Três em Um



CAPÍTULO 11

TRÊS EM UM








O funeral de Rita Skeeter, realizado alguns dias depois do de Filius Flitwick, provocou na Bruxidade tanta comoção quanto o do primeiro, pois Rita era uma pessoa de certo destaque e quase todos gostavam dela, ainda que suas reportagens acabassem por ferir certas suscetibilidades. Os Inseparáveis lá estavam, acompanhados de Dumbledore, Minerva, Sirius e Ayesha. Depois do sepultamento, uma bruxa loira em vestes negras de luto levantou-se da primeira fileira e encaminhou-se em direção a Dumbledore, acompanhada de seu esposo, Dennis Creevey. Arianne Skeeter-Creevey, repórter da WBC, aproximou-se e tirou um pouco os óculos escuros, enxugando as lágrimas que desciam de seus congestionados olhos verdes e corriam por seu rosto.
_Prof. Dumbledore, Harry, Inseparáveis, muito obrigada por terem vindo. Apesar do que o resto da Bruxidade possa pensar, Tia Rita gostava bastante de vocês, principalmente depois que aquela entrevista com Harry ajudou-a a reerguer seu nome.
_Mas creio que há algo que você gostaria de me dizer, não é, Arianne? _ perguntou Dumbledore.
_Sim, professor. Mas creio que aqui não é seguro.
_Poderíamos ir ao meu escritório, no Ministério. _ Harry sugeriu aos amigos _ Lá existem vários Feitiços de Segurança.
_Ou poderemos ir a Hogwarts. _ disse Minerva _ Vocês poderão usar o Gabinete do Diretor.
Boa idéia. _ disse Dennis _ O que temos a dizer é muito grave.

Harry explicou a Gina que teria de ir a Hogwarts. Ela beijou o esposo e despediu-se dos amigos, desaparatando para o St. Mungus.
Tomando uma Chave de Portal direto para Hogwarts, nossos amigos logo dirigiram-se ao Gabinete da Diretora. Lá, sentados em confortáveis poltronas de Chintz, prepararam-se para as revelações de Arianne. A bruxa começou a falar.
_Bem, todos vocês sabem que Tia Rita era uma famosa colunista social e que sabia de tudo quanto era fofoca na Bruxidade. Harry sabe disso na pele, pois várias de suas reportagens chegaram a prejudicá-lo e aos seus amigos, quando ele estava no quarto ano.
_Sim, nós sabemos. _ disse Dumbledore.
_Mas o que ninguém ou quase ninguém sabia era do seu outro lado.
_???
_Tia Rita também era uma espécie de Repórter-Detetive, tendo escrito várias reportagens que expuseram operações do Círculo Sombrio, publicadas sob pseudônimo. Vocês já devem ter ouvido falar de “Scarab”, não ouviram?
_Sim, já ouvimos. _ disse Harry _ Sua última reportagem evitou uma fraude milionária contra o Gringotes.
Sirius olhou para Arianne, surpreso.
_Espere aí, Arianne. Não me diga que “Scarab” era...
_Exatamente, Prof. Black. “Scarab” era Rita Skeeter.
_ “Scarab”... “Escaravelho”... mas é claro, Arianne! Como foi que não liguei as coisas? _ exclamou Harry _ Sua tia era uma Animaga, eu me lembro! Ela se transformava em besouro, o que era bastante útil para infiltrar-se em vários lugares sem ser notada. Quem prestaria atenção em um besouro? Mas poucos sabiam desse dom que ela possuía.
_Alguém descobriu, Harry. E eu acho que foi por isso que ela morreu. “Tsfardeia”, a Praga Bíblica das Rãs. Eu não seria sobrinha dela e nem uma repórter da WBC se não desconfiasse que havia uma relação. Eu estava fora do país quando ela e o Prof. Flitwick tiveram o contato com as rãs e retornei um dia antes de “Escuridão” matá-la. Sim, aposto que foi ele, pois era uma incumbência que ele não delegaria a um subordinado, ele mesmo teria de sujar as mãos.
_E ela chegou a avisá-la de que desconfiava que estava correndo perigo, Arianne? _ perguntou Minerva.
_Sim, Diretora. E isso nos leva ao motivo de estarmos conversando no local bruxo mais seguro da Grã-Bretanha. Há cerca de dois meses, Tia Rita foi me visitar e me entregou uma chave de cofre do Gringotes, revelando ser “Scarab” e dizendo desconfiar de que poderia estar sendo vigiada pelo Círculo. Disse que no cofre haviam provas de muitas operações da organização e que elas deveriam ser levadas a público aos poucos. Mas estou com medo de que agora eu possa ter passado a ser o alvo do Círculo, caso eles desconfiem que Tia Rita me deu acesso às suas provas. Não por mim ou por Dennis, pois sabemos nos defender. Graças ao treinamento Ninja básico que tivemos na AD, quando alunos, podemos pressentir o perigo. Jamais deixamos de praticar, porque sabíamos que seria útil para a nossa segurança. Mas temo por Lenore, nossa filha. Ela tem apenas cinco anos e pode ser utilizada por aqueles bandidos para nos ameaçar. _ e a bruxa loira começou a chorar, sendo abraçada pelo esposo.
_Como o senhor pode ver, Prof. Dumbledore, a situação é grave e o perigo é grande. _ disse Dennis Creevey, enxugando as lágrimas da esposa.
_Mas não é sem solução, Dennis. _ disse Dumbledore _ E eu já estou tendo uma idéia. Arianne, dê a chave para mim. Se fizermos com que pensem que sua tia me entregou a chave, em vez de fazê-lo a você, as atenções do Círculo serão desviadas para a minha pessoa e eu sou um pouco mais difícil de ser atingido. Irei ao Gringotes, onde certamente o Círculo deve ter postado um espião e chamarei a atenção para mim. Trarei as provas para Hogwarts, onde ficarão sob nossa guarda e isso fará com que o Círculo hesite em agir.
Arianne entregou a chave para Dumbledore e todos saíram para dar uma volta por Hogwarts. Nos corredores, encontraram-se com Cliff, Nereida e Adriano. Cliff cumprimentou o tio e os três saíram. Logo adiante, Soraya acenou para eles, suada e em roupas de ginástica, após voltar de uma corrida no campo de Quadribol.
_Ainda me lembro de quando eu era uma aluna do primeiro ano e xeretava pelos corredores, debaixo da Capa de Invisibilidade de Harry, que eu “emprestava” do seu malão.
_No mínimo umas três vezes por semana. _ disse Harry _ mas esse hábito revelou-se extremamente importante quando Sibila e Wormtail raptaram Janine.
_Sim. Cho Chang estava sob o domínio daquela vigarista e sedou Janine com um Feitiço Morpheus. _ disse Dennis.
_E graças a Arianne soubemos com detalhes como havia sido o rapto e pudemos localizar Janine, que era prisioneira em Azkaban. _ Dumbledore lembrava-se dos fatos _ Bem, agora deverei ir ao Gringotes, para atrair as atenções do Círculo. Harry, você vem comigo?
_Sim, professor. Assim nosso plano terá mais credibilidade.
_Muito obrigada, Prof. Dumbledore. _ disse Arianne _ Agora fico bem mais tranqüila. Creio que também vamos indo para casa. Ah, antes que eu me esqueça, não deixem de aparecer no Talk-Show da WBC, daqui a cinco dias. Sabem muito bem que vocês são convidados especiais e a sua presença será o complemento indispensável, levando-se em consideração quem será o entrevistado.
_É mesmo. _ lembrou-se Harry _ Ele já está aqui há alguns dias e a entrevista será muito importante. Eu e Gina estaremos lá, pode ter certeza.
_Assim como eu e Minerva. _ disse Dumbledore.
_Conte comigo e com Sirius. _ disse Ayesha.
_Creio que todos os Inseparáveis estarão lá. _ disse Harry.

Arianne e Dennis tomaram uma lareira para casa e logo foram secundados por Dumbledore e Harry, estes indo rumo ao Gringotes. Lá chegando, dirigiram-se ao duende gerente.
_Bom dia, Hensker.
_Bom dia, Prof. Dumbledore. _ respondeu o duende _ O que traz o senhor e mais Harry Potter ao Gringotes?
_Antes de morrer, Rita Skeeter me deu a chave de um cofre e pediu que eu ficasse com seu conteúdo. Foi o que viemos fazer, examinar o que há nele e transferir para o meu.
Acompanhados por Grampo, desceram aos cofres e abriram o de Rita. Não haviam valores, aquele era um cofre no qual ela guardava suas provas contra o Círculo. Várias caixas estavam empilhadas e os bruxos deduziram qual era seu conteúdo. Deviam estar cheias de Bolhas de Mensagem, Cristais de Armazenagem e outros meios bruxos e trouxas de guardar informações. Transferiram o material para o cofre de Alvo Dumbledore e subiram para a entrada.
Saindo do Gringotes, pararam na sorveteria de Florean Fortescue, para um bem-vindo sorvete.
_Você percebeu algo lá no Gringotes, Harry?
_Sim, professor. Três pessoas pareceram prestar muita atenção em nós, desde que entramos no banco. E uma delas teve uma ligeira alteração no olhar, quando o senhor mencionou que estava com a chave de Rita. E é justamente ela que está entrando na Agência de Corujas Postais, veja.
_Então deu certo. Arianne pode ficar tranqüila, pois o Círculo voltará suas atenções para mim e não para ela.
_O senhor fala com tanta tranqüilidade que nem parece que eles são perigosos.
_Já vivi muito, Harry. Se algo acontecer comigo, partirei consciente de ter cumprido a minha missão. Mas eu estou longe de ser um velho indefeso.
_Que o digam aqueles que o senhor estuporou no gabinete da Direção, quando eu estava no quinto ano e tentaram levá-lo preso. _ os dois riram.
_Pois é. Bem, falando de coisas mais práticas, a morte de Filius levanta uma outra questão. Precisaremos de um novo professor para a disciplina de Feitiços. Por enquanto eu estou dando uma ajuda e lecionando a matéria, interinamente. Mas precisaremos de alguém qualificado para assumir a cadeira.
_E o senhor já tem alguém em mente, Prof. Dumbledore?
_Creio que sim, Harry. Ela reúne todas as qualificações necessárias para lecionar essa disciplina.
_Ela?
_Sim. E você a conhece.
_O senhor está falando da...
_Exatamente. Só falta fazer o convite. Ela já havia dito que gostaria de voltar como professora um dia.
_É mesmo! Lembro-me de que ela disse isso, quando concluímos o sexto ano.
_Então creio que é apenas questão de fazer o convite.
_Jan irá gostar bastante. E Draco vai ficar orgulhoso.
Acredito que sim, Harry. Bem, acho que vou retornar para Hogsmeade. Bom dia.
_Bom dia, professor.
Dumbledore retirou-se e desaparatou para Hogsmeade.

No dia seguinte, Janine e Draco verificavam a correspondência antes de irem para a sede da “Malfoy Import & Export”. Draco pegou um envelope e disse:
_Jan, este é para você. Tem o timbre de Hogwarts e a letra é a da Diretora McGonnagall.
_Para mim? _ admirou-se Janine _ Mas o que poderia ser?
Abriu o envelope e, após ler a carta, olhou para Draco.
_Draco, é um convite para lecionar Feitiços em Hogwarts! A Diretora e o Conselho Deliberativo da Escola indicaram o meu nome para substituir o Prof. Flitwick na cadeira da matéria!
_Acho que aquela nossa conversa do final do sexto ano chegou ao conhecimento deles. E o que você pensa em fazer a respeito?
_Acho que vou aceitar, Draco. Minha ausência não prejudicará as empresas e daremos um jeito de estarmos juntos sempre que possível.
Narcisa chegou para o café e viu a agitação dos pais.
_O que foi, mamãe?
_Filha, recebi um convite para ser professora em Hogwarts. A Diretora McGonnagall quer que eu vá lecionar Feitiços.
_Uau! Mas que honra, mamãe! O Prof. Flitwick conseguiu fazer com que a matéria fosse uma das mais importantes da escola.
_Vamos mandar a resposta hoje mesmo, Jan. _ sugeriu Draco.
_É para já, meu amor. Outra coisa, já confirmamos nossa presença no Talk-Show de Arianne?
_Sim, estaremos lá. Estou curioso para conhecer o entrevistado.
_Creio que ele terá muitas coisas interessantes para nos dizer. Bem, vou mandar Charrua levar a resposta para o Prof. Dumbledore.
Momentos depois, Charrua levantava vôo e seguia para o Norte, rumo a Hogwarts. Logo a escola teria uma nova professora de Feitiços, Janine Malfoy.

Cinco dias depois, foi gravado o Talk-Show de Arianne com o misterioso entrevistado. Realmente, foi um evento muito interessante e no dia seguinte ele já estava indo embora. Harry e Rony concentravam seus esforços em descobrir quem poderia ser a próxima vítima de “Sombra & Escuridão” com a Praga seguinte do “Eser Ha-Makot”. Pela seqüência da Bíblia, seria “Kinim”, a Praga das Pulgas e Percevejos. Mas a realidade seria ainda pior do que eles imaginavam. Anthony Goldstein chegou ao Ministério, entregando sua varinha ao vigia e cumprimentando seus conhecidos, alguns dos quais freqüentavam sua sinagoga. Dirigiu-se ao escritório de Harry e entrou, cumprimentando o amigo.
_Nossa, Anthony! _ exclamou Harry _ Mas que cara é essa?
_Harry, a coisa é ainda mais séria. Estive pesquisando antigos pergaminhos que falam das Dez Pragas e descobri que a Terceira Praga pode ser ainda pior do que imaginamos.
_Como assim, Anthony?
_A palavra “Kinim” foi traduzida em um sentido meio restrito, alguns pensam que ela refere-se apenas a Besouros, Piolhos, Pulgas ou Percevejos. Mas pode também abranger outros tipos de insetos, bastante perigosos e que, segundo alguns autores, foram eles que protagonizaram a Terceira Praga.
_De que tipo? Formigas ou...
_... Abelhas, Harry. E qualquer um que tenha estudado os Fundamentos de Farmacologia Bruxa que Snape nos ensinou em Poções sabe o que isso pode significar, o ataque de um enxame de abelhas poderia causar fibrilação ventricular e parada cardíaca em sua vítima, devido a uma dose maciça de...
_... Apitoxina!! Em nome de Merlin, isso é muito grave!
Naquele momento o celular enfeitiçado de Harry tocou e ele atendeu. Encerrando a ligação, virou-se para Anthony Goldstein.
_E parece que já aconteceu. Venha comigo até o St. Mungus, Anthony.
_É para já.
Os dois amigos foram até o Átrio, onde Goldstein pegou de volta sua varinha e tomaram uma lareira para o St. Mungus. Lá chegando, foram recepcionados pela pessoa que ligara para Harry.
_Duda, o que foi que aconteceu?
_Agora dá para explicar direito, Harry. Achei que não era seguro falar pelo telefone, mesmo que nossos aparelhos sejam enfeitiçados. Dunga e Arabella estão recebendo cuidados intensivos dos Medi-Bruxos, mas o estado deles é bastante grave.
_Conte o que você sabe, primo.
_OK. Lilá aparatou comigo em Little Whinging, para que fizéssemos uma visita aos meus pais. Afinal de contas, a idade chega para todos, não é?
_Sim. Eu estive lá, há umas duas semanas atrás. E o que houve?
_Certa hora, minha mãe comentou que Arabella Figg estava com saudades, pois já não nos via há bastante tempo e sugeriu que déssemos uma passada para vê-la. Nós fomos e ela nos convidou para tomarmos um chá com ela e Mundungus Fletcher, que havia aparecido para uma visita. O cara já tem idade, mas parece que não mudou nada em todos esses anos. Ainda parecia o mesmo daquela vez na qual estava conosco, quando você tomou o Nôitibus para a Toca, quando ia para o sexto ano.
_A longevidade é uma característica bruxa, Duda. O Dunga ainda vai carregar aquela cara de velho cão de caça por muito tempo.
_Bem, certa hora as chamas da lareira ficaram verdes e eu perguntei se eles estavam esperando alguma visita bruxa. Ela disse que não. Então, uma abelha entrou pela lareira, seguida por outra e mais outra. Logo, havia um enxame na sala. Lilá me abraçou e tentou desaparatar comigo, mas não conseguiu. Dunga e Arabella também não conseguiram, parecia que a casa havia sido cercada por um Feitiço de Bloqueio de Aparatação. Os dois tentavam livrar-se das abelhas com feitiços e tentaram também abrir as portas, mas elas estavam magicamente lacradas. Lilá chegou a ajudá-los, mas eles nos mandaram sair de perto. Naquele momento, Dunga jogou para mim um Chiclete de Fuga e eu me lembrei que havia um outro no meu bolso, confiscado de Simone.
_Bem mostra que é amiga dos meus filhos. _ os primos sorriram, lembrando-se das travessuras de suas crianças _ E daí, Duda?
_Dunga e Arabella mandaram que saíssemos dali e tentássemos buscar um socorro bruxo. Estouramos bolas dos Chicletes de Fuga e, por sorte, o bloqueio não estava preparado para eles. Aí reaparecemos no quintal dos meus pais, tendo tomado apenas algumas picadas. A primeira pessoa de quem me lembrei foi de Gina, já que ela é Medi-Bruxa. Liguei para ela e logo uma equipe de emergência estava chegando à casa e conseguiram desfazer o Feitiço de Bloqueio. As abelhas haviam desaparecido e os dois estavam caídos no chão, cobertos de picadas e respirando com dificuldade. Fomos todos trazidos ao St. Mungus para atendimento. Lilá e eu fomos logo liberados, pois havíamos levado poucas picadas das abelhas. Ela foi ficar com Simone e eu fiquei aqui, para ter notícias atualizadas do estado dos dois e ligar para você. Oh, Gina vem vindo aí.
_Oi, Duda. Oi, Anthony. _ disse a ruiva, logo dando um beijo em Harry, bastante preocupada _ Oh, Harry, foi horrível! Os dois estão lá dentro, com os rostos deformados de tantas picadas que receberam. Arabella parece estar dando mostras de recuperação, mas o Dunga, eu não sei se vai resistir.
_Ele levou uma vida muito desregrada, portanto tem a saúde meio debilitada, ainda que não aparente tanto. _ disse Harry _ Muita Apitoxina no sangue, não sei se o coração dele vai resistir. Já tentaram a Poção de Digitalis magna? Ela é muito boa para reverter a fibrilação.
_Já, Harry. E é isso que o está mantendo vivo. Agora só podemos esperar.

Mas não tiveram de esperar muito. Logo um Medi-Bruxo aparecia no saguão, dando uma triste notícia.
_Sr. Dursley, Sr. e Dra. Potter, tenho boas e más notícias. A Sra. Arabella Figg está em estado ainda grave, mas em franca recuperação. Quanto ao Sr. Fletcher, bem... ele não resistiu e faleceu. Tentamos a Poção de Digitalis magna, mas havia muita Apitoxina na corrente sangüínea e seu coração já era meio fraco, resultado da vida relaxada que ele levava. Ele bebia e fumava demais e, para certos danos físicos, principalmente nos pulmões, coração e fígado, não há poção ou feitiço que dê jeito. Lembro-me de meu bisavô, que tratou por muito tempo do enfisema pulmonar do Sr. Jean-Marc Malfoy D’Alembert. O máximo que conseguiu foi permitir que envelhecesse e morresse com dignidade.
_Arabella vai ficar desesperada quando souber. Aliás, não só ela. Mundungus Fletcher era um pilantra, um vigarista mas, no fundo, era uma boa pessoa, totalmente leal a Dumbledore e muitos na Bruxidade gostavam dele. Afinal, não faria parte da Ordem da Fênix se não fosse assim. _ comentou Harry.
_Houve uma coisa muito estranha, Harry. _ disse Duda _ Quando eu entrei na casa, logo depois dos Medi-Bruxos, vi que, além das abelhas terem desaparecido, talvez pela lareira, havia algo escrito na parede e em outro idioma.
_Tem idéia de qual? _ perguntou Gina.

_Hebraico, eu acho. Não conheço bem o idioma nem o alfabeto, mas era o que parecia ser.
_E você se lembra de como eram os caracteres, Duda?
_Eu não me lembraria deles, Anthony, por isso eu os copiei neste pedaço de papel. Achei estranho porque antes não havia nada escrito.
_Está com o papel, Duda? _ perguntou Harry.
_Sim, aqui está ele. _ e deu o papel ao primo.
Harry olhou aquilo e passou o papel para Goldstein.
_OY VEY, MAME MAINE! _ exclamou o Bruxo-Rabino.
_Era o que pensávamos, Anthony? _ perguntou Harry _ Eu acho que reconheço os caracteres.
_Sim, exatamente o que pensávamos, Harry. Veja.
No papel haviam, copiados com exatidão, os caracteres “כִנִּים”.
_ “Kinim”. _ disse Goldstein, boquiaberto.
_A Praga dos Insetos, que nós pensávamos que seria com Pulgas e Percevejos. _ disse Harry.
_A Terceira Praga do Egito! _ exclamou Gina.
_Nem vou perguntar o que é, pois acho melhor não saber. _ disse Duda.
_Mas acho melhor que você saiba de alguma coisa, pois poderá ser um alvo, apenas por ser meu parente, Duda. Acho que teremos de reforçar bastante aqueles Feitiços de Proteção do ano em que atingi a maioridade. Vou falar com Dumbledore.
Na cafeteria do St. Mungus, os bruxos e mais Duda conversavam. Harry pôs o primo a par dos fatos, até onde podia sem comprometer o sigilo das investigações.
_... E me preocupa muito, Duda, pois o Círculo está se movimentando de modo a atingir membros da Ordem da Fênix e pessoas próximas a mim. Já fui advertido de que “Escuridão” está encarando isso como coisa pessoal e agora estou tendo a certeza. _ e tomou um gole do seu Espresso _ Primeiro a Rosa-Vampira para Hermione, que acabou atingindo a Profª Sprout. Depois as rãs que atingiram Rita Skeeter e o Prof. Flitwick. E agora Dunga e a Sra. Figg. Quem poderão ser os próximos?
_Talvez não seja só isso, Harry. _ disse Gina _ Lembra-se de que você aventou a hipótese de “Escuridão” ser um Death Eater não-identificado?
_Sim. É difícil, pois todos os Death Eaters conhecidos estão mortos ou presos, porém não impossível. Vejamos: Lucius Malfoy.
_Morto. _ disse Goldstein _ Morreu naquela rebelião em Azkaban, tentando proteger Valérie.
_Bellatrix Lestrange. _ disse Duda.
_Morta. _ respondeu Gina _ Cerca de cinco anos depois do fim de Voldemort.
_Amycus e Alecto Carrow. _ lembrou-se Harry.
_Presos em Azkaban, segundo o que você me contou. _ disse Duda.
_Mas um deles tem uma filha que está em Hogwarts.
_Annellise. _ disse Gina _ Filha de Amycus. Lembra-se de que ela tentou azarar Soraya?
_Sim. E se deu mal, pois Soraya rebateu a azaração e a garota recebeu todo o impacto de volta. _ disse Harry, rindo. _ Bem, continuando, Valérie Malfoy. Embora não fosse uma Death Eater, seria iniciada e ocuparia o cargo de Mestre-Envenenador.
_Morta, junto com Lucius. _ disse Goldstein _ Wormtail e Sibila.
_Casados e encarcerados em Azkaban. Não quiseram participar daquela rebelião na qual Valérie e Lucius morreram. _ disse Duda _ Está em “Hogwarts, Uma História” e eu li esse volume. Crabbe e Goyle.
_Também encarcerados, assim como Jugson, Gibbon, Travers, Rudolph Lestrange e Nott. Mulciber e Rabastan Lestrange morreram naquela rebelião. Parece que os principais Death Eaters têm suas situações já conhecidas. _ comentou Gina.
_Um outro detalhe, gente. _ disse Goldstein _ O “Eser Ha-Makot” só tem efeito na mesma seqüência em que foi permitido que Moisés o usasse. Acredito que isso poderá ser utilizado como uma vantagem.
_Como assim, Anthony? _ perguntou Harry.
_Sabendo qual a Praga seguinte, será possível calcular que tipo de feitiço poderia ser utilizado para executá-la.
_Para isso teremos de falar com Dumbledore, pois eu acho que “Escuridão” está tirando os feitiços do Necronomicon (Harry não podia revelar que aquela informação viera da parte de “π”). Ele já esteve com os livros nas mãos e deve saber algo sobre os feitiços do “Eser Ha-Makot”.
_Bem, eu já vou indo. Lilá deve estar querendo notícias. Até a próxima, gente. _ disse Duda, retirando-se e tomando uma lareira para casa. Goldstein também foi, logo depois.

_Estou pensando em uma outra coisa, querido. _ disse Gina _ Eu acho que você não é o único que tem de se cuidar. Lembra-se de que seu informante lhe disse que “Escuridão” estava levando a coisa para o lado pessoal?
_Sim. E já sei onde você quer chegar. Eles vão tentar atingir Draco, através de pessoas próximas a ele. Janine, Adriano, Narcisa, Marilise, Mason e Sabrina são alvos prioritários e devem ser avisados, para que possam se proteger. A próxima Praga é “עָרֹב” ou seja, “Arov”. A Praga das Moscas. Preciso procurar Dumbledore para que procuremos meios de tentar antecipar os passos do Círculo. E vou fazer isso agora.
_Tudo bem, Harry. _ disse Gina _ Vou terminar o turno e depois ir para o consultório. Pode deixar que eu pego as crianças na escola e aproveito para alertar Marilise.
Harry Potter beijou a esposa e saiu do St. Mungus. No banheiro masculino de um restaurante, desparatou para Hogsmeade.

Enquanto Harry avisava Dumbledore, o Círculo se mexia. Um novo volume do Necronomicon manifestara-se no Japão e Rony havia ido para lá, com Sirius. Ambos estavam transfigurados e foram procurar por seu contato entre os Aurores Japoneses, ninguém menos que... Heiko. A jovem concluíra seus estudos em Hogwarts, entrara para a Academia Asiática de Aurores, localizada nas montanhas de Fukushima e casara-se com Stuart Townsend depois de formada. Além disso, os dois eram sócios da empresa de logros formada pela fusão da “Gemialidades Weasley” com os “Honra & Amizade”, sendo seus representantes no Japão. Tetsuken e Camille haviam ido para os EUA e viviam em Nova York, administrando a divisão americana da empresa. Seguindo o exemplo que haviam tido quando alunos, jamais deixaram de treinar.
_Banshee, Tigershark, é uma grande honra recebê-los no Japão. Estamos ao seu dispor para o que for preciso. _ disse Heiko, fazendo uma reverência.
_Domo arigatô gozaimassu, Heiko-san. _ respondeu Rony, ambos correspondendo à reverência da Auror _ O local que indicamos está sob vigilância?
_Hai. Uma equipe está perto do local, com um Sensor de Atividade Mágica portátil. Ninguém entrou, conforme suas instruções.
_Ichi-ban, Heiko-san. Se alguém se aproximar sem isso aqui o livro muda de lugar. _ disse Sirius, mostrando a bússola mágica.
_Parece o Radar do Dragão, de “Dragon Ball”. _ disse ela.
_Foi o que comentei quando Harry me mostrou a bússola pela primeira vez. _ disse Rony.
_E como está ele?
_Bem. Ele está envolvido em uma outra missão, mas quando soube que viríamos ao Japão e que você seria o nosso contato, pediu que lhes déssemos um grande abraço. Todos sabem do papel que vocês tiveram na captura de Valérie Malfoy, quando estavam no primeiro ano.
_Parece que foi ontem, mas já se vão mais de treze anos.
_Vamos entrar? _ sugeriu Sirius.
_Vamos. _ concordou Rony.
Entraram e procuraram pelo volume do Necronomicon. Em um canto do velho templo xintoísta abandonado de Kamakura, onde estavam, Rony encontrou o livro. Mas, naquele momento, a batalha começou.
Um esquadrão de assalto do Círculo aparatou no local, já assumindo posições de combate e lançando feitiços e maldições letais, que eram defletidas e contra-atacadas pelos Aurores. O grupo era comandado por “Sombra”, em pessoa. Vendo que Tigershark estava prestes a pôr as mãos no livro, não hesitou em lançar um Sectumsempra, prontamente desviado por um Protego Maxima. Um dos membros do grupo mirou em Banshee, que estava duelando com outro bruxo e lançou seu feitiço:
_ “AVADA KEDAVRA”! _ mas Rony estava atento e apenas disse:
_ “AGNI CHAKSHU SHIVA, BHASMASAYA ANDHAS AGHA SARPAH”!! _ Mais uma vez a Terceira Visão manifestou-se e o Olho de Shiva salvou sua vida.
Caíam combatentes de ambos os lados, até que um outro Sectumsempra atingiu Heiko de raspão, mas com força suficiente para provocar um grande sangramento. O livro ficou caído no meio do salão, com Sirius e “Sombra” a distâncias iguais dele, com as varinhas apontadas um para o outro, em um impasse que foi rompido por um gemido de Heiko Musashi.
_Então, Tigershark, a escolha é sua. _ disse “Sombra”, apontando sua varinha para a japonesa _ O livro ou a jovem Auror Heiko.
_N-não dê ouvidos... a ela... Tigershark. Pegue o l-livro. _ disse Heiko, entre gemidos de dor e sangrando mais do que antes.
_Não, Heiko-san. O livro nós poderemos recuperar depois. Se você morrer, não haverá volta. OK, você venceu, “Sombra”. Leve o livro. Mas saiba que nós voltaremos a nos encontrar.
_Espero que não, Tigershark. Eu não gostaria de ter de acabar com um adversário tão leal como você. _ e desaparatou, levando consigo o volume do Necronomicon.
O grupo de Aurores desaparatou para o hospital bruxo mais próximo, depois de Banshee haver prestado os primeiros socorros a Heiko, com Feitiços Cicatrizantes e Poção de Ditamno, como Harry havia feito com Vicenzo em outra ocasião.
Enquanto Heiko recebia os cuidados necessários no hospital, Rony e Sirius tomavam um chá na cafeteria. Ambos haviam recebido ferimentos de menor gravidade e já haviam sido liberados.
_Você está meio pensativo, Sirius. O que houve?
_Algo estranho em “Sombra”, pois mesmo que mantivesse o Ki baixo, deu para sentir a vibração basal. Era feminina e, além disso, ela possuía um cheiro meio familiar.
_O olfato de cão, novamente?
_Sim. Por ser um Animago canino, acabei desenvolvendo muito a audição e o olfato. O cheiro de “Sombra” não me é de todo desconhecido, embora não dê para identificar com precisão. Parece que ela sabe disfarçar bem.
_Ao menos você descobriu que é mulher. Já é um pequeno avanço nas investigações.
_Mas o livro está com o Círculo. Será difícil localizá-lo.
_Nem tanto, Sirius. _ disse Rony _ Lembra-se da moeda rastreadora da Jan?
_Sim. Foi através dela que vocês descobriram que Sibila e Wormtail haviam levado Janine para Azkaban.
_Pois eu utilizei em um marcador de páginas o mesmo feitiço que Dumbledore colocou na moeda. Durante a luta, consegui colocá-lo dentro do livro, antes que um dos bruxos do Círculo lançasse um Feitiço Convocatório e o tirasse de minhas mãos. Ninguém desconfiaria de um simples marcador.
_Excelente, Rony. Com isso poderemos tentar localizar um dos esconderijos do Círculo Sombrio. Cara, aquele ferimento na sua coxa foi feio.
_Pois é. Dez centímetros para a esquerda e a Mione nunca mais iria me perdoar. Os Medi-Bruxos do Japão são nota dez. Seu ombro também foi seriamente atingido, mas eles deram um jeito bem rápido.
_Por isso eu estou certo de que Heiko vai recuperar-se numa boa. Ah, aí vem o Dr. Watanabe.
_Banshee, Tigershark, tenho a satisfação de anunciar aos senhores que Heiko-san está totalmente recuperada. Mais umas duas horas de sono e ela receberá alta.
_Uma excelente notícia, Watanabe-san. Aguardaremos sua liberação. _ disse Rony.

Em um dos esconderijos do Círculo Sombrio, “Escuridão” folheava o volume do Necronomicon recém-obtido e um sorriso desenhou-se no seu rosto.
_Aqui está, “Sombra”. Eis o feitiço que eu procurava. Agora poderemos reerguer a Ordem das Trevas, quando o momento chegar... Maldição! Está incompleto! Aqui diz: “Conclui no Volume 7”. Este é o 6. Os volumes de 1 a 5 estão conosco ou com aqueles patéticos de Dumbledore. Bem, nosos planos ficam apenas adiados até que encontremos e conquistemos o sétimo volume. De qualquer forma, há outras coisas bem interessantes, as quais poderemos usar como plano alternativo. Bem, é hora de dar seqüência ao “Eser Ha-Makot” e fazer com que outros sintam o peso de nossa ira. Vamos atingir mais pessoas desta vez, além de, por outro lado, prestarmos um serviço à Bruxidade, reduzindo a população carcerária de Azkaban. Gosto da próxima Praga, “Arov”. Ela desencadeia um efeito “3 em 1” que logo conferiremos. Acho que Azkaban está prestes a sofrer uma nova invasão, desta vez por pequenos inimigos que castigarão os poltrões e aqueles que traíram os princípios da Ordem das Trevas. Todos eles receberão a vingança do Círculo. _ e, pegando uma garrafa de vinho dos elfos, “Escuridão” serviu duas taças e ofereceu uma a “Sombra” _ Ao castigo dos traidores.
_Ao castigo dos traidores. _ repetiu “Sombra”, brindando com “Escuridão”.

A ilha-prisão de Azkaban situava-se no meio do Mar do Norte, o que proporcionava uma temperatura amena, mesmo durante o verão. Mas os últimos dias haviam sido excepcionalmente quentes e com uma particularidade, um grande aumento no número de moscas na ilha. O presídio bruxo contava com telas e inseticidas magicamente potencializados, porém quase não estavam dando conta. E lá encontramos o proprietário e Editor-Chefe do Pasquim, Nigel Lovegood, conversando com o atual Diretor de Azkaban, Felix Stivers, o mesmo que fora vítima de uma Maldição Imperius lançada por um Death Eater, acabando por desligar temporariamente o Sensor de Atividades Mágicas da ilha e possibilitando uma invasão, anos antes (* Ler “Harry Potter e o Olho de Shiva”*), que culminou em uma batalha entre os Inseparáveis e os bruxos das Trevas, com a participação dos Aurores e da Ordem da Fênix.
Nigel havia ido a Azkaban com a finalidade de entrevistar antigos Death Esters para saber o que eles achavam que seria da Bruxidade agora, sem Voldemort mas com a ameaça do Círculo Sombrio. Enquanto a entrevista se desenrolava, as moscas não deixavam ninguém em paz, a todo tempo pousando nos bruxos e sendo por eles enxotadas. Naquele momento, Nigel Lovegood estava conversando com Peter Pettigrew e Sibila Trelawney.
_E agora, Pettigrew, você e Sibila só querem concluir suas penas e depois tentarem reconstruir suas vidas?
_Isso mesmo, Lovegood. Já fiz muita coisa quando os Death Eaters estavam em atividade, umas por medo de Voldemort, outras por vontade própria. Eu me achava importante sendo um Death Eater e, para mim, era uma espécie de vingança contra os outros Marotos.
_Como assim?
_Nunca consegui tirar da cabeça a idéia de que eles apenas me toleravam, não eram meus amigos de verdade. Aquilo tornou-se algo tipo uma obsessão, entende? Aí eu tentava provar que merecia ser um Maroto, mas me dava mal na maior parte das vezes. Acho que a única vez que algo deu certo foi quando consegui me tornar um Animago e, mesmo assim, precisei de toda a ajuda possível.
_E por que você traiu os Potter? Quando Karkaroff confessou, toda a Bruxidade ficou sabendo que você era o Fiel do Segredo.
_É meio difícil responder, Lovegood. Agora que eu e Sibila estamos casados, me parece uma tremenda bobagem mas, na época, eu ocultava uma paixão por Lílian Potter e me ressentia por achar que ela me tratava com indiferença. Eu já era espião de Voldemort há cerca de um ano e era de um escalão inferior. Quando Sirius, Lílian e Tiago resolveram escolher a mim, um bruxo de menor importância, como Fiel do Segredo, vi a oportunidade de crescer entre os Death Eaters e de me vingar.Mas tentaria poupar Lílian, se possível, só que não consegui. Ela ofereceu sua vida pela de Harry, contribuindo para a derrota de Voldemort. Bem, toda a Bruxidade sabe do resto. Forjei minha morte e acabei incriminando Sirius pois, fora eu e ele, todos os que sabiam que eu era o Fiel do Segredo estavam mortos. Ele passou doze anos aqui em Azkaban e eu me fingi de rato, sendo mascote dos Weasley. No final, me descobriram e eu fugi. Acabei encontrando Voldemort e contribuí para sua volta. Não serei hipócrita ao ponto de dizer que me arrependo de tudo o que fiz, pois muita coisa fiz por vontade própria. Sei que eu e Sibila só sairemos daqui devido a um grande ato de generosidade de Arthur Weasley, que aliviou nossa prisão perpétua para uma pena longa, mas que um dia terminará. Também sei que a Bruxidade nos tratará como párias, por tudo o que fizemos mas, de qualquer forma, uma pequena chance é melhor do que nenhuma. Mas em uma coisa você pode acreditar, Nigel. Eu jamais iria aderir ao Círculo quando sair daqui. Já fiz muita besteira na vida e não preciso de mais uma. Sibila concorda comigo, não é, querida?
_Sem dúvida, Peter. _ respondeu a ex-professora de Adivinhação de Hogwarts _ Aderi aos Death Eaters naquele verão, depois que Harry Potter e os Inseparáveis combateram Voldemort no Ministério. Eu já estava em dúvida quanto à minha lealdade e, quando soube que Peter estava vivo, dei um jeito de achá-lo e me encontrar com ele. Não sou uma verdadeira Vidente, como minha trisavô, Cassandra Trelawney, mas tive um “Flash” premonitório que me ajudou. Eu já tinha uma queda por ele e o que aconteceu entre nós dali por diante também me ajudou a esquecer o que eu senti um dia por Severo Snape. Só que, em um ataque de fúria e com vontade de me vingar, bolei aquele atentado maluco contra ele e Rosmerta, na noite do Baile de Inverno do ano seguinte. Por incrível que pareça, Voldemort não descobriu. Ainda bem ou eu não estaria viva aqui agora, contando isso.

As moscas começaram a incomodar ainda mais, pousando em maior quantidade e dando preferência a alguns, principalmente Sibila e Wormtail, que espantavam-nas incessantemente, sem sucesso. Então, como que por um encanto, elas se afastaram e reagruparam-se a uma certa altura, todas elas enxameando de modo a formarem uma figura no céu.
_O que é aquilo, querida? _ perguntou Wormtail, vendo a figura formada pelas moscas.
_Por Merlin, Peter! Elas estão formando uma palavra! Isso não é comum, elas devem estar enfeitiçadas!
_E você sabe o que elas estão formando? _ perguntou Ebenezer Crabbe, que estava perto.
_Parece Hebraico. _ comentou Nott.
_Sim, é Hebraico. _ disse Nigel Lovegood _ Só que eu não conheço o idioma.
_Eu conheço, Nigel. _ disse Sibila _ Para lecionar Adivinhação em Hogwarts eu tive de estudar a Cabala e, para isso, tive de aprender o idioma Hebraico.
_E você pode nos dizer, Sibila? _ o Diretor Stivers estava curioso.
_Sim, senhor. A palavra é... “Arov”!

As moscas formavam no céu a figura dos caracteres Hebraicos da Quarta Praga: “עָרֹב”. Em seguida, desapareceram.

_Pragas do Egito! _ exclamou Nigel _ Eu andei lendo sobre elas, o chamado “Eser Ha-Makot”.
_São dez ao todo, pelo que eu me lembro. _ disse Alecto Carrow.
Mas o que estariam fazendo aqui, em Azkaban? _ perguntou Gibbon.
_Eu soube que pessoas andaram morrendo em situações que pareciam com as Dez Pragas. _ disse Amycus _ Será que alguém aqui é um alvo?

Wormtail e Sibila começaram a suar e a sentir náuseas.
_Não m-me sinto muito... muito b-bem. _ disse Sibila.
_Eu... eu t-também não. _ comentou Wormtail.
Os dois bruxos prisioneiros caíram ao solo, transpirando profusamente e bastante pálidos. Nigel, Crabbe, Goyle e Jugson logo trataram de carregá-los para a enfermaria do presídio, auxiliados por Nott, Travers e Amycus. Stivers foi na frente, abrindo o caminho. Chegando à enfermaria, o Medi-Bruxo responsável perguntou o que houve.
_O que aconteceu com o casal Pettigrew?
_Começaram a suar e sentir náuseas e em seguida desmaiaram, Dr. Kincaid. _ disse Nott _ Em seguida nós tratamos de trazê-los para cá.
O casal de bruxos foi deitado em macas e o Dr. Kincaid começou a examiná-los. Pegou a varinha e encostou na testa de Sibila.
_ “Tempermensura”! _ imediatamente a varinha projetou 40°C na parede _ Por Merlin! Está ardendo em febre! Vamos ver como está Peter.
A varinha projetou os mesmos 40°C. Wormtail também estava com febre altíssima. Além disso, ambos começaram a apresentar vômitos e diarréia, com raias de sangue.
_Diretor Stivers, não dá para segurar os dois aqui. É melhor mandá-los para o St. Mungus, onde há mais recursos. E eu acho bom que todos os que tiveram contato com eles também sejam examinados.
_Com certeza, Dr. Kincaid. Rápido, vamos desativar seus colares e braceletes e tomar uma Chave de Portal para o St. Mungus.

Em um instante os bruxos estavam rodopiando para o Hospital St. Mungus, agarrados a uma cafeteira. Materializaram-se no saguão, onde uma equipe de Aurores já estava a postos para fazer a segurança. Foram levados para a Emergência e examinados. Logo Sibila e Wormtail começaram a receber cuidados intensivos, enquanto os outros apenas ficaram em observação. Seus filhos foram avisados e logo estavam chegando ao hospital: Luna, acompanhada de Neville. Vincent e Gregory, com suas esposas. Theodore, com sua esposa e, por último, Annellise, que havia sido liberada de Hogwarts, assim que Minerva recebera a notícia. Gina também havia sido avisada e estava com Luna.
_Como isso pode ter acontecido, Gina? Eu soube que meu pai havia ido a Azkaban para entrevistar antigos Death Eaters, mas não imaginava que isso poderia acontecer.
_Parece que houve uma invasão de moscas em Azkaban e, logo em seguida, Wormtail e Sibila começaram a passar mal. Os que levaram-nos para a enfermaria tiveram de ser examinados e estão em observação, para verem se não houve algum tipo de contágio.
_Acha que pode ter sido algo premeditado? _ perguntou Vincent.
_Como assim, Vincent? _ perguntou Gina, tentando disfarçar, pois os outros não sabiam dos crimes do Círculo.
_Ora, Gina, você sabe que não sou burro, sempre foi só fachada. E quanto às mortes esquisitas que ocorreram? Prof. Flitwick, Rita Skeeter, Mundungus Fletcher... Ora, isso é coisa de algum Serial Killer maluco. E, considerando que eu já assisti àquele filme trouxa do Vincent Price, “O Abominável Dr. Phibes”, notei que as coisas se encaixam com mortes baseadas nas Pragas.
_É, Vincent, parece que algum maluco está matando como ele. E os alvos são pessoas que de alguma forma prejudicaram o Círculo e a antiga Ordem das Trevas. _ disse Luna
_Mas isso não é justo, Luna. _ disse Theodore Nott _ Agora que nossos pais estão pagando seu débito para com a sociedade, serem atingidos só porque não quiseram participar daquela rebelião maluca, na qual Lucius e Valérie Malfoy morreram. E eu também assisti àquele filme. Sangue, Rãs, Abelhas, Moscas e agora essa estranha doença de Sibila e Peter Pettigrew.
_O que está querendo dizer, Sr. Nott? _ perguntou Annellise.
_Acho que sei, garota. _ disse Goyle _ Pode ser a seqüência das Pragas. A Praga da Peste dos Animais, ou “Dever”. Já tivemos esse estranho ataque de moscas, que poderia ser “Arov”. Eu também vi o filme.
_Por Merlin! _ exclamou Gina _ Faz sentido, porque Sibila e Peter Pettigrew são...
_... Animagos! _ completou Luna _ Ela é uma libélula e ele um rato! Como animagos eles podem estar sujeitos ao “Eser Ha-Makot”.

Naquele momento, um dos médicos apareceu no saguão.
_Sibila e Peter acabaram de morrer. E aconteceu uma coisa para lá de estranha. Logo antes de morrer, ambos expeliram uma golfada de sangue que, ao cair no chão, formou uma figura.
_E como era? _ perguntou Annellise.
_Era assim _ e o Medi-Bruxo fez surgir no ar “דֶּבֶר”.
_ “Dever”! _ exclamou Luna _ A Praga da Peste!
_Isolamos o quarto deles e os corpos terão de ser cremados. Sabem se eles têm parentes vivos?
_Quanto a Sibila eu não sei. _ disse Gina _ Mas eu me lembro do Prof. Lupin dizer que a mãe de Peter ainda era viva, embora bem idosa e que morava em Carlisle. Vou pedir para que ele entre em contato com ela.
_Quanto aos outros, parece que estão bem. Creio que poderão ser liberados daqui a... _ e não terminou a frase.
_Dr. Corrigan, os outros pacientes tiveram uma alteração no seu estado. Começaram a surgir pelo corpo deles várias...
_Úlceras! _ exclamaram todos _ “Shkhin”!

Os bruxos correram até o quarto onde os doentes estavam. Ebenezer Crabbe, Sylvius Goyle, Arsenius Nott, Amycus Carrow, Carl Jugson, David Travers e Nigel Lovegood tinham o corpo coberto por úlceras que parecia não haver feitiço capaz de cicatrizar e que supuravam gravemente. A vida se esvaía gradativamente de todos eles e, cerca de uma hora depois, estavam mortos, devido à septicemia provocada pelas úlceras. Todos eles tinham algo em comum. As úlceras formavam, no tórax de cada um deles, uma palavra em Hebraico.

“שְׁחִין”. “Shkhin”, a Praga das Úlceras. A Sexta Praga do “Eser Ha-Makot”.

Mais uma vez o lendário Necronomicon demonstrava o seu poder.

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