O Jugamento



Ma manhã do dia do jugalmento os animos na casa dos Potter não era dos melhores, o nervosismo do casal era evidente, após se vestirem apropriamente para um jugamento em que poderia mudar a vida deles para sempre o casal seguiu em direção a prefeitura onde aconteceria o jugamento.





O testemunho de Harry sob interrogatório direto durou duas horas. O júri parecia um pouco mais interessado do que nos últimos dias, mas não muito. E foi apenas durante a meia hora final que pareceu realmente acordar. Era a vez de Dolores Umbridge interroga-lo. Ela parecia andar compassivamente à frente de Harry, como a estivesse pensando em outra coisa, enquanto todos os olhares no tribunal se concentravam nela, especialmente os de Harry. E finalmente parou, bem na frente dele, cruzou os braços e inclinou a cabeça para o lado.

- O senhor nasceu em Londres?
A pergunta surpreendeu-o, assim como o olhar amistoso no seu rosto.
- Sim.

- Onde estudou?

- Em Oxford.

- Boa universidade. - Ela sorriu para ele, que retribuiu o sorriso. - Tentei entrar na faculdade de Direito deles, mas infelizmente não consegui. - Fez algum trabalho de pós-graduação?

Não o chamava de Harry, nem de Sr. Potter. Falava com ele como se o conhecesse, ou tivesse vontade sincera de fazê-lo. Uma parceira de jantar interessada, numa soirée agradável.

- Sim, tirei o meu mestrado.
- Onde?

Inclinou a cabeça de novo com uma expressão de interesse. Esta não era absolutamente a linha de interrogatório para a qual Dumbledore o havia preparado. Era muito mais fácil lidar com esta.

- Em Oxford mesmo.

- E depois?

- Fui trabalhar na empresa que sou sócio.

- Saiu com alguém em especial, quando estava na faculdade?

Ah, aí vinha a bomba, mas ela ainda soava suavemente indagadora.

- Algumas pessoas.

- Por exemplo?

- Umas garotas, é só.

- De colégios vizinhos? Quem? Pode dar-nos alguns nomes?

Que coisa ridícula. Harry não podia entender o motivo para aquilo.

- Cho Chang. Parvati Patil. Luna Lovegood.

Ela não as conhecia. Por que perguntar?

- Chang? De Chang e Diggory? São os maiores corretores de títulos de Londres, não é?

Ela parecia realmente satisfeita por ele, como se ele tivesse feito uma coisa maravilhosa.

- Não sei.

O comentário dela deixara-o constrangido. Claro que eles eram os Chang de Chang e Diggory, mas esse não era o motivo que estava ali.

- E me parece que Luna Lovegood também soa familiar. Algo me diz que era alguém importante. Deixe ver, Lovegood... ah, sei, a loja do departamentos em Chelsea, não é?

Harry estava até mesmo enrubescendo, mas Dolores Umbridge ainda sorria angelicamente, parecendo estar curtindo as amenidades sociais.

- Não me lembro.

- Claro que lembra. Mais alguém?

- Não que eu me lembre. - Esta era uma linha de interrogatório ridícula e ele não entendia aonde estava levando, exceto a fazê-lo passar por idiota. Era mesmo tão simples assim?

- Está certo. Quando conheceu a sua mulher?

- Quando eramos adolecentes no colégio que estudavamos.

- E ela tem um bocado do dinheiro, não é mesmo?

O tom de voz da promotora era quase encabulado, como ao tivesse feito uma pergunta indiscreta.

- Objeção!

Dumbledore estava lívido; sabia exatamente aonde isso estava levando, quer Harry soubesse ou não. Mas agora Harry estava começando a perceber; fora levado direto a uma armadilha.

- Aceita. Reformule a pergunta.

- Desculpe, Meritíssimo. Pois bem, então: ao que me consta a sua mulher tem uma boutique muitíssimo bem-sucedida aqui . Na época já tinha algum tipo de negócio da família?

- Não. Quando a conheci, era apenas estudante, eu era muito amigo do irmão dela.

- O senhor trabalha?

- Sim.

Mas ele respondeu baixo demais, e ela sorriu.

- Desculpe, não ouvi a sua resposta. Trabalha?

- Sim!

- Num emprego?

- Sim. Como disse sou sócio de um empresa automobilistica, na epoca já trabalhava na empresa a qual hoje sou sócio.

Pobre, pobre Harry. Gina tinha vontade de correr para ele abraçá-lo. Por que tinha que passar por tudo aquilo? Aquela cadela.

- Mas isso, não quer dizer que o senhor trabalhe?

- Pode compravar que os carro vendidos pela minha empresa a grande maioria eu que faço o projeto, nunca gostei de ficar sentado atrás de uma mesa sem fazer nada.

- Mas mesmo assim isso não o impede que passe o dia todo fora de sua empresa fazendo o que bem entender. Principalmente sem que sua esposa saiba.

Não havia como se esconder dela.

- Isso o deixou com raiva?

A pergunta era quase uma carícia. A mulher era uma

- Não, não me deixa com raiva. É só um dos fatos dado por enquanto.

- Mas o senhor a engana. Ela compreende isso?

- Objecção!

- Negada!

- Ela compreende isso?

- Não a engano.

- Ora, ora. O senhor mesmo admitiu que foi para a cama de bom grado com a Srta. Sophie. Isso é uma ocorrência normal na sua vida?

- Não.

- Essa foi a primeira vez?

Os olhos dele estavam grudados nos joelhos.

- Não consigo me lembrar.

- O senhor está sob juramento; responda à pergunta.

A voz dela deslizava como uma cobra ameaçando o bote.

- Não.

- O quê?

- Não. Essa não foi a primeira vez.

- Engana a sua mulher com frequência?

- Não.

- Com que frequência?

- Não sei.

- E que tipo de mulheres usa... do seu próprio tipo, ou de outros tipos, mulheres “inferiores”, mulheres de classe baixa, prostitutas, moças pobres, seja lá o que for?

- Objeção!

- Negada!

- Não “uso” ninguém.

- Sei. Enganaria a sua mulher com Cho Chang, ou ela é uma moça direita?

- Há anos que não a vejo. Dez, onze anos. Não era casado quando saía com ela.

- Quero dizer, enganaria a sua mulher com alguém como ela, ou apenas dorme com mulheres “vulgares”, mulheres que provavelmente não encontrará no seu próprio círculo social? Poderia ser embaraçoso, afinal de contas. Pode ser bem mais simples manter e suas aventuras o mais longe de casa possível.

- Sim.

Ah, Deus. Não, Harry... não... Dumbledore fitava a parede, procurando não deixar nada transparecer na fisionomia, e Gina pressentira que o desastre estava próximo.

- Sei. Então dorme com mulheres vulgares para manter a coisa o mais longe possível de casa? Considerou a Srta. Sophie uma mulher “vulgar”?

- Não.

Mas considerara, e o seu “não” fora fraco.

- Mas ela não era do seu meio social, era?

- Não sei.

- Era?

As palavras agora fechavam-se sobre ele.

- Não.

- Pensou que ela chamaria a policia?

- Não. - E depois, como uma reflexão tardia, ergueu os olhos, apavorado, o acrescentou: - Não tinha motivos para isso.

Mas era tarde demais. O mal tinha sido feito.
Dispensou Harry do banco, acrescentando que poderia chamá-lo de novo, mais tarde. Porém praticamente já o tinha matado.
Harry deixou o banco quietamente e sentou-se pesadamente ao lado de Dumbledore. E cinco minutos mais tarde o juiz anunciou um recesso para o almoço.
Saíram lentamente do tribunal, com Harry sacudindo a cabeça o com ar sombrio, até o trio chegar na rua.

- Meti mesmo os pés pelas mãos.

Gina nunca o vira com aparência pior.

- Não pode fazer nada. assim que ela trabalha. A mulher é letal. -

Dumbledore soltou um suspiro o deu-lhes um sorriso fraco e frio. - Mas o júri também enxerga isso. E o júri também não é todo purinho feito a neve. - Não havia por que fazer Harry se sentir pior, mas Dumbledore estava preocupado. O que o incomodava mais de tudo era o conflito de classes, não as escapadelas do Harry.

- Vou chamar Gina para depor hoje à tarde. Pelo menos, assim, acaba tudo logo.

- É, ela pode massacrar a nós dois no mesmo dia.

Harry perecia cansado e derrotado, e Gina parecia tensa.

- Não seja burro.

- Acha que é pareo para ela?

Harry parecia sarcástico e amargo.

- Por que não?

- Digo-lhe por que não. Porque se resolver enfrentá-la, perderá. -

Dumbledore meteu-se rapidamente na conversa. - Terá que ser a mulherzinha mais meiga, doce e calma do mundo. Se chegar botando banca, ela quebra você em dois no banco de testemunhas Repassamos tudo nesse fim do semana. Sabe o que tem que fazer. - Gina balançou a cabeça solenemente e Harry soltou um suspiro. Dumbledore também repassara tudo com ele, mas aquela maldita mulher não fizera nenhuma das perguntas certas. E sabe lá Deus o perguntaria a Gina. - Certo?

- Certo.

Gina sorriu suavemente e eles largaram Dumbledore perto da prefeitura. Ele precisava voltar ao seu escritório, eles tinham resolvido ir para casa e se descontrair. Gina queria um tempinho para tomar conta do Harry. Ele precisava disso, depois do que passara de manhã, e aquilo evitaria que ela pensasse no que teria que dizer à tarde.
Quando chegaram em casa, fez com que ele se deitasse no sofá, tirou-lhe os sapatos, afrouxou-lhe a gravata e correu a mão macia pelos seus cabelos. Ele ficou ali por alguns minutos, deitado, apenas olhando para ela.

- Gin...
Ele nem sabia o que dizer, mas ela entendeu.

- Nada disso. Fique aí deitado e relaxe. Vou fazer o almoço.

Desta forma, ele não discutiu; estava cansado demais para fazer outra coisa que não fosse ficar largado ali.
Quando ela voltou com uma vasilha coberta de sopa fumegante e um prato cheio de sanduíches, ele estava dormindo. Tinha o ar exausto da tragédia. O ar pálido e amarrotado que se tinha quando morria alguém, quando havia uma criança terrivelmente doente, um negócio fora à falência. Aquelas épocas em que os horários são rompidos, e a pessoa se vê de repente em casa, com roupas que raramente usa, com ar terrivelmente cansado e temeroso. Ela ficou olhando-o por um momento e sentiu uma onda de pena por ele invadi-la. Por que se sentia tão protetora em relação a Harry? Por que sentia como se ele não pudesse aguentar a barra, mas se ela pudesse? Por que não estava zangada? Por que não estava com aquela cara, agora? Estivera assim, quando ele estava na cadeia, agora ele estava aqui, podia tocá-lo e abraçá-lo e tomar conta dele. O resto não era real. Era terrível, mas não ia durar. Ia doer, e ia abalá-lo e humilhá-lo e fazer todo o tipo de coisas desagradáveis, mas não ia matá-lo. E não ia levá-lo embora. Enquanto se sentava sossegadamente ao lado dele, e punha a sua mão no colo, sabia que nada jamais o levava para longe dela. Nem Margaret Sofhie, nem promotora, nem tribunal, nem mesmo uma cadeia Margaret Sophie iria sumir, Dolores Umbridge passaria a cuidar de outro caso, assim como Dumbledore e o juiz, e tudo acabaria. Era apenas uma questão de se manterem à tona até que o temporal passasse. E ela precisava do Harry desesperadamente demais para deixar que qualquer coisa, até mesmo os seus próprios sentimentos, pudesse em risco o que tinham. Não ia se deixar ficar zangada. Não se podia permitir esse luxo.
Sentiu um curto lampejo de amargura enquanto olhava para fora, e pensava no pai. Ele não teria feito uma coisa dessas, e não teria deixado a mãe passar por tudo isso, também. Teria protegido a mulher mais do que Harry a estava protegendo. Mas isso era o pai dela. E esse era o Harry. As comparações agora não serviam para nada. Tinha o Harry. Era isso ai. Exigia um bocado dele, portanto tinha que dar muito também. Estava disposta. E agora era a vez dela dar.
Olhando para ele, enquanto dormia ali em cima da sua saia cinza, parecia-se com um garotinho muito cansado. Tirou o cabelo dele do cima da testa, o respirou fundo, pensando naquela tarde. Agora era a vez dela. E não ia perder. Resolvera isso depois daquela manhã desastrosa, O caso ia ser ganho. E fim de papo. Era uma loucura que já tivesse ido tão longe. Mas não ia muito mais adiar. Gina já estava farta.
Harry acordou pouco antes das duas e ergueu os olhos, surpreso.

- Peguei no sono?

- Não. Bati na sua cabeça com o sapato o você desmaiou.

Ele sorriu para ela e bocejou na saia dela.

- Você tem um cheiro delicioso. Sabia que cada peça de roupa que você tem cheira ao seu perfume?

- Quer um pouco de sopa?

Estava sorrindo do elogio. Ele os metera numa encrenca dos diabos, mas uma coisa era certa: o quanto ela o amava. Não apenas precisava dele, mas o amava. Como podia ficar zangada? Como teria coragem de pedir-lhe o braço esquerdo quando o destino já lhe tirara o direito? Já tinham sofrido o bastante. Agora estava na hora de acabar.

- Está com uma cara resoluta, O que andou aprontando?

- Não andei aprontando nada. Quer a sopa?

Olhou-o sedutoramente enquanto segurava uma xícara de Limoges numa das mãos o a melhor concha de sopa da sua mãe na outra.

- Puxa, mas que elegância. - Sentou-se, beijou-a e olhou para a bandeja. -
Sabe de uma coisa, Gin, você é a mulher mais notável que conheço. E a melhor.

Ela teve vontade de implicar com ele e perguntar se era melhor do que Cho Chang, mas não teve coragem. Desconfiava que as feridas da manhã ainda estavam em carne viva.

- Para o senhor, milord, nada senão o melhor.

Serviu a sopa de aspargos com cuidado na xícara e acrescentou dois pequenos sanduíches de rosbife ao prato. Havia também uma salada fresca.

- Você é a única mulher que conheço que sabe fazer um almoço de sanduíche parecer um jantar formal.

- É só que o amo.

Envolveu o pescoço dele com os braços e mordiscou-lhe e orelha, depois ficou de pé.

- Não vai comer?

- Já comi. - Estava mentindo, mas não conseguiria comer nada antes de subir ao banco das testemunhas, em menos de uma hora. Olhou para o relógio e dirigiu-se para o quarto. - Vou dar um jeito na cara. Temos que sair daqui a dez minutos.

Ele acenou feliz, em meio ao almoço, e ela desapareceu dentro do quarto.

- Pronta? - Ele entrou no quarto, cinco minutos mais tarde, ajeitando a gravata e olhando para o cabelo despenteado no espelho - Santo Deus, estou com cara de quem dormiu o dia todo.

- Para falar a verdade, querido, está mesmo.

E estava satisfeita. A curta hora de sono lhe fizera bem. O tempo que passaram em casa tinha feito bem aos dois. Gina se sentia mais forte do que não se sentia há semanas. Margaret Sophie não ia tocá-los. Como poderia? Gina decidira ignorá-la, tirar-lhe os seus poderes. E era como se Harry sentisse o renascimento da sua mulher.

- Sabe de uma coisa? Sinto-me melhor. Eu estava mesmo um lixo, depois de hoje de manhã. - E odiava pensar no que Gina teria que enfrentar à tarde, mas ela parecia pronta para isso. - Trocou de roupa?

- Achei que esta era mais apropriada. - Era um vestido maravilhosamente refinado, do tipo que usaria para um chá. Era de seda cinzenta, com mangas femininas, e um cinto do mesmo tecido. Toda a linha do vestido era suave e elegante, e sem ser rebuscado gritava “classe”. - Já que vão nos cobrar por sermos tão classe superior, é melhor que nos apresentemos decentes. Estou tão cheia daquelas drogas de saias de tweed, que vou queimar todas elas nos degraus de entrada, no dia em que isso acabar.

- Você está um estouro.

- Bem vestida demais?

- Perfeita.

- Ótimo.

Calçou sapatos pretos de pelica de entrada baixa, colocou brincos de pérolas, pegou a bolsa, e dirigiu-se para o armário para pegar o casaco preto. Harry achava mesmo que ela estava um estouro. Tinha tanto orgulho dela. Não apenas pela sua aparência, mas pelo jeito como estava enfrentando tudo aquilo.
Dumbledore, contudo, não ficou igualmente satisfeito quando eles entraram no tribunal. Notou o casaco preto de Gina, e o vislumbre de seda cinzenta. Era exatamente o que ele não queria. Tudo nela parecia caro. Era como se ela tivesse resolvido provar tudo aquilo que Dolores Umbridge sugerira. Credo! Onde eles estavam com a cabeça? Garotos malucos, não se davam conta do que estava acontecendo. Pareciam extremamente autoconfiantes enquanto se sentavam, como se já tivesse se acertado tudo o não houvesse mais com que se preocupar. Não era uma boa hora para darem demonstração de força, não importa o quão sutil fosse. E, no entanto, talvez fosse bom que eles se sentissem um pouco mais confiantes. Ambos pareciam tão derrotados pela manhã.
Esse novo ar do confiança realçava o elo que os unia. Sempre se tinha consciência disso, dos dois como um par, não como Harry ou Gina, mas ambos. Era assustador pensar no que aconteceria a ambos se alguém tentasse partir esse elo. Se eles perdessem.
Gina parecia admiravelmente calma enquanto se dirigia para o banco de testemunhas. O vestido cinza acompanhava graciosamente os seus movimentos, as mangas femininas suavizando a sua estatura impressionante. Ela fez o juramento e olhou para Harry por um mínimo instante, antes de voltar a sua atenção para Dumbledore.
As perguntas dele construíram uma imagem de um casal dedicado e de uma mulher que respeitava demais o marido para duvidar que não estivesse dizendo a verdade. Ficou satisfeito com o jeito calmo e digno de Gina, e quando entregou a testemunha à promotora teve que abafar um sorriso. Gostaria de ver essas duas mulheres enrolarem as mangas e se perseguirem pela sala. Elas eram páreo uma para a outra. Pelo menos, é o que esperava.
Com Gina, Dolores Umbridge não ia perder tempo.

- Diga-nos, Sra. Potter, tinha ciência de que seu marido a enganava, antes disso?

- Indiretamente.

- Como assim?

A promotora parecia intrigada.

- Quero dizer que imaginava haver uma possibilidade, mas que não era nada sério.

- Sei. Apenas um divertimentozinho sem consciências?

Ela estava de volta à trilha do novo, mas Gina previra o ataque.

- Não. Nada disso. Harry não trata nada com irreverência. É um homem sensível. Mas eu viajo muito. E o que tem que acontecer, acontece.

- Acontece com a senhora também?

Agora os olhos da advogada brilhavam de novo. Te peguei!

- Não, não acontece.

- A senhora está sob juramento, Sra. Potter.

- Sei disso. A resposta é não.

Ela pareceu surpresa.

- Mas não se importa que o seu marido tenha as suas virações?

- Não necessariamente. Depende das circunstâncias.

Gina era uma dama da cabeça aos pés, e Harry estava incrivelmente orgulhoso dela.

- E quanto a estas circunstâncias em particular, Sra. Potter, como se sente?

- Confiante.

- Confiante? - A Interrogadora de Gina pareceu espantada, o Dumbledore ficou nervoso. - Como pode estar confiante, e a respeito do que?

- Estou confiante de que a verdade sobre este assunto virá à luz, que meu
marido será absolvido.

Dumbledore observava o júri. Gostava dela. Mas tinha que gostar do Harry, também. E, mais do que isso, o júri tinha que acreditar marido.

- Admiro o seu otimismo...

- A senhora diria que tem um bom casamento?

- Sim.

- Muito bom?

- Extremamente bom.

Gina sorriu.

- Mas o seu marido dorme com outras mulheres?

- Presumivelmente.

- Ele lhe contou sobre Margaret Sophie?

- Não.

- Contou-lhe sobre qualquer das suas mulheres?

- Não. E não creio que tivessem sido muitas.

- A senhora o encoraja a dar as suas voltinhas?

- Não.

- Mas, contanto que fossem umas “marias-ninguém”, a senhora não se importava, é isso?

- Objeção!

- Aceita. Está influenciando a testemunha.

- Desculpe, Meritíssimo. - Voltou-se mais uma vez para Gina. - O seu marido alguma vez foi violento com a senhora?

- Não.

- Nunca?

- Não.

- Ele bebe muito?

- Não.

- Tem problemas com a sua virilidade?

Que pergunta!

- Não.

- A senhora o ama muito?

- Sim.

- Protege-o?

- Como assim?

- Quero dizer, evita-lhe os aborrecimentos?

- Claro, faria tudo o que tivesse que fazer para evitar-lhe aborrecimentos. Sou a mulher dele.

O rosto de Dolores Umbridge se cristalizou num sorriso do satisfação.

- Inclusive mentir nos tribunais para protegê-lo?

- Não!

- A testemunha esta dispensada.

A promotora-assistente girou nos calcanhares e voltou para a sua cadeira enquanto Gina ficava no banco de testemunhas, de boca aberta. A maldita mulher conseguira seu propósito do novo.


Todos estavam de volta aos seus lugares na manhã seguinte para o sumário dos dois advogados ao júri. Harry e Gina ficaram satisfeitos com os comentários de Dumbledore e o seu estilo de se dirigir aos jurados, o acharam que criara uma onda real de simpatia pela defesa. Tudo estava sob controle. E então Dolores Umbridge se levantou. A promotora-assistente mostrou-se demoníaca. Pintou um quadro de uma mulher brutalmente abusada, destruída, perturbada, coração partido - Margaret Sophie, trabalhadora e de hábitos sadios. Também enfatizou por todos os meios que homens como Harry Potter não deviam ter o direito de brincar onde lhes desse na telha, usar quem desejassem, estuprar quem escolhessem, para depois jogar as mulheres de lado e voltar para casa para as mulheres e que fariam “qualquer coisa para protege-los”, com a própria Gina havia dito. Dumbledore objetou, e a objeção foi aceita. Mais tarde, ele explicou que era raro ter que fazer objeção a uma exposição final, mas que essa mulher cuspia fogo à simples menção do nome de Harry. E Gina ainda estava fumegando quando houve o recesso para o café.

- Vocês ouviram o que aquela miserável falou?

A voz dela era alta e estridente e Dumbledore e Harry tentaram abrandá-la rapidamente com um olhar.

- Fale baixo, Gin - suplicou Harry. Não resolveria nada antagonizar alguém agora, muito menos o júri, que ia passando por eles a caminho do almoço. Tinha visto dois dos jurados olharem para Gina, quando ela começou a falar.

- Estou me lixando. Aquela mulher...

- Cale a boca. - E então ele a envolveu com o braço e deu-lhe um apertão. - Falastrona. Mas eu a amo mesmo assim.

Ela deu um suspiro alto e depois sorriu.

- Merda, aquilo me deixou fula da vida.

- A mim também. Agora, vamos esquecer essa bosta por algum tempo e comer alguma coisa. Combinado? Sem falar sobre o caso?

- Está legal.

Mas ela concordou de má vontade, enquanto desciam o corredor.

- Nada de “está legal”, quero uma promessa solene. Recuso-me a ter o meu café da tarde estragado por causa disso. Faça do conta que estamos no júri e não podemos conversar sobre o assunto.

- Você acha mesmo que eles cumprem isso?

Ele deu de ombros, com indiferença, e puxou uma mecha dos cabelos ruivoa da mulher.

- Não me importa o que façam. Só quero saber se você me dá sua promessa. Nada do falar sobre o caso. Certo?

- Certo, prometo, seu chato.

- É isso ai. Sou o típico marido chato.

Parecia muito nervoso enquanto desciam correndo as escada para a rua, o no entanto surpreendentemente bem-humorado.
Foram tomar o café em casa e Gina deu uma olhada na correspondência enquanto Harry folheava o Pubilshers Weekly e passava a ler o jornal enquanto comia os sanduíches que ela preparado.


- Você hoje está uma companhia espetacular.

Ela estava mastigando um sanduíche de peru e bateu no centro do jornal dele, com um amplo sorriso.

- Hein?

- Disse que a sua braguilha está aberta.

- O que? - Olhou para baixo, e depois fez uma careta. - Ora, pela madrugada!

- Pois então fale comigo, que droga, estou me sentindo só.

- Leio o jornal durante cinco minuto e você se sente só?

- É. Quer um pouco de vinho com o lanche?

- Não, eu passo. Tem Coca-Cola em casa?

- Vou ver. - Ela foi ver , ele continuava lendo o jornal de quando voltou com Coca-Cola em lata gelada. - Olhe aqui, seu...

- Psiu...

Ele fez um gesto impaciente na sua direção e continuou havia algo no seu rosto, na expressão dos seus olhos enquanto parecia chocado.

- O que foi?

Ele a ignorou, acabou o artigo, e finalmente ergueu em com ar de derrota.

- Leia isto.

Apontou para as quatro primeiras colunas na página coração de Gina deu uma reviravolta ao ler a manchete:

- É HORA DE ENDURECER. O artigo falava da reunião um comite de justiça criminal realizado na véspera para discutir atuais punições dos estupradores. Falava-se no artigo de sentenças mais pesadas, nada de sursis, sugestões para tornar mais menos humilhante a denúncia de um estupro. Fazia qualquer pessoa acusada de estupro parecer que devia ser enforcada sem mais delonga. Gina largou o jornal e fitou Harry. Fora um azar que isso saísse no jornal no dia em que o júri ia se reunir para deliberar.

- Será que vai ter algum efeito, Harry? O juiz falou para eles não se influenciaram por...

- Ora, que besteira, Gina. Se eu lhe disser alguma coisa e outra pessoa lhe disser para fingir que não ouviu, afinal você terá ouvido ou não? Vai se lembrar ou não? Eles são apenas humanos, ora essa. Claro que são influenciados pelo que ouvem. E você também, e eu também, e o juiz também.
Correu a mão pelos cabelos o afastando o prato com o lanche. Gina dobrou o jornal e jogou-o sobre a pia.

- Está bem, então pode ser que tenham lido o jornal hoje, ser que não, mas não podemos fazer coisa nenhuma a respeito, por que não deixa isso para lá, querido? Esqueça. Não podemos tentar fazer isso? Foi você quem me fez prometer não discutir o caso, lembra-se?
Sorriu meigamente para ele. Os olhos dele pareciam esmeraldas, escuras e brilhantes , mas preocupados.

- Sim, mas Gin... pelo amor de... está certo. Você tem razão. Desculpe.

Mas foi uma refeição tensa, depois disso, e nenhum dos dois terminou os seus sanduíches.
Fizeram calados a viagem de carro até a Prefeitura, o Gina escutou o eco dos seus saltos no piso de mármore enquanto entravam. O coração dela parecia estar batendo com força igual e acompanhando o eco, como um dobre de finados.
O juiz falou ao júri durante menos de meia hora, e os jurados miram em fila indiana, calados, e foram trancados numa sala do outro lado do corredor enquanto um meirinho ficava de guarda do lado de fora.


- E agora, cavalheiros?

Dumbledore e Harry tinham vindo juntar-se a Gina na sua cadeira.

- Agora esperamos. O juiz dará um recesso se eles não tiverem chegado a uma decisão até as cinco horas. Então, eles voltarão amanhã de manhã.

- É só isso? - perguntou Gina, surpresa.

- Sim, é só.

Que estranho. Estava tudo acabado. Quase. Todo aquele falatório e tédio misturados à tensão o drama repentino. E então, acaba. As duas equipes fazem os seus debates, o juiz faz um pequeno discurso para o júri, este vai se trancar numa sala, conversa entre si, escolhe um veredito, todo mundo vai para casa e o julgamento acabou; Era uma coisa estranha. Como um jogo. Ou uma dança. Tudo terrivelmente organizado o ritualístico. Um rito tribal. A idéia deu-lhe vontade de rir, mas Harry e Dumbledore estavam com uma cara séria demais. Ela sorriu para o marido e o advogado olhou para ela com ar preocupado. Ela não estava mesmo entendendo. E ele não estava certo que o Harry também entendia. Talvez fosse o melhor.

- O que você acha, Dumbledore?

Harry virou-se para ele com a pergunta, mas Dumbledore tinha a sensação de que ele estava perguntando mais pela Gina do que por si próprio.

- Não sei. Viram o jornal de hoje de manhã?

O rosto de Harry ficou ainda mais sério.

- Sim. Na hora do almoço. Aquilo não ajudou, não é? - O advogado sacudiu a cabeça. - Bem, pelo menos fizemos o que podíamos.

- Poderíamos ter feito ainda mais se o Moody pudesse ter apresentado algo sólido em relação à Sophie e ao Antony Cassavilani. Eu sei que isso é que foi o ponto crucial da questão.

Dumbledore sacudiu a cabeça com raiva, e Harry deu-lhe uma palmadinha no ombro.

- Ela vai voltar para ouvir o veredito?

Gina estava curiosa.

- Não. Não vai voltar ao tribunal.

- Sacana.

Foi uma palavra dita em voz baixa, saída das suas entranhas.

- Gina!

Harry apressou-se a silenciá-la, mas ela não queria ser silenciada.

- E não é? Ela arrasa com a nossa vida, nos deixa praticamente loucos, sem falar no que fez com o nossos casamento, o depois simplesmente some na direção do pôr-do-sol. O que espera que sinta por ela? Gratidão?

- Não, mas não há motivo para...

- Por que não? - Gina estava começando a falar alto de novo, e Harry sabia o quanto estava nervosa. - Dumbledore, não pode processá-la depois que ganharmos o caso?

- Sim, suponho que sim, mas o que conseguiria com isso? Ela não tem nada.

- Então, vamos processar o Estado.

Não tinha pensado nisso antes.

- Escutem, por que não vão os dois dar um passeio pelo corredor? - Lançou a Harry um olhar significativo e este balançou a cabeça. - Deve demorar ainda um pouco antes do júri voltar, provavelmente vai demorar. Mas fiquem por perto. Não saiam prédio.

Gina concordou e se levantou, buscando a mão de Harry. Dumbledore os deixou e voltou para a mesa. Era aterrador o modo como Gina não aceitava a possibilidade de que podiam perder.

- Gostaria que pudéssemos ir tomar um drinque.

Ela caminhou devagar até o corredor o se apoiou contra uma parede . As pernas dela tremiam o se perguntou por quanto tempo poderia manter a pose de Madame Serenidade. Tinha vontade do cair ao chão o agarrar-se aos joelhos de Harry, em desespero. Tinha que dar certo. Tinha... tinha... sentia vontade de esmurrar a porta da sala do júri... de...

- Logo vai acabar, Gin. Aguente as pontas.

- É.

Forçou um meio sorriso e deu o braço ao marido enquanto começavam a descer o corredor.
Ficaram calados por muito tempo, e Gina deixou a sua mente viajar por onde queria, divagando e dardejando, flutuando por entre pensamentos enquanto se agarrava ao Harry. Levou quase uma hora, mas finalmente o seu cérebro parou de rodopiar, provavelmente de exaustão. Sentia-se solitária, cansada e triste, mas não mais sentia como se estivesse funcionando na velocidade errada. Pelo menos era alguma coisa.
Resolveu ligar para a boutique, só para ver como estavam indo e coisas. Era uma hora estranha para ligar, mas de repente teve vontade de se relacionar com algo familiar, de saber que o mundo simplesmente não havia encolhido, ficado do tamanho de um corredor interminável pelo qual ela e Harry estavam condenados a caminhar a vida inteira, num silêncio apavorante. Sentia falta da agitação da boutique, das trivialidades, dos rostos.
As moças lhe contaram o que estava se passando, e ela se sentiu melhor. Era como ir ao cinema com Hermione. Normalidade. Diminuía as proporções do que lhes estava acontecendo a um tamanho que podia suportar por mais algum tempo.
Por volta das quatro horas Harry também tinha relaxado, e eles estavam fazendo jogos de palavras. Às quatro e meia começaram trocar piadas velhas.


- O que foi que um muro falou para o outro?

- E eu lá sei?

Ela já estava rindo.

- Encontre-me na esquina.

Harry riu, satisfeito com a sua piada. Eram como alunos do segundo ano que tinham sido mandados para o corredor.

- Está certo, sabichão. Como é que você pode saber se as calças caíram?

Ela veio logo com o troco, e ele começou a rir, mas então Dumbledore a fazer sinal, insistentemente, do final do corredor. As piadas subitamente chegaram ao fim. Harry pôs-se de pé primeiro e olhou para o rosto de Gina. Ela sentiu-se empalidecer, enquanto o terror a acometia. Sentia-se pálida e oca, como se o seu corpo fosse se quebrar. Agora estava acontecendo. Nada mais do jogos para fingir que jamais Iria acontecer... tinha chegado. Ah, Deus.... não!

- Gina, nada de pânico! - Podia ver a expressão no rosto dela, e tomou-a rapidamente nos braços e segurou-a com quantas forças tinha. – Eu a amo. Isso é tudo. Eu a amo. Basta saber disso, o que nada jamais mudará isso, e que você está bem, está sempre bem. Entendeu? - Ela balançou a cabeça, mas seu queixo tremia quando ele a olhou. - Você está bem. E eu a amo.

- Você está bem, e você se ama... quero dizer...

Soltou uma risada aguada e ele a abraçou apertado, novamente

- Você está bem, boba. Mas eu não estou bem.

- Você não está bem?

Agora estava melhor. Sempre estava, quando ele a abraçava.

- Ah, Gina.. uma coisa eu lhe digo. Gostaria demais que as minhas calças nunca tivessem caído. - Os dois riram então ele a afastou de si novamente. -
Tudo vai dar certo. Agora, vamos indo.

- Eu o amo, querido. Gostaria que você soubesse quanto e amo.

As lágrimas a cegavam enquanto caminhava rapidamente ao lado dele, tentando dizer-lhe coisas demais em tempo de menos.

- Você está aqui. Isso me diz tudo. Agora, pare de ser tão dramática e tire o rímel do rosto.

Ela riu nervosamente de novo e correu as mãos pelas faces. Quando parou, as palmas estavam cheias de riscas pretas.

- Eu devo estar uma coisa.

- Fantástica.

E então chegaram lá. Na porta do tribunal.

- Tudo bem?

Olhou para ela longa e intensamente, parados um de frente para o outro. O meirinho os olhou, depois desviou os olhos.

- Tudo bem.

Ela balançou a cabeça suavemente e sorriram um para o outro.
Entraram na sala e o júri já estava sentado; o juiz estava de volta ao seu assento. Mandaram que o réu se levantasse e Gina quase se levantou da cadeira junto com ele, o teve que forçarem a não fazê-lo. Ficava repetindo silenciosamente para si mesma: “Tudo bem... tudo bem... tudo bem...” Enterrou os dedos ao assento da cadeira e fechou os olhos, esperando. Ficaria tudo bom, só que era tão terrível a espera. Pensou que devia ser como ter uma bala arrancada do braço. Não matava a gente, mas Deus como era horrível de retirar.
Pediu-se ao primeiro jurado que desse o veredicto, e Gina prendeu a respiração, desejando estar ao lado do Harry. Era isso aí.

- Qual o veredito do júri quanto à acusação de sodomia, um crime infame contra a natureza?

Estavam começando com a acusação de menor importância, e partiriam daí para cima... ela esperou.

- Culpado, Meritíssimo.

Ela escancarou os olhos e viu Harry crispar-se, como se a ponta da um chicote houvesse atingido o seu rosto. Mas ele não se virou para olhar para ela.

- E quanto à acusação de estupro à força?

- Culpado, Meritíssimo.





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N/A : Pessoal desculpe pela demora em postar e se houver erros no capitulo, infelizmente a minha beta está extremamente ocupada e ainda não pode me devolver o capitulo betado, por isso, resolvi postar para não deixa-los esperando.

† Sabine Black †, Dhanny Obrigada que bom que gostaram, bjos

Larissa Moreira, desculpe a demora, mas postei rsrs, que bom que você gostou continue acompanhado, bjos

Ana Conte Que bom que gostou espero que esse capitulo mate sua curiosidade rsrs, bjos

MarciaM Marcinha saudades de vc, que bom que você gostou, sei que a Gina ta pirando, mas calma ela irá amadurecer no decorrer da estória, não me mate por cauda do capitulo, obrigada pela força amiga, bjos.

Bruna Star Que bom que você gostou, não sou tão má assim aos poucos as coisas irão melhorar, mas infelizmente muita água terá que correr por baixo da ponte, Ps adora sua fic, bjos.

Bom pessoal é isso não esqueçam de comentar e votar

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