Prólogo



31 de Agosto de 2017


O pensamento de Draco Malfoy estava no pequeno garoto a sua frente que o deixava cada dia mais intrigado. Tinha cabelos loiros-platinados idênticos aos do pai, estavam presos e fixados para trás, eles faziam um excêntrico contraste com seus olhos cinzas, puxados para azul, e sua pele clara. Draco encarou o garoto olhar pela grande janela, observando o jardim. Estava pensativo, talvez até triste por dentro, mas não demonstrava. Era orgulhoso demais para isso.


Porém deveria estar feliz, iria para Hogwarts amanhã.


Continuava a encarar em transe o jardim, seus olhos não desviavam mesmo com a presença do pai no local.


“Scorpius...” Começou Malfoy, andando sorrateiramente em direção ao garoto. “O que lhe incomoda?”


“Nada, meu pai.” Respondeu depois de um curto tempo em silêncio. Desviou seu olhar para os olhos frios de Draco, que o encaravam tentando transmitir uma falsa segurança. “Sente falta dela?” Surpreendeu-o, erguendo o queixo para encará-lo.


“Sinto.”


Foi tudo que conseguiu dizer, antes do garoto baixar o olhar e dar as costas, caminhando pelo corredor escuro, vizinho à ala e desaparecendo na escuridão.


Ela. Sentia falta dela, não dizia isso por ser sua falecida mulher, mas porque era mãe de Scorpius e que mesmo não a amando como deveria, ele a amou de certa forma, do jeito dele.


Mas não era dela que sentia mais saudades, era de alguém que ele jamais esqueceria e não era a sua esposa. Era ela, a única mulher que ele amou e que ele havia perdido. Sua pequena, sua amada, sua ruiva.


Aproximou-se da poltrona vermelha forrada de veludo frente à lareira e sentou-se. Encarou o dançar das chamas por um tempo e franziu a testa. Era tudo tão surreal.


Todo o sentimento começara da rebeldia de um jovem durante a guerra, a necessidade de adrenalina, à vontade de se arriscar, uma decisão errada e um dia para amar. Tudo isso; coisas que deixaram marcas nele. Aquilo o machucava a cada dia que passava, de mês em mês, de estação a estação, de ano em ano, mas apesar de toda dor que sentia, toda ferida que possuía, ele não queria esquecer. E também não iria.


Fechou os olhos, deixando-se levar pelas memórias e as lembranças daquele dia.


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