Mudanças



Iniciara-se um novo ano em Hogwarts, e Draco, em seu sétimo ano, assistia à cerimonia do chapéu seletor com seu costumeiro ar entediado. As férias não tinham sido lá grande coisa. Os mesmos castelos medievais dos amigos de seu pai, as mesmas aventuras em pequenos países quase desconhecidos, as mesmas cavernas nas montanhas da Noruega,...Claro, é encantador para quem tem 12 anos. E, tudo bem, Draco apreciou tudo com muito vigor até os 14. Mas agora tudo lhe parecia muito chato. Não que antes fosse uma maravilha, afinal Lucio não era nem de longe o tipo de pai amoroso que aprecia uma divertida viagem em família. Na verdade, Draco desconfiava que a razão pela qual seu pai o deixava tão livre para explorar cada canto era para se livrar do filho. Mas Lucio argumentava que queria que ele ganhasse “experiência de campo”. Em outras palavras, ele tinha que se safar sozinho das encrencas em que se metia. Isso pode parecer um tanto insensível, mas não se pode dizer que não funcione. Draco, após escapar da morte algumas vezes, se tornou realmente bom em todo tipo de feitiços.
Por outro lado, a escola se tornava absurdamente monótona. Especialmente a seleção de alunos. Só servia para identificar novos possíveis alvos de azaração. O último aluno agora se encaminhava para a mesa da Sonserina. Tinha muitas sardas e cara de bobo. Talvez Draco o encurralasse em algum corredor deserto. Os aplausos, dos quais Draco não participou, encerraram-se, e Dumbledore começou seu discurso:
- Caros alunos, sejam bem vindos. Estamos iniciando mais um agradável período letivo aqui em Hogwarts. Que os novos alunos se sintam acolhidos aqui como se estivessem em seus lares. Aos antigos, que retornem com o vigor que lhes é peculiar. Devo lembrar-lhes que a entrada na Floresta Proibida é, naturalmente, proibida. – Alguns alunos riram, a maioria da Grinfinória. Draco permaneceu impassível. - Este ano, porém, haverão algumas mudanças. Como já venho percebendo há algum tempo, os alunos de casas distintas têm se hostilizado muito, tornando-se quatro grupos separados, quando deveríamos ser uma única escola. É excelente que aprendamos a viver com nossos semelhantes, mas excepcional que convivamos harmoniosamente com os que são diferentes de nós. E, como a nossa querida professora Sibila fez questão de me alertar o verão inteiro, essa desunião certamente levará a um complô dos alunos para tomar a diretoria, que culminará no meu assassinato. Vamos jantar, e depois darei mais detalhes.
Imediatamente, as mesas se encheram com toda a espécie de comida que se pode imaginar. Draco, já habituado à magnitude do banquete, estava mais curioso em saber que mudanças novas seriam essas.
- O que será que esse velho maluco aprontou dessa vez? – perguntou a Crable e Goyle, que estavam sentados ao seu lado.
- Não sei – disse Crable – Talvez ele vá eliminar a Grinfinória da escola.
- É – disse Goyle com a boca cheia de batatas – Tomara que ele exploda a escola com todo mundo dentro.
Draco revirou os olhos.
- Se ele explodir a escola com todos dentro, você morre junto, sua besta.
- Ah, é... – disse Goyle, mas aparentemente não tinha entendido muito bem a seqüência do raciocínio.
Draco decidiu se concentrar no enorme prato à sua frente. Ter amigos burros era um verdadeiro fardo ás vezes.
Quando todos estavam satisfeitos, os pratos desapareceram e Dumbledore se ergueu novamente:
- Agora que estamos mais recheados que peru de natal - Draco soltou um murmúrio de insatisfação. As piadas de Dumbledore nunca tinham graça. - Vejamos as novas regras. Vocês serão reorganizados. Sairão dos dormitórios que estão atualmente e irão para outros que abrigarão quatro alunos, sendo um de cada casa. Esperamos que dessa forma vocês possam aprender a lidar melhor com as diferenças.
- Mas não há outros dormitórios no castelo, não haverá espaço suficiente – disse um aluno intrometido perto de Draco.
- Sempre há espaço suficiente em Hogwarts. – sorriu Dumbledore – Além disso, essa experiência vai durar apenas até as férias de natal. As aulas serão assistidas por cinco dos novos grupos, e permitiremos, excepcionalmente, que meninos e meninas dividam o mesmo quarto. Porém, a qualquer sinal de excessos, essa ordem será revogada. Agora, vocês irão receber pergaminhos com os nomes de seus novos colegas, instruções para encontrarem seus novos dormitórios e as respectivas senhas. Boa-noite.
Dumbledore se retirou pela porta ao fundo da mesa, seguido pelos professores. Hagrid teve alguma dificuldade para passar. Instantaneamente, pergaminhos se materializaram na frente de todos. Draco pegou o seu, temendo o que poderia estar escrito ali. Um colega de cada casa? Não podia imaginar ninguém de qualquer outra casa que fosse agradável para se passar sequer um dia, quanto mais o semestre todo! Torcia, porem, para que não fosse Harry Potter. Apreensivo, ele leu em seu pergaminho:

Prezado Sr. Malfoy:
Seu novo dormitório encontra-se virando no corredor da estátua de Argus, o Vesgo, na terceira porta à esquerda. Caso a sala em questão esteja repleta de penicos, procure na quarta porta, pois seu dormitório tem o hábito de mudar-se para lá. Seus colegas de quarto serão: Sta. Luna Lovegood (Corvinal), Sta. Hermione Granger (Grinfinória) e Sr. Ernesto McMillan (Lufa-Lufa). Sua senha é: pó de flu.


Draco suspirou “Tinha que ser a sangue ruim... e o chato do McMillan pra piorar... quem será a outra?” Ele olhou para seus amigos:
- E então?
- Não conheço quase ninguém... – disse Crable – Meu quarto fica perto do banheiro dos monitores. Vou ficar com Milla Simpson da Lufa-Lufa. Alguém sabe quem é? Tem também o Simas Finingan da Grinfinória, e a Layla... – ele lançou um olhar de esguelha para o amigo. Draco sentiu um frio no estômago, mas preferiu manter os olhos em Crable. Layla não era uma boa recordação.
- E você? – Draco dirigiu-se para Goyle.
- Ahn? – Goyle levantou os olhos para os amigos.
- E você, vai dividir o quarto com quem? – repetiu Draco pausadamente.
- Eu... anh, não sei...
- Então abra o papel!!!!
- Ah! Olha só... – Goyle olhou surpreso para o pergaminho. Draco balançou a cabeça. Era possível caber tanta burrice numa pessoa só?
- Como é que você não enxerga um pedaço de papel que se materializa na sua frente?
- Eu estava roubando um doce de abóbora antes que os pratos sumissem. – riu Goyle, aparentemente orgulhoso de sua esperteza. Draco suspirou de desgosto.
- Anda, abre logo o maldito papel - falou ao amigo.
Goyle abriu seu pedaço de pergaminho.
- Meu dormitório fica próximo ao quadro do Sir Cadogan, no terceiro andar. Vou dividir o quarto com Anna About, da Lufa-Lufa, Ryan Everson, da Corvinal e... – ele arregalou os grandes olhos – Harry Potter.
Draco levantou as sobrancelhas. Era uma sina isso? Teria que dar de cara com Potter toda vez que fosse falar com Goyle? Mas, pensando bem, poderia ser pior. Potter poderia estar no seu quarto. Isso sim seria demais. E, de qualquer forma, não acreditava que Goyle tivesse discernimento suficiente para reparar no que estava ao seu redor.
- Bom, não pensem que eu estou feliz. – disse ele aos outros dois - Meu dormitório fica no corredor daquela estátua do Argus e, ocasionalmente, se muda para sala ao lado para dar lugar a uma sala de penicos... – disse Draco fazendo careta.
Os amigos riram.
- Alem disso – disse Draco sem ver graça nenhuma - Vou ficar com a Granger, o McMillan, e uma tal de Luna. Sabem quem é?.
- É a di-lua...- Crable riu.
- Quem?
- É uma garota da Corvinal.
- Não me diga...
- Bom... ela é loira... e meio boba, por isso apelidamos ela – disse lentamente. O esforço de dar explicações parecia demasiado excessivo para ele.
” Humpf, só falta ela ser trouxa também” pensou Draco “Esse vai ser um longo ano”

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