cargo de diretor. – comentou com o olhar arregalado. Diabos, o homem deveria ter sua idade!

- Nate sempre foi considerado excepcional em tudo o que fazia. – Sarah murmurou e deu de ombros. Parecia incomodada com aquela atenção que o irmão mais velho parecera receber durante sua fase de crescimento. – Acredite em mim, não é muito surpreendente dizer que atualmente ele é diretor.

Mas ele não foi excepcional em bolar um plano para proteger seus irmãos mais novos, Malfoy pensou com seus botões.

- E você era renegada a segundo plano na família? – perguntou com um leve tom sarcástico, indicando que continuava às cegas a respeito de sua vida. Infelizmente, ele sabia mais do que queria. E mesmo por sempre ter sido considerado uma pessoa a esconder segredos e continuar mentiras muitíssimo bem, dessa vez ele não estava se sentindo capaz de esconder sobre o dossiê de Madison por muito tempo. Não enquanto ela continuasse com aqueles dois olhos azuis sobre ele e aquele maldito robe de tecido leve sobre sua pele, fazendo-o imaginar o que ela vestia por baixo.

Sarah encolheu os ombros.

- Nunca fui um gênio.

Mas foi você quem atacou um Comensal. Foi você quem reagiu com raiva quando eles haviam pensando que estaria subjugada facilmente.

Malfoy terminou seu café.

- Você é a filha mais nova?

Ele soubera fazer a pergunta. A mulher ficou com a face momentaneamente balançada, como quem havia mergulhado em lembranças. Quando se levantou e caminhou até a pia, agitando a varinha e fazendo os pratos começarem a se encher de sabão, respondeu com a voz neutra:

- Eu costumava ser a filha do meio.

- Costumava?

Sarah estava de costas para Malfoy, por isso se sentiu na liberdade de fechar os olhos. As lembranças, que nunca a tinham deixado, invadiram sua mente sem permissão. Diabos, ela ainda era capaz de escutar os gritos... As risadas ao ver o sofrimento... Alec.

- Eu perdi meu irmão mais novo... Isso já faz muito tempo.

Aquela resposta fora como se ele tivesse conseguido sentir a raiva que emanava do corpo dela. Não precisava trabalhar em investigação e em detecção para perceber que ela apertava a mão contra o mármore negro da pia. A cabeça estava levemente inclinada. A raiva que ela sentia era como se fosse liquida, ele pensou.

“Mas o que temos aqui? Um pirralho tentando dar uma de herói?”

“Acho que isso significa que ele gostaria de ser o primeiro. Que cavalheirismo!”


- Me desculpe, não deveria ter perguntado isso.

Ela se virou. Seus olhos encontraram os acinzentados de Draco, e ela balançou a cabeça. A postura de Auror durona havia voltado, e ela estava empertigada.

- Tudo bem. – respondeu simplesmente. – Mike disse que gostaria de nos ver lá por volta das dez. Eu... Eu vou dar uma olhada nas pastas sobre Rostova enquanto isso.

Ela saiu antes que ele pudesse assentir ou dizer algo sobre o assunto. A última visão que teve dela foi o pedacinho do robe desaparecendo pela porta.




O brilho da neve contra a bay window fez com que Ginny franzisse o cenho e se encolhesse. Sabia que o cobertor estava enrolado abaixo da sua cintura, entre suas pernas, mas inacreditavelmente não sentia frio. Tateou o corpo a procura do cobertor, mas não conseguiu puxá-lo para cobrir o rosto, para esconder-se da claridade. Não obstante, sentia uma dor incômoda em seu pescoço, como se tivesse dormido de mau jeito.
- Mas que diabos... – ela engrolou, com a voz pastosa de sono. Com dificuldade, abriu os olhos. A início ficou parada, tentando absorver a situação.

Em seguida compreendeu: havia dormido na sala.

Com um gemido de dor, arrastou-se no sofá para conseguir ficar sentada. Esfregando o rosto e especialmente os olhos com as mãos, ela soltou um grunhido com a boca, enquanto sentia os efeitos de uma noite de sono no sofá.

Mesmo sem os grossos cobertores, ela não sentia frio, ainda que tivesse certeza que fora de casa estaria pelo menos em uma temperatura negativa.

Feitiço, Ginny se lembrou. Logo que se mudara, lançara um feitiço na casa para que quando estivesse no verão, a casa se mantivesse agradável e no inverno, aquecida.

Com um bocejo e o corpo mole, levantou-se e olhou para a sala de estar, onde na mesinha de centro existiam duas canecas vazias.

Droga, por que estava tão difícil se lembrar das coisas? Vamos lá, Ginny. Você estava sem sono... Desceu as escadas para tomar um chocolate quente... Encontrou Harry. Então conversaram sobre coisas mundanas, como o casamento de Ron e Hermione, que seria em duas semanas, lembrando os tempos de Hogwarts... E depois o quê?

Depois eu me ferrei no sono, Ginny pensou esfregando o pescoço com uma das mãos, enquanto entrava na cozinha.

Ela se assustou ao perceber que Harry estava ali, em frente ao fogão. Um cheiro delicioso invadiu as narinas de Ginny e ela sentiu seu estômago dar sinal de vida.

E Harry... Oh, Deus.

Não que estivesse apenas de bermuda em sua cozinha, cozinhando, deixando seu corpo-que-levaria-qualquer-mulher-a-loucura à mostra para ela. Não, ele estava de jeans e camiseta bastante surrados, descalço e bastante atento à sua criação ao fogão. Não havia nada de sensual, nada de tentador naquela imagem.

Mas isso não deixou que ela pensasse que aquela imagem fora o suficiente para deixá-la...

Ela piscou, afastando os pensamentos da cabeça. Não, ela não pensaria nada a respeito disso ainda mais sob o efeito do sono. Ela não queria saber disso por um bom tempo, não quando existiam cicatrizes recentes.

- O que você pensa que está fazendo? – perguntou embasbacada para Harry, que finalmente pareceu notá-la.

- Bom dia. – ele abriu um largo sorriso para ela, fazendo Ginny se sentir desnorteada. – Já que você fez o chocolate quente ontem e colocou creme e todas aquelas frescuras, eu me senti em débito. Eu acabei deixando uma bagunça nos seus armários – explicou com expressão solene. – Mas acho que vai gostar das panquecas.

- Mas... – Ginny se sentiu completamente idiota por estar falando tão lentamente, e raciocinando também. – Você está parecendo um trouxa, ou quando mamãe nos obrigava a fazer as coisas sem magia.

Harry ergueu a sobrancelha em mescla irônico e divertido.

- É, bem... Pedir que eu usasse magia no momento acaba sendo um pouco demais, não é? E de qualquer modo, eu não vou destruir sua cozinha apenas porque não estou portando uma varinha. – ele riu. – Até parece que não se lembra que eu cresci com trouxas que me obrigavam a servir de cozinheiro e faxineiro.

- Mas... – Ache a porcaria do seu cérebro, Weasley! –Você é visita. – disse quase num tom inaudível e constrangido.

Harry lhe lançou um olhar sarcástico.

- Pode dizer obrigada mais tarde. – disse simplesmente.

Ela se sentiu incrédula e sem um pingo de hospitalidade. Harry deveria estar descansando e ela deveria estar pensando em fazer um café da manhã bom para ele, não o contrario.

Contrariada, sentou-se em uma das cadeiras da bancada da cozinha e o ficou observando.

Que diabos, ele realmente estava gostando do trabalho manual, ela pensou enquanto esfregava o pescoço dolorido. Por mais que ele parecesse atento as panquecas, percebeu seu gesto e comentou:

- Você se ferrou no sono logo depois que terminou o chocolate quente e se aninhou no sofá com as cobertas. – finalmente desligando o fogão, ele a encarou. – Eu tentei te levar para o seu quarto, mas acabei tomando um murro seu. – Harry abriu um sorriso matreiro.

Ginny sentiu as bochechas ficarem quentes. Há quanto tempo ela não se sentia envergonhada? Imaginou-se sendo levada para sua cama nos braços de Harry... Okay, aquilo era o suficiente para que ela ficasse vermelha. Ainda mais sobre a parte de tê-lo esmurrado.

- Ah, me desculpe. – murmurou, escondendo o rosto entre as mãos. – Acho que o cansaço finalmente venceu. Não durmo bem há alguns dias.

Ele colocou um prato de panquecas a sua frente e sentou-se com um, pronto para encharcá-lo de melado. Mas ele havia perdido o sorriso quando disse:

- Problemas com o divórcio?

Havia algo de ríspido em sua voz, algo que não conseguira ser evidentemente escondido em sua muralha de proteção. Era a segunda vez, ela refletiu, que ele não conseguia esconder suas verdadeiras emoções, e ambas eram retratadas justamente sobre seu casamento. Ela não sabia dizer se havia alguma coisa ali, ou se aquilo se devia justamente por causa da conversa que tiveram de madrugada, sobre começarem a se abrir um para o outro.

Decidiu ser honesta.

- Daniel não queria me dar o divórcio. Ele ficava me ligando no celular e isso estava me fazendo subir pelas paredes, ainda mais pelas coisas que dizia. – ele ergueu as sobrancelhas sobre a menção do celular e Ginny explicou: - Daniel era trouxa... Mas então , sim, problemas com o divórcio foi o que mais me causou insônia.

Harry havia colocado uma quantidade generosa de panquecas na boca e mastigava lentamente, parecendo desfrutar de sua criação. Ela percebeu que estava aproveitando essa brecha da muralha de Harry para devorar todas as suas expressões faciais.

- O que aconteceu? Digo... Para você querer se divorciar do cara.

Ginny instintivamente levou as mãos ao abdômen e a mente, que havia voltado ao ritmo normal, parar em uma linha do tempo.

Não via mais Harry, apenas uma enorme cama de casal, onde uma morena de cabelos curtos e olhos cor de mel estava completamente nua, se não contasse com a patética e barata fantasia transparente de enfermeira. Ela dizia um pequeno “Ahhh” quando as íris inconformadas de Ginny encontraram as dela. Seu marido, o bastardo, estava nu parado na porta da suíte, com o olhar aterrorizado a imagem dela.

A esposa patética, Ginny pensou amarga. A mulher com um corpo perfeito o esperando, e Ginny com uma barriga saliente o bastante para sete meses, com sua mala de viagem e os cabelos ruivos desarrumados.

- Digamos que ele preferia as morenas. – Ginny disse com um tom mais amargo do que pretendia, porque deixava claro o quanto se sentia vulnerável com aquele assunto. Harry franziu o cenho em sua direção, e ela percebeu que ele havia pegado o tom de sua voz. – E eu tinha uma imagem completamente diferente dele, até acontecer esse acidente e eu perceber que na verdade ele não passava de um bastardo.

Mais para não continua falando, ela começou a comer suas panquecas, que descobriu estarem terrivelmente deliciosas. Harry havia parado de comer, com o olhar fixo nela.

- Há quanto tempo foi isso? – perguntou com a voz suave.

- Mais ou menos uns oito, nove meses atrás.

Harry balançou a cabeça. Havia algo em seus olhos que Ginny percebeu que ele também estaria viajando em suas lembranças. Ela gostaria de saber o que eram as tais. Mais uma vez ela havia pegado uma reação dele: dor. Qual fosse sua lembrança, ela pode sentir dor em seus olhos.

Mas diferentemente dela, ele não disse nada sobre seu passado. Pareceu tomar a mesma ação de Ginny, comendo suas panquecas – ou o que restava delas – em silêncio.

Era a vez de ele abrir suas lembranças, Ginny pensou.

- Parece que se lembrou de alguma coisa.

Harry ergueu os olhos do prato, e Ginny não conseguiu decifrar o brilho em seus olhos. Ele parecia estar avaliando o que iria dizer. Por fim, encolheu os ombros.

- O mundo é bastante complexo. – ele respondeu simplesmente, com a voz lenta. – Apenas isso. Enquanto de um lado do mundo pessoas estão pranteando a morte de um ente querido, do outro lado há uma família que está abrindo os braços para receber um novo membro. Situações assim às vezes mostram que, por mais que a gente lute para controlar o que acontece ao nosso redor, parece impossível.

Ele se levantou com o prato vazio e se dirigiu a pia. Ginny o interrompeu e fez um aceno com a varinha, impedindo-o de lavar a louça. O prato voou de suas mãos e foi para a pia, onde começou a se encher de sabão e um esfregão ia de encontro ao prato. Percebendo o porquê da atitude de Ginny, Harry se virou e, parecendo vencido, sentou-se e disse:

- Oito meses atrás eu estava atrás de um rastro de... Ahnm... Fragmentos da alma de Voldemort.

- Horcruxes. – Ginny disse calmamente e Harry arregalou os olhos. Ela encolheu os ombros. – Escutei o termo uma vez em uma conversa de você com meu irmão e Hermione, e ela ficou nervosa com sua fuga e me contou. Acabei pesquisando mais a fundo o que era mais tarde na Academia.

Ele ficou levemente surpreso, antes de pigarrear e continuar:

- Voldemort na época havia tentado invadir minha mente e plantar uma imagem falsa, para tentar me pegar. Ele se achou muito esperto ao descobrir coisas que eu pensava ter deixado muito bem escondidas – retrucou com o tom azedo e seco – Quando capturei seu melhor Comensal, ele me contou sob o efeito do Veritaserum, não que o plano tivesse dado certo. – ele encolheu os ombros. – Eu sabia que não poderia ser real, porque eu havia tomado precauções.

Ela não percebeu que havia se inclinado um pouco sobre a mesa. Harry estava lhe revelando um momento em seu passado solitário, e a sensação de importância sobre aquilo caiu sobre Ginny. Deus sabe quantas coisas ela havia pensado durante esse tempo, sobre o que poderia ter acontecido com ele e o quanto ele poderia ter sofrido. Imaginar a figura de Harry caminhando solitária pareceu fazer algo pesar com força em seu peito.

- O que era essa imagem? – ela sussurrou.

Ginny sentiu um arrepio percorrer por sua espinha ao perceber o brilho gelado e desprendido que Harry tinha ao falar sobre aquela lembrança.

- Eles haviam supostamente capturado um dos Weasley e torturado o mesmo. – ele desviou seus olhos dos dela e olhou para as próprias mãos. – Deixaram como se estivesse à beira da morte.

Ela pôde então entender porque vira dor em seus olhos antes; estava as vendo mais uma vez nas íris verdes dele. Ginny sabia que Harry tinha os Weasley como se fosse sua própria família, uma vez que todos o haviam acolhido como mais um irmão, e Molly e Arthur, como um filho.

- Você disse que tomou precauções...

Ele inspirou fundo antes de continuar.

- A mesma proteção que Dumbledore, ou quase parecida, lançou ao redor da casa dos Dursley para que nenhum seguidor de Voldemort ou o próprio pudesse chegar perto de mim. Foi o que fiz, mas havia mudanças, claro. O feitiço não estava exatamente sobre a casa, mas sobre cada um... E continuaria, pelo menos enquanto eu continuasse vivo. De qualquer modo, mesmo antes de Voldemort ter essa brilhante idéia de plantar uma imagem falsa, os Comensais viviam jogando blefes a respeito dos Weasley. – Harry soltou a respiração pela boca, parecendo cansado. – Mesmo sabendo que seria impossível, eu acabava me preocupando e indo atrás apenas para ver se estava tudo bem.

Aquilo caiu sobre Ginny com uma força surpreendente. Imaginou o quanto ele correra atrás para vencer Voldemort, o quanto ele poderia ter visto e sofrido... E mesmo assim, nunca havia se esquecido de sua família postiça. Imaginou-o sozinho, há metros de distância, observando cada membro de sua família, certificando-se de que estavam todos bem.

Em seguida, lembrou-se das sensações que tinha na Academia, que era como se alguém estivesse a encarando. Lembrava-se de ter comentado aquilo com Sarah e mais uma garota, e ambas haviam dito que aquilo era apenas uma sensação de paranóia por causa da Guerra.

Será que era mesmo?

- Nos últimos três anos acabou se tornando impossível checar isso com a mesma facilidade que tinha. – Harry coçou o queixo. – Mas os Comensais estavam tão enlouquecidos, e Voldemort o dobro, que eu sabia que não iriam ter tempo de ir atrás de nenhum de vocês.

O silêncio bateu sobre os dois. Ginny ficou refletindo sobre as palavras de Harry, seu peito apertado. Sentiu-se mesquinha e egoísta ao se lembrar da discussão que tivera com ele. Ela priorizara tanto sua própria dor, jogando palavras rudes bem na frente dele, mas havia se esquecido o quanto ele também sofrera. Isso porque ela sabia que não tinha um terço da verdade de tudo o que ele havia passado, e talvez nunca tivesse. Ninguém gostava de lembrar e compartilhar cicatrizes de Guerra.

Já eram quase dez horas. Ginny olhou para o relógio pendurado ao lado da geladeira, mas isso não parecia ter tanta importância quanto o que ele havia falado. Ela percebeu, que por mais que ele mostrasse a fachada de alguém frio e calculista apenas, o Harry que ela conhecia nunca havia se perdido... Apenas era ela quem não o conhecia perfeitamente bem.

- Você sabia que eu estava no Canadá, então? – ela sussurrou para ele, que fechou os olhos e assentiu. Ele parecera surpreso quando ela havia contado que estudara lá, mas agora não se sentia tão certa de que ele não soubesse.

- Sim, eu sabia.

- Então eles já tentaram me usar como isca... Um blefe.

Mais uma vez, o brilho desprendido nas íris verdes. Ela achou que ele queria responder algo, mas se controlou e disse apenas:

- Já, já usaram você como blefe.

Dessa vez era Harry quem parecera perceber o horário. Achando que aquilo era uma desculpa o suficiente para finalizar a conversa, disse a Ginny que iria se trocar e sugeriu para que ela fizesse o mesmo.

Quando estava à porta da cozinha, Ginny o chamou mais uma vez. Estava terrivelmente quieta.

- O que?

- Você disse que haviam colocado uma imagem na sua cabeça sobre ter pego um dos Weasley. – ela ergueu o rosto e o encarou nos olhos, mas não de uma forma desafiadora. – Quem era, Harry?

O pedido saíra quase como um sussurro dolorido. Harry pareceu engolir em seco, e ficou em silêncio durante vários segundos, que pareceram ser décadas para ela. Por fim, Harry expirou profundamente e respondeu, com a voz suave:

- Era você, Ginny.




Michael Stuart estava uma pilha de nervos quando Sarah entrou em sua sala.
Ela sabia que ser diretor do DICAT não deveria ser menos do que isso, afinal ela podia ver as mesmas marcas de fúria no rosto de seu irmão há mais tempo, mesmo que a agência que ele trabalhasse não fosse o mesmo que o dela. O grupo de Aurores de Elite aos quais vários países já haviam aderido estava apenas em papel no momento, algo que provavelmente estava sendo discutido entre os Ministros enquanto o dos Estados Unidos estava em Londres, no Ministério da Magia.

E é óbvio que iria demorar a ter alguma expansão, uma vez que o Departamento de Aurores deles eram tão fortes quanto o do Canadá, e o Serviço Secreto apenas perdia para a Rússia.

De qualquer modo, Sarah sabia o quanto aquele trabalho poderia ser estressante. Quando o Departamento de Aurores não poderia dar suporte a investigações perigosas ou quando outros países solicitavam ajuda, era o DICAT quem entrava em ação; conseqüentemente, era a genialidade de Mike que estava atrás de tudo.

Mas nunca o havia visto tão nervoso. Não fazia nem dez minutos que ela e Malfoy haviam chegado e ele já havia a chamado em sua sala. Pode escutar dois Aurores, que tomavam café no refeitório e a comiam com os olhos, sussurrarem a respeito. Imaginou o que eles estavam dizendo: “Madison vai ter sua cabeça cortada.”, ou qualquer coisa do tipo.

- Feche a porta, Sarah.

Ela o obedeceu e ficou em pé até que ele desse permissão para que ela se sentasse. Essa era a culpa de ter um pai como um soldado desde sua infância, ela pensou enquanto se sentava. Ela se comportava exatamente como ele. Mesmo que tratasse Mike como um igual – algo que não deveria, uma vez que ele realmente era seu superior. -, em certos momentos ela não conseguia evitar sua educação exagerada.

Servir e proteger, Sarah pensou e segurou a vontade de fazer uma careta. Ela deveria ter desistido de ser bruxa e ter entrado no exército.

Michael se sentou a sua frente e passou a mão pelos cabelos, deixando evidente a entrada em cada lado de suas têmporas. Calvície precoce, ela especulou.

-Você se lembra de quando especulamos sobre Rostova?

Sarah se empertigou em sua cadeira, aprumando o corpo. Ela ergueu o queixo e procurou em sua memória as conversas que tivera com Mike a respeito do Ministério Russo e Nicholas Rostova.

- Hermione havia sugerido para que reforçasse a proteção na barreira britânica. – ela começou, franzindo o cenho. – Conversamos sobre a vinda de Draco Malfoy, onde você me deu seu dossiê e-.

- E conversamos sobre Nikolaievich estar apenas usando o assassino para poder sondar o Ministério britânico. – Mike assentiu como se enfatizasse o que dizia.

- Sim. Mas estive pensando a esse respeito e... – ela balançou a cabeça. – Simplesmente não faz sentido. Estaríamos supondo então que Nikolaievich estaria tramando de derrubar o Ministério. Além de que os assassinatos na Rússia e o padrão dos mesmos se encaixam com o estilo de Rostova. É um caso antigo, que passou na mão de pequenos Departamentos na Rússia.

- Você está certa. Foi algo que vim pensando ultimamente, também. Nikolaievich é um homem honrado além da conta. Mas de qualquer modo, ele não estava mentindo.

Aquilo chamou a atenção de Sarah. Seus olhos perscrutaram os castanhos do chefe, como que tentasse descobrir antecipadamente a informação, que ela tinha quase certeza que seria uma bomba sobre suas cabeças.

- Senhor...?

Mike suspirou.

- Encontramos um corpo hoje de manhã. Há o padrão de Rostova.

Sarah sentiu suas entranhas congelarem ao escutar aquelas palavras sendo proferidas da boca do chefe.

O demônio estava à solta; e estava mais próximo do que eles puderam imaginar.

Continua...




(5) Ministro americano, no caso. Só coloquei essa nota porque achei que não havia explicado muito bem :P E sim, fiz Kingsley como Ministro da Magia, assim como no livro.




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