Sacrificios



Ele bateu com força na mesa. Devia ter ficado em seu gabinete e assim talvez nada tivesse acontecido. O guarda estava caído inconsciente no chão da sala. Gabrielle, que não estava ali, agora estava em poder de Lúcio. Os demais aurores disseram tê-lo visto levando ela a força, e não conseguiram pegá-lo, pois ele os ameaçou com o Avada Kedrava, que era proibido nas varinhas mais atuais. Que idiota, pensou Harry, depois de longos anos tentando provar que Gabrielle não estava morta, tentando achá-la, e tentando dizer a si mesmo que não estava louco, Harry a perdera de novo. Mais uma vez! Logo agora que ia avisar Fleur! Devia ter feito isso no momento em que a encontrou. Agora tudo parecia perdido. Se Lúcio ainda não tinha matado Gabrielle, seria por muita sorte.
Todos no Ministério envolvidos no caso, se agilizaram. Prepararam suas varinhas, poções da Verdade, que era muito usada atualmente, e seus carros, ou motos, voadores. Harry, que pegava sua velha capa da invisibilidade, viu o amigo Rony chegar com Deivid, no meio da confusão, onde todos corriam para se preparar, enquanto ele armava um plano com outros dois aurores.
-O que vocês fazem aqui? – perguntou nervoso.
-Deivid quer ver a tia – respondeu Rony.
Harry engoliu um seco. Olhando para Deivid com tristeza, lhe contou sobre toda a história de Lúcio Malfoy, e o que tinha acontecido.
-NÂO! Eu quero minha tia Gabrielle!
A angústia era demasiado notável na voz de Deivid.
-Calma. Nós estamos indo atrás de pistas, de testemunhas que disseram vê-lo ainda há pouco. Os outros aurores estão em busca do possível paradeiro de Gabrielle.
De repente uma coruja entrou pela janela do gabinete e chegou perto de Harry, ela era cinza-escuro, e grande, carregava uma carta verde na boca. Harry a pegou, viu que tinha o símbolo da sonserina, tirou seu lacre e a leu em voz alta.
-Estou com Gabrielle. Só a entrego viva, se me trouxerem Deivid. Em doze horas. Do contrário, Gabrielle estará morta ao nascer do sol.
-Que cretino! Quem ele pensa que é para querer meu filho? – indagou Rony com raiva.
-Ele deixou o endereço no envelope... A equipe de aurores, e eu, iremos até lá. Deivid você fica aqui! Nem pense em sair, se...
-Não! Eu quero ir com você Harry. Ele não vai soltar minha tia, se eu não aparecer.
-Você tem que ficar aqui filho – pediu Rony.
-Não! Eu vou ir. Já decidi.
Harry se entreolhou com Rony, ambos pareceram concordar que o melhor era Deivid ir junto, do contrário ele ia sozinho, e isso seria pior.
-Está bem – disse Harry. – Mas pegue sua varinha, e não se descuide um segundo de tudo na sua volta. Gosta de suas aulas de Defesa Contra Arte das Trevas?
-Gosto. Por quê?
-Porque você vai precisar muito delas. Tome cuidado.
-Eu vou avisar Hermione para não sair do castelo – disse Rony.
-Diga para Sabrina ficar lá onde está e não mover um dedo – pediu Harry a Rony, que escrevia uma carta. – Eu vou avisar Gina, sei que ela vai querer nos ajudar.
-Sua mulher também participa de batalhas?
-Sim sobrinho. A mãe de sua namorada é uma auror muito competente. Deixou de lado a profissão para cuidar dos filhos gêmeos, mas quando eles entraram pra escola ela voltou à ativa.
-Uau! Que legal.
-Já Sabrina parece muito mais vinculada ao quadribol. Gina também tinha talento na idade dela. É de família. – Dizendo isso Harry piscou para o sobrinho, que sorriu para ele.
Deivid parecia adorar ser sobrinho de Harry Potter. Mas é que ele ainda não sabia que sua vida se tornaria extremamente pública dali em diante, pensou Harry risonho, antes de lacrar a carta de Gina.
Rony lacrou a carta de Hermione, e a mandou por uma coruja do Ministério. Harry colocou sua carta para Gina no bico de Edwiges, e pediu que ela fosse até em casa, mas tomasse muito cuidado. Não demorou muito Gina chegou de pó de Flu na lareira do gabinete. Os quatros, Harry, Rony, Gina e Deivid saíram, logo em seguida, de carro voador, em direção a Malfoy. O plano de Harry era confundi-lo. Lúcio teria uma grande surpresa, se dependesse dele.
Suas mãos tremiam, ela não podia deixar que seu filho mais velho fosse junto. Depois de tanto tempo longe dele, não queria perdê-lo mais uma vez. Ela deixou a carta cair no chão. Sabrina que estava ao seu lado juntou e a leu. Minutos depois falou:
-Tia! Precisamos ir também!
-Mas não temos o endereço.
-Use o novo feitiço, aquele de localização, para achar tio Rony. Já que ele é seu marido você pode fazer isso. Vou avisar Andril que vamos sair.
-Está bem.
Sabrina saiu a deixando sozinha.
Hermione pegou sua varinha. Ela já conhecia o feitiço Locazion, era um dos tantos feitiços inventados na última década. Não só os seres humanos progrediam, como os bruxos também. Era uma pena que todo o progresso em parte fosse para destruição do mundo. Mas em outra parte seria para melhorá-lo também. Ela estava na sala comunal da Grifinória, conjurou um pergaminho necessário para o feitiço dar certo.
-Locazion!
Um mapa se formou no pergaminho. Ela viu um ponto, e nele estava escrito ‘marido’. Era exatamente quem ela queria. Usou toda sua inteligência, vasculhou em todo seu cérebro, mas não conseguiu lembrar que lugar era aquele. Resolveu não perder tempo. Assim que Sabrina veio, ela lhe disse para ficar com Andril, mas sua sobrinha insistiu em ir junto. Seu filho mais novo concordou em ficar. Mas pediu notícia o mais rápido possível.
-Sim Andril. Não se preocupe. Pegou sua varinha Sabrina?
-Está aqui sim.
-Então vamos! Tchau Andril.
Hermione deu um beijo no rosto do filho e o abraçou. Andril lhe sorriu. Ela sorriu em volta. Era maravilhoso saber que do filho mais novo não perderia nenhum momento de seu crescimento. Não queria mais perder um segundo se quer do filho mais velho. Ia agora em busca de Deivid. Ele era um de seus muitos tesouros.
Rony estava preocupado com o filho. Sabia que sua mulher não suportaria perder Deivid de novo. Nem ele. Não conseguiria ver seu filho mais velho nas mãos do inimigo. Não agora que teriam uma vida pela frente para recuperar todo o tempo perdido. Para quem sabe o filho ensinar ao pai seus segredos no quadribol, e o pai ensinar as lições de vida que tivera ao longo de seu percurso junto ao lado da mulher mais maravilhosa e inteligente que já conhecera, ao lado de Hermione, sua mãe.
O casamento dos dois tinha sido uma dádiva, assim como a gravidez tão repentina dela. Quando Deivid nasceu à felicidade foi enorme. Era um tempo meio tumultuado no trabalho, nas tarefas de casa e na sociedade bruxa. Rony por pouco não perde todo o crescimento do primogênito, por causa de uma guerra que agora ele sabia que tinha sido Lúcio Malfoy o causador.
Ele estacionou seu carro numa rua cheia de barro, ao seu lado estava Deivid, confiante, talvez em mente que seria o herói da tia que o criara. O lugar onde eles pararam era um tanto sombrio. Estava frio. A neblina caía por cima de uma casa antiga, e pequena. Ela era a última das casas de um bairro pobre, Rony podia assim dizer. Todos os aurores tiveram que atravessar um esgoto, pulando de um monte ao outro. Harry ordenou que cercassem a casa. Segundo ele era impossível impedir que ele aparatasse. Mas se a oclumência não fosse algo que Lúcio dominasse, eles poderiam, em sigilo, deixá-lo como um rato cercado de ratoeiras.
Acatando as ordens do amigo, Rony ficou com ele, a irmã, e o filho, em frente da casa. Harry cochichou algo nos ouvidos de Gina, que ele não conseguiu entender. A face de Deivid mudara um pouco, parecia preocupado, com a varinha na mão em posição de ataque ele fez uma pergunta estranha ao pai.
-Mamãe sonhava comigo?
Rony não precisou pensar para responder, convivia noite a pós noite com a mulher acordando de sonhos onde ela segurava seu primeiro bebê, ou falava com um jovem rapaz que tinha os olhos de Rony, mas que não era Andril mais velho, e sim Deivid em sua idade normal, se estivesse vivo.
-Sim – disse ele fechando os olhos por um instante e tocando no ombro do filho. – Por quê?
-Eu também sonhava com ela, muito. Com vocês todos, até com Andril, antes de conhecê-lo. Caso aconteça alguma coisa...
-Não diga uma coisa dessas!
-Pai... Eu quero ser forte, e sou capaz de dar minha vida pela mulher que me criou... – Rony tentou interromper, mas Deivid fez um muxoxo de reprovação, e continuou. – Talvez você não entenda agora, mas ela foi mais que uma mãe. Ela viveu em reclusão esses anos todos para me manter vivo, e de um certo modo livre. Devo muito a ela.
Rony após pensar um pouco, achou que o filho tinha razão. O abraçou emocionado.
-Está bem. Mas prometa que não vai cometer nenhuma loucura lá dentro.
-Só se você me prometer que vai dizer para mamãe, que toda vez que eu sonhava com ela eu me sentia protegido, que me sentia amado por ela. Você promete?
Os olhos de Rony se encheram d’água.
-Sim filho. Prometo.
-Desculpa interromper – Harry chegou perto deles – Mas quero avisar que vou entrar sozinho, fiquem aqui na frente, caso aconteça alguma coisa, Rony, você fica encarregado de assumir o comando. Você vai pedir para que invadam a casa e utilizem todos os recursos possíveis para matar o Malfoy nojento – Harry fez uma cara de nojo. – Gina vai ficar aqui, e se conseguirmos libertar Gabrielle, as duas aparataram imediatamente. Então, você Deivid, irá com elas.
-Mas eu quero lutar!
Rony agiu como pai nessa hora, pela primeira vez com Deivid.
-Não senhor! Você vai com suas tias, não tem nada que ficar lutando. Deixa esse trabalho para nós que somos aurores.
-Mas pai...
-Não tem mais nem menos. Você vai fazer o que eu digo!
Deivid se emburrou, e foi para perto do esgoto, alguns metros de distância de Rony, que logo se arrependeu do seu modo de agir.
-Harry, você acha que eu agi errado com ele?
-Não Rony. Ele cresceu sem o pai, é um pouco imaturo. Precisa de uma voz firme. A raiva passa. Você sabe bem disso, tanto quanto eu. Tiago e Andril não são fáceis, não é mesmo?
-Sim, é. – Rony deu um meio sorriso, olhou para trás e fez uma cara de preocupado, o filho parecia bastante emburrado. Ele próprio não gostava de ser repreendido pela mãe quando tinha a idade de Deivid, se achava auto-suficiente pra ter que levar bronca.
Após alguns minutos Harry colocou sua varinha em posição de ataque. Aproximando-se da casa, um tanto mal cuidada, com a porta de madeira com a tinta descascada.
-Alorromora!
Em vez de a porta manter-se imóvel, como assim todos pensavam por se tratar de um seguidor de Voldemort, Lúcio pareceu dizer que eles eram bem vindos, pois a porta magicamente abriu-se.
Harry entrou e Rony não conseguiu ver mais nada. Após depois do que pareceu mais de meia hora, um lampejo verde saiu da janela do que seria a sala da casa. Gina gritou de desespero. A luz verde tinha saído da varinha de Lúcio.
-NÃOOOOO! HARRYYYY!
-Calma Gina! – Rony segurou a irmã que tentou entrar, mas ao fazer isso, não conseguiu impedir que o filho entrasse.
-DEIVID! VOLTAAAA!
Num ato de desespero, ele largou a irmã com um auror alto, loiro e forte, e pediu para que ele não a soltasse por nada. Saiu em disparada para o interior da casa.
A casa tinha um aspecto nojento na entrada, o hall parecia ter vômito seco na parede. O tapete era totalmente empoeirado. O corredor dava de frente para uma escada, que deveria levar aos quartos. À esquerda do corredor podia se ver uma mesa cheia de pó, devia ser a cozinha; Já à direita era a sala. Rony tremia da cabeça aos pés, mas com sua varinha em posição de ataque pulou para dentro, quase tropeçando num abajur quebrado no chão, na entrada da sala.
-O que houve aqui? – perguntou. Vendo que Harry tinha o braço esquerdo sangrando muito, e que Deivid o segurava pelo tronco tentando levantá-lo.
-Ele! Pai!!! Tome cuidado! – gritou Deivid a tempo de Rony se abaixar, antes de ser estuporado pelo feitiço de Lúcio.
O último dos Malfoy, estava muito magro, era uma sorte estar vivo daquele jeito, de aparência tão fraca. Os olhos azuis estavam pálidos e opacos. Os ossos do rosto apareciam. A imagem era tenebrosa, ele ainda possuía o cetro com a cobra na ponta. O cabelo loiro continuava comprido, apesar de alguns fios brancos, mantinha sua cor de sempre.
-Me entregue o menino, e ninguém sairá morto daqui, nem mesmo essa vad...
Antes que ele terminasse de ofender Gabrielle, que estava amarrada ao pé de uma cadeira antiga e pesada, com o estofamento todo rasgado, Deivid pulou em seu cangote, batendo em sua cabeça com uma estátua em formato de duende. A testa de Lúcio começou a sangrar, mesmo assim ele atirou Deivid longe, que bateu contra a parede, e caiu sentado. Rony tentou ir ao seu encontro, mas foi barrado por Lúcio, que o ameaçou com a varinha.
-Quero meu filho! – gritou Rony.
Ele não soube de onde tirara tamanha coragem para enfrentar Lúcio, cara a cara, com sua varinha sem posição de ataque, e a de Lúcio preparada para um primeiro golpe, que poderia ser o seu fim.
-Seu filho? Polpa-me! Quem o alimentou, forneceu dinheiro, e tudo o mais para sua educação fui eu! Eu tenho o direito de ficar com ele! Onde você estava esse tempo todo?
-Você o roubou de mim quando ele apenas era um bebê!
-Corrigindo... A Gabrielle o roubou para mim! Weasleyzinho nojento.
A voz de Lúcio era rouca, fria e irritante aos ouvidos de Rony.
-Nojento é você!
-Quer ficar como o Potter? Se não quiser que mais alguém se machuque vá embora e deixe Deivid comigo. Do contrário terei que matar um por um. Começarei por Harry Potter, o menino que sobreviveu. Você ainda é chamado assim menino idiota?
Harry que estava longe dos cuidados de Deivid, que se encontrava na outra extremidade da sala, perto de Gabrielle, com as mãos esfoladas, tentou se afastar de Lúcio, mas não conseguia mexer-se. Pareceu a Rony que estava com a perna quebrada. Em socorro ao amigo, ele agiu.
-Impedimenta!
Malfoy ficou imobilizado, enquanto Rony ajudou, rapidamente, o amigo a sair, o colocando perto de Gabrielle.
-Me ajuda! Me tira daqui! Por favor! Estou presa...
Gabrielle estava desesperada. Rony viu que eram algemas.
-Coisas de trouxas! Eu odeio coisas de trouxas! Cadê a chave disso?
-Está nas vestes dele pai...
-Você está bem Deivid?
-Sim – respondeu ele se levantando. Nesse mesmo momento Lúcio que se recuperava da imobilização de segundos, lançou um feitiço sobre Rony.
- Mobilicorpus!
Deivid foi mais rápido.
-Finite Incantatem!
O feitiço de Malfoy foi cessado. Rony aproveitou o atordoamento dele, para imobilizar a perna quebrada de Harry.
-Férula! Assim vai ficar melhor Harry, pelo menos enquanto não te levamos ao hospital.
-Obrigado Rony. Precisamos pegar a chave dele, e levar Gabrielle daqui.
-Levicorpus! – Lúcio atingiu deivid, que ficou preso no ar, de cabeça para baixo, pelo tornozelo.
Rony quase que imediatamente levantou-se e ajudou o filho.
-Liberacorpus!
Deivid caiu no chão.
-Podia ter sido mais cuidadoso – disse Deivid massageando as nádegas. Pai e filho riram juntos.
Durou pouco. Coisas começaram a explodir ao redor.
-Reducto! Reducto! – gritava Lúcio para todos os quantos, quebrando taças de cristais, vidros das janelas, e das estantes. Um farelo pegou no rosto de Deivid, que começou a sangrar.
-Seu nojento!
Deivid com raiva tentou petrificar o inimigo, mas não conseguiu, então, desviando-se de outro feitiço conseguiu pular novamente em cima de Lúcio, e arrancou as chaves das algemas de suas vestes.
-Você está me saindo um péssimo filho. Não quer ficar como esses fedidos Weasley’s, não é?
-Não fale da minha família assim! Langlock!
A língua de Lúcio ficou grudada no céu da boca.
-Você é muito bom menino! – falou Harry para Deivid.
Rony destrancou as algemas de Gabrielle, assim que Deivid lhe entregou as chaves. Nesse instante, Malfoy agarrou Deivid pelos braços, jogando sua varinha pela janela, e apontando a sua na face do garoto.
O desespero tomou conta de ambos, Rony e Gabrielle.
-Já que eu não posso ficar com ele, ninguém mais fica! Acabei de descobrir que você, Gabrielle, criou um filho ingrato para mim...
-Você está louco!
-Não me interrompa vadia!
Gabrielle aquietou-se, chorava muito.
-Continuando... Eu não preciso desse filho ingrato. Vou sacrificá-lo! Assim como meu Draco morreu por causa desse Potterzinho, o mesmo vai acontecer a esse Weasley que nem sequer tem cabelo ruivo.
Deivid mantinha os olhos fechados, as lágrimas lhe corriam pela face. Seus braços estavam torcidos para trás, não havia como movê-los, e ele parecia ter medo de tentar algo com suas pernas, e acabar sendo morto em segundos.
-Filho calma! Eu estou aqui!
-CALE A BOCA! Você não viu que eu deixei Harry Potter daquele jeito, o eterno menino da cicatriz foi derrotado em um combate por mim, você não teme a mim?
-Não – respondeu Rony, ignorando o ar de superioridade de Malfoy.
-Pois devia.
-Não devia não! Harry só se machucou porque tentou me salvar, e você o atacou pelas costas.
Assim que Gabrielle parou de falar, Lúcio a estuporou. Gabrielle bateu a cabeça na parede, mas manteve-se sóbria.
Foi uma questão de segundos, Rony viu ela se levantar, com a varinha de Harry na mão conjurar pássaros, e os ordenar a picar Lúcio, que soltou Deivid, enquanto tentava se livrar de todos os animais.
-Sua tola! Não devia ter feito isso!
Lúcio malfoy apontou a varinha para ela, Deivid se atirou na frente, e Rony, por sua vez, os empurrou levando toda a carga do feitiço.
-Sectusempra!
O rosto e as mãos de Rony começaram a sangrar sem parar. Lúcio ainda o estuporou, ele caiu quase que inconsciente no chão. Harry gritou para Rony, que antes de desmaiar ainda conseguiu ver Lúcio gritando sectusempra mais três vezes na direção de Deivid. Sua visão ficou turva, e depois escura por completa. Ele desmaiou e não viu mais nada.
Foi tudo muito rápido. Deivid viu seu pai começar a sangrar sem parar, e depois cair no chão. Visualizou Harry, seu tio, gritando, e tentando se levantar apesar da perna imobilizada.
-Ele vai sangrar até morrer!!! – gritou Harry desesperado. – RONY!!!! Acordaaaa!!!
Nessa fração de segundos, Lúcio Malfoy estendeu sua varinha na direção de Deivid. Ele sabia que sua vida estava por um fio, mas não soube o que fazer, e se seu pai fosse morrer sua vida não valeria o mesmo que antes. Mas ele escutou uma voz. Era um choro agudo de um bebê, um bebê que estava com medo de ficar sozinho. Tudo estava gélido. Ele demorou ainda mais alguns instantes para perceber que se tratava de dementadores, aliados de Malfoy.
Eram em torno de oito dementadores, e apenas um estava perto de Deivid, que antes de desmaiar, ainda escutou Lúcio gritar três vezes Sectusempra. Deivid não viu sangue algum em si mesmo. Pareceu-lhe ter visto o Dementador perto dele ser cortado em três. Mas ele não viu mais nada, o choro agudo do bebê se tornou muito horrível, e ele não suportou a sensação de nunca mais ser feliz de novo.


Gabrielle estava disposta a dar a vida pelo seu filho, por Deivid, a quem ela criara como um filho. Mas quando os dementadores entraram, era como se houvesse dez Lúcio’s com suas varinhas impostas, prontas para matar. Ela não soube para qual lado ir, até que ouviu Harry a chamar.
-Me dê minha varinha... Por favor! Rápido, anda... – Ele falava baixo com medo de ser ouvido, e também porque parecia sentir muita dor na perna. Gabrielle fez o que ele pedia.
Foi a coisa mais maravilhosa que ela já vira. Um veado prateado saiu da ponta da varinha de Harry, assim que ele gritou alguma coisa, que Gabrielle não entendeu muito bem.
O mais impressionante é que todos os dementadores foram embora com medo daquela luz intensa. O calor voltou ao corpo de Gabrielle e ela já não sentia medo de nunca mais ser feliz. Foi quando ela se deu conta.
-Onde está Lúcio Harry?
-Você não viu?
-O que eu não vi?
-Infelizmente ele ganhou o beijo do dementador. Levaram o corpo com eles.
-Oh! Eu já ouvi falar disso... Mas como... Por quê?
-Ele se sacrificou por Deivid – disse Harry com a voz cansada, porém calma.
-Eu não entendo. Ele ainda pouco queria matá-lo.
-Lúcio estava louco, como você mesma alegou antes. Ele viu os dementadores querendo dar o beijo em Deivid, e achou que era seu filho Draco que estava ali. Por isso atacou um dementador, então eles se vingaram. – Harry parecia enojado - A insanidade já lhe espreitava desde que a conheceu Gabrielle.
-Como?
-Você é loira como a falecida mulher dele que morreu logo depois de saber do filho que estava morto. Ele ficou sozinho, e ainda por cima em Azkaban, lá tramou um plano para se vingar de mim. Ele sempre me culpou pela morte do filho, e não tiro sua razão. Mas a questão é que ele te achou no meio do caminho. Quis formar uma família com você. E não conseguiu. Ele sempre invejou os Weasley, e isso o levou a forçar você a seqüestrar Deivid.
-Só agora entendo tudo.
-Foi horrível ver ele levar o beijo, mas se não fosse ele seria Deivid... Me ajude a levantar, preciso levar Rony para o hospital, ele já perdeu muito sangue. Você cuida de Deivid.
-Eu cuido do meu filho! – Era Hermione entrando super furiosa. Gabrielle pouco lembrava dela, mas entendeu seu ciúme, e sua preocupação. – Oh! Deivid. Acordou? Mamãe está aqui.
-Hermione seu marido precisa mais de você do que o Deivid. Deixa a Gabrielle ajudá-lo e vá ajudar Rony.
Pareceu a Gabrielle que Hermione não tinha visto o marido ainda, pois ao se deparar com todo aquele sangue, em menos de um minuto, depois de um grito desesperado, aparatou dali junto dele.
-Vá para St, Mungus também. Acho que você ainda lembra como aparatar acompanhada né?
-Sim. Mas e você não vai?
-Não. Meus companheiros ficaram sem ordens, e estão lá fora feitos uns bobocas. A única coisa que estão fazendo de bom, sabe qual é?
-Não.
-Estão deixando minha filha, e minha mulher furiosas. Estão as segurando. – Harry riu. – Não se deixa aquelas duas furiosas, se não é capaz de elas...
Mas não foi preciso ele terminar. Gabrielle viu dois berros de homens fortes. As duas tinham acabado de azarar os caras. Ela riu, era a primeira vez depois de muitos anos que se sentia aliviada.
-O que vão fazer com o corpo? – perguntou a Harry.
-Vão levar para Azkaban. Ele ficará sem alma, vivendo...
Harry se arrepiou todo. Gabrielle sabia o que ele sentia. Era horrível a simples imaginação de viver sem alma. Mas depois de tantos anos em cativeiro, ela achou que Lúcio tivera o que merecia.


Harry achou engraçado. Gina foi direto a ele, e no mesmo momento Sabrina foi direto a Deivid. Ambas suspiraram trêmulas, apavoradas com os estragos, e os acontecimentos que Gabrielle narrou. A dor na perna dele estava mais forte, que ele mal conseguia falar agora. Gina se encarregou de dizer aos demais aurores para colher provas dos fatos ocorridos, e depois darem um pulo em Azkaban, e verificar se tudo estava tranqüilo mesmo.
-Como ele fez isso com sua perna?
-Me estuporou pelas costas, eu estava tentando soltar Gabrielle das algemas.
-Papai!
-Que filha?
-Por quê Deivid está assim?
Deivid parecia tremer e não falar muita coisa.
-É que foi a primeira vez que ele presenciou os dementadores. E ele lembrou de sua infância tão sofrida quanto era a minha. Gina sabe muito bem da minha reação inicial aos dementadores, não sabe?
-Sim. – Gina deu um sorriso de leve.
-Acho que eu tenho chocolate no carro, depois que ele comer, vai se sentir melhor.
Falando isso, Harry foi ajudado a levantar tendo que utilizar a perna boa. Depois aparatou até o hospital, junto dele veio Gabrielle e Gina. Sabrina e Deivid ficaram com os aurores, que os levariam de carro para a Toca.


Ela também achava que precisava de um pedaço de chocolate. Os dementadores passaram por ela, sua mãe, e tia Hermione, e ainda por cima carregavam o corpo de um homem de cabelos compridos loiros. Foi uma sensação horrível. Sentiu muito frio e também achou que nunca mais seria feliz. Seu pai já tinha lhe dito que era assim, mas ela só conseguiu acreditar após passar pela situação.
Entregou nas mãos do namorado um pedaço de chocolate, que logo ele comeu. A cor voltou em sua face, e os olhos ganharam mais vida. Ele estava sentado em cima do carro voador de seu pai, e Sabrina estava em pé na sua frente.
-Está melhor agora Deivid?
-Sim Sabrina.
O olhar dele era meio triste.
-O que houve Deivid?
-Tenho medo que meu pai...
-Não esquenta. Está tudo bem. Ele foi levado para o hospital. Vão cuidar bem dele.
-Quero vê-lo.
-Precisamos ir para Toca, avisar aos nossos avós sobre você e sobre tudo que aconteceu...
Mas ela foi interrompida, pois Deivid a abraçou, o abraço mais forte que Sabrina já ganhara.
-Que bom que você está aqui. Eu te amo. Não quero perder ninguém que eu amo.
-Não vai perder – disse Sabrina decidida.
Os dois entraram no carro e deixaram aquele lugar para nunca mais voltar.

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