Onde Bruxo Algum Jamais Esteve



CAPÍTULO 25

ONDE BRUXO ALGUM JAMAIS ESTEVE







Comprimido de encontro ao encosto de sua poltrona pelo empuxo do lançamento e enxergando o mundo à sua volta através do Plexiglass de seu capacete, Harry Potter via os companheiros de equipe agindo normalmente, sem ao menos perceberem que estavam sendo dominados e, tranqüilamente sentado em seu lugar, Bernard Brent, o bruxo americano a soldo do Círculo Sombrio (“Mas como foi que eu não percebi? A substituição deve ter sido feita no dia de nossa confraternização lá no ‘Final Frontier’, pois foi lá que ele cometeu o primeiro erro. O segundo foi cometido há pouco. Não posso deixar que ele perceba que descobri quem é e que não estou sob o seu comando. Bem, vamos ‘tocar de ouvido’ e esperar pela melhor oportunidade para pegá-lo”, pensou Harry).
Cerca de oito minutos após o lançamento, ouviu-se a frase “MECO (Main Engine Cut-Off) Confirmed” e o tanque de cor laranja desconectou-se da nave, sendo ejetado. Os dois SRBs (“Solid Rocket Busters”, Foguetes de Combustível Sólido) já haviam cumprido com sua finalidade e, dois minutos após o lançamento, haviam sido ejetados e caído de pára-quedas no mar, de onde seriam resgatados para posterior reutilização. Naquele momento, a uma velocidade absurda de 27.358 Km/h, a Enterprise abandonou a órbita terrestre.
_Senhoras e senhores, podem retirar os capacetes e reclinar os encostos das poltronas. Daqui a pouco, daremos início ao serviço de bordo e esperamos que apreciem. _ brincou Renault, o Comandante da Missão.
Todos retiraram os capacetes e luvas, que ficaram a flutuar ao lado de seus donos, os quais não conseguiram reprimir um sorriso. Era realmente engraçado ver os efeitos da ausência de gravidade, principalmente fora das incômodas circunstâncias do KC-135. Os instrumentos foram checados e a rota para a Estação Espacial Internacional foi traçada. Dali a dois dias a Enterprise estaria atracando em uma das docas da remodelada e ampliada estação. Guardaram os capacetes e luvas nos armários e locomoveram-se, flutuando, para seus postos. Harry deteve-se um pouco a olhar por uma das vigias e admirar a beleza da Terra, vista daquela altitude.
_Lindo, não? _ perguntou Idehara _ Embora a gente já tenha visto várias vezes por fotos e documentários, admirar a Terra ao vivo, daqui de cima, é algo inigualável. Ainda mais quando é pela primeira vez.
_Com certeza, Idehara. _ disse Harry _ É uma lembrança que levarei para toda a minha vida. É lógico que as fotos também (os dois riram, enquanto Harry tirava algumas fotos com uma câmera digital tecnomagizada. Depois que retornasse para casa, faria com que a imagem de seu rosto nas fotos voltasse ao original).
_Certo, minha gente, podemos tirar os trajes de lançamento e ficar só com os de serviço. _ disse Renault, colocando a Enterprise em piloto automático e levantando-se. Todos também ficaram com os macacões de serviço, de cor azul e, do lado direito do peito, com o Patch da “Missão Hawkeyes”, desenhado pelos próprios astronautas, como já era tradição. Para aquela missão, representava o espaço, com uma cabeça de falcão negro estilizada em primeiro plano, uma fração da curvatura terrestre, um ônibus espacial estilizado e uma Lua crescente, cercados por uma barra amarela, na qual lia-se, em letras pretas, “Enterprise” na metade superior e “Hawkeyes” na inferior. No lado esquerdo do peito ia a tarjeta com o nome de guerra do astronauta. Na manga esquerda, via-se o símbolo da NASA e, na direita, a bandeira do país de origem. Embora Harry estivesse passando-se por irlandês, dera entrada no Programa Espacial pela Inglaterra, razão pela qual a bandeira que figurava no seu macacão era a “Union Jack”, a bandeira do Reino Unido.

Enquanto isso, na Inglaterra...

Rony Weasley estava, a pedido de Derek Mason, ministrando uma instrução para agentes da InterSec em uma das Academias Dragão de Prata, de propriedade do professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Como os alunos eram bruxos ou trouxas com acesso Nível 4, não haveria problema algum.
_Senhoras e senhores, o Prof. Mason pediu que eu ministrasse esta instrução, porque vocês fazem parte de uma elite, alunos que conseguiram dominar o Ki, a energia espiritual que todo ser humano possui. Os bruxos, quando não são das Trevas, possuem mais facilidade para tal, mas os trouxas também conseguem e, acreditem, tornam-se muito bons. Isso permite aumentar a força física, a velocidade e o equilíbrio.
_E o senhor conseguiu isso aos dezesseis anos, Sr. Weasley?
_Exatamente, Sr. Virdon. Ao ingressar na InterSec, o senhor passou a ter conhecimento de assuntos do mundo bruxo, então deve ter lido “Hogwarts, uma História”, mais exatamente o volume que trata da Batalha de Azkaban. Pode-se dizer que aquele ano representou o começo do fim para Lord Voldemort... Sr. Prang, eu não acredito que, mais de dez anos depois de sua morte, ainda existam pessoas que tremem ao ouvir o nome dele. Eu aprendi a perder o medo naquela época, depois de confirmar que ele não era invencível. Mesmo assim, foi preciso vê-lo quase morrer em Azkaban, depois de utilizarmos nele um Olho de Shiva, para ver que ele podia ser derrotado.
_E, no ano seguinte, ele cometeu Seppuku, não foi?
_Exato, Srta. Davenport. E Harry Potter, meu cunhado, foi seu assistente.
_Por falar nisso, onde está Harry? _ perguntou Sidney Colbert, um jovem bruxo que ingressara na InterSec.
_Soube que foi para o Timor Leste, em missão. Mais do que isso, não sei e, se soubesse, não poderia dizer. Bem, vamos à instrução. Lutadores de Ninjutsu-Bruxo têm a vantagem da magia, mas um Ninja trouxa pode neutralizar essa vantagem, não permitindo que o bruxo saque a varinha ou, caso a saque, que tenha uma boa mira. Vou demonstrar agora. Sr. Virdon, seja meu adversário.
_Já vi que vou apanhar feito cachorro que quebrou a panela.
_Que pessimismo, Virdon. Apenas não me deixe sacar a varinha ou mirar bem. Vamos lá.
No meio do tatame, Rony e Virdon iniciaram uma troca de golpes bastante rápida, o trouxa impedindo que Rony sacasse a varinha. Quando Rony conseguiu, Virdon procurou evitar que o ruivo mirasse e foi aproximando-se. Quando Rony preparou-se para estuporá-lo, ele acertou um Mawashi-geri na mão da varinha de Rony, fazendo-a voar longe. Quando preparou-se para nocauteá-lo com um Uraken, o “Camaleão-Fantasma” surpreendeu a todos, trazendo sua varinha de volta com Telecinese e amarrando Virdon com um Feitiço Incarcerous.
_Não usei magia para convocar a varinha. Em lugar disso, utilizei Telecinese, o que vocês também podem desenvolver. Lembrem-se de que, em missão, qualquer vantagem deve ser aproveitada. Eis a razão para manterem seus corpos e mentes sempre no melhor de suas condições. Sim, Sr. Prang? _ Rony viu que Prang levantara a mão.
_E o senhor nunca pensou em ser Auror?
_Pensei, quando estava no quarto e quinto anos. Depois, vi que minhas aptidões estavam mais para a área esportiva. Em tempo, jamais usei Telecinese nos meus tempos de Goleiro do Chudley Cannons (risos). Embora não seja Auror (e Rony riu-se por dentro, pois ninguém ali tinha a menor suspeita de que ele fosse “Banshee”, o “Camaleão-Fantasma”), vivi confrontos contra as Trevas desde os meus onze anos, quando eu e Hermione, hoje minha esposa, ajudamos Harry a impedir que Voldemort se apossase da Pedra Filosofal. No ano seguinte, resolvemos o enigma da Câmara Secreta, Harry impediu mais uma vez que Voldemort retornasse, matou seu basilisco e salvou a vida de minha irmã, com quem veio a casar-se. No terceiro ano, descobrimos quem, realmente, traiu os Potter e ajudamos a limpar o nome de Sirius Black. No outro ano, Voldemort retornou, mandou que Peter Pettigrew matasse nosso colega Cedric Diggory e começou a consolidar sua Segunda Ascenção, que foi interrompida com sua derrota, em Avalon, três anos depois. Agora, temos um novo inimigo pela frente, o tal Círculo Sombrio. _ enquanto falava, Rony liberava Virdon das cordas e o agente da InterSec voltava para seu lugar _ Eles já mostraram que são tão impiedosos quanto a antiga Ordem das Trevas e ficou bem claro que todo bruxo de bem e todo agente da InterSec deve empenhar-se em fazer o que estiver ao seu alcance para que aquele clima dos Dias Negros e da Segunda Ascenção de Voldemort não se repitam. Talvez seu avô, Ernesto Prang, outrora motorista do Nôitibus Andante, tenha lhe contado algo sobre aquele tempo, o bastante para que ninguém queira que aqueles dias voltem. Bem, creio que é o suficiente, por enquanto. Qualquer coisa, procurem por mim no Departamento de Esportes Mágicos do Ministério da Magia. Boa tarde a todos. KEIREI!!
_KEIREI!! _ com o cumprimento e uma reverência final, a aula foi encerrada.

Caminhando pela rua, Rony Weasley aproveitava as horas livres que tinha, antes de ir à escola buscar as crianças. Pegaria também seus sobrinhos, Tiago e Lílian, pois Gina estava um pouco mais ocupada no consultório e ele insistira para que ela não se esforçasse muito, naquele início de gravidez (Era o próprio “Mano-Coruja”). Parando em uma cafeteria para tomar um Espresso, percebeu que um jovem aproximara-se de sua mesa, dizendo:
_ “A Verdade Está Lá Fora”, Sr. Weasley.
_ Então, “Não Confie Em Ninguém”. Bom dia, “π”. Sua caracterização de David Duchovny está perfeita.
_Obrigada. _ disse a informante _ Creio que, a essa altura, Harry já deve saber quem foi substituído por Brent. Consegui tirar a vítima de Cape Canaveral, sigilosamente.
_E você está mantendo o membro da equipe escondido em local seguro, aposto. _ disse Rony.
_Exatamente, Rony. Conversei bastante com ele e ele me disse que “Sullivan” era um perfeito cavalheiro. Me contou o que houve durante o treino nas montanhas e como Harry voltou para salvar a garota que havia se perdido. Bem, não faço idéia do que deve ter rolado naquela caverna. _ brincou “π”.
_Conhecendo Harry, não deve ter acontecido nada. Eu o conheço e sei que ele jamais iria aproveitar-se da situação. Além disso, conheço a minha irmã. Harry não duraria um segundo se ele tivesse feito algo e Gina descobrisse. Não sobraria muita coisa dele para contar a história. _ disse Rony, rindo e tomando um gole do seu café, depois olhando sério para “π” _ E o que você vai fazer com o astronauta, “Mulder”?
_Um Feitiço de Memória depois do retorno de Harry e a pessoa vai pensar que esteve na missão. Ou, se preferir, pensará que foi dispensada da missão e esteve esquiando em Chillán. Acho que será até melhor. Pensando bem, é isso que farei. Você esteve dando aulas na academia do Prof. Mason? _ perguntou “π”, vendo o traje Ninja na mochila de Rony.
_Estive. Aliás, Harry me disse que você também é uma boa lutadora.
_Aprendi com Valérie, em Azkaban. Treinávamos para manter a forma, sempre sob a vigilância dos Aurores.
_Lembro-me de quando Draco descobriu que ela era Venom. Sabe, nem assim dá para não gostar dela. Ainda mais depois que ela revelou um dos agentes do Círculo e da Ordem das Trevas infiltrado no Ministério.
_Rufus Scrimgeour. _ disse “π” _ Tremo só de pensar o que aconteceria se ele tivesse sido indicado por Fudge, em vez do seu pai. Voldemort, a Ordem das Trevas e o Círculo Sombrio teriam tomado o Ministério e, talvez, todos tivéssemos perdido, inclusive os trouxas, pois Voldemort já havia firmado aquela aliança com Osama Bin Laden.
_Aliás, o que você acha que fez com que Valérie aderisse às Trevas? _ perguntou Rony.
_Não sei muito bem, Rony. Ela não falava muito sobre isso, mas pude entender que ela ficou meio deslumbrada com o poder ilusório do lado das Trevas e, além disso, teve medo por seu pai, que era agente da Ordem das Trevas, na França.
_Pois é. Se ela não obedecesse às ordens de Voldemort, poderiam haver represálias contra René Malfoy. E não só contra ele, pois também haviam Danielle, Jacques e seus filhos.
_Sim. Voldemort não os perdoaria. Bem, já vou indo. Vai à escola, buscar as crianças?
_Vou. Como sabe?
_Sempre que tenho tempo livre, cuido da segurança dos bruxinhos. Faz parte da missão que impus a mim mesma, ajudar a combater as Trevas para compensar erros do passado. Boa tarde, Rony.
_Boa tarde, “π”.

Rony chegou à escola e aguardou a saída das crianças. Tiago, Lílian e Mafalda logo viram o ruivo e aproximaram-se. Luna e Neville foram buscar Julius e Draco apareceu para buscar Narcisa. Logo estavam lá Duda e Lilá, Pansy e Fabian. Detiveram-se um pouco a recordar os velhos tempos, junto a Marilise e Sabrina. A época daquela galerinha ir para Hogwarts estava cada vez mais próxima.
Rony despediu-se de todos e, abraçado à filha e aos sobrinhos, desaparatou para o apartamento de Harry e Gina.

_Mana, chegamos! _ disse Rony. Gina apareceu no corredor, trajando vestes de casa. A barriguinha ainda não havia despontado, mas logo seria visível. As crianças seguiram Dobby, para o quarto.
_Oi, Rony. Muito obrigada por ter ido buscar as crianças hoje. O ambulatório e o consultório foram meio pesados, eu mesma cheguei há pouco.
_Gostaria de ir com as crianças para Hogsmeade, hoje? Eu e Mafalda vamos passar o final de semana com a Mione.
_Não sei, Rony. Eu queria me manter ligada nas notícias e...
_... Já sei, notícias da missão dos astronautas, não é? Pois temos lá em Hogsmeade um bom aparelho de TV LCD de 42 polegadas, recheada de Feitiços Tecnomágicos, para superar qualquer interferência de energia mágica.
_Então o Tio Harry não está no Timor Leste? Eu bem que imaginava que aquilo era só para enrolar. _ ouviu-se a voz de Mafalda. A garotinha estivera escutando a conversa do pai com a tia o tempo todo.
_O que você está dizendo, filha? _ Rony tentou disfarçar.
_Ora, papai, não tem jeito mesmo. Você e Tia Gina não desgrudam da TV quando há notícias da missão dos astronautas dos EUA, a tal de “Hawkeyes”. Eu não sou boba e sei do que está rolando, as tais Pragas, etc. Tá na cara que o Tio Harry está fazendo algo para evitar a Nona Praga e está fazendo isso do espaço. Só poderia fazer isso participando da missão, por isso fingiu ir para o Timor Leste e foi fazer o treinamento de astronauta. Temos um “Astrobruxo” na família. _ disse a garota.
_Tinha de ser essa minha sobrinha, miniatura de Hermione Jane Granger Weasley. _ disse Gina, abraçando Mafalda.
_Misturinha de Marotos com Inseparáveis, isso sim. Igual a vocês dois. Tiago, Lílian, podem sair de trás da porta, pois sei que não estão perdendo uma só palavra do que estamos falando. _ disse Rony, chamando os sobrinhos.
_Bem que eu disse que deveríamos ter usado uma Orelha Remota, Lílian. _ disse Tiago.
_Fazer o quê, mano? Estávamos sem nenhuma. _ disse a ruivinha para seu irmão _ OK, Tio Rony, aqui estamos nós. E não adianta tentar nos enrolar, você nos conhece muito bem para saber que não cola.
_Muito bem, crianças. _ disse Rony _ Guardem segredo sobre isso, sim? Pouquíssimas pessoas sabem onde está Harry e é melhor que continue assim. E então, Gina? Vai conosco para Hogsmeade? Um final de semana longe da agitação de Londres só irá lhe fazer bem.
_OK, mano. Só vamos preparar a bagagem.
_Já está pronta, Dra. Potter. _ disse Dobby _ Dobby imaginou que a senhora iria querer passar alguns dias com a Sra. Weasley e deixou tudo pronto.
_Obrigada, Dobby. Venha conosco, se quiser.
_Dobby irá, mas mais tarde, Dra. Potter. Ziggy mandou uma mensagem, dizendo que queria falar com Dobby, em Wiltshire. Depois disso, Dobby irá para Hogsmeade, com a permissão de sua ama.
_Amiga, Dobby. _ disse Gina _ Lembre-se do que Harry disse, você não é um simples criado. Pode ir para Wiltshire e, depois de terminar os assuntos com seu irmão, encontre-se conosco, em Hogsmeade. Melhor ainda, tire o resto de hoje e o dia de amanhã de folga e encontre-se conosco lá, no domingo.
_Obrigado, Dra. Potter. Sr. Weasley, crianças, até mais. _ e, com um estalido, Dobby desaparatou para Wiltshire, a fim de encontrar seu irmão, na Mansão Malfoy. Logo em seguida, Rony e Gina lançaram Pó de Flu na lareira e, após dizerem “Residência Weasley, Hogsmeade!”, rodopiaram em meio às chamas verdes, reaparecendo na sala de visitas do casal Weasley, sendo recepcionados por uma sorridente Hermione, vestindo confortáveis vestes Yukata de casa, em azul-celeste.
_Gina! Crianças! Mas que saudades! E alguma notícia do Harry, lá do Timor Leste?
_Timor Leste, sei, sei. _ disse Mafalda.
_O que quer dizer com isso, garotinha? _ perguntou a bruxa para sua filha.
_Esta nossa filhota descobriu tudo, Mione. _ disse Rony _ Não sei por quem ela puxou, “Sherlock Miniatura”.

_Pois é, por quem seria? _ brincou Hermione, lembrando-se das vezes em que seu raciocínio privilegiado ajudara a resolver vários mistérios. O enigma das garrafas de Snape, no primeiro ano. O mistério do basilisco, no segundo. O segredo de Lupin, no terceiro. O auxílio a Harry, nos feitiços para as provas do Torneio Tribruxo, no quarto. As batalhas do Ministério, de Azkaban e de Avalon, nos três anos seguintes. Rony olhou para aquela mulher maravilhosa, a quem amava desde os onze anos e abraçou-a, beijando-a apaixonadamente.
_Ei, nós estamos aqui! Respeitem! _ disseram Gina e as crianças, brincando com o ruivo e sua esposa.
_Por que isso, meu querido?
_Já lhe disse o quanto te amo?
_Hmmm, deixe-me ver... hoje ainda não. _ disse Hermione.
_Estou dizendo agora.
_Estamos apaixonados além da conta hoje, mano. _ disse Gina.
_Aprendi a dar valor ao que e a quem realmente importa, Gi. Sabendo que Harry está lá em cima e sabendo do perigo que ele corre, penso em como eu ficaria se perdesse qualquer um de vocês.
_Só podemos torcer por ele, Tio Rony. _ disse Tiago, pensativo.
_E acompanhar os noticiários. _ disse Lílian, consultando o seu relógio de pulso Puma, presente de Luna, no seu aniversário _ Aliás, vai começar o telejornal da BBC. Vamos ver se dão alguma notícia da “Missão Hawkeyes”.
_Boa idéia, Lílian. _ Mafalda pegou o controle e ligou a TV da sala. A apresentadora da emissora trouxa surgiu na tela.

_Boa noite. A mais nova missão da nave Enterprise, para conduzir novas experiências no espaço, levar suprimentos e realizar o upgrade e a manutenção dos computadores da Base Lunar Internacional, desenrola-se sem anormalidades. O lançamento, ocorrido ontem em Cape Canaveral, foi um sucesso, oito minutos depois a nave abandonava a órbita da Terra. Uma rápida entrevista com o Comandante da Missão, Capitão Renault, afirma que tudo está dentro do previsto e, amanhã, deverão chegar à Estação Espacial Internacional. Vejam agora a entrevista.
A imagem mudou e surgiu o rosto do Capitão Renault.
_Alô, Terra. Mais uma missão envolvendo a colaboração de diversas nações transcorre numa boa. Gostaria de apresentar meus companheiros, a começar por Wallenquist, americano; López, mexicano; Idehara, nissei australiana; Sales, brasileiro e Sullivan, irlandês que faz parte do programa pela Agência Espacial Britânica (cada um que era nominado, acenava para a câmera e dizia algumas palavras). Espero que este nosso esforço pela paz e cooperação internacional sirva de exemplo para outros. Fiquem em paz.
A imagem mudou e Gina perguntou:
_Qual deles é Harry, Rony? _ perguntou Hermione _ Só sei que não pode ser o Comandante e nem o Piloto, pois eles têm de ser militares americanos natos.
_ “Sullivan”, pelo menos foi o que Shacklebolt me disse (Rony não podia dar a entender que estava por dentro dos planos dos Aurores e que, inclusive, ajudara a planejar aquela operação).
_Dobby não veio junto? _ perguntou Hermione.
_Não, ele pediu para vir um pouco mais tarde e nós o dispensamos por hoje e amanhã. Virá no domingo. Ele é ótimo, é parte da família. _ disse Gina.
_Também, conhece Harry desde que ele tinha doze anos.
Nem me lembre, mano. Às vezes, gostaria de deletar aquela Câmara Secreta da minha memória. _ disse Gina _ Mas tudo tem sua importância. Como têm sido as aulas com essa turma, Mione?
_São ótimos. Bem, falar de Cliff pode parecer que estou contando vantagem para nosso filho, mas são todos muito bons. Soraya, Adriano, Cliff, Nereida, Vicenzo e Larissa são verdadeiros sucessores dos Inseparáveis e dos Criadores de Confusão.
Logo virá mais uma turma, Mione. _ disse Gina _ E três deles estão bem à nossa frente.
As três crianças fizeram que não era com elas e Mafalda pegou o controle da TV.
_Se vocês não vão ver nada de especial, mamãe, vamos dar uma olhada no Cartoon. Está na hora do Naruto.
_Esse Anime é tão velho, crianças. _ disse Rony.
_Ah, Tio Rony, então eu não sei que você e o papai deram para a Mafalda a coleção completa da Princesa e o Cavaleiro, depois que ele comprou para nós e ela adorou? _ perguntou Tiago, olhando sorridente para o tio _ Quer mais clássico do que Osamu Tezuka?
_OK, eu me rendo. _ disse o ruivo, levantando os braços _ E você disse, Mione, que Nereida Snape também está nessa turma?
_Sim. Só que ela, Soraya, Adriano e Cliff procuram não chamar a atenção.
_Também, eles sabem os pais que têm. _ comentou Gina, brincando com a cunhada _ Falando em pais, Mione, e a Jan? Ela não vai ficar aqui neste final de semana?
_Não, ela foi de manhã para Wiltshire.

Falando em Wiltshire.
O pequeno ser saiu das ruas centrais da cidade de Wiltshire, onde caminhava sem ser notado, graças aos seus poderes. Entrou por uma rua lateral e dirigiu-se à periferia da cidade, onde um muro cercava um grande terreno, outrora pertencente a uma pedreira, no qual nada era construído há muito tempo, pelo menos era o que os trouxas pensavam.
Chegando a um ponto do muro, levantou seu braço como se estivesse fazendo uma saudação. Diante dele, abriu-se um pequeno portão negro, insuficiente para dar passagem folgada a um ser humano, mas o bastante para que um elfo doméstico passasse com tranqüilidade. E Dobby entrou por ele.
Adentrando o grande terreno, Dobby não pôde deixar de sentir um arrepio. O elfo não tinha lembranças muito boas daquela mansão, onde sofrera anos de maus tratos nas mãos de Lucius Malfoy, de quem havia sido criado particular. Melhor sorte tivera seu irmão, Ziggy, pois era criado particular de Draco Malfoy. O garoto apenas fingia tratar seu elfo com severidade mas, na verdade, eram amigos e Ziggy recusara-se a ser libertado, até há pouco tempo atrás, alegando não querer deixar de ser guardião dos segredos do jovem. Logicamente, se alguém soubesse que Draco Malfoy queria romper com as Trevas desde os doze anos, o loiro correria grave perigo. Dobby perdera as contas das torturas, chutes e punições que sofrera, até que Harry Potter, aos doze anos de idade, conseguira fazer com que Lucius lhe desse uma meia através de um ardil, escondendo-a dentro do diário de Tom Riddle. Depois daquilo, errara sem rumo por um ano, pois a maioria dos bruxos tinha restrição a tomar os serviços de um elfo livre. Depois que saíra de seu último emprego, encontrara-se com Winky, uma velha amiga de quem sempre gostara muito e que descobrira que havia sido libertada pelo seu patrão, Bart Crouch, Sr. Propusera a ela irem para Hogwarts e ela aceitara, embora tivesse passado quase três anos entregue ao alcoolismo, por não adaptar-se à situação de liberdade. Graças ao Prof. Severo Snape e à Poção Abstemius, por ele criada, fizeram com que Winky abandonasse o álcool e aceitasse a realidade, tendo os dois contraído matrimônio depois, segundo os rituais dos elfos. A pior perda que o elfo tivera, havia sido quando Winky morrera, envenenada pelo Gyokuro de Venom, tendo sido ainda pior descobrir que Venom era a prima de Draco, Valérie Malfoy, uma garota a quem Dobby conhecera ainda criança e que ainda não se conformava de que ela tivesse seguido a trilha de Voldemort. Quando soubera da morte da garota, em Azkaban, seus sentimentos foram ambíguos, a satisfação pelo fim da assassina de Winky mesclando-se à tristeza pela perda da prima mais querida de Draco, que prometera a ele descobrir e levar à justiça o responsável por aquilo. Atualmente, preferia pensar em Valérie como aquela garotinha por cuja segurança velava, durante as brincadeiras de infância na Mansão Malfoy. E foi com esses pensamentos que Dobby atravessou a ponte sobre o lago da propriedade, chegando a uma mini-arena, localizada perto da casa principal, onde estavam treinando Draco, Janine e a pequena Narcisa.

Os três estavam com trajes Ninja pretos, à entrada de uma pista de treinamento, na qual Narcisa acabara de entrar. A garota empunhava uma Ninja-To, com a qual rebateu três Shuriken, lançadas por um manequim animado, o qual foi logo incapacitado por um certeiro golpe da espada. Três figuras avançaram para atacá-la, mas uma bomba de fumaça ocultou sua presença, enquanto ela sacava uma varinha e atingia os três outros manequins animados com Feitiços Incarcerous. Flechas foram disparadas de buracos em um muro e foram prontamente quebradas pela lâmina da espada da garota. Uma última flecha quase pegou-a desapercebida, mas os reflexos da menina foram excelentes e, bradando “Flora” ao apontar-lhe a varinha, fez com que ela se transformasse em um botão de rosa, que agarrou com os dentes e correu para o final da pista, usando Bukujutsu para subir e depois saltar por sobre uma parede de pedra que levantou-se à sua frente. Concluindo a pista, ajoelhou-se em frente à sua mãe, como se fosse um Genin em frente ao Jonin do seu clã e ofereceu a ela a rosa.
_Para você, mamãe. _ disse Narcisa.
_Obrigada, filha. _ pegou a rosa e voltou-se para o marido, olhando para ele e sorrindo _ Ainda bem que você manteve os Feitiços de Defesa, que permitem a Narcisa usar magia sem que o Ministério detecte.
_Na verdade, Jan, agora dá para usarem, sob a supervisão de um bruxo adulto. A nova diretriz do Ministro Weasley está seguindo a tendência do Ministério da Magia do Brasil, depois daquele encontro dos Ministros, lá em Barcelona. Ora, vejam só. Dobby veio nos visitar. _ disse Draco _ Boa tarde, Dobby. Algum recado de Gina ou notícias de Harry?
_Não, Sr. Malfoy. O Sr. Potter continua em missão, no Timor Leste e a Dra. Potter foi com as crianças para Hogsmeade. Deram a Dobby hoje e amanhã como folga e Dobby veio atender ao chamado de Ziggy, pois também é folga dele.
_É mesmo. _ disse Janine _ Hoje e amanhã Ziggy estará de folga. Deve estar lá no quarto dele, Dobby. Pode ir até lá e depois aproveitem bem a folga.
_Obrigado, Sra. Malfoy. Com licença, Sra. Malfoy, Sr. Malfoy, Srta. Malfoy, Dobby vai indo.
_À vontade, Dobby. _ disse Draco, enquanto o elfo dirigia-se ao alojamento de seu irmão.
_Ele gosta de você, querido. _ disse Janine.
_Eu ficava triste a cada vez em que via meu pai maltratá-lo e o meu coração doía quando eu tinha de fingir ser mau com ele, quando criança. Ainda bem que ele sabia, pois Ziggy lhe dizia tudo. Comemorei em silêncio quando Harry fez com que meu pai o libertasse e depois não o vi mais, até que ele foi trabalhar em Hogwarts. Uma das melhores coisas de ter rompido com as Trevas foi poder dizer abertamente que eu nada tinha contra elfos, especialmente Dobby. Foi muito triste descobrir que a pessoa que matou Winky havia sido Valérie. Mas creio que ele está mais conformado com a perda.
_Assim espero, Draco. Perder a pessoa que você ama é uma cicatriz que nunca se fecha completamente.
_Como quando eu pensei que você havia morrido, por causa do “Barad”. Ver você voltar do outro lado e dizer que estava com fome foi uma das melhores sensações da minha vida.
_Mas eu acho que Dobby poderá superar, papai. Ele tem pessoas que gostam dele. _ disse Narcisa.

Dobby entrou no alojamento de Ziggy e abraçou seu irmão.
_Ziggy, você disse que tinha algo de importante para dizer a Dobby. O que é?
_Calma, Dobby. _ disse Ziggy _ Teremos de ir a um lugar, a fim de encontrar alguém. Trouxe roupas para frio intenso?
_Não, Dobby não esperava ter de sair para muito longe.
_Dobby pode pegar algumas das de Ziggy. No lugar para onde vamos elas serão bastante necessárias.
_E para onde vamos, Ziggy? _ disse Dobby, pegando roupas de frio que Ziggy lhe passava e começando a vesti-las.
_Vladivostok, meu irmão. _ disse Ziggy, fazendo a mesma coisa.

Londres, naquela mesma tarde.

No consultório do Hospital St. Mungus, o bruxo estava em frente ao Medi-Bruxo Cardiologista, recebendo uma má notícia.
_Então essa é a razão das minhas dores no peito, Dr. Vesalius?
_Sim, Sr. Koslov. Descobrimos uma malformação nas suas coronárias que lhe provoca essas dores, essas crises anginosas.
_Há algum feitiço que possa resolver o problema, Dr. Vesalius?
_Não, infelizmente não foi descoberto nenhum feitiço até o momento que corrija essa malformação. E nem uma cirurgia trouxa pode resolver. Um transplante também está fora de cogitação, pois haveria um grande risco do senhor morrer durante a operação.
_Então, quanto tempo eu tenho?
_Calma, Sr. Koslov, também não é assim. Esse diagnóstico não é uma sentença de morte. O senhor poderá levar uma vida normal, desde que tome certas precauções, tipo evitar esforços físicos intensos e práticas desportivas mais radicais, pois isso poderá hipertrofiar seu miocárdio e levar a um espasmo coronariano.
_Quanto a isso, Dr. Vesalius, o senhor não precisará preocupar-se. Não tenho perfil nem idade para proezas atléticas.
_No entanto, deverá evitar o sedentarismo. Caminhadas diárias de cerca de quarenta minutos ou uma hora irão lhe fazer bem. Pelo menos o senhor não fuma, o que já elimina um fator de risco.
_Algo mais, Dr. Vesalius?
_Sim, Sr. Koslov. Aqui está um remédio que o senhor deverá tomar, se por acaso tiver dores. É um produto do Departamento de Pesquisas Farmacológicas do Ministério, desenvolvido pelo Dr. Longbottom...
_... Neville Longbottom, o Doutor em Farmacologia Bruxa e especialista em Poções?
_Ele mesmo. Em um trabalho conjunto com Médicos trouxas, Medi-Bruxos e Farmacologistas bruxos e trouxas, foi desenvolvido um medicamento antianginoso, com uma potencialização mágica do Dinitrato de Isossorbida em associação com Propatilnitrato e Nitroglicerina, além de outras substâncias de conhecimento deles. Um comprimido, por via sublingual, em caso de dor.
_E isso evitará que eu tenha um ataque cardíaco?
_Sim. Mas o senhor não deverá separar-se deles em hipótese alguma. Nunca se sabe qual a crise que poderá ser fatal. Deverá adquiri-los, sempre que o seu estoque estiver chegando perto do final.
_Graças a Deus e a Merlin que a última crise não foi fatal, pois pude chegar até o senhor.
_Realmente, Sr. Koslov. Agora, lembre-se de minhas instruções. Qualquer problema, venha me procurar, seja aqui no St. Mungus, seja no meu consultório. Boa tarde, Sr. Koslov.
_Boa tarde, Dr. Vesalius. _ e o bruxo saiu do consultório.
Saindo do St. Mungus, o bruxo entrou no banheiro de um restaurante e desaparatou, aparatando em um escritório localizado em um alto edifício. Sentando-se à escrivaninha, sua aparência foi mudando, conforme ele ia desfazendo o Feitiço de Transfiguração. Os cabelos castanhos foram desaparecendo e dando lugar a uma cabeça raspada. Os olhos negros ficaram verdes e amendoados. Um fino bigode cresceu, assim como as unhas dos dedos das mãos, especialmente dos polegares, anulares e mínimos. Seu terno transformou-se em uma túnica chinesa de seda e brocado. Ele pegou um chapéu de mandarim e colocou-o na cabeça (“Era só o que faltava, minha vida depender de um medicamento. E, como se não bastasse, desenvolvido por aquele insuportável Inseparável, Neville Longbottom, com a colaboração de trouxas. Bem, um segredo para a minha vida, mais um de muitos.). Sentindo uma dor aguda no peito, semelhante a uma ardência, logo abriu o frasco e pegou um comprimido, colocando-o debaixo da língua e sentindo a dor passar, como que por encanto.
_Algum problema, “Escuridão”? _ perguntou “Sombra”, entrando na sala.
_Não, “Sombra”. Agora não mais.
Tinha de render-se à realidade: “Escuridão”, o impiedoso co-líder do Círculo Sombrio, o bruxo que controlava o sindicato do crime que lutava pelo renascimento da Ordem das Trevas, sofria de uma grave cardiopatia.

Vladivostok, Rússia. Naquela mesma noite.
A cidade russa, maior porto oriental do país e estação terminal da Ferrovia Trans-Siberiana, cujo nome significava “Senhor do Leste”, era o destino dos dois irmãos elfos, Ziggy e Dobby. Os pequenos seres entraram por um beco, na “Ul Svetlanskaia”, perto da esquina com a “Ul Lazo”, próximo à área do terminal portuário. Nos fundos de um armazém, Ziggy colocou seu polegar direito em uma pedra da parede, que abriu-se à frente dos elfos, tal como a entrada para o Beco Diagonal.
_Bem vindo ao “Блок Свободных Эльфов”, o Quarteirão dos Elfos Livres, meu irmão. _ disse Ziggy.
_Dobby já havia ouvido falar, Ziggy. É um lugar onde os elfos libertos da Rússia reúnem-se nos momentos de folga. Existem outros lugares assim na Europa, mas Dobby jamais os havia visitado. Você convidou Dobby para terem algumas horas de descontração, meu irmão?
_Entre outras coisas, Dobby. Ziggy notou que você é triste demais.
_Dobby jamais será o mesmo, desde a morte de Winky nas mãos de Venom, meu irmão.
_Ziggy sabe disso, Dobby. Mas não foi só por isso. Ziggy recebeu um recado importante, pedindo que encontrasse com alguém aqui, nesta noite.
_E quem seria, Ziggy?
_Ziggy não sabe quem é, apenas sabe que o recado veio da parte de alguém em quem o Sr. Draco Malfoy e o Sr. Harry Potter confiam bastante, chamado “π”.
_Mas essa é a pessoa que passa informações de dentro do Círculo para o meu senhor Harry Potter, Ziggy! Dobby sabe disso porque essa pessoa também já passou informações para o Sr. Draco Malfoy. Dobby estava perto, quando o Sr. Malfoy falou sobre “π”.
Seguiram um pouco mais pelas ruas do Quarteirão dos Elfos Livres e entraram em um bar, depois que Ziggy conferiu o endereço em um pergaminho que tirou do bolso do casaco.
Dentro do bar, Ziggy aproximou-se de uma das garçonetes e fez a ela uma pergunta. Não havia dificuldade com o idioma, pois ali todos falavam em Idiomas Élficos, ensinados de pai para filho, nas cozinhas das residências dos senhores bruxos, na forma de histórias, cantigas, provérbios e lendas.
_ “Mae Govannem, dess elleth. Pen na dartha. Im Ziggy” (Feliz em te ver, jovem garçonete. Alguém me espera. Sou Ziggy). _ disse o elfo, em Sindarin.
_ “Mae Govannem, Ziggy. Ai talan, en telei” (Feliz em te ver, Ziggy. Naquela mesa, nos fundos). _ respondeu a garçonete, no mesmo idioma.
_ “Dess, tog ammen gwîn ah cramb” (Jovem, pode nos trazer vinho e bolo)? _ e, ante o “sim” da garçonete, dirigiram-se para a mesa que ela havia indicado.
Sentaram-se à mesa e viram quem era a outra pessoa, um elfo que vestia um uniforme de inverno Spetsnaz, adaptado para o seu tamanho. Apresentaram-se, declinando seus verdadeiros nomes e suas linhagens.
_Boa noite. Viemos, atendendo ao seu pedido. Somos Ziglesian e Dobniel, filhos de Cyndria, por Narsios. Servimos, respectivamente a Draco Malfoy e a Harry Potter.
_Boa noite. Que bom que vocês atenderam ao meu chamado. Sou filho de Tashnia, por Khárash. Atualmente sirvo à família Artamonov, sendo que antes servia pessoalmente a Anastasia. Meu nome é Pokreniov, mas podem me chamar de Pooka. _ disse o elfo de olhos azuis, com forte sotaque russo, começando a partir o bolo, junto com os outros dois.

Bem acima, em localização intermediária entre a Terra e a Lua, situa-se a Estação Espacial Internacional, atualmente ampliada e remodelada, com geradores de gravidade artificial, estufas hidropônicas e um aperfeiçoado sistema de suporte de vida. Era o destino do Ônibus Espacial Enterprise, no qual estava Harry Potter, disfarçado como Gilbert Sullivan. O complexo espacial já encontrava-se à vista e, depois de dois dias de viagem no vácuo, era uma visão mais do que esperada.
_Finalmente. _ disse Wallenquist _ poderemos esticar as pernas em instalações com gravidade artificial. Estou sentindo falta de jogar um pouco de basquete.
_E há um bom ginásio na Estação. _ comentou Renault _ Tudo para evitar perda osteomuscular.
_Acho que vou gostar desses dias no espaço. _ disse Harry.
_Sullivan, como seu trabalho na Base Lunar só começará dentro de alguns dias, será que você poderia me ajudar com o meu?
_Em que posso ser útil, Idehara?
_Bem, a montagem do meu equipamento será fora da Estação, em uma plataforma que já está preparada. O aparelho para emissão e teste de energia pode ser montado por uma só pessoa, mas ficará mais fácil com duas.
_Tudo bem. _ disse Harry _ Ajudarei você na montagem do equipamento.
_Senhoras e senhores, ajustem seus trajes e apertem os cintos. Docas da Estação Espacial Internacional logo à frente. _ disse Renault _ Preparem-se para a acoplagem.
A nave desacelerou, com o acionamento dos retrofoguetes, suavemente deslizando para dentro da área de docas, através de uma abertura, habilmente conduzida por Wallenquist. Assim que a Enterprise parou completamente, âncoras magnéticas prenderam-na à doca e um tubo pneumático avançou, seus pontos magnéticos prendendo-se aos da escotilha e, com um chiado, a pressão e a atmosfera foram equalizadas. Assim que foram autorizados, soltaram os cintos de segurança e López abriu a escotilha. Os seis astronautas caminharam pelo corredor formado pelo tubo pneumático, até uma porta que abriu-se para uma câmara. Quando ela fechou-se, ouviu-se outro chiado e uma voz avisou pelo alto-falante:
_ “Podem remover os trajes de lançamento e ficar apenas com os de serviço. A cabine já está devidamente pressurizada. Sejam bem-vindos à Estação Espacial Internacional.”
Ao saírem da cabine, um japonês de meia-idade esperava por eles no corredor.
_Mina-chan! Há quanto tempo! _ disse o cientista.
_Hiro-chan! Mas que saudades! _ disse Idehara, abraçando-o como se fosse um tio querido _ Para quem não conhece, gente, este é Hiroshi Maeda, Doutor em Botânica e Hidroponia.
_Já ouvi falar do seu trabalho. _ disse Sales _ Tem a ver com semeadura de tipos especiais de algas para formar atmosfera em planetas, não é?
_Exatamente, Sales-san. Isso possibilitará a colonização de outros mundos. O que guarda relação com as pesquisas de Mina-chan. A melhora na emissão de energia possibilitará a construção de motores mais potentes, o que ajudará nas missões tripuladas para locais cada vez mais distantes (“E aqueles bruxos trevosos radicais que julgam os trouxas uns idiotas. Eles sequer imaginam do que a tecnologia é capaz”, pensou Harry).
_E mais conhecimento, com certeza. _ disse López _ Chega de conflitos, o importante é cooperar.
_De acordo. _ disse Harry.
_Mas nenhum de vocês poderá cooperar, se estiver cansado da viagem. Descansem algumas horas e depois me encontrem na sala de reuniões, que fica no terceiro nível. _ disse o Almirante Gambrelli, Comandante da Base.
Todos recolheram-se aos alojamentos que lhes haviam sido destinados e arrumaram suas bagagens nos armários (“Bem, já sei qual é o disfarce de Brent e faço idéia de como ele pretende lançar o ‘Chosech’. Agora é só esperar pela melhor oportunidade para neutralizá-lo sem alarde. Caso não seja possível fazê-lo sem que percebam... bem, paciência. O mais importante é evitar que ele prolongue o eclipse solar. Tenho três dias para fazê-lo e parece que a oportunidade está para apresentar-se.”, pensou o bruxo).
Depois de descansar algumas horas, Harry saiu e encontrou-se com o restante do grupo, para a reunião com o Almirante. Oriundo da “Squadra”, a elite da Marinha de Guerra da Itália, era também um piloto de caça e entrara para o Programa Espacial através da OTAN. Com o fim da Guerra Fria, a cooperação Oriente/Ocidente tornou-se cada vez maior e os esforços da maioria das nações eram envidados no combate à fome, ao terrorismo internacional e na evolução do Programa Espacial. Após uma reunião introdutória, foram dar uma volta pela Estação, para que aqueles que ainda não a conheciam pudessem se familiarizar com as instalações. Harry gostou bastante da Central de Informática, onde supostamente trabalharia, do ginásio e da estufa hidropônica.
Sua tarefa de Upgrade e manutenção dos computadores da Estação demorou menos do que imaginava, graças às aulas de Tecnomagia que recebera de Fred e Jorge. O trabalho previsto para dez dias havia ficado pronto em apenas dois. Saindo do ginásio, depois de uma série de musculação e uma sessão de Katas, notando que, mesmo com a gravidade artificial da estação, ainda saltava mais alto do que o normal, encontrou-se com Minako Idehara.
_Oi, Sullivan. Daqui a pouco vou sair para montar a aparelhagem do lado de fora da estação. Lembra-se de que você havia ficado de me ajudar?
_Claro, Idehara. Eu não esqueceria de maneira alguma. Só espere eu tomar um banho que logo eu me encontro com você.
_Hmmm... Pena que os boxes são muito pequenos. _ brincou a nissei.
_Não invente histórias. Já lhe disse que sou casado e muito bem casado, garota. _ brincou Harry de volta _ Daqui a pouco a gente se vê.
_OK, Sullivan.

Meia hora depois, os dois estavam na câmara intermediária, prontos para um passeio no espaço. Utilizavam trajes brancos, com uma aparência mais acolchoada e com mais acessórios do que os trajes laranja de lançamento. Ambos usavam relógios Omega Speedmaster a corda, pois estes não eram afetados pela falta de gravidade. Os capacetes, mais maciços do que os outros, tinham viseiras espelhadas, que refletiam os raios solares e filtravam a radiação UV. Abriram a escotilha e saíram para o exterior da estação, dirigindo-se para a plataforma reservada à parafernália de equipamentos de Minako Idehara, flutuando com cuidado para não se perderem no espaço. Na plataforma, prenderam cabos de segurança às argolas que corriam em trilhos, acionaram botas magnéticas e começaram a montar um dispositivo cheio de espelhos, com alguns mostradores e uma abertura estreita, cujo diâmetro parecia bastante apropriado para uma pilha, um bastão ou então...
_... Uma varinha. _ murmurou Harry, finalmente formando todo o quadro da situação.
_O que foi que você disse, Sullivan? _ ouviu a voz de Idehara pelo rádio, arrependendo-se de haver pensado em voz alta.
_Nada, Idehara. Qual a finalidade do aparelho?
_Ampliar e direcionar certas formas de energia. Com esses captadores saberei se o vácuo e a ausência de gravidade terão alguma influência na velocidade ou na intensidade da emisão.
_Vai fazer algum teste antes?
_Óbvio, meu caro Sullivan. Em você. _ e Minako Idehara ou melhor, Bernard Brent, sacou uma varinha de um bolso do traje espacial e introduziu-a no orifício do aparelho. O espelho principal mudou de direção, apontando para Harry.
_O que está fazendo, Idehara?
_O teste provocará um pequeno acidente. Pena, Sullivan. Eu estava começando a gostar de você. “Sectumsempra”! _ um raio roxo, ampliado e veloz, saiu do espelho, mal dando tempo de Harry dizer: “Protego maxima!!” e defletir o feitiço, que perdeu-se nos confins do espaço.
_Mas o que foi isso? _ perguntou a falsa nissei. Sim, pois era na aparência da bela jovem de traços orientais que Bernard Brent se disfarçara.
_Um Feitiço Escudo, ora! Até parece que você nunca viu um.
_Você é um bruxo, Sullivan?! E como foi que escapou da minha Maldição Imperius?
_Raciocine, Idehara. Ou devo dizer, “Brent”?
_Um Auror, só pode ser! Mas não vi varinha nenhuma, Sullivan. Como é que pode? _ disse Brent, tentando distrair Harry e movendo lentamente sua varinha, para tentar atingi-lo _ Aurores podem ser treinados a resistir à Maldição Imperius, mas não são muitos os que conseguem fazê-lo.
_Para seu azar, sou um deles. Só não sei como é que não percebi a diferença na vibração basal do Ki, aquela que diferencia homens e mulheres.
_Porque não havia diferença nenhuma, Sullivan. Ou será outro o seu nome?
_Como é?
_Você não imaginou que “Bernard Brent” também pudesse ser um disfarce para “Bernardine Brent”? Por isso você não percebeu diferença na vibração basal do Ki. Ela jamais deixou de ser feminina. _ Brent assumiu sua verdadeira aparência e apontou a varinha para Harry, lançando outro feitiço _ “Reducto”!!
Harry desviou-se, meio pego de surpresa pela revelação de Brent, evitando que o feitiço o explodisse. Realmente, a ausência de gravidade e o vácuo tornavam os feitiços mais velozes e fortes, já que não havia dispersão de energia e nem desaceleração.
_Desgraçado! Escapou da Maldição Imperius, desviou-se de feitiços mortais, Afinal, quem é você? Não há muitos Aurores capazes de fazer o que você faz!
_Ainda não percebeu, Brent? Estou usando outro meio para canalizar magia, já que você não vê nenhuma varinha na minha mão. E quem mais tem tanta facilidade para resistir à Maldição Imperius e detectar o Ki de alguém?
_Não pode ser! Harry Potter?!
_Eu mesmo, bruxa má. Prepare-se para ajustar suas contas com a justiça, pois vou prendê-la. _ disse Harry, também voltando à verdadeira aparência.
_Não poderá fazer isso estando morto. “Avada Kedavra”!!
_ “Agni Chakshu Shiva, bhasmasaya Andhas agha sarpah”!
O Olho de Shiva defletiu a Maldição da Morte, mandando-a para o espaço.
_Eu deveria ter calculado isso. Um Olho de Shiva! _ disse a bruxa.
_Exatamente, Brent. Renda-se, antes que as coisas piorem para você.
_Nem pensar, Harry Potter! _ respondeu Brent.
_Foi você quem pediu. “Everte Statem”! _ disse Harry e , mesmo com as botas magnéticas, Brent foi jogada para trás, tracionando seu cabo de segurança quase que ao máximo. Voltando, ainda tentou lançar o feitiço para potencializar o eclipse e concretizar a Praga “Chosech”. Mas, antes que ela pudesse introduzir a varinha no aparelho, cujo espelho refletor principal estava apontado para a Lua e concluir a invocação “Defectio Magnificat, Infirmare Luna In Status Sincronicus, Tenebrae Maximus, Voluntas Mea Est In Nomine Universum Occultas Potestas”, Harry foi mais rápido, destruindo o aparelho.
_ “Bombarda maxima”!! _ com o Feitiço Explosivo, o aparelho que ampliaria o poder da invocação para manter a Lua em posição sincrônica e potencializar a área de sombra do eclipse, contrariando as leis da Mecânica Celeste, desfez-se em vários fragmentos, mal dando a Brent e a Harry tempo de conjurar um novo Feitiço Escudo, a fim de que os estilhaços não os perfurassem. Mas Brent não parecia querer se dar por vencida.
_ “Magnum impacto”!! _ ao brado da bruxa, uma avassaladora onda de choque avançou em direção a Harry, que logo reagiu.
_ “Protego maxima! Reversortia”!! _ o feitiço retornou para Brent, que foi lançada longe, apesar das botas magnéticas, ficando ligada à plataforma apenas por seu cabo que logo rompeu-se. A bruxa do círculo começou a afastar-se, semi-inconsciente, rumo ao infinito.
_Eu não seria melhor do que você se a deixasse perdida no espaço, garota. “Accio Bernardine Brent”! _ com o Feitiço Convocatório, a trajetória de Brent em direção à morte certa foi interrompida e ela retornou para Harry, que logo tratou de prendê-la _ “Incarcerous”! _ o bruxo invocou cordas mágicas, que prenderam a bruxa do Círculo. Harry tomou sua varinha e guardou-a no seu traje. Ambos retornaram à câmara intermediária.
Naquele meio tempo, o duelo entre Harry e Brent já havia atraído a atenção dos tripulantes da Estação Espacial Internacional, que aglomeraram-se junto à bolha de Plexiglass do terraço panorâmico, curiosos com aqueles dois astronautas que, em pleno espaço, lançavam raios luminosos um em direção ao outro. Entre eles, o Dr. Maeda.
Harry saiu da câmara com Brent amarrada. Os outros cercaram os dois, espantados com o que viam. O casal de astronautas que retornava do espaço não era o mesmo que havia saído. O Almirante Gambrelli perguntou:
_Quem são vocês e o que fizeram com Idehara e Sullivan?
_Idehara jamais subiu ao espaço, Almirante. E “Sullivan” não existe. Era um disfarce para minha missão. Sou agente da InterSec e meu nome é Harry Potter. Esta garota, que tomou o lugar de Minako Idehara, é uma agente da organização criminosa Círculo Sombrio e tinha como missão praticar um atentado no espaço, com aquela máquina que destruí.
_Atentado com magia? _ perguntou Gambrelli _ Pode falar, tenho acesso Nível 4.
_Exatamente, Almirante. Infelizmente, nada mais posso dizer. Há algum lugar onde ela pode ficar confinada? É bom que tomem cuidado, pois ela possui treinamento Ninja.
_Há uma sala vazia, um depósito que pode ser convertido em um brigue. Tem apenas uma entrada e dá para o espaço. Ela não poderá fugir.
_Bom. Ela deverá ser mantida sob contenção, pois ainda assim é perigosa.
_Não podemos colocá-la a ferros, como se fazia antigamente. E nem temos como.
_Então eu terei de dar um jeito.
_Antes, Potter, diga-me como foi que me descobriu.Como soube que eu havia substituído Minako Idehara? _ pediu Brent.
_Eu não havia me dado conta do seu primeiro erro, até a hora do lançamento. Lá você cometeu o segundo.
_E quais foram? _ perguntou a bruxa.
_Na plataforma de lançamento, você insinuou que teria rolado alguma coisa entre mim e Minako Idehara, quando eu evitei que ela morresse congelada. Ela e eu sabíamos que nada aconteceu. O primeiro erro foi cometido no bar “Final Frontier”, quando conversávamos sobre comida japonesa.
_Que erro eu cometi? _ perguntou Bernardine Brent.
_Quando mencionamos o “Tai-Chazuke”, você disse que seu pai dava um ponto todo especial ao salmão. “Tai-Chazuke” não é feito com salmão e sim com outro peixe, chamado cioba vermelho. Estávamos todos meio alegres, devido à quantidade de Budweiser que consumimos, por isso a ficha não caiu na hora. Você substituiu Idehara naquele dia, antes de irmos ao bar. Você a matou?
_Não, Potter. Eu apenas a deixei estuporada e sob Maldição Imperius, escondida em um depósito. Um elemento do Círculo iria tirá-la de lá e depois, com um bom Feitiço de Memória, ela não se lembraria de nada.
_Mas o seu plano para “Escuridão” deu errado, com a destruição do Ampliador de Feitiços. “Chosech” não poderá mais ser lançada, pois o eclipse já passou e ele não deve estar nada contente com você.
_Acho melhor ficar sob a custódia dos Aurores, Potter. Só assim terei chances de permanecer viva. _ ponderou Brent.
_Bom. Almirante, ela deverá permanecer confinada até que retornemos à Terra. Por segurança, deverá ser mantida sob sedação.
_Não utilizará meios que contrariem os Direitos Humanos, Sr. Potter. A Estação Espacial Internacional é MINHA jurisdição.
_E eu lembro ao senhor que ela faz parte das nações da Terra, não sendo independente. Portanto está sob o alcance da autoridade da InterSec. Além disso, a sedação mágica não irá lhe fazer mal.
_Ela é apenas uma jovem senhorita, Sr. Potter. Tem certeza de que ela pode ser tão perigosa?
_Absoluta, Almirante. Ela possui treinamento Ninja, de nível pelo menos intermediário. Mesmo amarrada ainda poderá ser letal. Eu preciso mantê-la neutralizada e realizar os serviços na Base Lunar. Não posso fazer as duas coisas ao mesmo tempo, portanto terei de sedá-la. Mas, antes, ela terá de suspender a Maldição Imperius que lançou sobre a tripulação. Faça isso, Brent. _ disse Harry, entregando a ela sua varinha _ Lembre-se de que minha mão está em seu pescoço e não preciso da varinha para canalizar minha magia. Se quiser manter a cabeça no lugar, não banque a engraçadinha.
_Não precisava nem dizer. _ Brent suspendeu a Maldição Imperius do restante da tripulação da Enterprise e entregou a varinha a Harry.
_Ainda não acredito que ela possa representar tanto perigo, mas vou respeitar sua decisão, Sr. Potter. _ disse o Almirante Gambrelli.
_Acredite, Almirante, o Sr. Potter está dizendo a verdade. Eu posso sentir os “talentos” dessa mulher que passou-se por minha amiga. _ disse o Dr. Maeda, aproximando-se _ Uma das principais características do Ninjutsu é a de que é muito fácil subestimá-lo, principalmente por causa de uma carinha bonita.
_Está bem. Sr. Potter, o próximo transporte em direção à Base Lunar sairá daqui a uma hora. Quanto tempo o senhor acha que irá demorar para concluir seu trabalho?
_Um ou dois dias, no máximo. Depois é só aguardar o retorno à Terra, na data programada.
_Então, vamos cuidar da Srta. Brent. _ levaram-na ao depósito e deitaram-na em uma cama.
_Agora é comigo. “Morpheus”! _ com o Feitiço de Sono, Brent adormeceu na hora _ ela permanecerá assim até que eu desfaça o feitiço. Eu farei isso, assim que retornar.

Uma hora depois, Harry tomava um transporte para a Base Lunar. O veículo lembrava os Ônibus Espaciais, só que em menor escala, sendo mais rápidos, pois não tinham de vencer a atração gravitacional da Terra. Seis horas após, ele já estava na Base Lunar. Como previsto, em dois dias o serviço nos computadores estava concluído (com a ajuda da Tecnomagia, é claro) e logo Harry estava de volta à Estação Espacial Internacional, pronto para o retorno à Terra. Depois de revisar e arrumar sua bagagem, reanimou Brent e conduziu-a, sob Feitiços Inmobulus e Mobilicorpus até a Enterprise.
_Almirante, espero que ninguém espalhe o que ocorreu aqui. Detestaria ter de utilizar um Feitiço de Memória. _ disse Harry.
_Não se preocupe, Sr. Potter. Todos guardarão sigilo. Boa sorte na Terra, levando a Srta. Brent para ajustar contas com a Justiça. Boa viagem.
_Obrigado, Almirante.
_Potter-san, diga a Derek que comprarei mais uma partida de saquê, assim que retornar à Terra. _ disse o Dr. Maeda.
_Como?
_Fui aluno de Ryusaku Komori e conheci Derek Mason. Sei que ele é bruxo, assim como você. Além disso, não foram só as academias que ele herdou.
_É verdade. Além das academias, que ele herdou da mãe, quando o Sr. Komori faleceu ele também herdou a fábrica de saquê. Bem, então Sayonara, Maeda-san.
_Sayonara, Potter-san. _ Maeda despediu-se e a tripulação dirigiu-se à Enterprise, para a viagem de volta.
O tubo pneumático foi desacoplado do Ônibus Espacial e ele deslizou pela doca, conduzido pelas hábeis mãos de Wallenquist. No espaço exterior, o piloto manobrou a nave e alinhou o rumo para a Terra.
_Senhoras e senhores, lá vamos nós, de volta para casa. Daqui a dois dias estaremos pousando na pista do Kennedy Space Center. A previsão é de tempo bom, não precisaremos desviar para a Base de Edwards, na Califórnia ou para Phoenix, no Arizona. Relaxar e aproveitar a viagem é a ordem do dia. E isso também vale para você,Srta. Brent. _ disse Wallenquist, dirigindo-se à bruxa, que estava manietada por algemas inibidoras de magia, conjuradas por Harry.
_Já que não tem outro jeito, tudo bem. _ disse ela.

Passados quase dois dias, a Enterprise estava quase no ponto de realizar sua reentrada, dali a cerca de três horas.
_Estamos quase chegando, Brent. _ disse Harry _ Não se preocupe, pois ficará sob custódia dos Aurores, a salvo de qualquer vingança de “Sombra & Escuridão”.
_Assim espero, Potter. Aqueles dois não perdoam quem falha com eles. Já soube de coisas de arrepiar e não quero ser vítima deles.
_Desde que você colabore e nos forneça informações úteis, não se preocupe. Temos condições de lhe proteger e conseguir uma nova identidade. Você tem algo de útil para dizer?
_Só que o Círculo está prestes a descobrir quando será o alinhamento planetário que permitirá a abertura da Sétima Porta de Cronos.
_Mesmo? Não é tão útil assim, Dumbledore também já está quase descobrindo. _ disse Harry _ Terá de melhorar, Brent.
_Então, acho que terei de dizer outra coisa. _ disse a bruxa.
_Dizer o que, por exemplo? _ perguntou Harry.
_Que tal... “Voldemort manda lembranças”? Matem Harry Potter!

Naquele momento, Harry percebeu que alguma coisa estava errada e foi só graças aos seus reflexos privilegiados que conseguiu desviar-se do golpe desfechado por Sales e que, mesmo na ausência de gravidade, iria deixá-lo inconsciente.
_Sales! O que houve? _ perguntou Harry, percebendo que o Coronel-Aviador tinha o olhar desfocado de quem estava sob algum tipo de feitiço ou então...
_... Mas é claro! _ disse Harry _ “Saiminjutsu”. Você controlou as mentes deles com um método Ninja, durante os dias que antecederam sua tentativa de atentado, não foi? E essa frase era o gatilho para que cumprissem suas ordens.
_Exatamente, Harry Potter. Era minha garantia, caso tivesse de suspender a Maldição Imperius. Agora tire minhas algemas e entregue-se. Eles só irão parar quando te matarem e você não irá querer matá-los, é nobre demais para isso.
_Tão esperta, mas esqueceu-se do óbvio. Posso incapacitar a todos vocês, sem machucá-los.
_E quem pilotará a Enterprise na reentrada e fará o pouso?
_Terei de me virar. “Morpheus”! _ disse Harry, estendendo seus braços e, com seus poderes de Magid, colocou todos para dormirem, ao mesmo tempo.
_Bem, agora vamos pesar os prós e contras. Estou em um Ônibus Espacial, com o restante da tripulação adormecida e quase na hora da reentrada. Se eu reanimá-los e usar Maldição Imperius, os reflexos deles poderão ser prejudicados e a nave poderá ser destruída. Acho que terei de pousá-lo sozinho. Só queria ter tanta certeza de que tudo vai dar certo. _ Harry Potter pensou em voz alta e acomodou os outros, ajustando seus cintos. Em seguida, sentou-se na poltrona do piloto, ajustou o seu próprio, colocou os fones nos ouvidos e estabeleceu comunicação com a Terra. Ao ver no monitor o rosto de Ferris, um dos controladores da missão, suspirou e disse:
_Houston, temos um problema aqui.


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Bem, aí vão as respostas às perguntas do final do Cap. 24.

1-Brent substituiu Minako Idehara, antes da confraternização no bar “Final Frontier”. Os dois erros de Brent foram: a) Dizer que “Tai Chazuke” era preparado com salmão quando, na verdade, ele é feito com outro peixe, o cioba vermelho. b) Insinuar que teria rolado algo entre Harry e Minako na caverna. Na verdade, nada rolou e os dois sabiam disso.

2-O nome do disfarce de Harry, “Gilbert Sullivan”, homenageia os dois compositores do Século XIX e início do Século XX, W. S. Gilbert e Arthur Sullivan, autores de várias óperas, dentre as mais famosas figurando “Mikado”, “The Pirates of Penzance” e, principalmente, “H. M. S. Pinafore”.

3-O Coronel Roberto Sales. Essa é a identidade secreta do super-herói brasileiro Raio Negro, criado por Gedeone Malagola, em 1964.

4-Na edição Nº 12 de “XXX-Holic”, os personagens Watanuki e Mokona jogam o “Shiritori” quando passam por ruas escuras à noite, a fim de espantarem os maus espíritos que os estavam perseguindo.

5-“π” escolheu aquela aparência por uma razão totalmente lógica. Sete de Nove era a Semi-Borg que fazia parte da tripulação da Voyager, interpretada pela atriz Jeri Ryan e que tinha um romance com o Primeiro-Oficial Chakotay, interpretado por Robert Beltram. Este último foi parceiro de Chuck Norris em “McQuade, o Lobo Solitário”, onde o viláo era David Carradine.
6-Na formação antiga, atuavam Barbara Anderson (1972 a 1973), Lynda Day George (1971 a 1973), Steven Hill o líder (1966 a 1967), substituído após a primeira temporada por Peter Graves (1967 a 1973), Martin Landau (1966 a 1969), Leonard Nimoy, o Spock de “Star Trek” (1969 a 1971), Barbara Bain (1966 a 1969), Sam Elliott (1970 a 1971), Bob Johnson, a voz das gravações das missões (1966 a 1973), Lesley Ann Warren (1970 a 1971), Greg Morris e Peter Lupus. Na nova formação, de 1988, além de Peter Graves, atuavam Thaad Penghlis, Anthony Hamilton, Bob Johnson, ainda fazendo a voz das gravações, Terry Markwell (1988 a 1989), Phil Morris e Jane Badler (1989 a 1990). Phil Morris (Grant Collier) é filho de Greg Morris (Barney Collier), sendo que este último participou de alguns episódios da nova formação.


Agradeço aos leitores que não deixam de comentar. Claudiomir, diga à Cortadora de Almas que ela pode ficar sossegada, pelo menos por mais um tempo. Sayonara, amigos. Até o próximo capítulo.

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