Capítulo Treze



Ele não fazia idéia de como havia conseguido aparatar tamanha era a situação que se encontrava.

Logo que havia conseguido aparatar em frente ao Ministério da Magia da Rússia, seus joelhos cederam ao peso de seu corpo e ele caiu, os braços envolvendo o próprio corpo. Sua face estava manchada de suor e sangue.

Draco Malfoy, que fora obrigado por Nikolaievich ficar do lado de fora do Ministério para esperar por Harry Potter, arregalou os olhos ao ver o homem que desgostava cair no chão completamente desamparado. Nunca tinha visto Harry tão destruído.

- Ah, mas que diabos...

Ele correu em direção a ele ao mesmo tempo em que conjurava um Patrono para pedir ajuda a seu chefe. Ajoelhou-se em frente ao homem.

- Potter? Potter! Mas que merda...

Ele viu O Eleito cuspir sangue, ao mesmo tempo em que sua mão apertava o peito. Draco Malfoy viu a parte de trás da camiseta de Potter ensopada de sangue.

- O que diabos aconteceu com você, sua toupeira! – Harry tossiu e arfou antes que conseguisse responder, com a voz rouca e fraca:

- Espanha... Voldemort... Espanha...

Nikolaievich chegou com um grupo de homens e mulheres, vestidos com capas brancas. Eles foram rápidos em conjurar uma maca e colocarem Harry na mesma e, com um aceno de varinha, ergueram-na. Nikolaievich encarou Malfoy friamente.

- O que aconteceu?

- Eu não sei, ele disse “Espanha” e “Voldemort”.

Demorou quase quatro horas para que os Curandeiros finalmente saíssem da sala em que haviam colocado Harry, todos parecendo incrivelmente cansados.

- Como ele está? – perguntou o chefe do Departamento Russo, com sua voz trovejante.

- Agora está bem. – respondeu uma mulher com cabelos curtos e olhos que pareciam marfim.

- O que aconteceu?

- Recebeu repetidas maldições, mas não foram Maldições Imperdoáveis. Foram magias antigas, do tipo que chega a afetar até mesmo o executor.

- Mas que diabos... – Malfoy resmungou a mesma frase pela enésima vez, realmente furioso, indo em direção a sala e abrindo a porta, mesmo sob os protestos da Curandeira.

Harry Potter estava deitado em um leito, os olhos abertos. Malfoy avançou sobre ele.

- E depois você vem dizendo a Nikolaievich que melhorou seu desempenho por todos esses anos!

Harry o fitou friamente, antes de responder:

- Não estava mentindo, você sabe.

- Aos diabos com isso! Como você foi atingido então? Como você deixou que Voldemort o atacasse?

Harry desviou o olhar de Malfoy, abaixando-o para suas mãos. Manteve-se um longo tempo em silêncio, antes de responder:

- Ginny.

- O quê? – Malfoy berrou.

- Ginny. Voldemort iria matar Ginny.

- Você está me dizendo que deixou ser visto por Voldemort para salvar o seu amorzinho? – a raiva de Malfoy era quase que palpável. – Você ficou ausente por quase dois anos das vistas do bruxo e agora por causa da “querida Ginny Weasley” resolveu aparecer e estragar tudo o que bolou por tanto tempo?

Harry o encarou pela primeira vez friamente. Malfoy engoliu em seco com o olhar suicida que ele lhe lançou.

- O que você esperava que eu fizesse? Deixasse Voldemort matá-la? – perguntou com a voz suave, mas Malfoy o conhecia muito bem. Mesmo assim, procurou não se abalar.

- Bem, estamos em Guerra. Espera-se que as pessoas morram, e que as vivas não desviem seus planos originais!

Harry agora parecia realmente nervoso.

- Prefiro morrer por Ginny a assisti-la sendo morta e não fazer nada.

Malfoy pareceu entender o sentido daquelas palavras. Seus lábios entreabriram-se, e ele pareceu falar alguma coisa, mas Nikolaievich invadiu o quarto.

- Conte detalhes do que aconteceu, Potter.

Harry sentou-se na cama, ficando de costas para Malfoy, que viu as várias cicatrizes que aquele seu ato de salvar Ginny lhe renderam nas costas. Cicatrizes de cortes que provavam que ele poderia estar morto se não tivesse sido atendido logo. Ao mesmo tempo, Nikolaievich viu o corte profundo em seu peito, que a poção que os Curandeiros lhe deram ainda estava cicatrizando. Magia Negra realmente antiga e perigosa, o chefe russo pensou.

Harry inspirou pesadamente, antes de começar a contar sua história.





A luz banhou a enorme cama aos poucos.

Hermione Granger abriu com olhos com vagar e, como uma gata, espreguiçou-se na cama e soltou um pequeno gemido de satisfação diante da boa noite que tivera.

Virando-se para o lado e deixando as madeixas revoltas de seu cabelo castanho caírem em seu rosto, ela ficou estudando a figura dormindo pesadamente ao seu lado. Os cabelos ruivos desgrenhados caiam em sua testa e os lábios entreabertos davam uma sensação de um garoto, não um homem. Durante a noite, Ron havia empurrado o cobertor, que agora estava enrolado ao redor de sua cintura, deixando à mostra o corpo que ganhara graças ao treino pesado como goleiro.

Deixando-se sorrir abertamente, Hermione aproximou-se de Ron e deslizou o dedo suavemente sobre os lábios do noivo. Em seguida, com o olhar cheio de carinho e amor, ela começou a acariciar sua bochecha e deslizou a ponta dos dedos para seu pescoço, logo após seus ombros... Seu peito...

Ron soltou um grunhido baixo, e murmurou com a voz rouca:

- Desse jeito você me mata, mulher.

Hermione sorriu e juntou-se a Ron, que imediatamente envolveu um de seus braços sobre a cintura dela, deslizando a mão pelas suas costas nuas. Ela beijou seu pescoço lentamente, antes que seus lábios se colocassem sobre os dele, que retribuiu já mais acordado.

- Bom dia. – ela sussurrou para ele, quando se ajeitou de modo que ficasse deitada com os rostos estupidamente próximos, devorando cada detalhe da fisionomia de Ron. Ah, ela nunca se cansaria de observar suas feições.

Ron apertou sua cintura com carinho e em seguida afastou o cabelo da noiva de seu rosto, deixando o pescoço descoberto.

- Ele já começou ótimo. – ele murmurou, tendo sua vez agora de beijar o pescoço de Hermione. Apenas o cheiro que ela exalava era o suficiente para deixá-lo calmo e de muito bom humor. Muito bom humor. Afastou-se dela por um breve momento, apenas para olhar para o relógio no criado-mudo. – Tirando o fato de que são nove horas da manhã, e hoje eu nem tenho treino.

Ela riu com o tom aborrecido do noivo. Ron não era o tipo de pessoa que acordaria antes das duas da tarde em dias que não tinha treino.

- Desculpe. – sussurrou com a voz melodiosa, deslizando a mão pelos cabelos de Ron. – Mas eu trabalho hoje. Apenas não consegui ficar observando você dormir...

- Bom, não vamos desperdiçar nenhum momento raro juntos que nós temos.

Ron a agarrou e rolou com ela pela cama. Hermione riu com a situação, mas antes que se desse conta ele já estava todo empolgado, e ela já estava começando a se render.

Afastou-se abruptadamente.

- Não temos tempo para isso agora. – ela balançou a cabeça para enfatizar o que dizia. – Trabalho daqui uma hora e -.

- Uma hora é suficiente. Qual é Hermione, chegar uma vez na vida atrasada não arranca pedaço.

Ele tentou puxá-la mais uma vez, mas ela se afastou novamente, com uma careta indignada.

- Ron! Como eu vou esperar que meu Departamento obedeça às regras quando nem sua chefe respeita?

Ele girou os olhos, mas não avançou sobre ela mais uma vez.

- Você se exige demais, pelo amor de Deus.

Hermione suspirou, e espalmou uma das mãos sobre o peito de Ron, fazendo pequenos círculos com a ponta dos dedos.

- Eu prometo que vou recompensá-lo quando voltar. – sussurrou em seu ouvido, antes de mordiscá-lo. – O que me diz? Vou chegar cedo o suficiente para podermos aproveitar o dia antes do ensaio do casamento.

Ron direcionou os olhos azuis para a noiva e ergueu uma sobrancelha. Com a cara de dó que ela fazia, ele suspirou, a abraçou e murmurou:

- Gostaria de saber como você consegue tudo o que quer de mim.

Hermione girou os olhos, não conseguindo evitar o comentário sarcástico:

- Como se eu estivesse pedindo algo horrivelmente difícil para você.

Dando-lhe um beijo rápido, levantou-se e foi até o banheiro tomar banho. Sorriu ao ver os olhos dele seguirem seus passos, perscrutando seu corpo nu.

Quando ligou o registro e soltou um suspiro ao sentir a água quente cair sobre seu corpo, sentiu duas mãos envolvendo sua barriga e lábios pousarem em seu pescoço, mordiscando-o. Arrepios percorreram pelo corpo de Hermione, e ela soltou uma risada nervosa:

- Não era esse o trato.

- Não estou fazendo nada. – ele se justificou, as mãos passeando pelo corpo dela. Hermione ofegou quando ele começou a fazer pequenas massagens em pontos estratégicos, que ele conhecia tão bem que era o suficiente para que ela perdesse o controle. – Estou apenas tomando banho.

Ele havia dito aquilo, mas daquela vez fora ele quem vencera a batalha, e Hermione chegara atrasada.




Os gritos pareciam que ainda permaneciam no aposento.

Sarah Madison contornou o perímetro do armazém trouxa abandonado com a cabeça estranhamente vazia. As íris azuis perscrutaram tudo a sua volta, à procura de algo que o assassino poderia ter deixado como pista, algo que pudesse levá-los a identidade do mesmo, mas fora tudo ações inúteis. Talvez, até mesmo esperando que o maluco pulasse sobre sua cabeça.

Era como Malfoy havia dito: Rostova era perfeito. O assassino perfeito.

Entrando no armazém mais uma vez, caminhou por alguns minutos antes que entrasse em uma sala, onde metade de uma das paredes havia desabado; vegetação já havia reivindicado seu espaço.

No centro da sala, um pequeno grupo de homens se reuniam ao redor de algo que parecia lhes atrair a atenção. Todos usavam as mesmas longas capas, na cor vinho, todos conservavam o mesmo ar inconformado em suas faces.

Ela se colocou ao lado de Ginny, que encarava o corpo com um brilho frio no olhar. Sarah ainda se recusava a encarar o corpo da garota.

- Identidade confirmada. – David Connor respondeu com a voz baixa. – Catherine Eden, dezesseis anos. Sexto ano em Hogwarts. Havia regressado para visitar o pai que havia acabado de sofrer uma cirurgia.

- Já começou a olhar pelos pais? – Ginny perguntou, sem retirar os olhos do corpo de Catherine.

- Mandei alguém do Departamento de Granger. Você sabe, eles são bons em pegar mentiras.

- Hermione também disse que iria para a casa dos Eden em alguns minutos. – respondeu Mike, que mandava um Patrono como mensagem atrás do outro. O olhar do Auror se dirigiu para Malfoy. – Resta alguma duvida de que possa não ser Rostova?

Draco Malfoy balançou a cabeça negativamente.

- É o padrão dele, definitivamente.

Pela primeira vez, os olhos de Sarah pararam no cadáver. Sentiu o sangue pulsar mais forte em suas veias, e a raiva inundar seu corpo de modo como se fosse lava.

O corpo de Catherine Eden já estava flácido, o abdômen descoberto inchado de gases. Aquilo dizia que não era uma morte recente, uma vez que já não se existia mais o rigor mortis. A máscara de morte repousava no cadáver jovem, mas já existiam alguns buracos em sua bochecha e perto dos seios, insinuando que ela já começara a ser um banquete para ratos.

Sarah fechou um dos punhos, absorvendo todos os detalhes grotescos daquela cena. O cadáver estava rodeado por velas já gastas e apagadas, cera derretida aos seus lados. Nos pontos norte, sul, leste e oeste, o chão fora desenhado toscamente e com imagens grotescas. Ela sabia que aquilo fora desenhado com sangue.

Mas aquilo não chegava sequer a ser a ser a pior parte daquela cena infernal. Os olhos de Catherine estavam abertos e arregalados, mas já não se existia brilho algum, apenas um fundo cinza. Veias ficavam nítidas graças à pele agora amarelada e rachada, e ela fora completamente despida.

Qual fora o tamanho da humilhação que aquela garota passara? Imaginou a garota aterrorizada pela figura de Rostova, subjugada. Dominada.

Braços e pernas estavam abertos, fazendo-a formar uma imagem de estrela, num humor perverso. Em seguida, o que a viu a chocou.

Ginny seguiu a expressão de Sarah e assentiu para a parceira.

- Ela foi pregada.

Grossos ferros prendiam seus pulsos, onde grandes camadas de sangue agora seco cobriam o lugar destruído.

Neville era o único próximo o suficiente do corpo. Tocava-o, recolhia amostras que julgava ser importantes. Sarah sentiu como se aquilo fosse mais uma humilhação ao corpo de Catherine.

- A julgar pelo comportamento do cadáver, suponho que esteja morta há pelo menos quarenta e oito horas. – ele disse aos cinco Aurores presentes, finalmente saindo da posição de cócoras e estalando os dedos protegidos sob as luvas de látex. – Há sinais de magia. Magia negra. – ele ressaltou. – Mas a garota não foi morta pela mesma Magia.

- Ela foi morta pelo o quê, exatamente? – perguntou Connor com as sobrancelhas erguidas.

- Além do sangramento contínuo dos pulsos? – Houve um tom irritado e desdenhoso na voz de Malfoy ao responder. – Provavelmente há um corte de pelo menos quinze centímetros atrás, vê? – ele apontou para a poça escura de sangue sob a garota. – É o estilo de Rostova.

Neville assentiu.

- Sim, é verdade. – ele olhou para Michael, que havia despachado o ultimo Patrono, para Nikolaievich. – Você já chamou o resto da equipe da perícia?

Michael assentiu, evitando olhar para a garota.

- Eu não imaginava que isso iria acontecer... Possibilidade remota...

Sarah desviou os olhos do corpo e fechou os mesmos, deixando que aquele acontecimento entrasse em sua vida, revirasse suas emoções.

Aquela garota era nova demais e inexperiente demais para se defender de um assassino completamente qualificado, Sarah pensou com dor em seu peito por causa da estranha familiaridade que sentiu. Assassinos, ladrões e Comensais, todos se enquadravam em um aspecto de vida de homens que abusavam e destruíam vidas de pessoas com menos chances de sobrevivência em suas mãos.

Deixou que a morte de Catherine Eden penetrasse em suas entranhas, e tornou-se a defensora daquela garota que não tivera a chance de se defender. Catherine exigiria vingança e justiça através dela, Sarah pensou, escondendo os punhos fechados dentro da capa. Por um momento fugaz, os olhos azuis dela encontraram os cinzentos de Draco Malfoy. Ele conseguiu ver a raiva que ela sentia com aquela situação.

- Sarah. – Ginny a chamou baixinho. De todo o grupo, Ginny era a única que estava mais silenciosa. Como Harry estava com Hermione na casa dos Eden em busca de informações, Ginny sentia mais liberdade para dar toda atenção à cena do crime.

A Auror olhou para a parceira, completamente oposta à postura fria e calculista de Ginny. Era isso que as faziam serem tão boas como parceiras. Sarah era passional, entrava de cabeça em todas as missões, a raiva escorrendo liquida pelo seu corpo. Ginny era fria e profissional, analisando os pequenos detalhes que eventualmente Sarah poderia considerá-los de pouca importância.

- Você reparou na forma como as velas estão posicionadas?

Sarah olhou para o corpo e para as velas, e disse lentamente:

- Uma circunferência.

Ginny assentiu.

- Não acha um pouco funesto e macabro demais? Ela já havia sido pregada e torturada, para que fazer isso entre velas?

Sarah ergueu os olhos para a amiga.

- Você está querendo dizer que isso não é apenas um assassinato?

Draco Malfoy também dirigiu sua atenção para a ruiva, aproximando-se de Sarah.

- Não posso dizer que nosso assassino não sente prazer no assassinato...

- Mas você acha que isso também pode ser um ritual. – Malfoy completou seu pensamento, com a voz séria e o cenho franzido. – Mas que ritual é esse, Weasley? Qual é o padrão?

Ginny estudou o corpo mais uma vez, não se abalando pela figura do cadáver de dezesseis anos. Por fim, balançou a cabeça, parecendo aborrecida:

- Eu não faço idéia.

- A circunferência não está completa. – Sarah analisou com a voz baixa.

- O que disse? – Malfoy se voltou para ela, ainda com o cenho franzido.

Sarah apontou para as velas.

- São quatorze velas, mas elas são distribuídas em uma seqüência até o ponto próximo à cabeça de Catherine. Ali, é como se faltasse alguma vela. – Sarah empertigou-se, assim como Ginny.

- É verdade. – Ginny franziu o cenho quando pareceu notar mais alguma coisa. - E uma delas é como se fosse a mais nova do grupo.

- O que quer dizer? – Sarah voltou-se para ela.

Ginny apontou para a vela que parecia ser a maior e a menos usada do grupo das quatorze velas; estava no centro exato na direção da cabeça do cadáver.

Malfoy ficou anormalmente quieto. Passou a mão pelos cabelos louros e soltou um suspiro.

- As velas simbolizam as vitimas.

Tanto Ginny como Sarah voltaram-se surpresas para ele.

- Isso não constava no relatório que Nikolaievich nos enviou. – Sarah retrucou com o tom de voz endurecido. Malfoy pode perceber a raiva de Sarah quase que palpável.

Balançou a cabeça.

- Eu acabei de pensar nessa possibilidade, Madison. Não cheguei a pegar o caso Rostova desde o inicio, mas desde que o peguei, com o aumento do numero de vitimas, existe o aumento do numero de velas.

A equipe de pericia havia chegado. Ginny, Draco, Sarah e Connor dirigiram-se para fora do armazém enquanto escutavam os flashs das fotos sendo tiradas e o imaginavam os peritos recolhendo amostras que poderiam ser completamente insignificantes; coisas que Neville poderia não ter percebido.

- A pergunta que poderia ser feita é: se isso for um ritual, quantas velas mais ainda se necessitam?




- Um ritual? – Hermione perguntou com as sobrancelhas erguidas, enquanto olhava para as fotos que haviam sido tiradas. O cachecol rosa que combinava com a capa de inverno branca que usava estava sobre a poltrona confortável de couro, que balançava de um lado para o outro enquanto Hermione girava sobre a poltrona. Ginny, que apoiava o queixo sobre o braço, com os cotovelos sobre a mesa da amiga e cunhada, assentiu.

- O que você acha?

A morena mordeu o lábio inferior e franziu o cenho, enquanto passava as fotos para analisar a situação.

- Bem... Não acho que seja improvável. De fato, essa é a primeira impressão que tenho. – ela admitiu com a voz baixa. – Assim como a suposição de Malfoy sobre o numero de vitimas, faz sentido isso também.

- Você tem idéia de qual possa ser? – Ginny se acostumara com o fato de Hermione sempre ter a incerteza que se mostrava correta, mas decepcionou-se dessa vez quando a vira negar com a cabeça.

- Não. Nunca ouvi ou li sobre ritual com características como esse. – ela colocou as fotos sobre a escrivaninha e soltou um suspiro. – Céus, era apenas uma menina.

Ginny assentiu.

- Conseguiu alguma coisa com a família Eden?

Hermione negou.

- Nada de que valha para a investigação. Era uma boa filha, tinha vindo visitar o pai que sofrera uma cirurgia sábado passado. Desapareceu há três dias.

Ginny arregalou os olhos com aquela informação.

- Ela está desaparecida há três dias e não deram queixa?

- Ah, eles deram, mas caiu nas mãos do Departamento de Aurores antigo.

Ginny grunhiu.

- Ah, maldição. E existe alguma possibilidade de que os pais sejam os culpados?

Hermione negou mais uma vez.

- Estavam realmente abalados. A mãe faleceu há alguns anos, vítima de um ataque cardíaco. Mas a madrasta de Catherine a tinha como uma filha. Deu para perceber isso hoje.

- Ela estava com alguém quando desapareceu?Qual foi a ultima conversa entre ela e os pais?

- De acordo com os pais, ela iria visitar a tia já que todos os amigos estavam em Hogwarts. A última conversa foi quando ela se despediu da família e foi para a casa da tia via Flu. Quem sabe mais os detalhes é Harry.

Aquilo fora a informação mais surpreendente da conversa até agora. Ginny arregalou os olhos para Hermione e perguntou embasbacada:

- Você deixou que Harry os interrogasse?

- Por que não o deixaria? Até onde eu sei, só lhe falta magia... E sinceramente, nunca imaginei que ele fosse tão bom. Ele saberia exatamente como interrogar uma pessoa e fazê-la contar toda a verdade sem usar Veritaserum. Foi por isso que quis ir comigo interrogar a família. – ela explicou, parecendo sinceramente impressionada. – Harry tem se sentido um pouco impotente com toda essa situação, mas é orgulhoso demais para lhe dizer.

Ginny ficou em silêncio, até que Hermione comentou com suavidade:

- Parece que os rumores sobre ele então eram verdades, não é?

- É. – ela assentiu. – É de surpreender, não é? Ele não conseguia nem fazer uma poção ridiculamente simples sozinho.

- Não vamos lhe tirar todo o crédito. – Hermione encolheu os ombros. – Foi ele quem salvou a Pedra Filosofal, ou derrotou um basilisco sozinho, mas mesmo assim... Ele está mais forte. Antigamente ele nunca conseguiria interrogar alguém em longas horas sem perder a paciência e deixar expressar alguma reação furiosa.

Ginny mordeu o lábio inferior.

- Falando em Harry... Onde ele está agora?

- Há meia hora estava na sala de Mike passando informações sobre Comensais ainda soltos que podem ser perigosos. – ela baixou os olhos para analisar as fotos mais uma vez e comentou com a voz lenta: - Mike ficou realmente revoltado com o fato de Rostova estar aqui... Parece que vai começar a pegar pesado com todos os Departamentos. Acha inadmissível acontecer um assassinato desses aqui no Reino Unido, com ele sobre o controle de um programa que faria o país ser completamente seguro.

Ginny suspirou.

- E eu pensando que com o fim da Guerra meu Departamento poderia ter direito a um descanso.

A cunhada riu com gosto daquela frase.

- Seu Departamento é um dos mais agitados daqui, o dia que existir algum tipo de folga coletiva vai ser uma espécie de aviso sobre o apocalipse. – ela sorriu. – Vocês só perdem para a Área de Homicídios.

- Que por acaso é interligado com o nosso por causa da cooperação entre agencias sobre Homicídios Internacionais. – Ginny balançou a cabeça e soltou um bufo. – Mas Harry pode estar conversando com Mike ainda?

- Não sei. Acho que tinha escutado alguma coisa sobre ele ter ido à sala de treinamento.

Ginny se levantou e espreguiçou-se.

- Mike vai colocar inúmeras pessoas na investigação de Rostova agora, não é mesmo? – Hermione perguntou.

- Com toda a certeza. É claro que quem vai liderar a investigação é Sarah e Malfoy, uma vez que era o caso deles. Mas obviamente eu e você já estamos dentro.

E Harry, Hermione pensou ao ver Ginny se retirar de seu escritório. Poderia não atuar em campo, mas naquele dia Hermione havia percebido que Harry não iria esperar recuperar sua magia para que entrasse em ação, e com o humor de Mike, Hermione duvidava que seu chefe também esperaria. Precisaria de todo o tipo de ajuda, e que melhor ajuda que O Eleito?

Com todo o conhecimento que tinha, ele seria mais do que útil, ainda que estivesse sem magia.




Com a exceção do som da pena arranhando o pergaminho, a sala estava incrivelmente silenciosa.

Sarah preferia assim. Com o nível de estresse em que ela se encontrava tudo o que queria era traçar uma rota com todos os seus pensamentos sobre aquela investigação. Tinha que ter alguma coisa que os Aurores deveriam ter deixado passar, que seria vital para a investigação. Era o que Ginny sempre fazia, e era o que dava certo.

Mas havia muitas perguntas sem resposta, pelo que Sarah vira ao ler a caixa que Nikolaievich lhe enviara sobre Rostova. Muitas coisas que não faziam sentido.

Os Aurores russos pensaram que Rostova era apenas um assassino em série que matava pessoas por um bel prazer. Talvez por alguma razão em sua mente, algo que o satisfizesse, que lhe desse prazer. Mas Ginny havia considerado a hipótese daquilo ser um ritual. Mas que ritual? Nenhum deles sabia explicar.

Sarah largou a pena sobre a mesa quando chegou até mesmo rasgar o pergaminho por causa de sua raiva. Aborrecida, jogou-a sobre a mesa e apoiou o rosto sobre a mão, o cotovelo apoiado sobre a mesa. Fechou os olhos e a única coisa que viu foi o cadáver de Catherine Eden.

Imaginou como a morte afetaria todos ao seu redor. Os seus amigos ficariam arrasados, alguns até chorariam. Perguntou-se se a garota porventura teria deixado para trás um amor de colégio, e imaginou o buraco no estômago que seria deixado no garoto. Um garoto talvez que acreditasse sinceramente que existia alguma possibilidade de que os dois continuassem juntos por bons anos ainda. Imaginou quem exatamente se sentiria melhor apenas com um sorriso de Catherine, e como os professores a consideravam. E qual seria a devastação para suas vidas.

Fechou o punho com força estrondosa, a imagem do cadáver nítida. Sabia que essa seria mais uma morte a perturbar seus sonhos. Mais um corpo que iria penetrar em seus pesadelos e a faria acordar a noite, ficar paranóica para saber se estava realmente segura em seu apartamento. Se não existia nenhum assassino maluco a observando dormir, apenas esperando por um momento para que a encurralasse.

Isso é o que eu sou, o que sempre fui, Sarah pensou ao abrir os olhos e observar sua linha de pensamento posta no papel, setas voando para todos os lados indicando uma coisa ou relacionando com outra.

Desde que sua família, sua vida perfeita foi abalada por esses mesmos monstros, que a ensinaram como o mundo realmente era, e que a ensinaram a forma como eles espreitam vidas, pelas sombras. Fora por isso que decidira que não queria que outras pessoas sofressem a mesma coisa que ela, que não se transformassem na mesma criatura marcada que ela era; fora por isso que ela se transformara na caçadora, que absorvia os acontecimentos nodosos dia após dia e atacava com força total.

A porta de seu escritório se abriu, revelando a imagem de Draco Malfoy. Ao contrário dela, que espumava, Malfoy parecia completamente neutro com aquela situação. As íris acinzentadas se encontraram com as inacreditavelmente azuis dela, e ele caminhou em sua direção.

Como alguém não poderia se abalar? Sarah recuperou seu autocontrole, apenas porque não permitiria que Malfoy a visse descontrolada.

- A pericia acabou de encaminhar o corpo para o Instituto Médico Legal. – ele a avisou com a voz neutra, em pé. Sarah sentiu que ele a analisava, analisava cada atitude, cada gesto seu. – Longbottom já se dirigiu para lá. – ele pareceu inconformado quando disse. – Nunca imaginei que ele gostasse de ficar mais ao lado dos mortos que dos vivos.

Ela achou que aquele comentário não precisava de resposta. Voltou-se, em silêncio, para o papel com sua linha de raciocínio e sacou a varinha para reparar o rasgo que causara no mesmo por causa do estresse.

Malfoy sentou-se na cadeira a frente da escrivaninha de Sarah. Ele apenas lhe dirigiu a palavra quando a Auror ergueu os olhos do papel e o encarou.

- O que está fazendo?

Alguma coisa que me faça sentir tendo progresso.

De alguma forma, aquele homem a incomodava. Talvez fosse pela falta de demonstração de seus sentimentos verdadeiros, ou talvez que ele a encarava profundamente nos olhos, como se pudesse ler o que se passava em sua mente. Sarah não conseguiria explicar, apenas que cada pergunta, cada ação que ele tomava eram o suficientes para que ela sentisse que poderia contar com ele, mesmo que cada partícula de seu corpo gritasse o oposto, gritasse que não, Draco Malfoy não era digno de sua confiança.

Mas querendo ou não, eles estavam juntos naquela caçada. Caçadores atrás de outro caçador, em que sua caça era carne humana.

- Pensei em colocar meus pensamentos em papel. – ela disse com a voz baixa, desviando seu olhar do dele. – Isso costuma ajudar para analisar mais.

Ele assentiu.

- Algum progresso?

Ela não conseguiria dizer se ele havia perguntado aquilo apenas para irritá-la ainda mais. Empertigou-se e respondeu com a voz endurecida:

- Não.

- Você não vai conseguir muita coisa.

Sarah o encarou como se tivesse sido insultada. Seus olhos perfuraram os dele, e ela se sentiu capaz de amaldiçoá-lo se ele falasse mais alguma coisa para ofendê-la. Talvez ele não inspirasse tanta confiança assim.

Mesmo que não demonstrasse, Malfoy estava impressionado com a intensidade que Sarah tinha. Ainda que tentasse esconder, era impossível não conseguir vislumbrar um brilho raivoso nas íris azuis dela.

Ela não é o tipo de mulher que precisa ser resgatada como uma donzela indefesa, ele pensou e sentiu-se surpreso ao constatar uma aprovação de sua parte. Malfoy crescera com um pai que apenas queria bruxos puro sangue em sua família, e seria uma vil traição para sua família se um dia Draco Malfoy não se casasse com uma mulher que fosse puro sangue e completamente dependente dele.

Lucius Malfoy obviamente reprovaria Sarah Madison.

Repreendeu os pensamentos e se levantou.

- Digo isso porque temos muitas lacunas nessa investigação ainda. – ele explicou, e ela deixou que um suspiro escapasse de seus lábios.

- Eu sei.

- Longbottom vai examinar o corpo de Catherine Eden daqui a três horas. Quer relaxar um pouco? Não vamos ter o que fazer até lá.

Ela o encarou indignada. Pensou em dizer sobre tentarem rastrear todo o tipo de falha na investigação, mas percebeu que ele estava certo; eles não tinham nem por onde começar.

Levantou-se com um suspiro.

- Só espero que não nos ataquem novamente. – resmungou. Malfoy sorriu com aquele comentário.




Hermione estava certa quando disse que Mike iria pressionar todos os departamentos.

Sem a autorização de Ginny, os únicos três Aurores de seu Departamento que não estavam em alguma missão Internacional haviam sido imediatamente escalados para o Departamento de Homicídios para ajudarem a recolher o maior numero de informações possíveis a respeito de Rostova e de suas ações fora do Reino Unido e da Rússia. O dia mal começara e já tinha Aurores caminhando de um lado para o outro; uns a respeito de Rostova, outros com casos completamente diferentes, mas igualmente complicados em mãos.

Ginny sabia que o estresse de Mike obviamente iria atingir todo mundo. Fora assim várias vezes durante a Guerra.

Calmamente, ela se dirigia para a Sala de Treinamento. Ali era onde os Aurores costumavam praticar atividades físicas e receber aulas de defesa e ataque, caso estiverem sem uma varinha em mãos. Obviamente que todos os Aurores do DICAT eram muito bons nessa área como em todas as outras, uma vez que ali admitiria apenas os melhores, nada menos que isso, mas quem costumava sempre sobressair-se aos demais era Sarah ou Ginny. Elas costumavam até mesmo lutar como uma dupla, e quando eram obrigadas a lutar uma contra a outra, eram raras as vezes que uma das duas vencia.

Chegando ao andar da Sala de Treinamento, com o pensamento de que já que Harry estava lá ela também poderia se exercitar um pouco, Ginny observou a porta se abrir e David Connor sair completamente encharcado de suor, com os cabelos castanhos molhados e reclamando de dor, massageando o ombro com uma das mãos. As íris castanhas do Auror encontraram Ginny, e ele fechou a cara para ela, como se ela fosse a culpada de seu estado.

- Há muita gente aí dentro? – Ginny perguntou casualmente, observando Connor jogar a toalha sobre os ombros nus, aborrecido.

- É claro que há. – ele respondeu completamente sarcástico. – Quem não quer uma lutinha amigável com o famoso Harry Potter? Eu preferia tê-lo deixado continuar fazendo sua corrida, seria menos doloroso.

Deixando Ginny completamente surpresa, ele se encaminhou para o vestiário, reclamando sobre seu corpo dolorido.

Ginny ficou por alguns segundos parada, sem reação alguma, até que ela se empertigasse e abrisse a porta. A cena que viu a deixou ainda mais surpresa.

Eram pelo menos dez Aurores, todos tão acabados quanto David Connor. A sala era magicamente ampliada, o que a deixada do tamanho de um estádio de Quadribol. Ginny observou que existiam três mulheres sentadas ali, todas com tops e calças de corrida, com os olhares fascinados para o homem no centro da roda de Aurores.

Harry estava tão encharcado de suor quanto Connor ou os outros que o rodeavam, mas ele não parecia tão exausto quanto os mesmos. O ar era expelido por sua boca e ele olhava atentamente e rapidamente para cada um dos presentes, esperando quem seria o primeiro a atacá-lo.

Ginny estava embasbacada com a cena, e isso se agravou quando os homens voaram sobre Harry, um a um.

Era impossível que alguém fosse tão bom em tudo, ela pensou incrédula, os lábios entreabrindo-se. O primeiro que atacou Harry foi facilmente evitado, tendo seus pulsos seguros nas mãos dele. Logo após Harry girou seu corpo para que fosse um tipo de escudo assim que o segundo o atacou, pronto para chutar e socar. Conseqüentemente, quem foi chutado e socado foi o Auror que Harry segurara. Jogando o Auror segurado sobre o que o atacara, ele se virou e desviou-se com facilidade do terceiro, que urrara enfurecido enquanto se jogava em sua direção. Harry o girou sobre suas costas, fazendo o homem cair de cara no chão.

Ele ergueu os braços com os punhos cerrados, como faria um lutador de boxe. Quando o quarto tentara o atacar pelas costas, Harry fez um jogo de pernas que o fez inclinar o corpo para o lado, enquanto chutava o atacante pelo estômago. O homem perdeu todo o fôlego que tinha, ficando pálido quase que imediatamente, caindo de joelhos.

- Meu Deus! – exclamou uma das Aurores, com os olhos brilhantes na direção de Harry.

Você tirou as palavras da minha boca, Ginny pensou ainda com os lábios entreabertos enquanto observava Harry lutar sozinho contra os dez.

Deus, ele estava cansado, mas isso não o fazia menos forte ou menos ágil. Aquilo era um homem ou uma máquina?

E ele nem chegava a realmente atacar. Quem o atacava eram os Aurores, mas ele apenas defendia os ataques.

A maior parte dos homens estava caída quando ele se afastou e colocou-se em posição de defesa, esperando quem seria o próximo a atacá-lo. Seu olhar, então, desviou de seus oponentes e correu toda a extensão do local, até que encontrou com a figura de Ginny.

Ele estava respirando já pesadamente quando abriu um sorriso em sua direção, um dos sorrisos que Ginny sabia ser verdadeiro, e ela se sentiu completamente estúpida quando sentiu um solavanco em seu estômago. Os cabelos negros e molhados grudados em sua testa e rosto, o peito descoberto e usando uma calça de moletom escura foi o suficiente para que ela ficasse mais embasbacada.

Ai meu Deus, Ginny pensou toda afoita, e aquilo foi o suficiente para que ficasse desesperada.

Mas olhar para Ginny e se distrair fora o erro para Harry. Ele não percebeu um dos socos que atingiu sua cara, e cambaleou como se tivesse sido acordado com um balde de água fria. Aquilo fora um brecha para os outros, que voaram sobre ele como se fosse um jogo de futebol americano.

Ele apanhou o suficiente antes que retomasse o controle da situação. Por fim, todos os Aurores estavam acabados, e saíram ora felizes de terem treinado com o famoso Harry Potter ora aborrecidos por terem apanhado tanto.

As mulheres olharam impressionadas para ele, e uma delas até mesmo se levantou pronta para puxar assunto, mas o olhar de Ginny foi o suficiente para que ela continuasse sentada. Afinal, ela sabia que Harry e Ginny estavam juntos, assim como todo o Mundo Bruxo.

Harry caminhou em direção a Ginny e a mesma sentiu que suas pernas fossem traí-la e ela fosse tomar um tombo no chão. Graças a Deus, tivera forças o suficiente para ignorasse o fato de achá-lo incrivelmente sensual e tentou se concentrar na pergunta inconformada que teria que fazer.

Mas inesperadamente, ela finalmente notou a cicatriz em seu peito. Um corte em diagonal que provara ter sido profundo quando ferida. Um corte que poderia certamente tê-lo matado no passado.

Sua mente voou para uma situação em que Harry estava no chão, a Morte próxima aos seus olhos...

Deixando a pergunta inconformada de suas habilidades para mais tarde, ela voou sobre ele como uma onça e colocou a mão sobre seu peito, sobre sua cicatriz. Sabia que aquilo era o tipo de coisa que poderia ter deixado para perguntar mais tarde, mas não soube por que não conseguiu evitar. De qualquer modo, aquilo seria interessante para as Aurores que encaravam os dois. Iria demonstrar que era uma namorada preocupada, de qualquer forma.

- O que é isso? Como você conseguiu isso?

A reação de Harry ao toque de Ginny foi completamente inusitada para ela. Ela sentiu a pele dele reagir como se o toque contra a pele fosse um choque, e sua mão agarrou a dela, retirando-a de seu peito, e logo a soltando de sua mão também. Ele pareceu ter percebido sua reação pelo olhar surpreso de Ginny, porque pigarreou e deu um passo não em direção a ela, mas se afastando.

- Eu... Isso não importa. – ele parecia completamente embaraçado e aborrecido, mas com ele, não com ela.

- Como não importa? Isso é o tipo de corte que prova que você escapou da morte por um triz, Harry.

O tom de sua voz saíra genuinamente preocupado, e ela realmente estava, o suficiente para que não se repreendesse com tamanha preocupação.

Harry balançou a cabeça. Ginny pareceu ficar aborrecida com a reação dele.

- Droga, Harry, você poderia ter morrido.

- Existiria um bom motivo. – ele respondeu apenas, desviando seu olhar do dela.

- Harry, por favor...

Ele segurou sua mão no mesmo momento em que ela erguera para tocá-lo. Ela não conseguia entender e nem queria entender o motivo que a deixara desse modo. Era como se sentisse que aquilo havia sido sua culpa, e doía em seu peito incontrolavelmente.

Mas Harry não queria sua compaixão, nem sua preocupação.

- Pare, Ginny. – ele a repreendeu com a voz endurecida, impedindo-a de tocá-lo.

- Parar com o quê? Eu -.

- Pare de tentar tomar conta de mim. – ele respondeu seco e zangado, soltando seu pulso e dando as costas a ela, anunciando que iria tomar uma ducha e que ela já podia se dirigir até a sala esterilizada de Neville.

Ainda completamente abobada e com a mão no ar, ela ficou observando-o se afastar dela, até que sumisse por trás da porta, ignorando completamente as três Aurores que haviam visto toda a cena. Mas sua mente ainda gravava a imagem das cicatrizes que ele também tinha nas costas.

Continua...







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