Décimo.



10.



Acordei com o meu mais novo celular – o de Regulus – tocando. Eu tinha o programado para tocar às oito e meia. Sim. Em um sábado! Eu queria morrer. Mas como eu tinha de ir ao lava jatos, bom, era nisso que eu tinha que pensar.

Sirius estava dormindo agarrado a mim. O que era totalmente bom. E quando o despertador tocou, a única coisa que ele fez, foi me puxar para mais perto ainda, me apertando contra seu peito – lindo e super perfeito – nu.

Escorreguei pelo corpo de Sirius o fazendo resmungar, e sai da cama, correndo para o banheiro, onde tomei um banho.

Depois, coloquei um biquíni azul marinho, e voltei para o quarto. Sirius estava com o travesseiro na cara.

Coloquei um short jeans, uma blusinha branca, meus tênis, e minhas argolas. Amarrei os cabelos em um rabo de cavalo e dei uma ajeitada por cima na franja.

Voltei-me a Sirius que já estava dormindo de novo. Dei lhe um beijo de leve nos lábios, peguei um troco da careteira dele – eu estou quebrada, sabe. Hahaha. - e coloquei no meu bolso.

Fechei a porta bem devagar e desci para tomar um café.

Regulus ainda estava dormindo também. Dei graças a Deus por isso. Subi, escovei os dentes, e desci.

O sol já estava brilhando na rua. Sorri ao notar que o pessoal tinha tido uma sorte incrível. Caminhei apressada para o metro.


Quando eu cheguei, a maioria dos alunos já estavam lá. Daivid já estava contando alguns trocados. Quando ele me viu, sorriu e me avisou que Camile não viria, pois o namorado estava gripado.

- Oh, ok. Então seremos só nos dois. – comentei rindo e ele revirou os olhos.

- Não agüento mais! – ele sibilou, colocando o dinheiro em uma enorme urna de ferro que estava protegida por um cadeado.

Eu podia aproveitar o momento para perguntar de Matt. Você sabe, curiosidade.

- Hm, Daivid, você não hm, tem falado com aquele seu amigo, Matthew? – da forma como ele me olhou, bom, digamos que ele estava com um sorriso bem divertido nos lábios.

Quer apostar quando que ele entendeu errado?

- Claro. Ele me contou sobre você ser uma ótima dançarina e etc. – Daivid piscou aqueles olhos azuis pra mim, que me contive em revirar os olhos. Deus dê-me paciência. Pelo menos Matthew não comentou sobre você sabe o que.

Achei melhor não comentar mais nada, para você sabe, não piorar a situação. Daivid ficou me olhando com aquela cara de: você esta a fim do meu melhor amigo. E eu sei de tudo. O dia inteiro! Digo, até o lava carros acabar.

Que foi lá pelas quatro da tarde. Eu tinha conseguido um belo bronzeado, se você quer saber. Sem contar que eu havia me molhado toda, era impressionante como eu conseguia jogar mais água em mim do que no carro. Yeah, não comente, sim?

Ah, e também, porque quando acabamos, eles decidiram, você sabe, fazer guerrinha de água. E pode crer que eu me vinguei de Daivid na guerra. Ele ficou tão molhado quanto eu, se não mais até.

Eu cheguei em casa bronzeada, e com os cabelos pingando. Sirius não estava ali embaixo, apenas Regulus que via TV e dava risada de alguma coisa.

Ele nem me cumprimentou, o que eu particularmente adorei. Hahaha.

Subi as escadas quase correndo. Saudades, colega. Abri a porta do quarto de Sirius com tudo. Ele não estava lá. Mordi o lábio inferior, e me enfiei de baixo do chuveiro. Os meus cabelos iam ficar com aquele terrível jeito meio rebelde demais se eu não os lavasse.

Eu estava lavando os cabelos quando tive a idéia. Digo, de ir visitar Matthew agora mesmo. Sem Sirius. Ia ser bem melhor... Quem sabe eu até ia conseguir descobrir alguma coisa.

Com esse pensamento, desliguei o chuveiro, me sequei e coloquei uma calca jeans qualquer, com uma blusinha verde clara.

Penteei rapidamente os cabelos, coloquei uns tênis, e peguei o papel com o endereço de minha bolsa. Pelo que eu conhecia, era próxima a uma boate, próxima ao colégio.

Antes de sair, liguei para Sirius e deixei um recado, dizendo que eu passaria o resto da tarde, e parte da noite na casa de Karen.

O quê? Se eu dissesse a verdade ele ia me buscar pelas orelhas. E eu não estava muito a fim de levar mais um sermão, e brigar mais uma vez com ele. Não, não.

Sai rapidamente de casa, sem falar com Regulus. Eu caminhava bem rápido na rua, torcendo para que Matthew estivesse em casa. e que Deus, estivesse sozinho.


Como eu já esperava, a casa de Matthew era ao lado da tal boate. Era uma casa branca, mais ou menos como a de Sirius. Subi os degraus, e apertei na campainha.

Ouvi passos, e sorri quando a porta se abriu. Matthew estava só de calca jeans. Ele sorriu amarelo a me ver ali.

- Hm, Matthew, eu queria conversar com você... – falei mordendo o lábio inferior.

Meu são Jorge, será que eu havia interrompido alguma coisa? Tomara que não!

- Hm, ok, espere um minuto, ok? – assenti, e ele fechou a porta.

Ok. Pelo menos ele vai me atender. Encostei-me na grade que ficava protegendo a casa da casa vizinha, e cruzei os braços.

Pensando adivinhe em quem! Oh sim. Mesmo eu estando aqui, catando pistas de um assassino que pode ser que nem exista, eu não consigo parar de pensar nele.

Matthew me tirou de meus pensamentos abrindo a porta. Ele sorriu mais amarelo ainda.

- Pode ser aqui fora? – assenti.

Ele se sentou na escada, e eu o acompanhei.

- Entao, eu atrapalhei alguma coisa? – ergui as sobrancelhas com um sorriso torto nos lábios.

Matthew me estudou por um minuto, deixando um sorriso aparecer. Ele assentiu.

- É talvez. – e riu baixinho.

Será que a nova namorada de Matthwe, hm, também seria perseguida pelo tal assassino? Eu esperava que sim. Porque veja bem, se ela for, ahn, bom, vai servir meio que de isca, não? Afinal de contas, da minha vista a nova namorada dele não vai sair. Pode ter certeza.

Matthew estava me encarando curioso. Balancei a cabeça, e mandei em tom casual:

- Ela é do...

- Sim. Do colégio. Tem quinze anos. – ele encarou as mãos nervosamente.

- Matthew, hm, você não acha que meio, que hm, esta na hora de dar um tempo às namoradas, quer dizer, ela pode ser a próxima... – ele ergueu o olhar para mim.

Ok. Isso era uma suposição, quer dizer, o negocio de só as namoradas dele serem jogadas pelo elevador. Você sabe.

Ou pode ser que não tenha absolutamente nada a ver! Mas não custa remediar, certo?

Comentei isso com ele que apenas ouviu quieto. Ele estava pensativo ainda. Uma mão estava bagunçando o cabelo, enquanto a outra se remexia inquieta pelo colo dele.

- Você realmente acha que eu sou o culpado? Digo, por estar escolhendo as garotas a quem esse louco mata? – não. Eu não sei!

Mas eu não pude dizer isso, então apenas assenti. Ele bufou e enfiou as mãos no rosto.

- Mas que droga. – a voz dele estava baixinha. – Mas se você acha... Bom, ok, vamos dar um tempo de namoradas...

Sorri. Deus e meu são Jorge queiram que eu esteja certa!

Mas eu ainda precisava de mais uma informação. Nome e sobrenome. Da namorada, quer dizer.

- Qual o nome dela? – perguntei tirando as mãos dele delicadamente de seu rosto.

- Gabrielle Brown. – anotei isso mentalmente, e me levantei.

- Acho que eu já devo ir indo... – falei ajudando o a levantar.

Ele sorriu amarelo novamente e assentiu. Foi nessa hora que eu decidi, não sei pra que, olhar pra cima. E notei que algo – e não era chuva – estava caindo do céu. Bem na nossa direção. Eu só tive tempo de empurrar Matthew, que estava falando alguma coisa como dar fim ao namoro. Ele me olhou assustado, e antes que eu pudesse falar alguma coisa, eu senti o baque. Eu tinha sido acertada. No ombro.

As minhas pernas estavam latejando, e eu me deixei cair em cima dele. Que dor. Não, sem antes reparar que alguém havia acertado Matt antes de mim. E não, não fora sem querer.


Abri os olhos depois de muito tempo. Eu não estava sentindo meu ombro. Ou melhor, eu estava o sentindo. Até demais. Latejava. Totalmente pior que antes. Tateei minhas pernas e cabeça, só para hm, checar se eu estou completa. Sabe.

Meus olhos estavam ardendo, ombro latejando, e eu estava com frio, e me sentindo molhada. Oh, calma ai. Eu estou molhada. Tirando isso, eu estou bem.

Pelo menos eu acho...

Sentei-me lentamente, com medo de descobrir alguma perna quebrada. Mas – para a minha sorte, se é que é sorte estar assim – não havia nada. Era apenas, isso.

Ah, e eu já mencionei o fato de eu ter aberto os olhos, e hm, não estar vendo nada? Ok, respire Elena, não se aflija. Você não esta cega. Ok? Isso esta fora de cogitação. Tem que estar.

E como eu já esperava, isso foi confirmado, quando vi uma lista de luz no chão. Há uns três metros e pouco de onde eu estava agora. E sem contar que havia ruídos do outro lado da linha. Vozes, pra ser mais especifica.

Pelo visto quem andou fazendo arremesso de vasos de plantas, também andou praticando seqüestros. Que maravilha. Lembrei-me de um pequeno detalhe, ou seria, de alguém? Matthew.

Ele também fora pego, amordaçado, o que comprova a minha teoria que ele simplesmente, não havia matado aquelas meninas.

Mas quem fora? Quem ia jogar um vaso em mim? E ainda ser capaz de estar dentro da casa do Matt, e o amordaçar? Quem? E por quê? Ah, e não nos esquecêssemos do, como?

Perguntas e mais perguntas. Eu ia gostar bastante de ter alguma resposta, e claro, estar sequinha.

Ow, sequinha e quentinha, aninhada aos braços do meu namorado. Elena, respira, e não fuja. Não, não... Vamos com calma. Alguém tem de salvar você dessa. Você e Matthew. certo? Yep.

Mas eu quero o Sirius! Agora!

Não estou a fim de bancar a detetive agora, não toda molhada. Droga! Por que diabos eu não ouço o chato do meu namorado? Ok, tudo bem.

Eu não posso pensar assim, porque Sirius vai sacar que eu estou dando razão pra ele, e uau, insuportável vai ser pouco perto do que ele vai ficar.

Então, apague, e simplesmente, pense em como sair dessa. Inteira, de preferência.

Pisquei algumas vezes, e tirei os fios de cabelo da cara. Eles também estão molhados. Legal. Fiz um coque – ou seria um nó? – nos cabelos, e tateei as cegas, a procura de Matthew.

Não pergunte por que, eu pelo menos, creio que hm, se você seqüestra duas pessoas, uma amordaçada, elas vão ficar juntas em algum lugar certo? Afinal, o que diabos alguém dormindo pode fazer, alem de hm, dormir?

Foi então que ouvi as vozes irem ficando mais altas. E nada de eu achar Matthew. Mas que grande p...

- Ohhh! Elena, finalmente! – John - o reitor e pai de Matt - apareceu a porta, vestindo seu típico terno marrom, com calças, e sapatos, também marrons. O ralo cabelo castanho com gel, e penteado para trás, de forma que tapasse toda a cabeça, parecendo, que ele ainda tem cabelo em toda a cabeça.

Senti um alivio crescente. Eu estava a salvo. E Matthew, pelo visto, também.

- John! Graças a Deus, alguém pegou Matt! Estão matando todas as namoradas dele, e eu estava conversando hoje com ele, quando um vaso me acertou no ombro, e alguém amordaçou Matthew também! Temos que encontrá-lo e... – para o meu horror, John estava rindo.

Rindo de hm, só faltar rolar pelo chão, se é que você entende.

Arregalei as sobrancelhas. O que diabos eu havia falado? Eu sei que hm, talvez pareça meio novela demais essa historia, de um assassino perseguir as namoradas virgens de um garoto – filho do reitor – e matá-las logo após elas deixarem de ser virgens, as jogando no poço do elevador.

Mas hm, se você for eu, você vai sacar, certo? Afinal, faz todo o sentindo quando por um acaso, você sabe o que uma garota faz, e o que ela deixa de fazer e etc.

Então, por que diabos ele estava rindo? Eu também não faço a mínima idéia. E quer saber? Eu quero o meu namorado. E quero agora. Busquei pelo celular no bolso traseiro do jeans, e NADA! Onde esta o celular do Regulus?

Gelei ao lembrar de não ter deixado nem um bilhetinho a Sirius. nem um recado. Nem uma palavra. Ele ia acordar e não ia me achar. Ia, de certo, achar que eu ainda estava no lava jatos. Deus, e agora?

- John, hm, será que você se incomoda de me emprestar seu celular? – o que! Eu sei que não é bonito se interromper a pessoa que esta tendo crises de risos, mas hm, eu estou com um mau pressentimento sobre essa casa. E eu quero meu namorado aqui, sabe, pra me salvar, caso for preciso.

John tossiu, se recompondo. Os olhos castanhos brilhando por trás das lentes dos óculos quadrados. Ele sorriu. Um sorriso que me fez sentir mais frio ainda. E não, não era aquele friozinho na barriga, que um certo moreno de olhos azuis me provoca. Não, não. Esse frio é um, uma coisa ruim. Nada agradável...

- Elena, Elena... – e hm, tem algo no tom de voz que eu também não gostei.

Mas tudo bem, certo? Digo, isso só pode ser imaginação. Quer dizer, que ridículo seria o próprio reitor, matar as namoradas do filho, - as jogar em um poço de elevador! - alunas da sua faculdade. E depois, pra completar, ele seqüestrar a estagiaria professora de dança – eu – e amordaçar o filho. Hm, acho que não.

Eu devo estar tendo algum tipo de reação a friagem, falta de namorado, cansaço, fome, sede e derivados. Só poder ser isso. Certo?

- Você, realmente, ainda não entendeu, não é? – o sorriso que ele abriu, digamos, que não tem nada de bonito. E nem de bonzinho.

E o que diabos ele quer dizer?! O que eu ainda não entendi? Será que aquela teoria idiota dele matar as namoradas do próprio filho, é verdadeira?!

Ah qual é! Isso seria totalmente ridículo, certo?!

Certo?

Ele deve ter visto a minha cara de duvida, mistura com sarcasmo claro, porque logo balançou a cabeça, em negação. Ok. Eu devo ter perdido alguma piadinha.

- Elena, pense! Vamos! Eu sei que, bom, apesar de você estar mais gorda, e não ter um contrato com nenhuma gravadora, e ter sido deixada pelo ex-namorado rico, você ainda pode pensar, não pode?! – ergui as sobrancelhas. Calma ai. Eu acho que não ouvi direito.

Gorda?

Namorado rico?

Sem contrato?

E daí?! Eu perguntei alguma coisa a ele?

Não, pois é. Não mesmo. Então por que ele falou isso? Calma Elena, relaxa. Não parta a cara desse safado. Ainda não.

John estava arrumando os cabelos cheios de gel, esperando minha resposta. Ok. Espere um pouco...

Será mesmo? Digo, você sabe, o fato de hm, ele ser o assassino?

- Você... – babulciei. Só pode ser brincadeira!

Imagine, eu trancada com um assassino sem celular, e sem ter deixado um único recado ao meu namorado. É, digamos que se isso fosse verdade, - porque, convenhamos, seria muito azar! – eu estaria totalmente ferrada.

John rosnou impaciente. Ele estava olhando o relógio agora, e depois voltou seu olhar frio para o meu rosto. Essa, acho que devia ser a minha deixa, não? De cair fora?

Afinal, ate mesmo os mais valentes heróis sabem a hora de fugir. E digamos que há minha hora, seria essa. Agora. Now.

- Hm, John, me empresta o celular vai. Eu estou louca pra voltar pra cas... – mas é claro que eu não continuei.

Por dois motivos, caso você queira saber. Primeiro: o riso maléfico de John. Segundo: a porta atrás dele abrir, e eu ver Matt saindo de lá, com um enorme roxo na cabeça e uma cara nada feliz.

Porque será que eu acho que eu me ferrei? Bonito? E por que diabos eu estou ouvindo a voz de Sirius me dizendo pra sumir agora? Yeah. Eu bem que quero fazer isso. O probleminha básico, é como?!

- Elena, entenda. Você não vai voltar pra casa. Nunca mais. – John abriu um sorriso maior ainda. Seria digno de colgate. Uma colgate macabra, no caso.

- Oh, deixe de brincadeiras John! – falei sorrindo amarelo. – Você esta me deixando nervosa, paro.

John riu mais ainda agora. E Matt balançou a cabeça negativamente. Mas que merda. John parou de rir ao avistar o que eu estava olhando, Matt, para ser mais especifica. Ele sorriu torto para o filho, e com a voz seca soltou:

- Você – ele apontou para Matt. - explique para ela logo. Pelo visto tanta comida esta afetando o cérebro dela, alem claro, das calças. – obrigada pela parte que me toca, seu porco.

Olhei para Matt também. Ele estava suando frio, e com a mão em cima do roxo. Ow, aquilo deve ter doido, mas quer saber? Eu não estou nem ai. E tem mais! Tomara que esteja, realmente, doendo!

E ele que goste, porque quando eu botar as minhas mãos nele, coitadinho!

- Elena, você sabe demais. – Matt estava olhando para algo atrás de mim. Pra você ver a coragem do menino. – E bom, você vai cair... Acidentalmente no poço dos elevadores... Quando estiver trabalhando...

Pisquei algumas vezes. Hahaha. Essa é boa, sério. Quem disse que eu vou cair?! Ou melhor, ir trabalhar? Ow, acho que não, colega. Não eu. Não hoje. E muito menos agora.

- Nem pensar. – falei abrindo um enorme sorriso. Pelo menos tentando. Você sabe, mantenha a calma, e finja estar tudo sobre controle. Apesar de hm, eu estar muito a fim de sair berrando e correndo por ai, atrás do meu namorado, e depois, logicamente, da polícia. – Eu vou sair daqui, e vai ser agora.

E eu já estava saindo, - ou seria passando pelo John? – quando quatro braços – serio! Quatro! E eu sou uma só! Pra você ver que cavalheirismo – me seguraram. Dois pela cintura, e dois pelos braços. Oh isso. Usem seus enormes tamanhos e pesos contra a pessoa aqui. Sem problemas!

- Voce vai conosco, mocinha. – e eu já ia abrir a boca para falar algo bem feio, devido a força nos meus braços e cintura, quando fui, hm, feiamente amordaçada.



E não, acho que não foi por um vaso. Graças a Deus! Mas sim com um pano e álcool. Pra você ver...

Como eu sei? Oh bem, eu não estava com roxos nem hematomas na testa quando acordei, já em cima de um elevador, no poço. Mas que merda.

Eu preciso sair daqui! Ou avisar Sirius, ou quem sabe Brad. Mas espera ai! Brad não trabalha nos sábados! Sirius esta em casa, dormindo. Bom, agora deve estar acordado, mas hm, quem garante que ele vai sair atrás de mim? Quer dizer, qual é! Eu tinha prometido que íamos visitar Matt só no domingo... E yeah, quem me dera ter mantido a promessa.

Mas não! a grande Elena tinha de dar uma de detetive, acho que é tudo culpa dos filmes de ação. Eles estimulam muito a gente, colega. Sério.

E na TV o legal é que a mocinha sempre se safa, com dois ou três arranhões no máximo. Já na vida real... Bom, primeiro a gente tem que se safar de morrer. Pra depois, pensar em ver quanto quebrado está.

O beleza, não?

Eu estava ouvindo vozes, vindas de dentro do elevador. Acontece que eu mal parava de pé. Quer dizer, eu nem tentei, pois sabia que não ia dar muito certo.

E também, porque vendo onde eu estou, ficar de pé seria a ultima coisa que eu faria. Ainda mais nessas condições!

Ombro doendo, cabeça latejando, mais pra lá do que pra cá, em resumo. E certamente, John estava esperando que eu ficasse de pé, e caísse. Realmente, sem querer. E sem digitais dele! Imagine! O desgraçado!

E o Matt?! Sem comentários. Aquele veadinho realmente me enganou. O que eu ainda não entendi, foi bem, o por quê?! Quer dizer, tudo bem que ele tenha hm, feito amor com tais meninas. Mas matá-las?! O que diabos havia acontecido de errado?

Eu preciso saber, sabe, já que hm, supostamente eu vou morrer mesmo. O que, se você quer saber, acho que vai acabar acontecendo. Ninguém – tirando esses dois idiotas – sabe onde eu estou.

Mas que grande merda. Se eu sair daqui, eu vou me comprar um GPS. É fato. Ai Sirius vai poder me monitorar a distâncias. É obvio que se eu usar, ele também vai ter de usar. Yep, preciso me lembrar disso quando sair daqui. Se eu sair daqui.

Enfim, vamos primeiro jogar conversa fora – como fazem nos filmes – com os bandidos.

- Hei, uma coisa que eu não entendi. – falei tirando a minha cara do elevador. Eu já falei que estou deitada de bruços?

Pois é. Que situação. Acho que John realmente pensou que eu fosse muito idiota, para hm, não perceber onde estamos, e quando levantasse, ia cair direto. Porque afinal, da maneira como eu estava deitada, e “drogada” seria difícil distinguir alguma coisa. Mas acontece que, eu já conheço os barulhos do poço. Ou melhor, o seu silencio. Quebrado apenas pelo barulho de cordas puxando enormes caixas.

E sem contar na escuridão do negocio. Mas como John é tão esperto... Hahaha.

Vi dois olhos me espiarem lá de baixo. Em quanto eu mantinha a respiração lenta. Ou tentava, pelo menos.

- O quê? – perguntou John com interesse.

- Por que disso tudo?! Quer dizer, qual é! O seu filho é um baita cachorro que pegou as meninas, e ainda por cima as matou! – falei braba.

John rosnou quando eu falei “cachorro” e “seu filho”. Mas eu não estou ligando. Já que vou morrer. Que ele ouça coisas bem feias antes.

- Porque elas ficaram grávidas! – rosnou John como se fosse obvio. E na verdade era.

Quer dizer, por que mais ele as mataria? Tudo bem que tem o lance da menina ficar enchendo o cara para eles namorarem já que você sabe... Foram mais além e tudo. Mas imagine grávidas! A pressão simplesmente triplica! Mais que isso. A pressão passa do namoro, para hm, casamento...

E ai já viu...

- E Matt não sabia o que fazer. – simplifiquei. – E pediu ajuda pro senhor.

John suspirou pesadamente.

- Esse garoto idiota... E, além disso, imagine que propaganda traria para a nossa escola! – John grasnou alto. Estava indignado só de pensar. - “Filho do reitor engravida alunas”. Não. A saída foi...

- Matá-las. – concordei com a cabeça.

Certo, fazia certo sentido. Apesar de ser completamente doentio o negócio.

- Isso. – ele deu de ombros, e voltou sua atenção para o painel do elevador. Estávamos, pelo que pude distinguir, espiando para baixo, cuidadosamente, no primeiro andar. Eu estava já me sentindo aliviada, quando o vi colocar a chave do elevador, e apertar no nono andar. – E a propósito, não era pra você desconfiar de Matt, por isso o negócio do vaso.

Yep, eu já tinha entendido.

Ok. Nono. Será que hm, não podia ser no terceiro não?!

John me viu engolir em seco, e balançou a cabeça. Já, visivelmente mais calmo. Convenhamos, você também estaria assim calminho se estivesse no controle da situação e ainda por cima, achando que esta com toda razão de matar a menina aqui.

- Foi você quem se pôs nessa situação, Elena. – isso me faz lembrar o Sirius, com aquela voz sedosa, dizendo para eu esperar por ele.

Ok. Agora alem de estar toda podre, eu estou com o coração apertado. Se eu morrer, eu não vou mais ver o meu namorado. O cara que eu pretendia casar.

Mas que grande droga, eu realmente preciso sair daqui. Inteira. E viva, claro.

O elevador começou a subir, e eu me agarrei a ele. Eu já estava sentindo o meu coração na garganta. Ótimo, só falta eu ter um enfarte! Meu São Jorge, se o senhor me tirar dessa, eu prometo ouvir os conselhos do meu namorado! E prometo parar de irritar o Regulus! Mas por favor! Não me deixe morrer.

Já estávamos no quinto andar. Minhas esperanças? Bom, sinto lhe dizer que elas estavam me deixando cada vez que subíamos mais. por fim, paramos no nove.

John subiu no teto, não pergunte como, o velho deve fazer exercícios. Oh espere! Ele faz! Ele joga todas as meninas no poço!

Se bem que, hm, duvido que as outras tenham sido assim tão trabalhosas. Acho que ele apenas abriu a porta, sem o elevador estar ali, e as jogou direto. Já eu... Bom, sorri lindamente ao notar que eu daria certo trabalho ao velho.

E claro, que eu não ia deixar ele simplesmente subir, e me atirar. Não mesmo.

Ele estava se aproximando de mim, engatinhando. Eu que por sinal, ainda estava deitada, fiquei de joelhos de olhos arregalados, e tratei de desviar dos braços dele.

- Sai John! – berrei, chutando a mão dele com o joelho.

Isso vai me fazer cair, já estou até vendo. Meu santo. Eu quero minha cama.

- Não! Ande Elena, você sabe que não tem como escapar! – ele tentou, novamente, me pegar, mas eu consegui desviar no ultimo instante.

Você, hm, já percebeu que estamos lutando em cima de um elevador parado no nono andar?! E sem chances dele descer, porque hm, John esta com a chave. O que mantém o elevador no controle dele. Se ao menos eu pudesse entrar no elevador...

E fazê-lo descer, e quem sabe! Apertar no alarme e falar com os seguranças...

John abriu um sorriso malicioso, como se estivesse lendo meus pensamentos. E no momento, eu não duvido. Afinal, o meu plano só podia ser óbvio. Hello! Sente a situação, amigo.

- Não Elena, eu não vou deixar você entrar no elevador. – então ele fez. O que eu particularmente também faria.

Mas que grande merda. Ele fechou o teto do elevador. E bom, detalhe: ele só abre POR DENTRO! Como esse idiota ia sair do poço?! Oh, é. Ele tem um celular.

E um filho que sabe exatamente onde ele está.

E quando tudo parecia perdido, eu me lembrei, que hm, eu podia berrar. Alguém poderia ouvir... bom, eu não tinha nada a perder, certo?! Por isso, respirei bem fundo, e mandei ver:

- AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH! SOOOOOOOOOCOORRO!!! ESTAO TENTANDO ME MATAAAR! SOOOOOCORROO!!! - John revirou os olhos, e aproveitando os meus berros, veio – literalmente – pra cima de mim. Fazendo-me bater as costas no ferro e cordas do elevador.

Eu realmente preciso dizer que doeu?

Tentei tirar aquele trogroditlas de cima de mim. Mas é claro que não houve resultado. E depois eu é que sou gorda. Pra você ver.

- SAAAAAAAAAAAI! – berrei nos ouvidos dele, o que serviu para deixá-lo mais irritado, a ponto de me bater. Na cara. Direto. Assim.

Que cavalheiro. Se eu respondi?! Claro. Com o braço que estava solto pelo peso das pernas de John em cima de mim, eu o soquei, arranhei, puxei cabelos, belisquei. Tudo ao mesmo tempo.

E ele continuou a me bater. Eu já devia estar ficando bem roxa. Foi quando, pra finalizar, totalmente filho da puta idiota, ele me socou na boca. Eu senti meu lábio, juntamente com a minha gengiva, rachar. O sangue quente escorregando pelo meu pescoço gelado.

Que coisa macabra.

Mas bem, eu tinha decidido que mesmo morrendo, eu ia deixar umas belas marcas naquele velho. O se ia.

Eu já estava sentindo tudo rodar, e a risada de John ecoando nos meus ouvidos, quando me dei conta que tinha chego o fim.

Ia ser agora.

Adeus músicas, violão, barzinhos, shoppings, aulas de dança... Foi quando eles vieram em minha mente, que eu realmente me senti desolada. Eu nunca mais ia comer a comida de Karen, ouvir os conselhos de Brad-dad, os oi’s dos meus amigos traficantes, as risadas e buzinas de James, as caretas e fofocas de Lily, os olhares e abraços de Harry, o beijo e abraço de Sirius. A voz dele sussurrando de manhã cedo, dizendo o quão linda eu era. Ou as nossas discussões e berros.

Eu não ia mais vê-los. Estava tudo simplesmente perdido. Tudo por causa de um idiota que engravidou as ficantes, e contou para um pai idiota, que resolveu matá-las friamente.

E eu seria a próxima.

Eu não estava mais vendo nada. Estava perdida em lembranças. Os rostos conhecidos sorrindo para mim. E um Sirius, distante me olhando ternamente. Aquele olhar. Que eu nunca mais receberia. Aquele brilho nos olhos azuis, me chamando.

Dizendo que ele estava ali. E tudo daria certo. Mas eu simplesmente sabia que não daria certo. Afinal, ele nem sabia onde eu estava! Eu estava sozinha. Toda roxa com um homem que pretendia me jogar do nono andar.

E o que diabos eu podia fazer?! Se não fechar os olhos e ver o sorriso de Sirius?

Pela última vez? E quando fora mesmo a última vez que eu o vi? Ah, é mesmo. Hoje pela manhã. O deixei em casa, dormindo tranquilamente.

Sorri ao me lembrar. Eu o amava. Completamente. E verdadeiramente. E só agora eu via quanta falta ele faria.

Eu estava ali, deitada, esperando, esperando e esperando a morte chegar. E quando eu soube que seria agora, no momento, não teria mais escapatórias, eu suspirei. Deixando minha ultima esperança sumir. Foi ai, que eu ouvi. Um berro. Alto e rouco.

Um berro que me fez abrir os olhos instintivamente.

- NÃO OUSE TOCAR NELA!



NA: continua... ;D

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