Um novo alguém



Um novo alguém –


Com Hermione enchendo a sua paciência dia e noite, ela resolveu ficar com o carro. “Como um favor para ele.” Ainda não queria admitir o quanto o estava adorando, e ainda não abria as cartas de Harry.
Em junho, resolveu tirar umas férias de cinco dias e ir visitar a Tia Beth na fazenda.

- Que diabo, Hermione, eu mereço. E vão me fazer bem. - Sentia-se vagamente embaraçada por estar indo, mas não tinha certeza por quê.

- Não precisa me dar desculpas. Vou tirar três semanas de férias em julho.

Hermione ia para a França com o Rony, mas não queria comentar o assunto. Mantinha a sua vida muito reservada, até mesmo para Gina. Esta se perguntava se, quem sabe, a outra estivesse com medo de que as coisas não dessem certo.

Gina saiu cedo numa tarde de quarta-feira, no Morgan, num ótimo astral, a cabeleira esvoaçando atrás de si. Tia Beth ficara encantada ao saber que ela viria.

- Ora, ora, está de carro novo. Muito bonito.

Tinha escutado o barulho do carro de Gina no caminho de cascalho e viera recebê-la. O sol já se punha atrás das montanhas.

- Foi um presente do Harry. Ele terminou o seu projeto.

- Mas que belo presente. E como está você, minha querida?

Abraçou Gina com carinho, e a mulher mais jovem inclinou-se para beijar-lhe a face. As suas mãos se encontraram e se apertaram com força. Estavam igualmente satisfeitas em se ver.

- Não poderia estar melhor, Tia Beth. E você está com uma cara maravilhosa!

- Mais velha a cada dia que passa. E mais braba, também, ao que me dizem. - Deram risadinhas felizes e entraram na casa de braços dados.

A casa parecia a mesma de dois meses atrás, e Gina deixou escapar um suspiro enquanto olhava ao seu redor.

- Sinto-me como se estivesse em casa.

Olhou para Tia Beth do outro lado da sala, e notou que seu rosto estava sendo cuidadosamente observado pelos olhos azuis penetrantes da outra mulher.

- Como tem estado, realmente, Gina? Hermione conta muito pouco, e as suas cartas contam ainda menos. Fico me perguntando como as coisas se resolveram. Uma xícara de chá?
Gina fez que sim, e a Tia Beth lhe serviu uma xícara de Earl Grey.

- Tenho estado bem. Pedi divórcio quando voltei, mas já tinha lhe contado isso na minha primeira carta.

Tia Beth sacudiu a cabeça, inexpressivamente.

- Arrependeu-se?

Gina hesitou apenas uma fração de segundo antes de responder, depois sacudiu a cabeça.

- Não, não me arrependi. Mas me arrependo do passado a toda hora, mais do que me agrada admitir. Parece que estou sempre a revivê-lo, pensando “se isso tivesse sido assim” e “se a quilo tivesse sido daquela maneira”. Parece tão sem sentido. – Gina tinha um ar triste enquanto pousava a xícara de chá e olhava para Tia Beth.

- É sem sentido, minha querida. E não há nada mais doloroso do que ficar olhando para trás, para tempos felizes que não existem mais. Ou simplesmente para o passado. Tem tido notícias dele?

- Sim, de certo modo. - Tentou parecer imprecisa.

- Como assim?

- Bem, ele me escreve e eu rasgo as cartas dele e jogo-as fora. - Tia Beth ergueu a sobrancelha.

- Antes ou depois de lê-las?

- Antes. Não as abro. - Sentia-se uma tola, desviou os olhos de mulher idosa.

- Tem medo das cartas dele, Gina?

Para a Tia Beth ela podia dizer a verdade. Balançou lentamente a cabeça.

- Tenho. Medo de recriminações e súplicas, e poemas, e palavras que são perfeitamente criados para soarem do modo que ele sabe que quero ouvir. É tarde demais para isso. Está acabado. Encerrado. Fiz a coisa certa, e não vou ficar discutindo a minha decisão com ele. Já vi outras pessoas fazerem isso, não tem sentido. Ele apenas me faria sentir culpada.

- Você é que faz isso consigo mesma. Mas sabe, fico pesando, se ele não estivesse na prisão, você ainda estaria insistindo no divórcio?

- Não sei. Talvez acabasse chegando a esse ponto, de qualquer forma.

- Mas você não está se aproveitando da situação, Gina? Se ele fosse livre, poderia forçá-la a discutir o assunto com ele. Agora, só o que pode fazer é escrever, e você não lhe faz nem a cortesia de ler as suas cartas. Não sei se isso é grosseria, covardia, ou simplesmente maldade. - Eram palavras duras, mas seus olhos diziam que ela falava a sério. - E também não entendo o negócio do carro. Falou que ele lhe deu o carro novo. Aceitou-o... mas não as cartas dele?

Gina crispou-se ante a insinuação.

- Isso é culpa da Hermione. Disse que eu devia ficar com o carro. Que ele queria me reembolsar o dinheiro que gastei com o julgamento, e eu não quis aceitar o cheque do nosso advogado. Então, Harry mandou que ele me comprasse o carro. Suponho que ficou com o resto do dinheiro.

- E você não lhe agradeceu pelo carro?

Parecia direitinho uma mãe. O quê? Não escreveu um bilhete de agradecimento à sua anfitriã? Gina quase riu.

- Não, não agradeci.

- Sei. E agora?

- Nada. O divórcio será homologado daqui a três meses. E fim de papo.

- E você nunca mais o verá? - Tia Beth parecia em dúvida, mas Gina sacudiu a cabeça com firmeza. - Acho que você vai se arrepender, Gina. A gente precisa se despedir. Se não o fizer, de um modo satisfatório, nunca se tira direito as farpas da alma. Podem causar-lhe mais transtornos desse jeito. Não pode apagar sete anos da sua vida sem se despedir. Ou será que pode? Bem, de qualquer modo, você parece estar resolvida. - Ficou vendo a cabeça inclinada de Gina, enquanto esta brincava com o gato malhado. - Está resolvida, não está?

Queria a verdade, nem que fosse apenas pelo bem de Gina.

- Eu... é, bem... ah, droga, não sei, Tia Beth. Às vezes fico sem saber. Já me resolvi, e vou até o fim, mas de vez em do, eu... ah, imagino que seja apenas pesar.

- Talvez não, filha. Talvez seja dúvida. Talvez não deseja se divorciar dele.

- Desejo, sim... mas... mas sinto uma falta tão grande dele. Sinto falta do jeito como a gente se conhece. Ele é a única pessoa no mundo todo que realmente me conhece. E eu o conheço igualmente bem. Sinto falta disso. E sinto falta do que costumávamos sonhar, do que eu pensava que éramos, do que eu queria que ele fosse. Mas talvez eu nem o conhecesse. Talvez apenas pensasse que conhecia. Talvez me enganasse o tempo todo. Talvez aquela mulher fosse namorada dele e o acusou de estupro apenas porque estava com raiva por algum motivo. Talvez ele me odiasse por pagar as contas. Não sei mais nada. Exceto que sinto falta dele. Mas pode até ser que aquilo de que sinto falta jamais tenha existido.

- Por que não lhe pergunta? Não acha que ele contaria a verdade, agora, ou será que está com medo de que ele possa realmente contar a verdade?

- Talvez seja isto. Talvez a verdade seja algo que eu não queira nunca ouvir.

- Então fica rasgando cartas e se certificando de que nunca ouvirá. E o que vai fazer quando ele for solto? Mudar de cidade e trocar de nome? - Gina riu da sugestão absurda.

- Talvez a essa altura ele também não queira falar comigo. - Mas não parecia acreditar no que dizia.

- Não conte com isso. Mas o mais importante, Gina, você se dá conta do que está dizendo? Está dizendo que Harry provavelmente nunca a amou, que não havia nada em você que ele amava, exceto a capacidade de pagar as contas dele. Não é isso? Contas essa que você o proibia de pagar, sendo que ele sempre teve mais dinheiro que você.

- Pode ser. - Mas os seus olhos estavam ficando taciturnos. Já estava cheia daquela sondagem dolorosa. - Que diferença faz agora?

- Toda a diferença do mundo. Significa a diferença entre saber que foi amada e pensar que foi usada. E se ele a usou, mas também a amava? Você também não o usou, Gina? A maioria das pessoas que ama o faz, e não necessariamente de uma maneira ruim. Faz parte do acordo, para preencher as necessidades mútuas... financeiras, emocionais, sejam lá quais forem.

- Nunca pensei nisso dessa maneira. E o gozado é que sempre achei que eu o estava usando. O Harry não tem medo de ficar sozinho. Eu sempre tive. Sentia-me tão perdida sem a minha família, depois que todos morreram. Não tinha ninguém, exceto o Harry. Eu podia tomar todas as decisões do mundo, fazer qualquer coisa que quisesse, sentir orgulho de mim mesma... contanto que tivesse o Harry. Ele me mantinha em pé para eu continuar enganando o mundo, e a mim mesma, que era durona. Eu o usava para isso, eu nunca pensei que ele soubesse. - Parecia quase encabulada de admiti-lo.

- E se ele soubesse? E daí? Não é pecado ter fraquezas, ou usar a força da pessoa que você ama. Contanto que não a use maldosamente. E quanto a você, agora, está mais forte?

- Mais forte do que eu pensava.

- E feliz?

Este é que era o âmago da questão. Ela hesitou, depois sacudiu a cabeça.

- Não. Não estou. Minha vida é tão... tão vazia, Tia Beth. Tão morta. Às vezes sinto que não tenho motivo para viver. Para quê? Para mim mesma? Para me vestir todas as manhãs e trocar de roupa à seis da tarde? Para sair com um estranho idiota qualquer com mau hálito e sem alma? Para regar as minhas plantas? Para que estou vivendo? Uma boutique para a qual estou me lixando?.... Para quê?
Tia Beth acenou com a mão e ela parou.

- Não agüento isso, Gina. Você está parecendo direitinho a Hermione de antigamente. E é tudo bobagem. Você tem todos os motivos pelos quais viver, com ou sem rapazes de mau hálito. Mas na sua idade, acima de tudo, tem a si mesma para quem viver. Tem tudo à sua frente. Tem a juventude. E olhe só para mim, ainda encontro coisas pelas quais viver, muitas coisas, e não a contragosto. Curto integralmente a minha vida, mesmo na minha idade.

- Então, invejo-a. Acordo de manhã e, sinceramente, às vezes me pergunto por quê? O resto do tempo passo me movimentando feito um robô. Mas que diabo eu tenho?

- Você tem o que é.

- E o que é isso? Uma mulher divorciada de 27 anos, dona do uma boutique, metade de uma casa, várias plantas e um carro esporte. Não tenho filhos, nem marido, nem família, ninguém que me ame e ninguém para amar. Jesus, para que me importar? - Lágrimas quentes enchiam seus olhos enquanto continuava.

- Então encontre alguém para amar, Gina. Não tentou? Outros que não os sem alma e com mau hálito.

Os olhos de Tia Beth brilharam maliciosos e Gina riu por entre as lágrimas, e depois deu de ombros.

- Você devia ver o que está dando sopa por aí. São um horror. - Agora as lágrimas começavam a escorrer pelo seu rosto. – São simplesmente um horror. E... nenhum me conhece.

Fechou os olhos com força ao dizer as últimas palavras, e inclinou a cabeça.

- Era isso o que Hermione costumava dizer, Gina, e agora olhe só para ela. - Tia Beth deu a volta por trás da cadeira de Gina e acariciou-lhe suavemente a cabeça. - Está badalando por aí feito uma escolar, fingindo ser “discreta” e se divertindo. É tão discreta quanto o nascer do sol. Mas estou contente por ela. Está finalmente feliz. Encontrou alguém, e você também vai encontrar, minha querida. Leva tempo.

- Quanto tempo?

Gina sentiu-se com 12 anos de novo, pedindo o impossível do uma mãe consciente.

- Isso depende de você.

- Mas como? Como? - Gina virou-se na cadeira para olhar para a Tia Beth. - São todos tão horríveis. Rapazes que se acham formidáveis e querem ir para a cama com você e com qualquer outra mulher que encontram na rua, que querem deixar os tênis na mesa da sala de jantar e o seu suprimento de drogas na sua casa. Eles fazem a gente se sentir como um paquímetro. Colocam uma moeda o voltam mais tarde... talvez... se lembrarem-se onde nos deixaram estacionadas. Fazem com que eu me sinta como um nada sem nome. E os mais velhos também não são nada melhores. Estão todos resolvidos a provar que são machos e fingem adorar o movimento de libertação da mulher, porque é o que se espera deles... mas o Harry nunca foi... ah, que merda. Tudo me chateia mortalmente. Tudo. As pessoas que conheço me chateiam, e as pessoas que não conheço me aborrecem. E...

Sabia que estava choramingando, mas não parecia chateada, e sim desesperada.

- Gina, querida, você me aborrece. Com todo esse lixo. Está certo, você está precisando de uma mudança.. Vamos concordar com isso. Então, por que não sair de Londres, por algum tempo? Já pensou nisso? - Gina balançou a cabeça, tristemente, e Tia Beth lançou-lhe o olhar que reservava apenas para as crianças muito mimadas.

- Não... não sei. Quem sabe as montanhas, ou a praia, ou a roça. Uma coisa assim. Tia Beth, estou tão cansada de gente.

Recostou-se com um suspiro, enxugou o rosto e estirou as pernas. Tia Beth estava com uma cara irritada.

- Ora, cale a boca. Sabe qual é o seu problema, Gina? Você é completamente mimada. Teve um marido que a adorava e a fazia sentir-se como uma mulher, e uma mulher muito amada, e tinha uma boutique que curtia, e um lar que vocês partilhavam e também pareciam curtir. Bem, por escolha própria, você não tem mais o marido, e espremeu o quanto pode da loja, e quem sabe a casa também já deu o que tinha que dar. Portanto, livre-se de tudo, comece do zero. Foi o que fiz quando me divorciei, e estava com 67 anos. Gina se eu posso fazê-lo, você também pode. Vim do Leste para cá, comprei esta propriedade, conheci gente nova, e tenho me divertido à grande, desde então. E se daqui a cinco anos eu começar a me cansar daqui, vendo tudo, e vou fazer outra coisa, se estiver viva. Mas se estiver viva, então estarei vivendo. Mas não vivendo aqui, semimorta e não mais interessada no que estiver fazendo. Portanto, o que você vai fazer agora? Está na hora de fazer alguma coisa! - Os olhos da mulher idosa faiscavam.

- Ando pensando em me livrar da loja, mas não posso vender a casa. Metade é do Harry.

- Então, por que não a aluga?

Era uma idéia que nunca lhe ocorrera antes. Ficou um pouco chocada com o que tinha acabado de dizer. Vender a loja? Quando pensara nisso? Ou será que vinha pensando nisso o tempo todo? As palavras tinham simplesmente escapado.

- Terei que pensar nisso tudo.

- Aqui é um bom lugar para isso, Gina. Que bom que você veio.

- Também acho. Estaria perdida sem você.

Foi para junto dela e abraçou-a. Tia Beth estava se tornando um sustentáculo para ela.

- Já está com fome?

- Estou ficando.

- Ótimo. Podemos queimar o jantar juntas.

Fizeram hambúrgueres e alcachofras com molho holandês, um dos favoritos de Tia Beth, e desta vez não queimaram, nem talharam o molho. Foi uma refeição deliciosa, e ficaram acordadas até quase meia-noite, falando de assuntos mais amenos do que os discuti antes do jantar.
Gina estirou-se na cama do quarto rosa, agora familiar, e ficou vendo o fogo bruxulear enquanto o velho gato malhado se acomodava ao seu lado. Era bom estar de volta. Ali ela se sentia em casa. Era um lugar do qual não estava enjoada.

Tia Beth já tinha saído para andar a cavalo quando Gina acordou na manhã seguinte, e havia um bilhete explicando qual o cavalo que poderia montar, se estivesse com vontade. Já conhecia o terreno suficientemente bem, graças à visita anterior, para dar um passeio para as montanhas, sozinha.
Pouco depois das onze, saiu montada numa simpática égua castanha. Usava um chapéu de palha de abas largas e tinha um livro e uma maçã no pequeno alforje. Sentia vontade de ficar sozinha por algum tempo, e esta era a maneira perfeita de fazê-lo. Depois de uma cavalgada de meia hora, encontrou um peque riacho e amarrou o animal a um galho de árvore. A égua não pareceu fazer objeção, e Gina tirou as botas e foi caminhar na água. Ria enquanto cantarolava, desabotoou os punhos para enrolar as mangas. Sentia-se mais livre do que jamais se lembrava de ter estado. Foi então que viu um homem a observá-la.
Ergueu os olhos, sobressaltada, e ele pediu desculpas com um sorriso. Era assustador encontrar alguém de repente no que ela pensava ser o seu deserto particular, mas ele era alto e muito bem vestido um traje de montaria castanho-claro. Falava suavemente.

- Desculpe. Pretendia dizer alguma coisa mais cedo, mas você parecia tão feliz. Não quis estragar a sua alegria.

Gina ficou contente por não ter tirado a camisa, coisa que tinha pensado em fazer.

- Estou invadindo a sua propriedade?

Ela estava descalça no riacho, uma das mangas enroladas, o cabelo preso frouxamente num coque no alto da cabeça. Para ele, era uma visão. Uma deusa grega e cabelos acobreados em roupas de montaria modernas. Não se via muitas mulheres assim... não ali, na “província”. Perdida numa encosta de morro, descalça num riacho. Era como uma cena de uma tela do século XVIII, e deu-lhe vontade de ir até lá e tocá-la. Beijá-la, talvez. A idéia fê-lo sorrir de novo enquanto olhava para ela.

- Não, creio que o invasor seja eu. Vim dar um passeio hoje de manhã e não estou muito familiarizado com o território, limites de propriedades e coisas assim. Temo que seja um intruso.

O sotaque era puro inglês de colégio interno. Eton, quem sabe. O pretenso “intruso” era um cavalheiro da cabeça aos pés. Enquanto olhava para ele, ficou impressionada com a sua semelhança com Harry, apenas tirando o tom dos olhos e cabelos. Era mais alto, ombros um pouco mais largos, mas o rosto... os olhos castanhos... a inclinação da cabeça... o cabelo dele era castanho claro. Mas havia algo de Harry nele, o suficiente para mexer com ela. Desviou os olhos o sentou-se enquanto vestia as botas, descendo as mangas com cuidado primeiro. Enquanto isso o desconhecido continuava a observá-la com um pequeno sorriso.

- Não precisa ir embora por minha causa. De qualquer forma, já tenho que ir para casa. Mas, diga-me, mora por aqui?

Ela sacudiu a cabeça lentamente, soltou os cabelos, e ergueu olhos para ele. Era muito bonitão.

- Não, sou hóspede de uma casa.

- Não diga! Eu também. - Mencionou o nome do pessoal com quem estava hospedado, mas ela não se lembrava de ter ouvido Tia Beth falar neles. - Vai se demorar muito por aqui?

- Alguns dias. Depois, tenho que voltar para casa.

- Onde?

Era muito perguntador. Quase irritantemente perguntador, só que era tão danado de bonito.

- Chelsea em Londres. Moro lá. - Ela evitara a pergunta seguinte, e agora era a sua vez. Por que não? - E você?

A idéia de interrogá-lo a divertia.

- Moro em Kent. Mas devo me mudar para Londres daqui a um mês, na verdade.

Ela quase soltou uma risadinha, enquanto o ouvia falar. Parecia-se com todas as imitações que ela já ouvira de Lordes empolados. Era tão britânico, de pé na colina no seu traje de montaria impecável, batendo com o chicote na palma da mão. Era mesmo uma parada.

- Falei alguma coisa engraçada?

- Não, senhor.

Com um meio-sorriso, ela começou a subir o morro na direção dele. O seu cavalo estava amarrado perto de onde ele se encontrava.

- Minha empresa está me transferindo para Londres. Vim de Surrey para cá há três anos, e já me fartei de Kent.

- Vai gostar de Londres. É um lugar maravilhoso.

Era uma conversa totalmente maluca entre dois estranhos no meio do nada; estavam se comportando como se estivessem em uma das principais avenidas. Ela caiu na risada quando se achou ao lado dele.

- Parece que a divirto sem pretender fazê-lo.

Ela sorriu do novo e deu de ombros ligeiramente.

- Muitas coisas fazem isso.

- Sei. - Estendeu a mão para ela, e ficou com um ar meio solene, mas o sorriso ainda lhe dançava nos olhos. – Como vai? Sou Oliver Wood.

- Olá. Sou Virgínia Potter.

De pé sob a árvore, apertaram-se as mãos e ela sorriu para ele. Visto de perto, ele não se parecia tanto com Harry. Mas muito bonitinho, por si mesmo, o Sr. Oliver Wood de Kent, ele estava pensando em como gostava do jeito que ela ficava quando sorria. E parecia sorrir um bocado.

Hesitou por um momento antes de fazer a próxima pergunta, mas finalmente cedeu. Queria saber.

- Onde está hospedada, a propósito?

A propósito? Isso fez Gina sorrir de novo, e depois risada.

- Com a mãe de uma amiga. - Foi imprecisa, e ele sorriu enquanto erguia a sobrancelha.

- E não quer me dizer quem? Prometo não fazê-la passar vergonha e aparecer para jantar sem ser convidado.

Ela riu de novo e sentiu-se boba, mas o rosto dele tinha ficado sério. Acabara de se dar conta de que ela bem podia estar viajando com um homem. Aquilo seria constrangedor. Olhara para a mão esquerda dela quase instantaneamente, e ficara aliviado ao ver que não tinha anéis, especialmente alianças de ouro. Mas não tinha olhado com atenção suficiente para notar a leve marca na carne ou a tira ligeiramente mais clara onde ela usara a aliança durante sete anos antes de tirá-la fazia alguns meses.

- Estou na casa da Sra. Bethanie Granger.

- Creio que já ouvi alguém falar no nome dela. - Parecia enormemente aliviado. - Quer uma ajuda?

Ela estava parada junto ao cavalo quando ele perguntou, e virou-se para ele com ar divertido.

- Não é necessário. Mas devo dizer que sim?

Pensou tê-lo visto enrubescer enquanto subia com facilidade na égua. Era uma pergunta boba para ser feita para uma mulher alta como ela, mas foi então que notou a altura dele. Era pelo menos dez ou doze centímetros mais alto do que o Harry... 1,95m? l,98m? Nem mesmo o Harry era alto assim... “nem mesmo”... por que ainda pensava nele daquele jeito? Como se ele fosse o máximo dos homens. O modelo de perfeição ao qual todos os homens sempre seriam comparados, na mente dela.

- Posso procurá-la na casa da Sra. Granger?

Gina balançou a cabeça, cautelosa de novo. Este era certamente um meio estranho de conhecer um homem, e ela não tinha a menor idéia de quem ou o que ele era.

- Não vou me demorar muito por aqui.

- Então terei que procurá-la logo, não é?

Filho da mãe insistente, não? Sorriu de novo, em dúvida. Mas ele não parecia um filho da mãe. Parecia ser um homem simpático. Trinta e tantos anos, olhos castanhos meigos e cabelos sedosos. E roupas que usava pareciam caras. Também usava um pequeno anel de ouro no dedo mínimo da mão direita. Ela pensou ter visto um brasão riscado no ouro, mas não queria bisbilhotar. Tudo nele perecia formal e elegante. Junto com os culotes usava botas pretas engraxadas e uma camisa azul macia com uma gravata alta. A jaqueta de tweed castanho-claro pendia de um galho, e ele parecia um tanto estranho naquele ambiente agreste, mas ao mesmo tempo incrivelmente bonito. Mais e mais, enquanto ela o observava. O que era precisamente como ele se sentia a respeito dela, embora Gina estivesse começando a se perguntar se o seu cabelo estava muito despenteado.

- Prazer em conhecê-lo. - Preparou-se para partir com um sorriso e um aceno.

- Você não respondeu à minha pergunta.

Segurava a brida do cavalo dela enquanto fitava os olhos de Gina. Sabia o que ele queria dizer. E gostava do estilo dele.

- Sim. Pode me procurar.

Ele deu um passo atrás em silêncio, e com um sorriso radiante, fez-lhe uma reverência. Ela também gostava do sorriso dele. E foi rindo sozinha enquanto se dirigia de volta à fazenda.









Aguardo comentários















N/A: Bom pessoal segue mais um capítulo, sei que tem gente que vai querer me matar por colocar outra pessoa na vida da Gina, mas muita calma nessa hora, pois muita água ainda vai rolar por baixo da ponte... rsrs. Espero que tenham gostado do capítulo e guardo comentários, pois faz muito bem a autora... bjos

N/B:Aeeeeeh parece que finalmente a Gina vai achar alguém q realmente merece... não sei pq, mas fui com a cara dele!!!! Amei o cap...arrasou, não é mesmo?! beeijos.. os: nem demorei dessa vez não é mesmo?!





Yumi Morticia voldemort, o coração da Gina será abrandado aos poucos, mas eles ainda vão ter que passar por alguns momentos antes de poderem ser feliz. Bjos. Obrigada por sempre comentar.

Anny W. P. Aos poucos a Gina vai abrir os olhos e enxergar o que sempre esteve bem na frente dela, o Harry já passou por muita coisa e dentro da prisão não poderá fazer nada, apenas torcer para que as sementes boas que ele plantou dê bons frutos. Obrigada por sempre comentar. bjos

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.