O dilema de Draco



O inverno se aproximava e, com ele, o Baile que se tornara tradicional desde o quarto ano. Draco nunca gostou muito dessa idéia. Bailes formais lhe lembravam as festas tediosas nas quais teve que acompanhar os pais a vida toda. E, tal como naquelas festas, ele sabia que tinha que comparecer, e bem acompanhado. A última parte sempre foi o menor dos problemas, pelo menos até o ano anterior. Agora isso estava realmente tirando-o do sério. Faltavam três semanas para o baile e todas as suas tentativas de convidar garotas para o baile haviam falhado, já que as garotas decentes (as que mereciam a honra de acompanhar Draco Malfoy) já tinham par. Depois que um grande número de frustrações, ele havia ido falar com Pansy.
- E aí, Pansy, nós vamos juntos, não é?
- Aaahhh, Draquinho, agora? Eu já tenho par...
- O que???
- Desculpe, mas o Crable me convidou, e...
- O Crable???? Você vai deixar de ir comigo para ir com o Crable????
Pansy parecia realmente arrependida. E é claro que devia estar mesmo. Draco estava furioso, mas não ia dar o braço a torcer.
- Ok, tudo bem então. Eu arrumo outra. – disse ele a Pansy - Não vai ser nenhum problema... ”Eu espero...”
- Por favor, Draquinho, eu sinto muito...
Ela se aproximou para abraçá-lo, mas ele a repeliu.
- Não importa. Então, divirta-se.
E saiu sem olhar para trás. Tudo bem que ele não estava em um período de sorte, que o ano estava sendo uma porcaria, mas ser trocado pelo Crable??? Isso era demais! “Ela vai ver” pensava ele enquanto caminhava em direção ao dormitório. ”Vou a esse maldito baile com a garota mais bonita dessa escola... Hum, vejamos, quem é a mais bonita?” Instantaneamente, sua mente projetou uma garota de olhos verdes e cabelos negros. “Que droga, a Layla não! Preciso pensar em outra...” Mas por mais que pensasse, não lembrava de nenhuma que fosse bonita o suficiente e que ele ainda não tivesse convidado. Sem perceber, ele havia chegado ao dormitório. Sentou-se em uma das poltronas em frente a lareira e continuou a imaginar, mas ao menor sinal de distração, Layla aparecia em sua mente. Ele deu um tapa na própria testa. “Que droga!!!! Por quê, o que eu fiz para merecer isso, o que??? Tenho que arrumar alguém!”. Casualmente, ele olhou para o canto da sala e viu Luna sentada sozinha. “Nem que seja... Não, não, nem pense nisso, Draco Malfoy!” Mas era tarde demais. Ele já pensara. E se chamasse a Luna para o baile? Ela com certeza não tinha par. “Ah, claro, aparecer na frente de toda escola com a lunática! Melhor ir sozinho!” Mas ele sabia que não era. Aparecer sozinho no baile significava o total fracasso da sua vida social, e isso ele não permitiria de forma alguma. Ele permaneceu relutando por alguns minutos, mas logo se deu conta que, se não convidasse alguém logo, seria obrigado a acompanhar a Murta-que-geme. Sentia-se arrepiado só de pensar. “Ok, não tem jeito”.
Lentamente, ele aproximou de Luna. Ela estava com os olhos vidrados, e ele se lembrou do dia em que a vira no quarto. “Ótimo, só o que faltava. Ela está em processo de semi-morte outra vez”. Ele se sentou e Luna olhou para ele. “Pelo menos isso”. Então Draco reparou que havia algo em seus ouvidos com um fio ligado a um aparelho em seu colo.
- O que é isso?
- Um discman
- Um o que?
- Um discman. É um aparelho trouxa para ouvir música.
- E onde conseguiu?
- Meu pai tem uns amigos fantásticos, sabe.
- Aparelhos eletrônicos não funcionam em Hogwarts. A Granger vive dizendo isso.
- Bom, os amigos do meu pai são realmente fantásticos, sabe, esse aparelho não é exatamente eletrônico, e ainda pega a freqüência bruxa. Foi modificado para não chamar atenção na rua, porque os aparelhos bruxos são muito diferentes...
Draco riu. Se Luna andasse na rua, dificilmente seria o discman que chamaria a atenção. Os cabelos loiros e ondulados nas pontas chegavam até a cintura, e até que seriam bonitos se não estivessem sempre despenteados. Uma presilha prestes a cair fazia um semi rabo, e haviam alguns acessórios estranhos dispostos pelos cabelo. Seus olhos eram azuis, e possuíam uma eterna expressão de surpresa, o que dava a impressão de que a garota estava sempre em outro mundo. Draco não pode observar seu corpo, pois as roupas que usava eram largas, mas reparava agora que ela não era assim tão mal. Talvez ele estivesse tentando amenizar o fato de ter que ir ao baile com ela, ou talvez não. Em todo caso, era melhor começar logo.
-... e por isso ele teve essa idéia, que eu achei brilhante...
- Luna...
-... porque na verdade era o que eu precisava, entende...
- Luna...
- ... e no fim foi muito bom, porque...
- CALA ESSA BOCA!
Luna o olhou com uma expressão ainda mais surpresa, e depois se tornou séria.
- Se não quer conversar, não venha até aqui.
- Eu quero conversar, mas você não me deixa falar!
- Certo, me desculpe.
Ela se levantou, mas ele a puxou pelo braço.
- Eu quero falar com você, senta aí!
Ela se sentou, ainda de cara fechada. De repente, ele não soube o que falar. E se ela recusasse? Não que essa fosse uma experiência nova para ele, ainda mais nos últimos dias, mas... um fora da Lovegood? Isso seria o fim da sua auto-estima! “Ah, o que é isso? Ela nunca me daria o fora! Olha só pra mim! Olha só pra ela!”. Luna interrompeu seus pensamentos:
- Está vendo? – disse ela como se falasse com uma criança retardada – Se eu não falo, não tem conversa.
Draco suspirou. “Se eu não estivesse desesperado...”
- Olha, eu... eu quero saber se você tem par para o Baile de Inverno.
Ela olhou desconfiada
- Por que?
Draco a olhou exasperado. Que tipo de pergunta era aquela??? Por que ela não podia agir normalmente?? Draco ergueu a voz:
- Porque sim! Tem ou não?
- Não...
- Quer ir comigo?!
Ela estava realmente surpresa agora.
- Eu... pode ser...
- Ótimo!!
Levantou-se com um ruído e se dirigiu pisando forte para o dormitório. Aquela garota realmente o tirava do sério...


A você que lê e naum comenta... que instinto sádico é esse?

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