Promessa



Capítulo 33 – Promessa


(N/A: Narração de James)


Consegui, depois de muita insistência, fazer Sirius voltar para a torre. Não havia ninguém lá quando nós entramos. Supus que estivessem todos em seus respectivos dormitórios esperando por notícias ou tentando obter informações.

Pedi aos caras para não perguntarem nada ao Sirius e dei uma explicação razoável para a situação, eles até que entenderam. Ninguém falava, nem tinha ânimo para nada, então fomos dormir bem mais cedo do que planejávamos.

Acordei igualmente cedo na manhã de natal, desci para a sala comunal depois de estar pronto, o quarto estava silencioso demais para suportar. Encontrei Lily em uma poltrona, olhando para os terrenos, ela estava tão distraída que mal percebeu a minha aproximação.

- Bom dia. – falei abraçando-a por trás.
- Ai , James! – ela se sobressaltou – Não me assusta. E bom dia pra você também.
- O que faz acordada tão cedo?
- Sei lá... Eu acordei no meio da noite com um pressentimento ruim... Não consegui voltar a dormir depois disso.
- Um pesadelo?
- Não... É como se algo muito ruim tivesse acontecido. – a feição dela estava preocupada – Não sei explicar direito o que é. Só senti.
- Não deve ser nada, Lily. – tentei tranqüilizá-la – Tenta esquecer isso, tá?
- Vou tentar. – sorriu fracamente.

Neste exato momento, o buraco do retrato se abriu e a professora McGonagall entrou em passos rápidos e expressão preocupada. Ela nos olhou e veio em nossa direção.

- Você está aqui, Potter, preciso que venha comigo, rápido. – ela virou as costas e, logo após, se virou outra vez – Ah, Srtª. Evans, seria bom se nos acompanhasse também.

Ela saiu andando na frente, nós trocamos olhares intrigados e a seguimos.

- Você andou fazendo alguma coisa? – Lily perguntou pelo canto da boca.
- Não, eu estive quieto durante os últimos meses... – respondi confuso.

A professora não nos levou até sua sala, tomou o caminho do escritório de Dumbledore. Olhei apreensivo para Lily, o que poderia precisar de Dumbledore para ser resolvido?

- Delícias Gasosas. – falou para a Gárgula que escondia a escada.

Ainda era cedo demais e o escritório estava um pouco escuro, mas não estava vazio como imaginei. Haviam várias pessoas, inclusive alguns aurores que já conheci no ministério, mas apesar da grande quantidade de gente, estava tudo mergulhado em um silêncio profundo e incômodo, e as expressões nos rostos dos presentes começava a me deixar receoso de que, o que quer que fosse, não podia ser bom.

- Sentem-se, James e Lílian, por favor. – Dumbledore, que estava sentado em sua cadeira, com as pontas dos dedos unidos em frente ao rosto, pediu gentilmente, embora também estivesse sério.


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(N/A: Narração de Liz)

Nunca pensei que ia me pegar dizendo uma coisa dessas, mas eu me recuso a sair desta cama. Acho que nunca desejei tanto que uma noite acabasse. Foi horrível! Toda vez que eu fechava os olhos, via um flash de tudo o que aconteceu até hoje e, se querem saber, aquele maldito álbum não me ajudou em nada!

Consultei o relógio, mas os ponteiros não pareciam fazer sentido de tão perturbada que eu estava com o que havia acontecido ontem. Por que ele tinha que me beijar e me fazer reviver, em segundos, cada momento que tivemos? Por que ele tinha que acabar com a estabilidade dos meus sentimentos? Me deixar confusa, desnorteada... Por que ele tinha que ser tão absurdamente encantador?

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(N/A: Narração de Lily)

A tensão era total na sala de Dumbledore, o ar chegava a ser pesado. Será que eu não estava errada? Vou descobrir agora o que aconteceu para eu sentir aquela angústia de repente?

- James. – Dumbledore começou falando lenta e seriamente – Eu lamento ser a pessoa a lhe informar que, na madrugada de ontem, houve um grande ataque dos comensais da morte. – meus pêlos da nuca se arrepiaram. Merlin, não pode ser o que eu estou pensando! A voz de Dumbledore se tornou mais pesarosa – Eles atacaram a sua família que estava em meio a comemorações e completamente despreparada. – eu olhei para James, ele mal respirava – Poucos deles sobreviveram.

O mundo parecia estar desabando, eu via as bocas das pessoas se mexerem, mas não assimilava nada do que elas diziam. Meus olhos estavam parados em James, ele mantinha a expressão séria e imóvel, como se não ousasse acreditar no que acabara de escutar. Apertei sua mão, estava fria.

Ele continuou parado mais alguns segundos, até que pareceu despertar. Apertou minha mão com força e levantou da cadeira. Eu o acompanhei.

- Com licença. – falou rouco e se retirou da sala comigo em seus calcanhares.

Ele andava tão rápido que eu quase não conseguia acompanhá-lo. Sabia que tinha que dizer alguma coisa, mas não tinha idéia do que eu poderia fazer. Tudo parecia tão irreal.

Só parou de andar quando chegou à beira do lago. Ele chutou uma pedra e urrou de raiva. Eu continuava sem saber o que fazer, me resumi a abraçá-lo quando ele se encolheu no chão, como uma criança, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

- James... – falei baixo, não tinha certeza se ele me ouvia – James, eu sinto muito. – ele apenas agarrou minha mão novamente.

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(N/A: Narração de Liz)

Ouvi um barulho estranho na janela, era Mel. Levantei xingando baixo o apressado em enviar mensagens e abri a janela para que ela pudesse entrar.

- Você não podia ter esperado até o café da manhã? – perguntei um pouco irritada – Ainda assim, obrigada. – falei quando consegui desprender a carta de seus pés.

Mel bicou meu dedo carinhosamente e levantou vôo. Coloquei a carta na mesa de cabeceira e resolvi que abriria mais tarde, porém, mudei de idéia quando vi que era do papai. Ele não mandaria uma carta urgente se não fosse uma emergência.

Ainda um pouco contraria e pensando naquele ditado que diz: “notícia ruim chega rápido”, e também que eu realmente não precisava de mais más notícias, abri a carta.

Cada palavra que eu lia me deixava mais confusa. Eu realmente não queria acreditar que aquilo havia acontecido, mas papai não brincaria dessa maneira, jamais.

- Oh meu Merlin. – sussurrei quando acabei de ler. A voz quase não saiu.

O aperto no estômago me dava a impressão de que eu ia vomitar. Mas, passado o choque inicial, minha mente voltou a funcionar melhor. James... Será que ele já sabia?

- Oh meu Merlin. – repeti – James! – gritei como se a ficha tivesse, finalmente, caído. As meninas acordaram assustadas.
- Liz? O que aconteceu? – Alex perguntou.
- James. – repeti, joguei a carta para ela e corri ao dormitório dos garotos.

Subi as escadas aos tropeços e bati, ou melhor, esmurrei a porta do dormitório dos garotos.

- James!James! James! – chamava freneticamente dando socos na porta até que ela abriu.
- Ô, dá pra parar com o desespero há essa hora da manhã? – Sirius, que segurava a porta aberta, reclamou.
- Cadê o James? – perguntei já dentro do quarto que entrei sem esperar convite – Cadê ele?
- Já desceu faz tempo. – respondeu confuso – Quer me dizer o que aconteceu? Que desespero é esse?

Eu sentei na cama e enterrei o rosto nas mãos. Os outros garotos estavam acordados, mas apenas observavam a cena em silêncio.

- Ah, Sirius... – comecei.

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(N/A: Narração de Lily)

O sol já estava mais alto no céu, mas o calor não era capaz de nos atingir. James continuava em silêncio ao meu lado, às vezes ele voltava a soluçar e então parava, como agora, mas sempre tornava a chorar outra vez. Acho que está tentando ser forte, tentando agüentar a idéia de perder a família inteira de uma vez...

Eu sempre ouvi falar sobre os horrores de Voldemort, mas tudo sempre pareceu tão distante de nós, era como se, estando em Hogwarts, nada pudesse nos atingir. Agora, a realidade nos tocava mostrando que isso era apenas uma ilusão.

Decorridos mais não sei quantos minutos ou horas, Sirius, Remo, Peter, Frank, Alice, Alex e Liz apareceram. Todos com cara de quem já sabia da notícia.


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(N/A: Narração de Sirius)

A notícia da morte da família Potter me atingiu como um feitiço estuporante incrivelmente forte. Quer dizer, era a minha família também, as pessoas que me acolheram quando fugi de casa sem nunca pedir nada em troca, simplesmente por que me amavam como se também fosse filho deles.

Ninguém teve ânimo para nada naquele dia, ninguém conversava, aliás, quase não se moviam. Ficamos apenas sentados na sala comunal, esperando pela hora em que seríamos liberados para ir ao enterro no dia seguinte.

A viagem ocorreu silenciosa como o dia que passou, ficamos hospedados n’O Caldeirão Furado e, apesar de James insistir em querer ver a casa, ninguém queria deixá-lo. Pelo que vimos no Profeta, não sobrara muita coisa.

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(N/A: Narração de Lily)
(N/A²: Escutem isso enquanto lêem. http://www.youtube.com/watch?v=E9oLyZhzs6Q&feature=related )


Havia muita gente no cemitério no dia seguinte. James estava com cara de quem não dormia há dias, e é provável que não dormisse. Eu fiz a única coisa que consegui e soube fazer esses dias: apertei forte a sua mão para que soubesse que eu estava lá, que ele não estava sozinho.

Ele parecia entender aquele gesto mais do que conseguiria dizer com qualquer palavra, pois a expressão sempre melhorava, por pouco que fosse, quando eu o fazia. Ele também já não chorava mais, não na nossa frente.

Várias pessoas falaram sobre a família Potter, sempre ótimas coisas e lembravam vários momentos. Foi uma tarde longa e, com certeza, dolorosa para todos nós. Eu tinha, em vários momentos, uma vontade imensa de chorar também, mas, ao mesmo tempo, tentava me manter forte para dar a James o apoio que ele precisava.

Até Dumbledore falou e, é claro, foi um dos discursos mais lindos que já ouvi em toda a minha vida. Algo como “a morte é apenas mais uma curva da estrada”.

A cerimônia acabou e as pessoas começaram a ir embora, James, porém, permanecia imóvel. O pessoal me disse que ia esperar no carro, eu achei melhor continuar ao lado dele até o fim, como prometi dias atrás.

Já estávamos completamente sozinhos quando ele se moveu. Deu um passo a frente e se agachou junto aos túmulos. Eu permaneci em pé, ao seu lado.

- Eles vão pagar. – a voz saiu estranhamente tremida, e eu tive a certeza que ele chorava outra vez – Vão pagar por tudo. – falou com mais firmeza desta vez.
- James...
- Não, Lily! – ele olhou para mim, a mágoa se misturava com a fúria em seus olhos – Não venha me dizer para pensar direito! Ele matou a minha família! Minha família inteira! E numa comemoração de natal! Então não venha me pedir para repensar isso, porque ele merece. E você sabe que merece! – ele voltou a olhar para os túmulos – Eu vou vingar todos eles. Vou atrás de cada um deles pessoalmente e, por fim, atrás de Voldemort.
- Eu não ia dizer para repensar. – me abaixei ao lado dele – Ia dizer que vou lutar ao seu lado.

Ele me olhou surpreso, mas, logo em seguida, o olhar se transformou em um agradecimento silencioso. Eu sabia que apesar de ser forte, ele precisava de mim mais do que qualquer outro momento, eu estava lá e sabia o que isso significava para ele, Aquele me dizia tudo isso.


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N/A: Bom, eu sei que vocês devem ter pensado que o capítulo prometia por causa do Sirius e da Liz, eu devo apenas dizer que a história deles vai ficar para depois. Esse capítulo foi curto, mas não foi nada fácil de escrever, apesar de eu ter conseguido terminá-lo em tempo Record (nunca tinha escrito um capítulo inteiro em uma tarde só). Espero que vocês tenham gostado, apesar das mortes (não sei se vocês lembram, mas eu disse há tempos atrás que nós teríamos um natal bem trágico). O que eu posso dizer em minha defesa é que eu mesma inundei o teclado escrevendo isso e que, infelizmente, o próximo capítulo será a despedida da NLDR e depois dele, apenas os epílogos... Cara, tô sentimental hoje, vou parar de escrever antes que eu comece a chorar outra vez...


Bjuxs da Tia Lizzie.

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