Laços de Família



CAPÍTULO 2

LAÇOS DE FAMÍLIA




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“Eis um casal que se merece e muito”

No interior da Inglaterra, fora da Região Metropolitana de Londres, situava-se Godric’s Hollow. Na pequena cidade trouxa, habitavam também vários bruxos e a economia baseava-se no turismo, devido às belas paisagens; em um Spa e em uma Cerâmica Artística que existia praticamente desde a Idade Média e que não havia deixado de funcionar nem mesmo quando, há vinte e seis anos, ocorrera uma trágica explosão de gás que explodira a mansão do casal de proprietários, matando-os e deixando como único sobrevivente seu filho de um ano (ao menos era essa a versão na qual os trouxas acreditavam), que havia sido criado pelos tios maternos em Surrey e que, há alguns anos, viera assumir os negócios e mandara reconstruir a mansão, residindo nela durante parte do ano com sua família, composta por ele, sua esposa e seus filhos, um casal de gêmeos. Embora morassem e trabalhassem a maior parte do tempo em Londres, sempre encontravam tempo para irem à cidadezinha, verem como estavam as coisas na Cerâmica, descansarem um pouco e prestarem seu amor e respeito aos pais do jovem, que encontravam-se sepultados em um bem cuidado jazigo no cemitério de Godric’s Hollow, sempre adornado de flores enviadas por todos aqueles que gostavam deles.
Onde quer que estivessem e é claro que estavam em um bom lugar, Tiago e Lílian Potter gostariam disso.
A Mansão Potter havia sido reconstruída segundo as ordens de Harry como era na época de seus pais e avós, de acordo com as plantas que estavam de posse de Dumbledore, mas com algumas pequenas modificações. Uma delas era o Centro de Treinamento Subterrâneo e era lá que ele estava agora, vestido com o traje Ninja negro e percorrendo uma pista-teste que Mason havia montado. Primeiro atingiu cinco vultos que o ameaçavam, com uma Shuriken certeira em cada um, derrubando os bonecos magicamente animados. Depois evitou três dardos blo com seu bastão, no qual eles ficaram cravados. Caminhava por um corredor sem maiores anormalidades quando, de repente, foi alertado por uma alteração vibracional do seu Ki e saltou, evitando uma lança e depois outra e mais outra, que atravessavam o corredor de um lado ao outro. Saltou de cabo em cabo, evitando as pontas e sacando a Ninja-To que havia ganho de Mason e que depois soubera ter sido forjada por um grande mestre e guardião das tradições de Masamune, chamado Hattori Hanzo. Com a espada foi partindo as lanças enquanto as escalava, até que ultrapassou aquela área.



"Alguma semelhança entre o treinamento de Harry e estas cenas?"

Agora corria pelo corredor e no último instante saltou, bem a tempo de evitar cair em um poço de cujo fundo levantavam-se estacas pontiagudas. Aterrissando do outro lado, percebeu que o chão cedia: Armadilha.
Usando o Bukujutsu, saiu dali e começou a correr pela parede lateral e pelo teto, até sentir que iria para solo firme. Começou a sentir um cheiro adocicado que infiltrava-se pelo corredor e que ele logo identificou como clorofórmio. Embainhou a Ninja-To e sacou sua varinha.
_ “Zephyr”! _ uma brisa levou os vapores anestésicos para longe e evitou que o bruxo caísse adormecido. Paredes de metal levantaram-se para bloquear seu caminho, mas Harry nem ligou. Sacou sua outra varinha, aquela de liga de Mirtheil, apontando-as para as paredes e bradando: “Magnum Impacto”. O Feitiço de Onda de Choque, que ele aprendera depois de ver Voldemort executá-lo contra Gina durante a Batalha de Avalon, dera resultado. As paredes simplesmente caíram por terra, retorcidas. Agora, encontrava-se em outra câmara. No centro dela, um pedestal com uma estatueta, representando os Quatro Grandes. O objetivo do exercício era obter a estatueta, mas Harry achou que aquilo estava fácil demais. Ao dar o primeiro passo, pisou em uma pedra e sentiu que ela afundava um pouco, mal tendo tempo de bradar “Protego”, invocando um Feitiço Escudo que fez com que um dardo “Flechette” ricocheteasse para longe.
_ “Periculum Revelio”! _ as pedras que acionavam os lançadores de dardos começaram a brilhar e ele facilmente as evitou. Chegando ao pedestal, pegou a estatueta e acionou a última das armadilhas: as paredes da câmara começaram a se fechar, bloqueando a porta. A única saída era uma abertura, a uns quinze metros de altura.
_ “Ascendium”! _ Harry bradou, segurando as duas varinhas em uma das mãos e a estatueta na outra. A potência do seu feitiço fez com que subisse como um foguete e saísse pela abertura, uma fração de segundo antes do túnel fechar-se atrás dele. Aterrissou na câmara superior e, imediatamente, clicou no cronômetro do seu relógio de pulso (“Quinze minutos e vinte e cinco segundos. É, eu acho que será um bom exercício para a Academia de Aurores. Vou mandar uma coruja para o Prof. Mason, avisando que a pista é um sucesso”, pensou ele).
Após colocar a estatueta sobre a mesa e a Ninja-To em um cavalete, ele sentou-se sobre um tapete, em posição de lótus. Acendeu um bastão de incenso e colocou-o em um porta-incensos à sua frente.
_ “Reducio Lux”. _ disse o bruxo e as luzes diminuíram até que a sala ficou na penumbra. Harry Potter semicerrou seus olhos e começou a meditar. Logo sua mente estava em um plano mais elevado e sua percepção excepcionalmente ampliada. Podia perceber o Ki de sua filha, Lílian, brincando em seu quarto e quase podia sentir o cheiro apetitoso do almoço que Gina estava preparando. A ruiva havia herdado, com maestria, os dotes culinários de sua mãe, Molly. Então sentiu um Ki intencionalmente baixo aproximando-se da porta da câmara (“Ora, o pequeno Tiago pensa que pode surpreender o papai. Mas eu devo reconhecer que ele está cada vez melhor no controle do Ki”, pensou Harry). Naquele momento, Harry Potter levitava, a cerca de um metro do chão, com a aura dourada do seu Ki a envolvê-lo. Foi quando Tiago entrou na câmara e viu seu pai a flutuar.
_Desculpe, papai. Não queria interrompê-lo.
_Nada disso, Tiago. Eu já havia terminado. _ disse Harry, baixando até o chão e saindo da posição de lótus. _ “Lux Normalis”. _ as luzes retornaram ao normal.
_Estava em um nível elevado de meditação, papai?
_Sim, filho. _ Harry respondeu, levantando-se e abraçando seu garoto de cinco anos, aprendiz Ninja desde que tinha quase dois.
_Será que eu vou conseguir levitar como você, papai?
_Com certeza, Tiago. Basta treinar e manter puros sua mente, coração e objetivos, como o Tio Derek ensinou. _ Harry Potter pegou o filho e colocou-o a cavalo sobre os ombros _ Sua mãe mandou que me chamasse?
_Sim, papai. Mamãe me mandou avisá-lo de que o almoço está quase pronto. Acho que é a conta de subir, tomar uma ducha e descer para almoçar. Como foi a pista que o Tio Derek criou?
_Bastante difícil e com um nível de perigo maior do que as anteriores. Eu não queria estar na pele dos alunos da Academia de Aurores.
_E em quanto tempo fez a pista, papai?
_Quinze minutos e vinte e cinco segundos.
_Os alunos vão demorar muito mais. _ disse o garoto.
_E por que? _ perguntou o bruxo.
_Porque nenhum deles é Harry Potter. _ o pequeno Tiago respondeu com tamanha convicção, que Harry não pôde deixar de sentir uma ponta de orgulho.
Depois de uma ducha quente, um delicioso almoço em família. Gina era, a exemplo da mãe, uma excelente cozinheira que havia aprendido a combinar as culinárias trouxa e bruxa com rara perfeição. Após o almoço, um Espresso bem forte, como Harry gostava. Na sala de estar, em frente ao quadro-bruxo de Tiago e Lílian Potter, a família conversava:
_E você conheceu a mamãe quando tinha onze anos de idade, papai? _ perguntou Lílian _ Sei que já nos contou essa história um monte de vezes, mas sempre gostamos de ouvi-la.
_Sim, filha. Eu tinha onze anos e ela dez. Apaixonamo-nos de cara mas eu, tímido e distraído, demorei mais uns cinco anos para me tocar disso. Naquela viagem eu e o Tio Rony iniciamos uma amizade que dura até hoje. A Tia Hermione vivia nos repreendendo, no começo mas, depois daquele susto com o trasgo, não houve jeito de não nos tornarmos os melhores amigos do mundo. Inclusive, os dois também eram apaixonados desde o primeiro ano.
_Mas como dois bons cabeças-duras, principalmente meu irmão, teimoso como só um Weasley pode ser, somente declararam-se no sexto ano, uma noite antes de nossa viagem para Hogsmeade. _ disse Gina.
_E no dia seguinte, durante a viagem no Expresso de Hogwarts, eu finalmente tomei consciência do quanto amava sua mãe e criei coragem para me declarar. _ Harry comentou.
_Ninguém nunca nos disse como era naquele tempo, com a ameaça do Voldemort. _ disse Tiago _ Aliás, papai, nem sabemos como ele era.
Foi Gina quem respondeu:
_Vocês nasceram em uma época de paz e ainda eram pequenos demais para que lhes disséssemos como foram as coisas quando éramos mais jovens, nos Dias Negros e na Segunda Ascenção de Voldemort, mas agora já podemos lhes dar uma idéia. Inclusive, acho que vocês já andam lendo “Hogwarts, uma História” escondidos, não andam?
_Sim, mamãe. _ Lílian confessou, meio sem jeito _ Mas ainda não chegamos aos volumes que contam sobre as ascenções de Voldemort. Nem a primeira nem a segunda. E vocês viveram a primeira, não foi, vovó?
Do quadro, a imagem de Lílian Evans Potter respondeu à pergunta da neta:
_Sim, querida. Eu e Tiago fazíamos parte da Ordem da Fênix e tivemos de nos esconder, depois que Sibila Trelawney fez uma profecia sobre o garoto que iria vencer Voldemort.
_Não só nos, mas também os Longbottom passaram um bom tempo escondidos, até que Voldemort resolveu concentrar suas atenções na procura de Harry, minha neta. Quando fomos traídos, ele nos encontrou e o resto é o que toda a Bruxidade sabe. Duelamos, Harry sobreviveu e passou grande parte da vida com os Dursley, vivendo escondido e protegido pelo Feitiço do Elo de Sangue entre os trouxas, em Surrey. _ a imagem de Tiago Potter completou a explicação da esposa, em um diálogo que só era possível entre os bruxos.
_E como era ele, papai? _ as crianças perguntaram.
_Bem, melhor do que descrever é mostrar. _ Harry sacou a varinha e disse: “Cineskopia”. A tela mágica materializou-se na frente deles _ Esse era Voldemort, quando aluno de Hogwarts e ainda com o nome de Tom Riddle.
A imagem do jovem Tom Marvolo Riddle apareceu na tela. Harry e Gina contaram aos filhos sobre o brilhante bruxo-aluno descendente de Salazar Slytherin que voltou-se para o mal.
_E, depois de muitas viagens pelo mundo e de ter feito coisas que marcaram-no até a alma, sua aparência tornou-se mais viperina do que humana. Ficou bem assustador. _ disse Gina, fazendo um gesto com a varinha e mudando a imagem para o rosto calvo e branco do Voldemort que eles conheceram.
_Que cara mais feia! _ disse Lílian.
_É de tirar o sono! _ Tiago concordou com a irmã.
_Nem me diga. _ comentou Harry _ Eu já tinha pesadelos com essa figura, antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente. Mas, no final, ele revelou-se um inimigo honrado, embora perverso.
_Como assim, papai? _ perguntaram os gêmeos.
_Quando nós o vencemos em Avalon, há dez anos atrás, ele demonstrou honra no momento de partir e, depois de morto, ainda conquistou o nosso respeito.
_???
_Eu explico. _ disse Gina _ Aquela batalha impressionou demais o seu pai, por motivos que vocês compreenderão quando crescerem um pouco mais. Ele estava muito triste e então uma tarde, quando estávamos à beira do Lago Negro, o corvo de Voldemort nos entregou uma carta que ele havia escrito, para ser entregue a Harry no caso de vencermos e Voldemort perder a vida. Nela ele nos dizia...
_... Minha querida, eu acho que é melhor mostrar a eles a carta. “Accio”! _ e a carta veio voando, até cair nas mãos de Harry _ Guardamos a carta dele até hoje. Vejam o que Voldemort escreveu.
As crianças viram o texto escrito no pergaminho pelo Lorde das Trevas e entenderam o significado das palavras de seus pais. Chegaram ao final da carta (“Sayonara, Harry Potter-san”) e começaram a ver as coisas com outros olhos.
_Nem tudo está escrito nos livros, meus queridos. _ disse Gina, recolhendo a carta das mãos de Lílian _ Além de nós dois, vocês são os primeiros que estão vendo esta carta. Nem mesmo o Prof. Dumbledore chegou a vê-la.
_Embora ele sempre acabe sabendo de tudo o que é importante. Creio que ele deve ter conhecimento da carta, mesmo sem saber de todo o seu conteúdo.
_E foi você quem acionou a pira funerária dele, papai? _ Tiago perguntou.
_Sim, filho. O seu avô julgou que o direito de fazê-lo me pertencia. Mas as nossas aventuras naquele ano não terminaram por ali.
_Pois é. _ disse Gina _ Depois ainda desmascaramos Venom, o envenenador da Ordem das Trevas, durante o Baile de Formatura.
_E quem era? _ perguntou Lílian.
_Era Valérie Malfoy, prima do Tio Draco.
_Prima dele? _ os gêmeos se espantaram.
_Exatamente. _ Harry confirmou _ Ela havia vindo da França com a missão de envenenar seu avô, Arthur, durante a Cerimônia de Posse no Ministério. Mas Draco e sua mãe impediram.
_Draco e eu chegamos primeiro ao anfiteatro e eu soprei dois dardos nas taças que meu pai e Amélia Bones tinham nas mãos para o brinde oficial, partindo-as e impedindo que morressem envenenados com a Acqua Tofana que Venom havia adicionado ao Champagne. Ele perseguiu Venom e confirmou suas suspeitas, pois já estava investigando há meses, em segredo. _ disse Gina.
_E depois ela morreu durante uma rebelião em Azkaban, junto com Lucius Malfoy e Rufus Scrimgeour, que também espionava o Ministério para Voldemort e para o tal Círculo Sombrio. E olha que ele quase foi escolhido como sucessor de Fudge. _ disse Harry.
_Podem nos contar mais sobre as suas aventuras daquele tempo, podem, por favor? _ pediram Lílian e Tiago _ E é verdade que você e o Tio Draco nem sempre foram amigos?
_Podemos, mas não hoje. _ disse Gina e Harry concordou com as palavras de sua esposa _ E é verdade, crianças. Houve um tempo no qual ele e seu pai só faltavam se devorar um ao outro. Mas isso é outra história.
_Exatamente. Acho que já contamos o bastante por um dia e, afinal de contas, um pouquinho de expectativa não faz mal a ninguém. Completando, tornamo-nos todos grandes amigos depois que ele começou a namorar a Tia Janine e rompeu definitivamente com as Trevas. Preparem-se, pois logo mais estaremos indo para a Toca.
_Oba! _ comemoraram os gêmeos _ Vamos ver vovó Molly, vovô Arthur, Tio Rony, Tia Hermione e brincar com Cliff e Mafalda!
_E com Francine, não se esqueçam.
_É mesmo! Ela está quase indo para Hogwarts.
Harry foi até a escrivaninha e, rapidamente, escreveu uma carta para Derek Mason, na qual dizia que a pista de treinamento era um sucesso e que estava aprovada para uso na Academia Européia de Aurores. Ao terminar...
_Argonauta! _ uma bela e inteiramente branca coruja-das-neves macho, filho de Edwiges, aproximou-se e estendeu a perna, a fim de receber a mensagem _ Para o Prof. Derek Mason, Argonauta.
A coruja abriu as asas e saiu voando pela janela aberta. Sempre fora motivo de orgulho para sua mãe, Edwiges, agora aposentada e envelhecendo com dignidade no corujal da Mansão Potter, após muitos anos de excelentes serviços prestados ao seu dono e à sua família. Mal Argonauta saiu, outra coruja chegou. Harry a reconheceu como uma das corujas-postais de Londres. Ela pousou e, a exemplo da coruja de Harry, estendeu a perna para deixar uma carta que trazia, juntamente com o exemplar de assinatura do Profeta Diário que deixou sobre o peitoril da janela. Harry Potter recolheu o jornal e a carta, abrindo esta última, cujo envelope não trazia o nome do remetente.
Havia apenas um pequeno pedaço de pergaminho que, em um dos seus lados, trazia a figura de um círculo negro e, no verso, apenas uma frase:
_“Você também vai nos pagar!”
O Círculo Sombrio. A “Máfia Bruxa” começava a dar, novamente, sinais de vida. Rapidamente, Harry guardou a carta no bolso da jaqueta, tentando evitar que Gina a visse. Em vão.
_O que havia na carta, meu amor? _ perguntou a ruiva.
_Nada de mais, querida. _ disse ele tranqüilamente, para não preocupar as crianças. E telepaticamente _ “Depois te conto”.
Colocaram as bagagens no porta-malas da Volvo e embarcaram. Saíram de Godric’s Hollow e fora dos limites da cidade, em um trecho deserto da estrada, Harry acionou o Multiplicador de Invisibilidade. A Station Wagon ficou invisível e, acionando outro botão, ouviu-se um pequeno estalido. A Volvo havia desaparatado, rumo ao Condado de Devon. Mais especificamente, em direção à Toca, em Ottery St. Catchpole.

Porto Alegre-RS, Brasil. Domingo, 11:00 h da manhã.
A minivan Xsara Picasso, da Citroën, era um veículo tão bonito e confortável, além de possuir um Design tão especial que, mesmo passados vários anos do seu lançamento, ainda continuava sendo produzida e não sofrera nenhuma reestilização. Uma, de cor vermelha metálica, entrou pelos portões do condomínio situado na Rua Comendador Rheingantz, Bairro Bela Vista e estacionou na sua vaga, nas garagens. Quem visse o homem de cabelos grisalhos que transferia sacolas dos Supermercados Zaffari do porta-malas para um carrinho, aparentando cerca de dez anos a menos do que os seus cinqüenta e três, vestindo um abrigo Reebok e calçando tênis Nike, jamais pensaria estar diante de uma eficiente máquina de combate, praticamente um exército de um homem só e Mestre Ninja, além de ser um bruxo de grandes poderes.
Era Derek Mason, professor de Defesa Contra as Artes das Trevas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e Sucessor de Togakure.
Ele conduziu o carrinho para o elevador e, no caminho, cruzou com um dos vizinhos:
_Bom dia, Derek.
_Bom dia, Fernando. Saindo para uma corridinha?
_Sim, Derek. Mas hoje você não vai comigo, não é?
_Não, hoje é dia de churrasquinho com a família.
_Mas que tal, tchê! Tu nem parece inglês. O resto do pessoal está chegando de Londres hoje?
_Sim. Daqui a pouco estarão aqui. Espero já estar com a picanha no ponto quando eles chegarem. Boa corrida, Fernando.
_Até mais, Derek. _ e o vizinho, antigo conhecido da família de Marilise desde quando o Coronel Adriano Sandoval ainda era vivo, saiu para correr.
Mason entrou no elevador e subiu até a cobertura. Descarregou as compras, desceu com o carrinho e subiu novamente. Guardou as compras e começou as preliminares do churrasco, vestindo um avental vermelho onde via-se o escudo do Sport Club Internacional e a frase “Baita Assador Colorado”. Espetou e salgou a picanha, espetou calabresas apimentadas e uma costela suína temperada e, em seguida, voltou suas atenções para a churrasqueira que ficava no terraço, próximo ao Deck da piscina. Pegou um saco de carvão de 3 Kg e o abriu, inteiro, espalhando o carvão e aproveitando o papel do saco como base. Retirou cinco folhas de um exemplar da Zero Hora de dois dias antes e amassou cada uma delas, fazendo cinco bolinhas que foram embebidas em óleo de cozinha e posicionadas em seus lugares: uma em cada canto e uma no centro. Respingou óleo por sobre o carvão e riscou um fósforo, acendendo as bolas de papel oleadas do fundo para a frente da churrasqueira e apertando o botão do exaustor, a fim de proporcionar uma boa tiragem. Em um instante as chamas crepitavam. Enquanto aguardava que elas baixassem e se transformassem em brasas, pegou a varinha e apontou-a para as mãos, uma após a outra. A churrasqueira estava pronta e à moda trouxa, seu fogo acionado sem magia.
_ “Limpar”! _ em um instante os vestígios de carvão nas mãos de Derek Mason desapareceram. Ele abriu uma garrafa de Carmenére e serviu-se de uma taça. Quando formou-se o braseiro, colocou os espetos na churrasqueira e ficou controlando o processo, virando as carnes para assá-las por igual. A lâmpada interna da churrasqueira também ajudava bastante a manter o controle das carnes.
_Mas tu até parece que nasceu aqui, tchê! Nunca vi um inglês assar igual a um gaúcho. _ Marilise Vargas Sandoval Mason aproximou-se e abraçou o marido, beijando-o. Também serviu-se de uma taça e foi até o Microsystem, ligando-o e sintonizando em 89,3 MHz. A suave música da programação da Antena Um FM espalhou-se pelo ar, juntamente com o apetitoso aroma das carnes que assavam, lentamente. A campainha da cobertura tocou. Marilise foi atender e logo em seguida retornou, acompanhada pela filha do casal, Sabrina e também por Janine e Draco com seus filhos, Adriano e Narcisa.
_Mamãe, Prof. Mason, Sabrina! Mas que saudades. _ disse a jovem, abraçando a mãe, a irmã e o padrasto. Draco cumprimentou a sogra e, em seguida o professor.
_Mas que talento, Prof. Mason. _ disse o loiro, olhando os espetos na churrasqueira _ Está de excelente qualidade.
Serviram-se de taças de vinho e ficaram a conversar, enquanto as crianças brincavam à volta da piscina.
_Foi boa a viagem? _ perguntou Marilise.
_Foi ótima. A Chave de Portal foi muito bem montada e não houve contratempo algum. Chegamos numa boa ao Shopping Bruxo Andradas e pegamos um táxi-bruxo na Avenida Otávio Rocha _ disse Draco _ Mas vamos retornar para a Inglaterra de avião. Precisamos dar uma passada no escritório da “Malfoy Import & Export” do Rio de Janeiro e como as crianças ainda não conhecem a cidade...
_Eles vão gostar bastante. _ disse Mason _ Eu ainda me lembro de quando fui ao Rio de Janeiro pela primeira vez. Foi com o meu avô adotivo, Ryusaku Komori, quando eu tinha treze anos, durante as férias de Hogwarts. Estávamos indo para São Paulo a fim de visitar alguns parentes dele, no Bairro Liberdade. Ficamos uns três dias no Rio e conheci todos os lugares que pude.
_Tem visto o Prof. Dumbledore? _ perguntou Janine.
_Sim, ele aparece em Hogwarts sempre que pode. Divide seu tempo entre Hogsmeade e Londres, embora fique mais na primeira.
_É verdade. Depois que ele e a Profª McGonnagall assumiram o relacionamento, não querem desperdiçar nada do tempo que têm.
_Os aperitivos estão saindo. _ disse Mason, retirando os espetos de calabresa e cortando-as sobre a tábua _ Venham, crianças.
As crianças aproximaram-se da mesa e saborearam as excelentes calabresas do Bola. Elas davam preferência às de médio teor de pimenta, enquanto que Marilise, Janine, Draco e Mason gostavam das fortes. Uma Coca-Cola Light foi retirada do refrigerador e amenizou um pouco o “incêndio” da pimenta. Pãezinhos com pasta de alho, retirados de outro espeto, completaram os aperitivos.
_Deliciosamente ardidas, como sempre. _ comentou Draco.
_Ninguém faz calabresas apimentadas como o Bola. _ Janine concordou com o esposo _ E eles ainda têm as extra-fortes.
_Nem pensar. É demais até para mim. _ disse Mason.
_Com certeza. _ confirmou Draco _ Se eu comer uma daquelas, vou fazer justiça ao meu nome e todos vão começar a me chamar de “Blonde Dragon” (Dragão Loiro) em vez de “Firefox”, porque vou começar a soltar fogo pela boca (risos).
A picanha e a costela chegaram ao ponto e foram retiradas dos espetos, sendo transferidas para uma travessa. Mason fatiou as peças e serviu a todos. Depois do excelente churrasco, saborearam um pudim, feito por Marilise. As crianças foram para a sala de TV e logo Narcisa avisou:
_Papai, mamãe, vovó, Tio Derek, vai começar o Quadribol e hoje é dia de Gre-Nal! As equipes já vão entrar em campo.
Derek apontou a varinha para a louça na pia e disse: “Lavar e secar”. Essa era a vantagem de ser bruxo. As lides domésticas ficavam muito mais simples. Munidos de suas taças de vinho, os adultos acompanharam a pequena Narcisa e acomodaram-se em frente à tela de plasma, devidamente enfeitiçada para captar o sinal da operadora bruxa de TV por assinatura. As duas maiores equipes de Quadribol do RS entraram em campo, montadas em suas Firebolt Mk III, as mais velozes vassouras de competição da atualidade. Os jogadores do Internacional usavam vestes vermelhas e brancas, enquanto que os do Grêmio jogariam com o tradicional uniforme tricolor. Os clubes de Futebol do Brasil também tinham bruxos em suas Diretorias e era questão de tempo para que fossem criados times de Quadribol, o que ocorrera há cerca de cinqüenta anos atrás. O Campeonato Brasileiro era bastante disputado e a Dupla Gre-Nal quase sempre ocupava as primeiras posições, proporcionando excelentes partidas. Para alegria de toda a família, que era Colorada, o Apanhador Rogério Maia capturou o pomo de ouro e o Internacional venceu o Grêmio por um placar de 450 a 200, em uma partida com cerca de cinco horas de duração. Aquele resultado catapultou a equipe alvi-rubra para a segunda posição na tabela, disputando as finais com o São Paulo.
_Vamos pegar os “Bambis” de novo. _ comentou Sabrina.
_Da última vez eles venceram. _ disse Marilise.
_É, gente. Mas nos dois anos anteriores o Inter levou a taça, uma delas em cima do Grêmio. _ Derek observou.
_Só essa já deveria valer em dobro. _ Janine brincou.
_ “Glória do desporto nacional/ Ó Internacional/ Que eu vivo a exaltar/ Levas a plagas distantes/ Feitos relevantes/ Vives a brilhar...” _ Draco Malfoy começou a cantar o “Celeiro de Ases”, acompanhado por todos os outros.
Certa hora da noite, uma coruja chegou ao terraço trazendo uma carta. Derek recolheu o pergaminho e a ave noturna saiu, batendo suas asas. O bruxo abriu o envelope e viu o que havia dentro. Era um simples pedaço de pergaminho com um círculo negro e, no verso, uma frase:
_ “Você também vai nos pagar!”
Draco estava perto e viu o que havia no pergaminho. Aproximou-se de Mason e perguntou:
_Também recebeu um, não é?
_Sim, Draco. Você recebeu?
_Há cerca de duas semanas atrás. Jan recebeu e me mostrou. Primeiro estranhei estar recebendo uma ameaça do Círculo Sombrio, pois não sou Auror. Depois me lembrei de que as atividades humanitárias da Fundação Narcisa Malfoy, que utiliza os aviões da “Malfoy Import & Export”, atrapalham suas ações em áreas de conflitos ou catástrofes, bem como as redes de exploração do trabalho escravo, corrupção, drogas, extorsão, prostituição “y otras cositas mas” em países subdesenvolvidos ou emergentes. Além disso, houve uma outra coisa. Sabe que sou meio metido a detetive, desde que realizei aquela investigação que revelou a identidade de Venom. Há algum tempo atrás, ajudei Harry em uma investigação que levou ao desmantelamento de uma quadrilha trouxa de traficantes de órgãos que tinha o envolvimento de bruxos do Círculo.
_Sim, eu me lembro. Harry investigou e descobriu que as vítimas eram sedadas com Feitiços Morpheus e tinham os órgãos magicamente extirpados. Então você o ajudou, Draco?
_Sim. Acho que de alguma forma isso chegou ao conhecimento de “Sombra e Escuridão” e eles estão me mandando um recadinho gentil, para que eu não me meta mais nos negócios deles. Estou morrendo de medo. _ e o rosto de Draco assumiu uma expressão irônica, acompanhada de um sorriso _ Agora, falando sério, fico preocupado pelas crianças. Por isso é que os Aurores, mais eu e Jan colocamos vários Feitiços de Proteção fortíssimos neles e enfatizamos o treinamento Ninja. Narcisa está ótima e Adriano está a ponto de desenvolver o Bukujutsu.
_As crianças estão afiadas. Vocês instruíram os dois muito bem.
_Jan e eu tivemos um bom mestre.
_Obrigado. A modéstia impede que eu me manifeste.
Os dois riram e juntaram-se aos outros. Adriano perguntou para o pai:
_Papai, a Sonserina sempre formava bruxos das Trevas?
_Nem sempre, meu filho. A maior parte dos bruxos das Trevas passava pela Sonserina, mas nem todo sonserino era das Trevas, podendo ser citados como exemplos Hiram Mason, Nereida Snape, Tobias Prince, Amanda Wallace e outros que romperam com as Trevas, tipo Pansy Parkinson, Crabbe, Goyle, Nott, Sheldrake, Milly Bulstrode, Blaise e Blasius Zabini e outros mais. Assim como nem todo bruxo das Trevas saiu da Sonserina. Wormtail, por exemplo, era da Grifinória e Sibila Trelawney era da Corvinal.
_E onde estão esses dois?
_Embolorando em Azkaban, juntos e apaixonados. Não estão nem aí, desde que tenham um ao outro. Só estão aguardando o término de suas penas, daqui a uns vinte anos. Mas outros não tiveram a sorte de permanecerem vivos.
_Não? E quem foram? _ perguntou Narcisa.
_Acho que já está na hora de vocês saberem de certas coisas que estão em livros que vocês ainda não leram. _ disse Draco _ E de outras que os livros não contam.
_Como assim, Draco? _ Sabrina perguntou, curiosa.
_Mana, há coisas das quais pouca gente sabe. Nós sabemos porque as vivemos, passamos por quase todos esses perigos. _ disse Janine _ Nunca lhes dissemos tudo o que aconteceu, mas eu estive por um triz de ser sacrificada para que Voldemort obtivesse um objeto de grande poder, o diamante Olho de Shiva.
_Você nunca nos deu detalhes sobre isso, filha. _ disse Marilise, olhando para ela e, com um olhar severo, para Derek _ E você, Derek, também não.
_Foi para não preocupá-la, Marilise. Inclusive, a Batalha de Azkaban está em um dos volumes de “Hogwarts, Uma História”. Vejam só a descrição dos fatos. “Accio”! _ o livro veio da estante, para as mãos de Mason e eles leram o relato da luta dos Bruxos-Ninjas contra os Death Eaters e a invocação do Olho de Shiva. Porém, quando chegaram ao momento da morte de Narcisa Malfoy...
_Não pode ser, papai! _ a pequena Narcisa exclamou, espantada com o que lia _ Aqui diz que vovó Narcisa foi morta por...
_... Por seu avô, Lucius. Por meu pai. _ e o rosto de Draco assumiu uma expressão um pouco dura _ É uma das coisas sobre as quais menos gosto de falar, mas vocês três, Adriano, Narcisa e Sabrina, já têm idade suficiente e têm o direito de saber de toda a verdade. Meu pai era um Death Eater e, além disso, também era o segundo em comando de Voldemort, que me queria como seu sucessor. E eu nem sempre fui um garoto bonzinho e amigo doTio Harry. Na verdade, eu e ele fomos inimigos do primeiro ao quinto ano de Hogwarts, somente nos tornando grandes amigos no sexto ano.
_Que foi quando você e mamãe começaram a namorar. _ disse Adriano.
_Isso. Jan e eu começamos a namorar nas férias antes do sexto ano. Sem que soubéssemos, ela já era mantida sob vigilância pelos Death Eaters há vários anos e só não fizeram nada porque pensavam que eu era partidário das Trevas e a queria como cordeiro de sacrifício, para provar lealdade. Só que eles não sabiam que eu estava há tempos amadurecendo a idéia de romper definitivamente com as Trevas e o amor de sua mãe foi o maior dos motivos para tal. Durante muitos anos eu me comportei como um “Malfoy-Sonserino-Padrão”, arrogante e preconceituoso, achando inferiores os bruxos mestiços e desprezando os bruxos nascidos trouxas, chamando-os de “Sangues-Ruins”, “Mudbloods”. Com doze anos, a partir do segundo ano em Hogwarts, comecei a travar conhecimento com a cultura trouxa e gostar de seus aspectos. Passei a usar aquele comportamento insuportável como uma fachada, para encobrir o quanto eu queria sair daquele inferno. Nas férias, eu passava sempre algum tempo entre os trouxas. Fingia estar infiltrado para colher informações que fossem úteis para Voldemort mas, na verdade, vivendo e me divertindo como um adolescente trouxa de posses o faria. Foi então que nas férias de verão do quinto para o sexto ano, depois de uma visita a meu pai em Azkaban, resolvi passar todo o período de férias em Londres, como trouxa. Fui conhecer um shopping que havia sido inaugurado há pouco tempo e, naquele dia, conheci sua mãe, que malhava na academia de lá. Fiquei totalmente apaixonado quando eu a vi pela primeira vez, pedindo um Gatorade em inglês, com sotaque gaúcho. Uma combinação exótica e com uma musicalidade ímpar.
_Aquilo durou uma semana. Um dia, seu pai levantou-se da mesa para ir falar comigo, mas eu já estava ali, ao lado dele. Lembra-se da sua resposta quando perguntei por que você estava todos os dias na área de alimentação do shopping, sempre que eu, Lauren, Shanna e “Pamela” saíamos da academia? _ Janine perguntou e Draco respondeu:
_Mas claro, meu amor. Eu disse: “É para me certificar de que você é real e não uma miragem, pois jamais encontrei uma garota tão linda”. E o meu pensamento, quando vi você pela primeira vez foi: “Se os anjos realmente existem, um deles acabou de descer à Terra”.
_E você descobriu que eles a estavam perseguindo, mamãe? Como é que foi? _ perguntou Narcisa.
_Sim, querida. _ Janine respondeu _ Seu pai recebeu uma carta da mãe dele, na qual ela dizia que ele poderia ser iniciado nos Death Eaters e me sacrificar para provar que era leal a Voldemort. Ele e Dumbledore arquitetaram um plano para me tirar de Londres e me levar em segurança para Hogwarts.
_No qual Tonks e o Prof. Lupin tiveram fundamental importância, querida. Lembra-se do policial e da moeda de ouro?
_Sim, lembro. Inclusive, foi através da moeda que vocês descobriram que eu estava sendo mantida prisioneira em Azkaban. Aqui está ela, crianças. Vejam. _ e Janine mostrou a moeda de ouro, pendurada em um cordão trabalhado.
_E Voldemort o queria como seu sucessor, Draco? _ Marilise perguntou ao genro.
_Sim. E ele ainda queria que eu matasse Janine, para revelar a localização da Quinta Pedra de Sankhara, que lhe daria poder e imortalidade. Mas conseguimos frustrar seus planos, principalmente devido a uma carta de Firenze, o centauro. Baseados naquilo, eu e Harry transfiguramo-nos um no outro.
_E eu, com sugestão pós-hipnótica, fiz com que um pensasse ser o outro. Calculamos que Voldemort ou Lucius obrigariam Draco a fazer mal a Janine com Maldição Imperius e, já que Harry é uma das poucas pessoas nas quais essa maldição não faz efeito, seria mais seguro ele assumir o lugar de Draco e vice-versa. _ disse Mason.
_Harry soltou Jan, lançou uma bomba de fumaça e eu a escondi debaixo da minha Capa de Invisibilidade. _ continuou Draco _ Depois disso tivemos uma batalha contra os Death Eaters, liderados por Voldemort e meu pai. Durante o combate, nossa Terceira Visão despertou e nós oito formamos um fortíssimo Olho de Shiva, que quase destruiu Voldemort. Ele escapou por pouco, desaparatando antes de ser atingido.
_E Lucius estava com sua varinha escondida nas vestes, depois de tomá-la de Harry, Draco? _ Marilise perguntou, após ver a referência no livro.
_Sim. Nós levamos para Azkaban somente varinhas não-detectáveis, feitas de madeira de acácia, com cerne de três fios de pêlo de cauda de unicórnio trançados e revestidas de liga de Mirtheil com aço e ouro. Mas a minha varinha de ébano com corda de coração de dragão estava com Harry, disfarçado com a minha aparência. Durante a batalha, meu pai ficou com ela escondida e quando teve a oportunidade, usou-a para lançar uma Avada Kedavra em Janine e em mim. Minha mãe nos empurrou para fora do raio de ação e levou o impacto direto do raio. _ uma furtiva lágrima desceu pelo rosto de Draco Malfoy, ao lembrar-se daquele dia _ Ela não morreu na hora, ainda teve tempo de se despedir e desejar que Jan e eu fossemos felizes juntos. Abençoou nossa união, sorriu, fechou os olhos e morreu, em nossos braços. Meu pai, que já estava encarcerado em Azkaban desde o final do nosso quinto ano, permaneceu preso até que morreu durante uma rebelião no presídio. Nessa mesma rebelião, morreu minha prima, Valérie St. Clair Malfoy.
_Sua prima, papai? Nunca soubemos disso. _ comentou Adriano.
_Achamos melhor não lhes dizer nada, até que tivessem idade para saber. _ Draco respondeu ao filho _ Salvo raras exceções tipo meu tio-avô Jean-Marc, eu e alguns poucos outros, quase nunca os Malfoy foram bruxos bons e honrados. Até resolverem romper com as Trevas eles eram quase todos fiéis seguidores da doutrina de Slytherin. Valérie era filha de um dos irmãos do meu pai, René. Teve treinamento Ninja Negro com Midori Kobayashi, uma Death Eater infiltrada em Beauxbatons e especialização em venenos durante um intercâmbio em Durmstrang, sob a supervisão da Profª Cicuta Cianevski. Haviam momentos nos quais a lealdade dela a Voldemort vacilava, mas ela tentou levar até o fim sua missão principal. Se não fosse por nós, principalmente pela Tia Gina e por mim, Arthur Weasley e Amélia Bones teriam sido envenenados, após a Cerimônia de Posse no Ministério da Magia. Descobrimos que ela era Venom, o envenenador de Voldemort, desmascarando-a no nosso Baile de Formatura. Depois disso, ela foi presa e ficou em Azkaban, até que houve a rebelião e ela morreu, juntamente com meu pai, que tentou protegê-la de um feitiço letal. Acho que é informação suficiente, por enquanto. Vamos lhes contar mais coisas sobre aqueles tempos, aos poucos.
Os Malfoy permaneceram por mais alguns dias em Porto Alegre, até que tiveram de ir para o Rio de Janeiro. Combinaram um reencontro em Londres, para dali a duas semanas. Afinal de contas, o ano letivo inglês iria começar e tanto Marilise quanto Derek teriam de retornar para suas escolas, com as crianças.

Na cidade de Ottery St. Catchpole também moravam os Longbottom e é na praça central que vamos encontrar Neville e Luna, suados e felizes, alongando-se após uma corrida de 10 Km. Em uma confeitaria, Nigel Lovegood tomava um chá, com o seu neto, Julius. Em outra mesa, acompanhados por Augusta, estavam ninguém menos do que Frank e Alice Longbottom. O casal havia tido uma admirável melhora no seu estado, graças às novas poções medicinais desenvolvidas pelo Departamento de Pesquisas Farmacológicas do Ministério, com grande participação de Neville. Ainda não haviam recebido definitivamente alta do St. Mungus, mas era questão de tempo, já que podiam sair para passeios na companhia de parentes. Quanto a Gilderoy Lockhart, sua memória havia retornado totalmente e ele tivera alta do St. Mungus três meses antes e recomeçara a escrever. Desta vez não mais assumindo a autoria de coisas que outros bruxos haviam feito, mas sobre a sua experiência como paciente e as lições de humildade advindas de tal fato.
Os Longbottom, embora tivessem melhorado bastante, ainda estavam meio desorientados com os fatos acontecidos nos anos em que estiveram internados. Orgulhavam-se do homem em que seu pequeno Neville havia se tornado. Augusta lhes dissera tudo o que ele fizera desde o quinto ano, durante as batalhas no Ministério da Magia, em Azkaban e em Avalon, bem como seus esforços no Departamento de Pesquisa Farmacológica, para auxiliar na descoberta de uma cura para eles. Luna era tudo o que Frank e Alice poderiam desejar de uma nora e o pequeno Julius enchia de orgulho os avós, com sua inteligência, educação, coragem e maturidade, incomuns em um garoto de cinco anos de idade. Frutas não caem longe do pé.
Luna e Neville juntaram-se ao restante dos familiares, a fim de tomarem um refresco antes de retornarem para casa. Frank e Alice perguntaram:
_Então, filho, Voldemort morreu?
_Sim, há cerca de dez anos, após uma batalha na Ilha Sagrada de Avalon.
_Avalon? _ Alice perguntou, admirada _ Mas a ilha não havia desaparecido? Pelo menos era o que todos pensavam.
_Só havia ficado fora de alcance, Alice. _ respondeu Luna _ Mas nós fomos até lá e lutamos contra uma força de Death Eaters e terroristas da Al-Qaeda, inclusive com a presença de Osama Bin Laden, em pessoa.
_Aquele terrorista trouxa, famoso há anos atrás, responsável pelo planejamento do atentado contra as torres do WTC? _ perguntou Augusta.
_Exatamente, vovó. _ disse Neville _ E no final de tudo Voldemort cometeu Seppuku, para não se entregar vivo. Harry foi seu auxiliar.
_Então aquela profecia que Sibila fez quando Dumbledore a contratou acabou tornando-se realidade. _ comentou Frank _ Em função daquilo, nós e os Potter tivemos de passar um ano nos escondendo, com você e Harry ainda bebês. Depois Voldemort concentrou suas atenções em Harry e matou Lílian e Tiago. Você disse que Harry casou-se, Neville?
_Exato. Casou-se com Gina, a caçula dos Weasley. E eles têm dois filhos, um casal de gêmeos chamados Tiago e Lílian. Inclusive, hoje haverá uma reunião na Toca.
Poderíamos fazer uma surpresa, Nev. _ disse Luna.
_Tem razão, querida. Eles não sabem que meus pais estão prestes a receberem alta do St. Mungus e ficariam surpresos e felizes em vê-los de novo, depois de tantos anos.
_Eu gostaria de rever Sirius. _ disse Frank.
_Com certeza. _ Alice concordou com o marido _ Nós pensamos que ele havia traído os Potter e participamos de sua captura. Depois fomos parar no St. Mungus, sem sabermos que Pettigrew é que havia sido o traidor. E agora ele e Sibila estão em Azkaban, foi o que vocês nos disseram.
_Sim. _ Nigel confirmou _ Acho que saírão daqui a uns vinte anos, se eles se comportarem bem. Caso vocês ainda não saibam, Sirius está casado.
_Com Ayesha, nossa amiga da Grifinória, que entrou quando estávamos no terceiro ano e que era noiva dele? _ perguntou Alice.
_Com ela mesma. _ disse Luna _ É uma longa e bela história. Ayesha já tinha um filho de seu casamento anterior, com Osama Bin Laden, chamado Jemail. Casou-se com Sirius e eles têm uma filha, chamada Soraya. Está com uns oito anos, mais ou menos a mesma idade de Adriano, filho de Draco e Janine.
_Draco... Malfoy?! _ perguntou Frank _ Ele é amigo de vocês, o filho de Lucius e Narcisa?
_Mais uma longa história, pai. _ disse Neville _ E essa fica melhor contada por Harry. Vamos para casa? É o tempo de um banho e iremos para a Toca.
_Boa idéia. _ disse Nigel _ a conta hoje é minha.
Pagou a conta e foram para casa. Lá chegando, uma coruja pousou no ombro de Nigel Lovegood e deixou uma mensagem, levantando vôo em seguida. O dono do Pasquim abriu o envelope e viu seu conteúdo.
Um pequeno pedaço de pergaminho com um círculo negro pintado em uma das faces e, na outra, apenas uma frase:
_ “Você também vai nos pagar”.

Na Toca, a reunião festiva se desenrolava, também com a presença de Sirius e Ayesha, com Soraya e de Nymphadora e Remus Lupin, com Randolph. De repente, os olhares voltaram-se para a entrada. Um homem ruivo, bastante parecido com Arthur e acompanhado de uma mulher aparentando uns trinta anos, também ruiva, havia acabado de aparatar.
_É uma grande honra para nossas humildes pessoas estarmos na residência do Ministro da Magia da Inglaterra. _ disse o casal, ambos fazendo uma reverência exagerada e rindo, logo a seguir. _ Como vai esse meu irmão importante? Sempre ocupado com os problemas do mundo mágico na Inglaterra? _ perguntou o homem, sorrindo calorosamente para todos.
_Mas não é possível! _ exclamou Arthur Weasley _ Venham aqui e me dêem um abraço, seus dois sumidos! Não os vejo há uns quinze anos!
Os recém-chegados abraçaram Arthur Weasley, que tratou de fazer as apresentações:
_Gente, acho que a maioria de vocês ainda não conhece...
_Tio Brandon! _ exclamou Rony _ Prima Mafalda! Quanto tempo!
Rony correu para abraçar um dos dois irmãos de seu pai, Brandon Weasley e também à sobrinha dele, Mafalda, professora de Defesa Contra as Artes das Trevas na Escola de Magia Ayers Rock, na Austrália e prima de Rony pelo lado materno, filha do primo de Molly Weasley que resolvera viver entre os trouxas e que havia se tornado contador.
_Então esta é a linda garota que tem o meu nome? Perguntou Mafalda Weasley, abraçando a filha de Hermione e Rony.
Arthur continuou:
_Bem, como já ficaram sabendo, este é o meu irmão, Brandon, que vive na Austrália. Ele resolveu aparecer hoje, com nossa sobrinha, Mafalda. Ela é famosa na família.
_Talvez seja porque fui a única com o sobrenome “Weasley” a ser selecionada para a Sonserina, Tio Arthur. _ disse ela _ Toda a família ficou espantada, pois eram todos da Grifinória. Aquilo me rendeu alguns olhares atravessados dos sonserinos, que consideravam os Weasley como traidores do sangue, bem como desconfiança de membros de outras Casas, que achavam que, se uma Weasley estava na Sonserina, boa coisa não era. Exceto Percy, Fred e Jorge, é lógico. Eles nunca ligaram para aquilo e Percy era bastante reservado e aplicado aos estudos, enquanto os gêmeos só estavam preocupados em serem os Chefes dos Criadores de Confusão. Mas aquilo não durou muito tempo e logo os outros me deixaram em paz.
_E o mais interessante é que você, mesmo sendo parente pelo lado dos Prewett, leva o sobrenome “Weasley”. _ Harry comentou _ Como é que aconteceu?
_Bem, meu pai era Ignatius Prewett, primo de Molly Weasley. Ele casou-se em primeiras núpcias com Lucrecia Black, tia de Sirius. Devido a uma série de circunstâncias eles se desentenderam e acabaram se separando e ele resolveu viver como trouxa.
_Ele não concordava com o jeito dos Black pensarem, todo aquele fervor de “Pureza do Sangue” e simpatia pela Ordem das Trevas. _ disse Sirius.
_Exatamente, Sirius. _ Mafalda concordou _ Ele resolveu viver predominantemente a vida de um trouxa e formou-se em Contabilidade. Certo dia, foi acertar os livros de uma empresa que ele descobriu ser a fachada de uma família de bruxos e apaixonou-se por uma jovem trouxa, chamada Serenity Morgan, vindo a casar-se com ela depois. Ela era irmã de Melanie, esposa do Tio Brandon.
_Quando Serenity e Ignatius morreram em um acidente, no qual o barco em que viajavam foi afundado por bruxos das Trevas, eu adotei Mafalda ainda bebê oficialmente e ela passou a utilizar, legalmente, o sobrenome “Weasley”. Por isso ela é, além de minha sobrinha, minha filha adotiva. _ Brandon explicou.
_Como os Prewett também são ruivos e eu puxei ao meu pai essa característica, não havia diferença alguma entre mim e meus primos, Ryan, Tracy e Louis. Éramos quatro ruivinhos a brincar numa boa. Aos dez anos, quando recebi a carta de Dumbledore, me contaram o que houve. Fui para Hogwarts e estudei lá até o terceiro ano, quando Rony, Harry, Hermione e Draco entraram para a escola. Tivemos de nos mudar para a Austrália e eu me transferi para a Escola de Magia Ayers Rock. Depois de formada, me especializei em Defesa Contra as Artes das Trevas e prestei um concurso, pois a escola disponibilizara uma vaga. Fui aprovada, meu currículo foi considerado o melhor de todos os candidatos e passei a lecionar em Ayers Rock.
_Ignatius afastou-se de nós em circunstâncias bem desagradáveis, após uma discussão muito feia. _ disse Molly _ Mas reconciliamo-nos logo depois que você nasceu, Mafalda. E você é sempre muito bem-vinda aqui na Toca. Só que deveria aparecer com mais freqüência. E você também, Brandon, seu fujão. Agora só falta o Christian aparecer para completar.
_Infelizmente não será possível, Molly. Christian está em Nairobi, auxiliando o Ministério da Magia do Quênia em pesquisas farmacológicas. Vocês sabem que ele é Medi-Bruxo e que o governo trouxa do país pediu uma ajuda aos bruxos, pois certas doenças estão ficando quase incontroláveis. É necessário intervir, mas de forma discreta para não parecer explícito demais. Ele vai ficar durante mais uns dois ou três meses em Kybera, mas vai ser bem difícil. Há doenças muito graves que ainda desafiam mesmo a Medicina Bruxa. _ Brandon explicou porque o irmão mais novo não dava notícias.
_Realmente. _ comentou Harry _ Ainda há muito o que fazer com certas doenças. Por sorte elas não estão afetando bruxos, mas não é bom arriscar. Ainda bem que todos sabemos como elas são transmitidas e como evitá-las. Espero que o Departamento de Pesquisa Farmacológica avance nesse sentido.
Naquele momento, Gina perguntou à sua prima:
_Mafalda, você possui conhecimento do “Segredo Weasley”?
_Sim, Gina. Afinal, sou uma Protetora. O segredo me foi contado e desde então eu protejo os meus “primos/irmãos”. Pode até parecer meio complicado, mas a seqüência da árvore genealógica é simples.
_Pois é. _ disse Harry _ Lembro-me de haver visto a árvore genealógica na tapeçaria da Mansão Black e Sirius me explicou sobre os detonados e o parentesco com Arthur Weasley.
_Exatamente, amigos. _ Arthur explicou _ Minha mãe foi uma das detonadas da tapeçaria, por ter se casado com meu pai, membro da família Weasley, considerada de traidores do sangue pelos Black, devido à sua tolerância e amizade com trouxas. Seu nome era Cedrella Black.
_Lembro-me do nome. _ disse Sirius _ era filha de Arcturus Black e Lysandra Yaxley. Ela foi detonada por ter se casado com Septimus Ronald Weasley, filho de Sean Weasley, de Kilbarrack. Sean era proprietário de uma fazenda chamada “Emerald Lough”. Quando a perdeu, devido a maquinações e especulações imobiliárias dos Riddle, também perdeu o patrimônio dos Weasley, na demanda judicial em que o advogado trouxa que o representou era Eamon O’Rourke, ancestral da amiga de Janine Malfoy, Shanna, a qual hoje é casada com Justin Finch-Fletchley. Mudou-se para Dublin e perdeu a filha, Marilyn, que morreu de tuberculose. O outro filho sobreviveu. Era Septimus Ronald Weasley, mais conhecido pelo nome do meio.
_Isso mesmo, Sirius. _ Arthur confirmou _ E minha avó, Lysandra Yaxley, tinha um lado da família aparentado com os St. Clair, da França. Quando alguns St. Clair vieram para a Grã-Bretanha, “britanizaram” o nome para “Sinclair”. As outras irmãs, Callidora e Charis, não utilizaram esse sobrenome mas minha mãe resolveu resgatá-lo e utilizou em mim, Brandon e Christian.
_E as outras irmãs? _ perguntou Mafalda, que não conhecia toda a tapeçaria Black.
_Charis casou-se com Caspar Crouch e tiveram três filhos: um menino e duas meninas. _ disse Sirius _ O menino era...
_... Bart Crouch, Sr. _ disse Rony _ Nós o conhecemos quando estávamos no quarto ano, durante o Torneio Tribruxo. O ano em que...
_... Voldemort retornou. _ Harry completou _ E quanto a Callidora? Parece que casou-se com...
_... Harfang Longbottom. _ disse Arthur _ Tiveram um filho e uma filha. Mas Frank não é filho de Harfang e sim de seu irmão, Martin. Este casou-se com Augusta Brennan e tiveram Frank. Frank casou-se com Alice Westenra e tiveram...
_... NEVILLE!!! _ os amigos exclamaram ao vê-lo chegar com Luna, Julius, Nigel, Augusta e... Frank e Alice.
_Mas não pode ser! _ exclamou Sirius _ Vocês dois por aqui?!
Abraçando o amigo, Frank e Alice Longbottom explicaram o que ocorrera durante os últimos anos, em seu período de baixa hospitalar.
_... E, nos últimos cinco anos, eu e Alice temos apresentado uma espantosa melhora. Começamos reconhecendo minha mãe e depois várias pessoas. Ficamos de queixo caído ao vermos que nosso Neville, que era apenas um bebê, tornou-se um homem de grande coragem. _ disse Frank, depois de ouvir de Harry a história de como Draco Malfoy rompeu com as Trevas e os dois tornaram-se amigos.
_Sim, gente. _ disse Alice _ Augusta nos contou algo sobre as batalhas no Ministério, em Azkaban e, depois, a última delas, em Avalon. E que, depois de formado, Neville especializou-se em Farmacologia Bruxa, para ajudar a desenvolver poções que ajudassem na nossa recuperação.
_E deu certo, pelo que podemos ver. _ disse Harry.
_É verdade, Harry. _ Alice concordou, olhando com admiração para o homem de olhos verdes, do qual ela lembrava-se no colo de Lílian, ainda com menos de um ano de idade _ Gilderoy já teve alta e nós apenas estamos aguardando a nossa, que deverá ser dentro de mais algumas semanas.
_E já sabem o que farão depois da alta? _ perguntou Molly.
_Bem, acho que nós dois já estamos meio passadinhos para sermos agentes de campo. _ disse Frank.
_E além disso eu já não tenho mais o mesmo pique de antes para caçar vampiros. A Sociedade da Cruz de Prata terá de se virar sem a minha ajuda. Mas há bastante gente para cumprir as missões. _ Alice continuou.
_De repente, uma função administrativa, quem sabe? _ Arthur sugeriu.
_Mas como? _ perguntou Frank.
_Bem, além do reconhecimento pelos serviços prestados por vocês dois, há alguma vantagem em ser Ministro da Magia...
_... Cujo genro é o Coordenador de Operações dos Aurores em Londres e na Região Metropolitana. _ Harry continuou _ Além disso, creio que é só reativar o status de vocês e classificá-los em cargos internos da Seção de Aurores. Tenho certeza de que Shacklebolt não irá se opor e até gostará de ter de volta dois Aurores tão respeitados na Bruxidade.
_Kingsley? Ele foi nosso contemporâneo na Academia Européia de Aurores, junto com Derek Mason e Tigershark. Aliás, ninguém sabe quem é esse último.
_Pois é, já ouvi falar dos “Camaleões-Fantasmas” da Corporação de Aurores. Parece que é um grupo especial da Inteligência. _ Sirius comentou, fingindo casualidade, enquanto ele, Harry e Rony riam-se por dentro _ Se não me engano, havia uma outra pessoa, formada uns dois anos depois de vocês. Uma tal...
_ “Mariposa de Titânio”. _ disse Frank _ Derek havia permanecido na Academia, como instrutor de Artes Marciais, principalmente Ninjutsu-Bruxo e ela foi uma de suas mais destacadas alunas.
_E o que houve com ela? _ perguntou Harry.
_Morta em combate. _ disse Alice _ E em circunstâncias terríveis.
_Como assim? _ perguntou Gina. Abaixando o tom de voz, Alice explicou:
_Foi morta por Severo Snape, quando ele ainda era um Death Eater, antes de passar para o lado de Dumbledore. E vocês não sabem do pior. _ E a voz dela ficou ainda mais baixa _ Descobriu-se, depois, que ela era a própria irmã de Severo.
_Nereida? _ perguntou Ayesha _ Ela era da minha turma, mas estava na Sonserina. Uma garota linda, de cabelos negros como os de Severo...
_... Mas não oleosos como os dele. _ Sirius comentou.
_Sem-graça. _ disse sua esposa _ Bem, como eu dizia, cabelos negros e olhos azuis, como os da mãe, Selene. Ela jamais quis nada com as Trevas e era tão inteligente quanto o irmão, embora não tímida como ele.
_Então esse pode ter sido o motivo dele romper com Voldemort e entrar para a Ordem da Fênix, como agente infiltrado. _ comentou Gina, lembrando-se da conversa que ela e Janine haviam tido com Madame Pomfrey, quando ela estava no quinto ano.
_Realmente, isso deve ter sido demais para ele. _ Harry começava a entender cada vez mais as razões da amargura de Severo Snape, durante os anos em que conviveram _ Cada dia de sua vida na Ordem da Fênix foi uma expiação de culpa, uma tentativa de evitar que outras pessoas tivessem o destino de Nereida. O amor de Madame Rosmerta foi a melhor coisa para ajudá-lo a encontrar a paz de que precisava.
_Rosmerta McTaggert? _ Alice admirou-se _ Severo finalmente criou coragem para pedi-la em casamento?
_Não só pediu como eles têm uma filha, uma menina de cabelos negros e olhos azuis, chamada... Nereida. _ disse Hermione.
_Voltando a falar da árvore, Sirius, é incrível como as famílias acabam por se entrelaçarem, como você já havia me explicado. _ Harry comentou.
_E você não é exceção, Harry. _ disse o padrinho _ Talvez você não se lembre, mas Dorea Black casou-se com Charlus Potter e tiveram um filho, chamado Norman. Este casou-se com Igraine Haversham e tiveram apenas um filho, chamado...
_... Tiago. Meu pai. _ completou Harry _ É, os laços de família são bastante extensos.
À noite, depois que os Longbottom já haviam ido, uma coruja chegou e entregou uma carta para Hermione. A professora de Transfiguração abriu o envelope e viu que dentro dele havia apenas um pedaço de pergaminho, com um círculo negro pintado e, no verso, uma frase:
_ “Você também vai nos pagar”.
Aquilo não passou despercebido a Harry e Rony, nem a Sirius. Rony chegou perto da esposa e perguntou:
_O Círculo Sombrio? Por que?
_Acho que sei, Rony. _ disse Sirius _ Recebi um igual.
_Eu, Sirius e Ayesha impedimos uma tentativa do Círculo iniciar tráfico de drogas trouxas entre os alunos de Hogwarts. _ disse Hermione.
_Na verdade era algo que não iria muito para a frente pois os bruxos, em sua imensa maioria, não são chegados sequer a fumar, quanto mais a fazerem uso de substâncias inaladas ou injetadas. _ Ayesha comentou _ Acho que tem a ver com uma estranha aversão a agulhas.
_Mas alguns alunos começaram a ficar meio diferentes e a apresentarem uma mudança de rendimento nos estudos. _ Sirius continuou _ E começamos a desconfiar, pois aquilo parecia que aumentava depois das visitas a Hogsmeade.
_Utilizei, discretamente, um “Suspectum Revelio” em alguns alunos e vi que eles apresentavam um brilho diferente. E aí nós bolamos um plano, junto com o Prof. Mason e o Prof. Snape. _ disse Hermione.
_A pretexto de ensiná-los a detectarem traços de poções ingeridas, criamos um exercício no qual Derek utilizaria o Identificador de Substâncias a fim de descobrir quem, dentre todos os alunos, havia tomado as poções verdadeiras e quem havia tomado os placebos ou seja, as poções falsas. _ disse Ayesha.
_Lógico que tudo não passava de uma desculpa para que Derek pudesse tocar o interior da boca de cada um com o seu Identificador de Substâncias. E naqueles que Hermione havia identificado com seu feitiço, foram revelados traços de Cannabis. Eles andaram usando a “Erva-Que-Passarinho-Não-Fuma” para “Renderem Homenagens a Bob Marley”.
_Os consumidores foram levados à presença da Profª McGonnagall e do Prof. Dumbledore. Contaram tudo aos dois e a Diretora tomou suas providências: Derek tocaiou o bruxo traficante em Hogsmeade e conseguiu capturá-lo. Depois de três gotas de Veritaserum ele cantou como um canário e entregou tudo o que sabia. Aquela operação do Círculo foi desmantelada e ficamos sabendo do envolvimento cada vez maior do Círculo no tráfico de drogas dos trouxas. Como se já não houvessem poções alucinógenas em número suficiente na Bruxidade para dar trabalho ao Departamento de Execução das Leis da Magia... _ Sirius completou.
_E por conta disso, recebemos um recadinho amigável do Círculo, há alguns dias atrás. Parece que eles não nos esqueceram. _ disse Ayesha.
_Bem-vindos ao clube. _ comentou Harry _ Também recebi um, na semana passada. Mostrei a Gina, logo depois.
_No início eu fiquei preocupada. Mas, depois de termos passado por todos aqueles perigos com Voldemort e a Ordem das Trevas, uma ameaça vinda de criminosos bruxos não chega a nos amedrontar. _ disse a ruiva.
_Mas não devemos nos descuidar da segurança, mana. _ disse Rony.
Vamos falar de coisas mais agradáveis, gente. _ disse Hermione, tirando uma outra carta do bolso das vestes _ Recebi uma carta da Jan, dizendo que já houveram as finais do Campeonato Brasileiro de Quadribol e adivinhem quem foi o campeão?
_Tá na cara, Mione. _ Gina pegou a varinha e fez um gesto. Apareceu no ar a figura do Saci, vestindo o uniforme Colorado.
Naquele exato momento, as notas de um toque polifônico, formando a melodia da música “Despretine”, do grupo O-Zone, espalharam-se pelo ar. Harry pediu licença e afastou-se um pouco do grupo. Tirou o celular do bolso das vestes e atendeu. À medida que ouvia a pessoa que estava a ligar para ele, seu rosto assumia uma expressão cada vez mais preocupada. Após encerrar a ligação e guardar o telefone de volta no bolso das vestes, retornou para junto dos amigos e disse:
_Gente, surgiu uma emergência e eu terei de sair. Vou usar a moto voadora. “Indumentaria Cambio”! _ as vestes de bruxo deram lugar a um jeans estonado, uma camiseta preta, calçados abotinados e uma jaqueta Perfecto _ Prometo que voltarei o mais breve possível.
_O que houve, meu amor? _ perguntou Gina, apreensiva. Ela conhecia aquele olhar do marido.
_Não se preocupe, minha querida. Surgiu algo que precisa da minha atenção mas que não me prenderá por muito tempo. Logo estarei de volta e poderei dizer o que aconteceu. _ disse Harry, beijando a esposa e indo à garagem, pegar a motocicleta. Quando passou pelos amigos, sentado no banco da poderosa Harley-Davidson Fat Boy enfeitiçada, Rony e Sirius perguntaram:
_E para onde você está indo, Harry?
_Amsterdam. _ respondeu o bruxo, colocando o capacete, levantando vôo com a bela moto e desaparatando, logo em seguida.

Podia até parecer que não, mas nossos amigos instintivamente sabiam que os dias de paz estavam chegando ao fim. Era bom que se preparassem para enfrentar novos perigos, desta vez vindos de “Sombra & Escuridão”, os misteriosos líderes do Círculo Sombrio.

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