Capítulo VI



Capítulo VI


 




 


O salão do ministério estava divino. Possuía mesas espalhadas por todo local, e a decoração natalina deixava o clima harmonioso. Várias pessoas se divertiam e riam em companhia de outras, era a festa perfeita de Natal e já marcava 22:00 horas.


Gina, Luna e Romena se adentraram a sós no salão, já que não havia companheiros, pela briga dos Potter, a viagem do marido de Luna e por Romena ser solteira. Estavam deslumbrantes e chamavam a atenção de muitos no local.


Draco já estava entediado pela conversa de alguns homens do Ministério da Magia da França, falavam sobre negócio, quadribol e é claro, mulheres.


“Loira divina...” Comentou um velho homem.


“Concordo.” Falou um loiro no grupo de conversa deles.


“Muito linda aquela ruiva...” Comentou um outro homem, de aparência jovial.


Draco que não estava pouco se lixando para os elogios dos velhos a mulheres inglesas, pouco se importou, até escutar a palavra ‘ruiva’. Virou-se ansioso, esperando encontrar quem ele tanto queria. Era ela. Estava belíssima. O vestido negro, frente-única e longo acentuava o corpo da ruiva e fazia um perfeito contraste com sua pele alva.


Ele percebeu o olhar da ruiva percorrer por todo salão em busca de uma pessoa, continuava encarando-a, até que seus olhares se colidiram. Ele sorriu levemente de forma irônica, recebendo em resposta um gesto nervoso da ruiva, que apenas desviou o olhar, pegando um ‘drink’, de um garçom que passava a sua frente.


“Se me dão licença, senhores.” Cumprimentou-os e se afastou. Falaria com ela e tudo ficaria bem. Aproximou-se sorrateiramente dela, mas fora interrompido por uma voz-afeminada-rouca-idiota-do-potáh, que estava no palco, pedindo a atenção de todos.


“Poderia pedir a atenção de todos vocês?” Brincou, vendo todos virarem para si. “Estou aqui, para antes de tudo, desejar feliz natal para vocês em nome do Ministério da Magia.” Pausou, recebendo em resposta o silêncio. “E eu também queria dizer uma coisa...” O salão se encheu de sussurros. “Por favor, eu peço o silêncio de vocês e a atenção de minha amada mulher...” Olhou para Gina, que estava corada. “Já é nosso décimo oitavo natal juntos, depois de casados. E nesses dezoito anos nunca deixei de admirá-la com o tempo. Cada vez mais bela, mais madura, uma mãe cada vez mais atenciosa e uma esposa cada vez mais dedicada.” Sorriu, recebendo em resposta um riso divertido da ruiva e cochichos de todo o salão. “Eu desejo a todos vocês hoje, como um pedido a Noel...” O salão se encheu de riso. “...Uma mulher, ou um homem, é claro, parecido exatamente como Virginia Potter...” Levantou sua taça, acompanhado de todos no salão. “Minha mulher.” Harry frisou a última frase, olhando diretamente para Draco.


“Vou vomitar.” Sussurrou o loiro para Potter, antes de o salão se explodir em aplausos.


Harry desceu do palco, agradecendo e cumprimentando o Ministro da Magia, que se pôs a falar. Gina viu Harry aproximando-se e sorriu.


“Harry! Você é louco!” Riu, vendo o marido se aproximar.


“Por você Gina.” Beijou-a. “Me desculpe sinceramente.”


“Oh, Harry.” Abaixou a cabeça corada, mas logo desviou o olhar para o loiro que a olhava enfurecido, quase quebrando o copo de whisky que segurava firmemente em sua mão.


“Eu te amo, Gina.” Beijou de leve os lábios da esposa.


“Eu... Eu também Harry.” Dizendo isso, afastou-se do marido. “Volto já.” Recebeu a compreensão do marido em um confirmar de cabeça e andou pela multidão que estava espalhada pelo ministério, em direção a saída do mesmo. Eu preciso sair daqui, não sei mais o que faço... Pensou, pegando seu sobretudo na saída, vestindo-o e saindo do Ministério.


Agora estava tudo muito complicado, antes decidira se separar definitivamente de Harry e talvez voltar para Draco, mas depois daquela declaração do marido publicamente, sentia que seria tudo muito difícil. Ele havia feito de propósito, para complicar as coisas.


Caminhou pelas ruas frias de Londres, até chegar a uma praça vazia, com apenas alguns casais. Pensou em Draco na hora.


Queria poder sentir os beijos dele novamente. O toque de suas mãos geladas.


“Gina...” Sentiu alguém sussurrar de leve seu nome e tocar seu ombro, coberto pelo sobretudo. A ruiva virou-se assustada e viu aqueles olhos que tanto temia.


“Draco...” Sussurrou de forma inaudível, apenas fitando a face do loiro. “Não devia estar aqui!”


“Nem você. É perigoso sabia?”


“Sei me cuidar.”


“Certo.” Deu-se por vencido, não iria discutir com ela, ainda mais porque tinha tanta coisa pra falar. “Gina, eu preciso falar com você.”


“Já está falando.”


“Civilizadamente.”


“Certo.” Encarou-o nos olhos. “Diga.”


“Largue o Potter.”


“Como?” Não havia escutado direito. Ele realmente havia dito aquilo?!


“Largue e Potter, simples.”


“Não, não é simples.” Olhou-o, escandalizada. “Ele é meu marido.”


“Fique comigo.” A respiração de Gina falhou ao escutar a voz rouca de Draco pedir aquilo.


“Draco... Eu...” Tentou dizer algo, mas se atrapalhava com palavras desconexas.


“Gina, eu vim aqui, deixei a merda do meu orgulho de lado para falar com você, à mulher que em dezenove anos eu nunca esqueci.” Pausou. “E olha... Eu tive muitas.” Comentou, recebendo um tapa no ombro de brincadeira da ruiva. “Eu to brincando!” Riu, seguindo a ruiva que se sentava em um banco da praça.


“Draco, as coisas não são tão fáceis.”


“São sim, é só que você as complica.” Sentou ao lado da ruiva.


“Eu não tenho escolha.” Abaixou a cabeça, chorando.


“Todos nós temos escolhas, ruiva.” Ergueu a face da mulher, encarando-a, e limpando a lágrima que deslizava por sua face.


“Você não entende, Draco!” Levantou-se, exasperada. “Eu tenho uma família agora!” Encarou-o firmemente, vendo que ele havia se levantado junto a ela. “Como se você entendesse algo sobre isso, né?”


“Virgínia! Pára! Não desconte em mim!” Aproximou-se da mulher.


“Sai Draco! Sai de perto de mim!” Bateu no peito do homem que tentava abraçá-la.


“Eu to aqui, pequena...” Abraçou-a fortemente, vendo que ela havia se rendido e se desabado a chorar. “Eu quero te pedir um favor.” Falou o loiro, ainda abraçando-a.


“O quê?”


“Eu quero um dia...” Encarou-a nos olhos.


“Um dia?”


“Sim, um dia. Nós dois. Mais ninguém. Se você não quiser largar o Potter, fica essa noite comigo.” Sorriu. “Vamos fazer uma loucura...”


Virginia parecia estar sonhando, a proposta de Draco era perfeita, eles tinham essa noite. Mas porque a razão dizia que era errado?! Ela realmente podia dar as costas para Harry e todos, e jogar tudo para cima?


Sim. Ela podia.


- D/G -


“Se você não disser onde aquele loiro maldito levou minha mulher, eu quebro sua cara!” Falou Harry, que prensava Blaise pelo colarinho na parede de um corredor vazio do Ministério.


“Se você não me soltar, Potáh, eu vou terminar de rachar sua testa!” Rosnou. “Eu não sei onde o Draco possa estar, muito menos sua mulher. Não tenho culpa se você não segura aquela cadela.” Riu, levando um soco na face e um chute nas partes íntimas. “Seu filho da puta!”


- D/G -


“Pra onde você ta me levando Draco?” - Riu Gin, que segurava a mão do loiro, enquanto era guiada, já que ela estava vendada. “A gente aparatou não sei onde e agora já estamos andando há séculos.”


Shh, exagerada!” Riu. “Estamos chegando. Vem!” Virou-se pra ela, pegando-a no colo.


“Draco! Pra onde você ta me levando?! Coloque-me no chão!” Riu.


“Silêncio, sua estúpida, já estamos chegando.”


“Eu quero descer!” Protestou.


“Quase lá.”


“DRACO!” Mordeu os ombros do loiro.


“AH! ACALME-SE!” Gritou “Pronto, sua canibal!” Desceu a ruiva.


Quando colocou os pés descalços no chão, sentiu a grama esfoliar seus pés levemente, sorriu de forma boba, ainda vendada. O loiro retirou sua venda e ela olhou para o horizonte. Estava em...


“Viena...” Draco disse. “Gostou?”


“Draco...” Ela olhou ao redor. Conhecia esse parque, seria impossível não reconhecer. Foi onde ela e Draco fizeram amor pela primeira e única vez. “Muito.”


“Agora... Depois de dezenove anos, esse momento o qual eu tanto aguardei.” Anunciou brincando, recebendo em resposta uma risada divertida da ruiva.


Draco se aproximou de Gina calmamente, a encarando nos olhos, vendo o sorriso da ruiva se desfazer lentamente, de acordo com a aproximação do mesmo. A respiração dela ofegava e os lábios dos dois estavam a milímetros de distância. Roçou seus lábios nos dela. Passando a língua pelo mesmo, provocando-a, enquanto a segurava de leve pela face.


“Draco...” Sussurrou. “Não me faça esperar.” Dizendo isso, ele apenas sorriu e a beijou.


Aquele beijo, o qual os dois tanto ansiaram. Fogo com gelo. Matavam a saudade a cada instante, eles tinham apenas um dia e esse era apenas o começo. Suas línguas dançavam sensualmente. E ele pressionava a cintura dela com força para junto de seu corpo.


“Aproveita o momento, pequena” Disse ao terminar o profundo beijo, colando levemente suas testas. “Apenas aproveite.”


“Por que esperei por tanto tempo pra você fazer isso?” Beijou-o de leve. “Por quê?”


“Valeu a pena.” Beijou-a de leve, abraçando-a fortemente.“Nós podíamos fazer amor aqui...” Comentou.


“Draco!” A ruiva repreendeu-o.


“Estou brincando, Virginia. Não somos mais dois jovens bêbados e inconseqüentes que transam e se esquecem depois...”


“Você esqueceu.”


“Impossível.” Ele riu e a beijou de leve.


Eles caminharam pelo parque, vendo uma mulher e um homem com máscaras apresentarem-se em uma das escadas que levava a fonte principal. Eram artistas de rua. Eles cantavam um dueto. Gina sorriu, entrelaçando suas mãos as de Draco.


"Never knew I could feel like this, like I have never seen the sky before. I want to vanish inside your kiss. Every day I love you more and more..." A mulher aproximou-se do homem que a observava encantado. "Listen to my heart, can you hear it sings? Telling me to give you everything. Seasons may change, winter to spring, but I love you until the end of time..." Ela segurou suas mãos firmemente e sorriu doce para ele.


"Come what may..." O homem que até agora, apenas a observava, cantou. "Come what may..." E tinha uma bela voz. Os dois eram ótimos cantores.


"I will love you until my dying day..." Cantaram juntos a última parte. Fazendo Gina perder o fôlego.


Ela apertou a mão de Draco que a olhou e sorriu.


"Eu vou te amar até o dia da minha morte..." Sussurrou para ele.


“Eu quero você.”


“Você me tem.”


“Eu quero você não só agora.” Ele a puxou para longe da apresentação.


“Você meu passado, é meu presente e será meu futuro.” Gina o parou e colou seus lábios aos dele, beijando-o com volúpia. Deixando-o sem ar. “Vamos sair daqui...”


Segurou no braço de Draco firmemente e eles aparataram em frente a uma simples casa, em frente ao rio Danúbio. Draco abriu a porta para que Gina entrasse, seguindo-a.


“É sua?”


“Sim.”


“Você nunca morou aqui.”


“Era a única coisa que eu tinha, pra lembrar de você.” Ele retirou o sobretudo de Gina, colocando em cima de um sofá.


“Uma casa?”


“Em Viena.” Completou.


Draco a puxou para a varanda. Não fazia muita diferença, a casa era toda de vidro, com árvores a cercando, tendo logo à frente o vasto rio Danúbio.


“É lindo...” Gina admirou a imensidão do rio e as luzes da cidade do outro lado. Draco se sentou e sorriu.


“A gente podia morar aqui...”


“É uma boa idéia...” Sentou-se em um sofá espaçoso na varanda, ao lado de Draco. A ruiva soltou os cabelos, fazendo caírem como cascatas ruivas por suas costas, estavam ondulados e levemente atrapalhados, dando um ar travesso. Ela se deitou nos braços dele, colocando sua cabeça em seu peito. Sorriu boba.


“Me conte sobre esse dezenove anos, Draco...”


“Hum...” Ficaram em silêncio por um tempo. “Fui com minha família pra França, como disse, já que as acusações do meu pai à Azkaban foram retiradas, graças a minha presença na guerra e a ajuda de minha mãe. Vivi em paz lá, foram ótimos aqueles dias...” Sorriu, olhando para o céu aberto e acariciando os cabelos da ruiva. “... Depois de um tempo, meu pai decidiu que a família Malfoy não iria se perder por causa da guerra, então me casei com Astoria.”


“Você a amava?” Perguntou Gina.


“De uma forma minha sim. Mas amava-a por não ter escolha, sabia que ela fazia de tudo pra me agradar, mas tinha um problema...”


“Qual?”


“Ela não era ruiva.” Riu junto à mulher “Então, eu tive Scorpius, foi minha felicidade, nessa época foi que eu amadureci, não queria que meu filho fosse como eu fui com as pessoas. Tirando os Weasley.” Brincou, recebendo um beliscão da ruiva. “Deixei minha arrogância de lado, sabia que eu afastava as pessoas por isso. Talvez fora uma forma que eu encontrei de me manter protegido. Mas é claro, não deixei de ser gostoso e lindo. Deu pra ver, não é?”


“E humilde...” Riu.


“Também.” Suspirou. “Então, um pouco depois que Scorpius nasceu, uns anos acho. Ela morreu. Não reagia mais ao tratamento dos curandeiros.”


“Eu lamento.”


“É passado.” Falou, mas recebeu um olhar reprovador da mulher. “Mas nem tudo do meu passado eu quero esquecer.”


“Ah é?” Falou a ruiva deitando em cima de Draco. “Qual parte?”


“A que eu te conheci.”


“É. Mas eu preciso relembrar, já que a idade está afetando minha memória.” A beijou na ponta do nariz suavemente.


“Eu te amo, Draco.” Sorriu com o beijo. “Vamos fazer uma loucura...” Ela sussurrou próximo ao ouvido de Draco.


- D/G -


“Filho da puta, corno, viado!” Bufou o moreno, que entrava mancando na biblioteca da casa de Luna.


“Acalme-se, Zabini!” Falou, Romena, que o ajudava a sentar.


“É por que não foi você que ficou estéril, querida!” Reclamou.


“Chega de asneiras! Sabemos que Harry está louco de ciúmes, porque Draco está com a Gina!”


“Está?” Perguntou Blaise.


“Seu idiota, claro que está!” Manifestou Romena. “Os dois desapareceram.”


“E?”


“Ah! Vá pro inferno, Blaise!”


“Mas a questão é...” Começou Luna. “Onde eles estão?” Virou-se para a janela, vendo vestígios de luz do sol.


- D/G -


“Draco! Acorda! Olha isso!” Falou a ruiva, que estava de pé, apoiada no corrimão de madeira da varanda, vendo o sol nascer no rio.


“O que foi?” Tentou abrir os olhos.


“O nascer do sol! Nunca tinha visto. ACORDA!”


“Calma, pequena!” Abriu os olhos de leve, sendo aturdido pela claridade do sol que nascia.


“É lindo!”


“Eu sei...” Sorriu meio cansado. “Quanto tempo nós dormimos?”


“Trinta minutos?” Riu.


“Pareceram dez!” Bufou, levantando-se. “Vamos?”


“Mas já?” Olhou o loiro, abatida.


“Claro que não Virginia, ainda tem o segundo round, na minha casa.” Piscou.


“Idiota!” Riu, abraçando-o.


- D/G -


Harry aproximou-se dos grandes portões de mogno da Mansão Malfoy, e bateu nas imensas portas furiosamente.


“VIRGÍNIA!” Gritou “Sei que você está aí! ABRA ESSA PORTA!”


Tentou várias vezes, ninguém o respondeu, parecia não haver ninguém em casa. Sentou encostado na porta. Estava cansado e sentia-se furioso.


“Idiota!” Escutou uma voz conhecida e um riso, vindo de longe.


“Olha quem fala! Estúpida.” Era Draco Malfoy e Virginia Potter, sua mulher.


Harry se levantou rápido, indo para o jardim da casa escondido.


- D/G -


“Primeiro as damas!” Draco segurou a porta para a ruiva entrar.


“Obrigada.” Piscou. Estava dentro do quarto de Draco, já estava amanhecendo e nenhuma suspeita que os dois estivessem juntos. Se houvessem suspeitas, teriam os procurado, não é mesmo?


“E então? Preparada para o segundo round?” Falou o loiro, que abraçava a cintura da ruiva por trás, mordendo seu pescoço.


“Sempre.” Riu, sendo pega no colo e levada para a cama.


Draco a deitou cuidadosamente em sua cama, os cabelos da mulher se espalharam pelos edredons e travesseiros escuros. Olhou-a. Era linda e só sua.


O loiro beijou cada parte de sua face, olhos, nariz, bochecha, testa, até chegar à boca, onde a beijou profundamente.


- MALFOY!


O grito ecoou pelos corredores e cômodos da Mansão.




N/A: A música é Come What May - Moulin Rouge.


A tradução da parte citada na Fic, é:


Nunca imaginei
Que eu pudesse me sentir assim
Como se eu nunca tivesse visto o céu antes
Quero desaparecer num beijo seu
A cada dia eu te amo, mais e mais
Ouça meu coração, pode ouvi-lo cantar?
Me dizendo para te dar tudo.
As estações podem mudar de inverno a primavera
Mas eu te amarei, até o fim dos tempos.


Haja o que houver,
Haja o que houver,
Eu amarei você até o dia da minha morte.”


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