Cansados de brincar de cão e g

Cansados de brincar de cão e g



Cansados de brincar de cão e gato...


Serenna manteve os olhos fechados, até que aquela sensação odiosa passasse. Só então, abriu-os para ver onde estava, afinal. A primeira coisa que viu, claro, foi o rosto sorridente e de expressão travessa de Sirius Black.


Estavam, como imaginou, na sala da Mansão Black. Ao seu olhar raivoso, ele se afastou, levantando os braços num pedido de paz:


- Só pensei num lugar tranqüilo pra conversarmos, sem segundas intenções... Proponho fazermos uma trégua, concorda? Começarmos do zero, como se tivéssemos nos conhecendo nesse instante, na mesa da Grifinória ou no trem, indo para escola. – ele disse, sorrindo, apontando o sofá de forma educada, para que ela se sentasse.


- Como se fosse tão simples... Mas, tudo bem, vamos tentar.. – ela o fitou como se ainda não tivesse certeza de que estaria segura ali com ele, mas intimamente certa de que era exatamente o que queria fazer.


Sirius não dizia nada, preparado para uma possível explosão dela, mas Serenna o surpreendeu, tirando o casaco e o blazer, sentando-se tranqüilamente e, sorrindo, perguntou:


- Então, já que vamos começar de novo, por onde vai ser isso?


Alegre como um menino que acaba de ganhar um presente, Sirius se sentou ao seu lado. Ela arredou até o canto, sentando-se sobre uma das pernas cruzadas, numa postura descontraída, mas que ao mesmo tempo colocava uma distância entre eles.


- Espero que me perdoe, mas eu poderia…- ela indagou, vacilante, apontando os sapatos.


- Claro, não tem problema algum. Somos amigos, e amigos se colocam à vontade na casa um do outro. - Sirius pegou de sua mão o casaco e o blazer que ela tirara, colocando-os na poltrona do outro lado, próximo à lareira.


Voltando ao sofá, sentou-se um pouco mais próximo dela, observando-a tirar as botas de cano curto e deixando à mostra meias de lã cor-de-rosa com estrelas diminutas salpicadas, que não tinham nada a ver com o terninho sério de cores sóbrias que ela usava, embora a camisa fosse de um tecido fino e de um suave tom de rosa. Então, viu-a recolher as duas pernas para cima do sofá, encostando-se mais relaxada. Resolveu provocá-la um pouco.


- Se quiser, pode segurar a varinha pra me petrificar se eu avançar um único milímetro daqui – ele comentou, jocoso, mas ela apenas arqueou as sobrancelhas e respondeu:


- Humm... sei que não será preciso. Você é um cavalheiro...


- Tem certeza? – ele piscou.


- Ah, mas já sei aparatar sozinha. Sem problemas. Só tenho que tomar cuidado no destino que vou escolher para fugir, já que estou apenas de meias – ela apontou para os próprios pés.


Eles se encararam por alguns instantes, até que Sirius quebrou o silêncio incômodo:


- Acho que estou em desvantagem. Não tenho nada para contar à minha “mais nova velha amiga”… Você já sabetudo sobre mim.


- Não-sei-não-senhor! Só sei que foi colega do Remus, padrinho do Harry, inimigo declarado do Severus... Ah, claro, passou 12 anos preso em Azkaban por conta da traição de Pettigrew, de onde fugiu usando a forma animaga... depois caiu naquele véu e ficou por lá mais doze anos... só isso.


- Não se esqueça do fato de sonhar com você quase todas as noites, quando era um garoto.


Serenna o fitou, confusa. Não esperava que ele tocasse no assunto assim de cara.


- É... isso também. E agora, passa os dias sem o que fazer, então resolveu me tirar do sério...


- É mesmo verdade? Eu tiro você do sério? – ele sorria, maroto e esperançoso.


- Ah, Sirius, pare com isso! – ela tentou ficar séria, mas não resistiu ao encanto daquele sorriso e sorriu em resposta.


Eles pareceram se esquecer do resto enquanto se fitavam, até que Serenna desviou o olhar, embaraçada. Sirius então lhe pediu para contar como era sua vida como trouxa, ainda mais que vivera em outro país.


Enquanto ela recordava a infãncia e a juventude, contando passagens engraçadas com os irmãos, ou falando carinhosamente dos pais, ele muitas vezes precisou fingir que não ouvira algumas daquelas histórias de André ou Murilo.


Ela também quis saber como era sua vida antes de Hogwarts, e ele lhe contou de sua rebeldia juvenil, de como fora viver com os Potter aos dezesseis anos. De como se sentia culpado às vezes por invejar seu amigo, por ter uma família tranquila, feliz, carinhosa.


As horas passaram sem que eles percebessem, envolvidos nos relatos que faziam, imperceptivelmente cada vez mais próximos.


Quando o assunto recaiu sobre sua eterna “desavença” com Snape, Sirius evitou o assunto, comentando:


- Eu fiquei curioso mesmo sobre esse estranho reencontro entre você e o ... seu irmão.


Serenna notou que ele ia dizer “Ranhoso”, mas voltou atrás. Isso já era um bom começo, pensou.


Ajeitando-se melhor no sofá, tentou resumir sua própria história e a do reencontro com Snape naquele hospital. Contou como o levara pra casa, seguindo um impulso, como descobriram juntos sua verdadeira identidade. Falou rapidamente da morte dos pais e dos motivos que a fizeram voltar a Londres, as pistas de sua família biológica e o casamento de André.


- Só então, revi Severus e soube a verdade, e também que nosso encontro só ocorreu porque eu usava isto. – ela levou a mão dentro do decote e pegou seu medalhão de prata. Sirius aproximou-se para vê-lo direito.


A inscrição atrás não deixava dúvidas, ele concluiu. Somente ao soltar a jóia é que percebeu o quanto estavam próximos, seus rostos quase se tocando.


Mas Serenna se endireitou rapidamente, quebrando a magia do momento.


- De lá pra cá, foi uma surpresa atrás da outra, claro. Não foi fácil descobrir que era uma bruxa, que Harry Potter e sua turma existiam de verdade e todo o resto. E agora, imagine só, descubro até que pessoas próximas a mim na minha pretensa “vida de trouxa” eram bruxas e não me falaram nada!


Sirius percebeu de quem ela falava e perguntou, tentando parecer casual:


- Aquele músico, vocês tiveram algo sério, não? – ele tentou falar o mais normal possível, para ela não pensar que estivesse com ciúmes de Murilo, e nem deixá-la perceber que já o conhecia antes da festa.


- Sim, tivemos algo. Sério? Não sei. O primeiro amor tem aquele ar de fantasia, de sonho... que nem sempre se mantém. O Murilo, hoje, é um amigo muito querido. Depois dele, não fui muito feliz nas escolhas, mas isso já é passado...


- Existiram outros, então...


- Claro, tive outros namorados. Não muitos... e um noivo. Mas deu tudo errado.


- Ainda bem! – ele disse com um suspiro que tentou parecer engraçado.


Serenna o fitou sem entender


- Se tivesse dado certo, eu não teria chance nenhuma, não é? Ainda estaria naquele véu medonho... – ele deixou de sorrir. O simples fato de se lembrar do véu trazia de volta desalento e desespero.


- Acho que não. Achariam alguma maneira, tenho certeza. Remus estava determinado a salvar você.


- Só porque conheceu você e descobriu sua ligação comigo. Aliás... que história é essa de me transformar num poodle com lacinhos cor de rosa? – ele avançou inesperadamente sobre ela, forçando-a a se inclinar, estendendo as mãos na defensiva para empurrá-lo, no que falhou desastrosamente, pois logo ele estava sobre ela, mantendo-a presa entre ele e o sofá.


- A idéia não foi minha, juro! Foi do Aluado! – ela ria, quase se engasgando ao se lembrar de seu feitiço contra o bicho-papão-Sirius...


- Eu deveria me transformar agora e... – ele parou, encarando-a profundamente.


- E o que? Me morder? Mas a Tonks disse que você não morde!– ela retrucou, segurando uma risada... mas perdeu completamente o rumo do que ia dizer em seguida. Aquele olhar a “embobecia”... sem contar a sensação estranha que seus corpos tão próximos estava lhe causando. Como é que tinham chegado a um ponto desses tão rápido? Tinha até medo de responder.


- Não... – ele murmurou – Eu seria incapaz de ferir você, pode ficar tranqüila...


- Não sei não... – ela tentou gracejar, mas não conseguiu.


O olhar dele se fixara em seus lábios, que ela mordia, nervosa.


- Não faça isso comigo... – ele murmurou, rouco.


- Você é que faz comigo… - ela deixou escapar, num sussurro. Sirius fitou-a intensamente, enquanto roçava delicadamente seus lábios, e ela desisitiu de resistir ao que sentia por ele.


O beijo que começou hesitante foi terno, louco, apaixonado, doce... de tudo um pouco. Só não foi longo, porque algo os interrompeu.


 


Algo não, alguém:


- Sirius! Sirius! – a voz eufórica e inconfundível de Tonks vinha da lareira – Você já soube?


Os dois se afastaram um pouco, mas Sirius se recusava a responder à prima, que continuava chamando-o, sua cabeça revirando nas chamas verdes como se tentasse alcançar todos os cantos da casa. Mas ela não os vira no sofá, que estava na lateral da sala, um pouco fora do campo de visão da lareira.


- Que tal aparatarmos pra outro lugar antes que ela nos veja? – ele perguntou, num sussurro, enquanto mantinha Serenna quieta com o peso de seu corpo.


- Nesta posição? Nada disso, Senhor Espertinho! E ela iria ouvir... – Serenna respondeu, também num sussurro.


- Hum... é mesmo... Tem certeza? Você ia gostar de “lá”. – ele sussurrou no seu ouvido, com um sorrisinho malicioso no canto dos lábios, fazendo-a arrepiar-se toda.


Mas eles não foram silenciosos o suficiente, porque Tonks percebeu alguma coisa e agora virava a cabeça para aquele lado.


- Ah! Você está aí, hein? Ops, não está sozinho? Desculpe... – ela acabara de perceber o casaco e o blazer no braço do outro sofá, além, claro, das botas nitidamente femininas no chão.


- Hum... acho que meu velho amigo lobisomem vai ser tornar um lobisomem viúvo...


- Shhh... Não diga isso! – Serenna fez cara de espanto e de pena, mas por dentro pensava algo parecido.


Sirius se ergueu a contragosto e foi até a lareira, depois de murmurar um “fique aqui” para Serenna. Seu gesto a surpreendeu, ele tentava preservá-la da curiosidade da prima.


- O que foi, prima? Pra que tanto estardalhaço? – ele perguntou com ar de enfado, tentando se recompor rapidamente.


- Ah, pensei que gostaria de saber que achamos mais um membro da família Black...


- Eu já sei disso – ele retrucou, impaciente, imediatamente se arrependendo e torcendo para que seu deslize passasse despercebido. Esperança vã, entretanto.


- É um garoto, tataraneto de Isla Black, aquela que...  – Tonks arregalou os olhos – Espere um pouco, como assim, “já sabe”?


Sirius soltou um grande suspiro e devolveu:


- Como “você” sabe?


- Ah, o Atkinson contou pro Arthur que a Serenna ia vê-lo hoje e... – Tonks arregalou ainda mais os olhos e olhou de soslaio para o sofá, para depois perguntar em surdina – É... ela? Vocês... estão juntos?


Sirius deixou escapar uma imprecação. Naquele momento, tinha vontade de matar a prima enxerida... Antes que pudesse dizer alguma coisa, ela se virou de costas, como se alguém a chamasse, e sumiu da lareira. A cabeça de Remus apareceu em seu lugar:


- Sirius, nos desculpe. A Tonks parecia que ia morrer de ansiedade se não falasse com você. Andrômeda também está felicíssima, quer saber tudo sobre o garoto. Estamos tentando impedi-la de ir hoje mesmo bater à porta deles. – ele pareceu hesitar antes de continuar, mas quando falou não olhou para o lado do sofá – Serenna está mesmo aí? Posso falar com ela?


Serenna saiu de sua posição segura, vindo para o lado de Sirius ao pé da lareira. Respirou fundo e tentou se ajeitar rapidamente, antes de cumprimentar o amigo, pedindo a Deus para não estar corada:


- Como vai, Remus?


- Tudo bem? –ele lhe sorriu, tentando demonstrar naturalidade e olhando de soslaio para Sirius – E então? Como foi lá? Correu tudo bem? Soube que foi sua primeira visita ”solo”.


- Sim, correu tudo bem. Mas tive ajuda do Sr. Black aqui e... – ela riu, ao ver sua cara de espanto com a súbita formalidade – Você sabe como ele é, um perfeito cachorro... Isso convenceu a família do garoto na hora!


- Ora! – Sirius retrucou, mas Serenna caiu na risada


– Você precisava ver a cara do pai do garoto, quando aquele cachorro imenso se transformou num homem adulto bem à sua frente.


- Pelo menos agora, o Almofadinhas tem mais gente na família... – Lupin comentou


- No canil, você quer dizer... o garoto é um animago nato, e também se transforma em cão.


Lupin fez cara visível de espanto dessa vez, e os três acabaram rindo muito. Tonks voltou para a conversa, mas eles logo se despediram.


Sirius e Serenna se entreolharam. O clima fora quebrado, mas ambos tinham receio de dizer alguma coisa que os tirasse da ilusão de que poderiam voltar ao mesmo ponto em que estavam antes da interrupção.


Sirius ia falar algo, quando um novo rosto apareceu na lareira: Harry.


- Oi, Sirius, eu... Serenna! Tudo bem? – ele perguntou, sem jeito, e Serenna sorriu ao perceber o rosto encabulado por trás das chamas verdes.


- Tudo bem, Harry. Já sei: você também ouviu falar que fui visitar um descendente dos Black hoje.


- Então é verdade mesmo? Que legal! Como é o nome dele?


- É Daniel, mas o chamam de Harry Potter na escola. – ela respondeu, só esperando a reação dele, que foi de autêntico susto.


- Hein? Mas... por que? Ele anda azarando os outros sem querer? Foi isso que ele fez pra ser detectada a magia? Azarou alguém?


- Não, nada tão grave. Fique tranquilo, ele não inchou a tia como um balão! – ela riu ao se lembrar da história, e Harry fez uma careta. - Ele apenas se parece com Harry Potter. Não você, o “outro”. Poderiam ser irmãos, de tão parecidos. Confesso que eu mesma me assustei. Cheguei a conferir se ele não tinha uma cicatriz na testa.


- Mesmo? – Sirius indagou – Não achei tão parecido assim com o Harry...


- Porque você não viu os filmes, seu bobo.


A naturalidade entre eles fez Harry franzir as sobrancelhas. Será que já estavam se entendendo? Sirius finalmente conseguira vencer a barreira que a irmã do Ranhoso mantinha erguida? Ao que tudo indicava sim, afinal, ela estava na casa dele!


Uma sineta - não, um carrilhão inteiro, mais barulhento que o BigBen - pareceu tocar em sua cabeça nessa hora. Ele percebeu que estava sendo inconveniente. Um pouco sem graça, agradeceu a Serenna pela informação, que disse ser mesmo maravilhosa, cumprimentou o padrinho e despediu-se.


Eles ficaram em silêncio, olhando um para o outro, ambos pensando no que – ou quem – viria a seguir. Não precisaram esperar muito.


Logo as chamas tremularam, verdes novamente, e um novo rosto surgiu:


- Boa noite, Sirius. - Ana Weasley sorriu – A Serenna ainda está aí? Precisava falar com ela...


- Estou sim, Ana, o que foi? – Serenna se aproximou da lareira.


Ana parecia indecisa. Então, de repente, fitou Sirius e pediu:


- Você poderia nos deixar conversar a sós uns instantes?


- Claro – ele disse, sem esconder uma ponta de irritação – Acho que não estou sendo um bom anfitrião. Vou à cozinha buscar algo. Fiquem à vontade. Serenna... a casa é sua.


Com uma mesura exagerada que arrancou risinhos de ambas, ele as deixou.


Serenna suspirou e encarou a amiga, perguntando logo, em português:


- O que era tão importante pra você me chamar aqui? Ah... e como sabia que eu estava aqui? Já sei, não precisa dizer. Foi a Tonks. Meu Deus, daqui a pouco teremos lareiras funcionando que nem o MSN... já pensou?


- É que... – Ana fez uma expressão engraçada, meio maliciosa – Tonks pareceu tão entusiasma, porque vocês finalmente estavam “ficando”...


- Mas não é nada disso! – Serenna reagiu de pronto.


- Não mesmo? – Ana piscou, divertida, mas depois ficou séria – Olha, não quero me intrometer, só acho que você não pode ficar fugindo do que sente... Vou acabar discordando do Snape.


- Como assim?


- Ah, ele achava que você ia parar na Grifinória, ou era uma nova discípula de Dumbledore, disposta a confiar e entrar de cabeça... mas você está muito sonserina pro meu gosto, especialista em sair pela tangente.


- Ah, meu Deus! – Serenna revirou os olhos e estava pronta pra desferir uma resposta irônica, quando Ana comentou novamente:


- Estou vendo que as coisas se inverteram... Se antes você influenciou Snape positivamente, fazendo-o melhorar tanto... agora, ele é que está influenciando você, e pra pior!


- Não é nada disso! – Serenna se ergueu, pronta a sair dali, mas parou. A amiga tinha razão. Estava, no mínimo, sendo infantil. Sentou-se em frente à lareira, em posição de ioga, o mais próximo possível das chamas, para falarem com mais tranqüilidade. Poderia finalmente falar de suas dúvidas para amiga. Das reservas que ainda tinha para se entregar às evidências que seu coração não conseguia mais esconder:


- Eu gosto dele, Ana, você sabe. Mas… esse jeito dele de querer viver intensamente, como se não houvesse um dia de amanhã, me assusta um pouco.


- Menina, ele viveu 12 anos em Azkaban e, quando pensou que estava livre de novo, lá se foram mais doze anos naquele véu! O que você esperava? Mas não acha que um cara que sonha e espera por você desde a adolescência vai querer um caso rápido e pular fora depois, acha? Vocês estão predestinados a ficarem juntos, qualquer um sabe disso.


- Lá vem você com essa história de novo... Eu não acredito em predições e profecias. Essa história de ser meu destino tirá-lo do véu já foi mais do que suficiente pra...


- Pra provar que estamos certos! Deixe de ser teimosa, ouça seu coração!


- Não sabia que você tinha virado “conselheira sentimental”...ou Cupido!


- Olha aí você de novo querendo sair pela tangente. – Ana parou, pensativa, mas confiante. Ia usar seu último trunfo pra convencer aquela turrona. Aquilo estava ficando mais difícil do que convencer o indeciso Rony a criar coragem pra se aproximar da Hermione.


Serenna, por sua vez, começou a pensar que, se fosse no Brasil, talvez existisse já até um “bolão” com os palpites mais votados de quanto tempo demorariam para se acertar... Mas Ana interrompeu seu devaneio, limpando a garganta e começando o que parecia uma longa preleção, e Serenna fingiu-se resignada, quando por dentro começava a se divertir com a situação, reconhecendo que estava curiosa com os argumentos que Ana – uma perfeita advogada – usaria para defender sua união com Black. Não ia dizer para amiga que não precisava ser convencida e perder uma oportunidade dessas. Ana era sempre brilhante em seus argumentos.


- Serenna, você é uma parte importante de um complicado e delicado equilíbrio mágico.


- Falando assim, até parece que sou uma nova Merlin, ou a reencarnação de Morgana das Fadas… – Ela suspirou e fitou a amiga com ar descrente, tentando não rir.


- Mulher de pouca fé! – A outra disse com humor. – Lembra de quando eu falei sobre o Zodíaco de Glastonbury? – Serenna fez que não, só pra ver o que a amiga faria. – Tudo bem, explico de novo. A Abadia de Glastonbury é uma das mais antigas construções cristãs da Inglaterra. Hoje está em ruínas, só que a região toda já foi ocupada por celtas, há mais de dois mil anos. Pois bem... O traçado das antigas estradas forma desenhos imitando os doze signos do zodíaco, espalhados por toda a região de Somerset, Barton St. David, Pennard Hills, Babcary... Em círculo. Na Ordem exata. – Ana concluiu, entusiasmada.


- É realmente impressionante. – Serenna concordou. – Mas não vejo ligação comigo, ou com... O cachorrão ali. – Indicou um gesto de cabeça a direção da cozinha, onde Sirius estava.


- Calma. Eu ainda não terminei. Há um décimo terceiro símbolo, fora do círculo. Ou o “Décimo Terceiro Gigante”, como o chamam. Um enorme cão, medindo cinco milhas de comprimento. O “Grande Cão de Longport”! A cabeça do cão está em linha reta com o símbolo de Gêmeos, separando o gêmeo do norte do gêmeo do sul. – ela brandiu a varinha do outro lado, e um desenho estranho, parecendo mapa astral, foi projetado no chão à frente de Serenna.


- Sim, mas... – Serenna tentou retrucar, mas Ana não parava mais.


- Os trouxas só se deram conta da existência dos símbolos em 1936, quando uma pesquisadora, que estava traduzindo um antigo texto sobre as aventuras do Rei Arthur que supostamente haviam sido escritas por um monge em Glastonbury, desconfiou que aqueles mapas antigos tinham um estranho “padrão”. Olha só o que um estudioso disse a respeito:


Ela começa a ler o que parece ser um imenso bloco de anotações:


- “Nas imediações do sudoeste do círculo do zodíaco, a figura se parece com o cão egípcio Anúbis, Guardião do Submundo. Aqui, poderia se dizer que o cão está guardando o zodíaco. Sua calda está apropriadamente localizada no lugar chamado Wagg, e o brilho da “Estrela do Cão” do Cão Maior, SIRIUS - Ana enfatizou o nome – cai no nariz do cachorro. Justo neste nariz, construído em Athelney, que é uma das linhas de margens fazem o alinhamento mais longo dos lugares pré-históricos no sul da Inglaterra.


- Coincidência, Ana.  – Serenna retrucou de novo, mas Ana só sacudiu a cabeça e continuou:


- E o grande cão de Longport – fora do círculo pelo sudoeste – defendendo os signos do inverno ao norte, e os signos do verão ao sul”.


- Acho essa história toda muito forçada. Quem garante que isso tudo tem alguma coisa a ver comigo, ou Sirius, ou Severus? Quando ajudei você com aquele medalhão...


- Ainda não tínhamos descoberto o jeito de trazer Sirius de volta, e eu já tinha ficado curiosa com o cão ali. Já estava encafifada com isso – a auror fez uma pequena pausa e continuou, mais resoluta ainda - Serenna. Eu venho estudando e me aprimorando no meu dom de Mestra dos Sonhos. Eu te contei sobre o chefe indígena, lembra? Pois é, nesses meus estudos, tive que passar por vários conceitos de magia que os estudantes de Hogwarts sequer sonham que existam. É por isso que eu sei que ter crescido no Brasil te deu muito mais do que imagina, e já sabia disso quando aconteceu tudo aquilo em Glastonbury. Se não fosse isso não teríamos conseguido... (1)


Ana parou e respirou fundo. Os acontecimentos ainda eram muito recentes para ela, tinha sido algo muito intenso, e ela não conseguia entender como Serenna não percebera a grandeza do que fizeram, do que só fora possível acontecer por causa da ligação ente ela, Snape e, claro, Sirius Black. Mas, pensou, talvez Serenna tivesse também algum mecanismo interno de defesa que atuava toda vez que ela usava seus poderes mágicos mais intensamente. Pelo menos, desta vez ela não apagara, como quando salvara Olho Tonto. Ana voltou à carga, decidida a provar que estava certa:


- Você respirou o ar de lá, se alimentou dos frutos da terra, bebeu da água de mananciais de lá. Para os povos indígenas, você se encheu da força que existe lá, e está, irrevogavelmente, ligada a ela.


- Agora já são mitos indígenas? Pensei que falávamos de Zodíaco. Não, da Abadia... ai, “Madona da Querupita”!


- Eu, sei, eu sei. Parece confuso, mas só quando se conhece os mitos separadamente. Se colocarmos lado a lado as histórias, veremos que há ligações. Do mesmo modo que descobrimos as ligações de Hogwarts com Avalon... – seus olhos brilhavam ao ordenar firmemente - Olhe para o cão, Serenna – a outra obedeceu. – Sempre fora do círculo. Guardando os demais “Gigantes”, mas à margem. Apenas parte de sua calda está dentro do zodíaco, e ela aponta para o signo de leão. Leão! Grifinória.


- Os gêmeos do signo sempre aparecem como gêmeos idênticos... – Serenna ainda tentou argumentar, mesmo sabendo que era perda de tempo.


- Olhe bem: estes gêmeos não são idênticos. Um está agitado, com o braço levantado como se fosse jogar algo no cão. O outro está de frente para o cão, o observa calmamente... Os especialistas trouxas até se perguntam se é o outro gêmeo ou um monge meditando... – Ana sorriu triunfante, depois de lançar um olhar para a figura da amiga, sentada em posição de lótus. – Você adora ficar assim, não é? Não notou como você parece "recarregar as baterias" quando volta para casa?


- Ana, todo mundo diz a mesma coisa sobre o Brasil!


- Exatamente! - Ana respondeu, com um sorriso enorme. - Por isso, sua magia é ainda mais forte quando está no Brasil.


- É, eu sei, já deu pra sentir que isso acontece mesmo.


- Mas VOCÊ Serenna... – Ana voltou à carga - Faz parte de um plano maior. É parte do equilíbrio de Gêmeos"


- Agora você vai dizer que foi por isso tudo que voltei. Que Severus cumpriu uma espécie de “profecia” ao me trazer de volta...


- Certo, certo. Direto ao ponto: o cão tem a função de proteger, guardar e manter unidos os símbolos. Você voltou por Severo, sim. São tão parecidos e tão diferentes quanto o norte e o sul... Mas você precisava ser separada dele. Sua... Como poderei dizer? “Absorção” da magia do Hemisfério Sul era fundamental para o equilíbrio daquele lugar. E você cumpriu seu papel quando foi necessário. Sul e Norte, Espaço e Tempo, você e Snape. Agora que voltou... O cão a protegerá... E a manterá aqui e fará com que você seja tão forte aqui como é lá.


- Que absurdo, Ana! Agora eu preciso da proteção de um homem que vira cão? Eu...


- Não acredito que eles não tenham lhe dito sobre o feitiço de sangue! O Remus ou o Snape.


- Claro que disseram… Bem, na verdade, foi Lady Marjorie quem disse, no Natal. – Serenna começou a se inquietar. Aquilo confirmara suas piores suspeitas, de que apenas ela estivera ignorante sobre o significado do ritual que aceitara fazer.


- Olha... não era um feitiço simples... O Remus não entrou em detalhes naquela reunião, mas aquele ritual de sangue é um ritual de casamento mágico. Por isso era necessário uma bruxa em especial, que tivesse mesmo uma ligação profunda com o homem a ser resgatado. Tinha que ser uma relação de amor, como a que vocês já tinham... A gota de sangue que selava o feitiço, e também o compromisso, devia ser uma prova de amor eterno. Se você não o amasse o suficiente para entrar no véu por ele, não conseguiria sair, muito menos trazê-lo com você.


- De onde vocês tiraram que eu amava Sirius Black? Se não tivesse dado certo, eu também teria ficado presa lá!


- Mas não ficou! E por que? Porque o ama sim, sua teimosa!


Serenna resolveu deixar de fingir para amiga:


- Ana, eu sei disso, não precisa ficar repetindo, sim?


- Mesmo? – Ana estava exultante – Você finalmente resolveu admitir? Que maravilha!


Ela batia palmas entusiasmada, fazendo as cinzas voarem, e Serenna retrocedeu um pouco, rindo e protegendo-se do pó com as mãos.


- Eu resolvi tentar, Ana. Só isso, não se entusiasme tanto.


- Sei. E eu fazendo esse discurso todo… para nada!


Serenna deu de ombros, com cara de envergonhada, um pedido mudo de desculpas no seu sorriso. Ana balançou a cabeça, assumindo um ar malicioso ao retrucar:


- Tudo bem, eu entendo… E também acho que passar a noite na casa dele vai ser um ótimo jeito de… – Ana se interrompeu, olhando para o outro lado e retrucando – Vamos mudar de assunto que o assunto chegou…


Como se esperasse uma deixa, Sirius retornou nesse instante, trazendo duas garrafas de cerveja amanteigada e o que parecia ser um prato de biscoitos.


Ana o fitou por alguns instantes. Podia jurar que ele ouvira pelo menos parte da conversa, mas não ia comentar nada. Isso daria mais um motivo para Serenna se manter na defensiva e, além do mais, tinham conversado em português, o que ele poderia ter entendido? Com ar de quem não quer nada, perguntou ainda em português:


- Quer que eu avise pra Lady Marjorie que você vai passar a noite com seu “fiancê”?


Serenna a fitou de olhos arregalados de susto e rosto corado pela sugestão. Ana deu um sorrisinho e se despediu, antes que recebesse uma maldição da morte via lareira.


 


Após alguns segundos olhando fixamente para a lareira, Sirius se virou para Serenna e perguntou, irônico:


- Quem é que falta? Ah, já sei. O Snape.


- Fique tranqüilo, ele não virá. Já conversamos. – Serenna respondeu.


- Como assim? – Sirius a fitou por alguns momentos e depois balançou a cabeça – Tinha me esquecido. Disseram-me que vocês têm uma espécie de telepatia.


- Sim, mais ou menos isso. – Serenna respondeu, baixando a cabeça.


 


Involuntariamente, enquanto Sirius e Tonks conversavam, seus pensamentos haviam chamado a atenção de seu irmão, que perguntara se estava tudo bem. E ela respondera mentalmente:


- “Sim, estou bem. E estou com o Sirius”.



- “Sirius Black? Tem certeza do que está fazendo?”



- “Sim, tenho. Fique tranqüilo. Sei me defender.”



- “Vou tentar acreditar nisso. Pelo jeito, você já se decidiu, não é mesmo?”



- “Sim, cansei de brincar de gato e rato, ou melhor, de cão e gato. Mesmo ainda achando absurdo essa história de casamento indissolúvel… Vocês tinham que ter me explicado claramente isso.”



- “Mudaria alguma coisa? Você deixaria de tentar entrar no véu se soubesse que estaria mesmo ligada a ele para sempre? Que não era apenas uma força de expressão?”



- “Não... Vocês tinham razão, enxergaram antes de mim que eu o amo.”



- “Pelo visto, terei mesmo que me acostumar com o Pulguento na família. Vou já preparar aquela poção antipulgas! A famíllia vai precisar de proteção extra.” – fora sua resposta irônica e, quando ela pensara que ele romperia a ligação mental, ele disse:


- “Não pense nisso. Você não me deve nada. Graças a você, além de meu filho, hoje tenho mais irmãos e sobrinhos do que imaginei, já que sua família trouxa também me adotou. Você tem o direito e o dever de ser feliz com alguém”



- “Você também. Talvez esteja na hora de procurar uma cunhada para mim…”



- “Isso já é outro assunto, irmãzinha.” – e, agora sim, ele rompera a ligação.


 


Serenna olhou para Sirius com um pedido mudo de desculpas, enquanto ele tentava assimilar a informação de que Snape já sabia que a irmã estava em sua casa, sozinha com ele.


- Bem, acho que podemos continuar nossa conversa, então...já que todo o Mundo Bruxo já sabe que você está em minha casa, que tal anunciarmos nosso casamento amanhã?


Ele caminhou até o sofá, sentando-se novamente, enquanto Serenna piscava, sem entender o comentário dele, sentindo um calafrio percorrer sua espinha


- Como assim, nosso casamento? – tentou falar o mais natural possível, sendo até irônica.


- Ora, com a fama que eu tenho... e Merlin deve saber porque, já que não faço idéia alguma do que tenha feito para merecer isso, sua reputação estará irremediavelmente arrasada, em menos de doze horas.


- Você se esqueceu de quem sou. Uma Snape! Será difícil piorar minha reputação... Já falaram de tudo, desde eu também ser uma ex-comensal até o displante de ter uma ligação incestuosa com meu irmão e meu sobrinho Alan ser o “resultado”...


- Entendo... Você precisava ver o que já escreveram ou falaram sobre mim. Então, esqueça isso. A gente falava de outra coisa, antes de sermos interrompidos de forma tão drástica.


- Ah, você não viu nada! – ela soltou uma gargalhada, tentando disfarçar o embaraço por ele ter se referido ao beijo – Se tivesse sido o Coronel Laurent a entrar na sala, você ia querer não ter saído do véu!


- Quem é esse? – ele indagou, enquanto pensava em como gostava daquele som cada vez mais.


- Meu pai. Meu pai adotivo. Quando eu namorava com Murilo, se ele nos surpreendesse em situação mais comprometedora do que mãos dadas... era um senhor sermão. Imagine se tivesse visto algo desse tipo... Não, senhor, não teríamos escapatória! – ela ria, tomada por uma expressão saudosa. Como sentia falta do pai!


- E o seu noivo? Seu pai também fazia essa vigilância intensiva? Afinal, você já devia estar mais velha e se chegaram a pensar mesmo em se casar...


- Hum... Era mais gente tomando conta do que você imagina. Ele tinha sido namorado da minha irmã, pra começar. Mas isso é outra história... – Serenna riu da cara de espanto dele – Ela é que aproximou a gente, achava que tínhamos mais a ver um com o outro. Ele era do time masculino de basquete da nossa cidade natal, ela do feminino... Saíamos muito em grupo, quase nunca estávamos sozinhos. É verdade que quando tinha chance ele... gostava de tentar “avançar o sinal”... mas eu – ela o olhou de relance – eu nunca...


Serenna suspirou. Quase confessara algo muito íntimo, que coisa mais embaraçosa! E, além do mais, aquelas lembranças, sim, eram difíceis. Nada da irreverência divertida de Murilo, que nunca deixara de ser um amigo. Com o antigo noivo, as coisas foram um pouco mais dolorosas. Mas, já que começara, resolveu contar até o fim, tentando nãos e preocupar com o fato de que, como sua mãe dizia, “para quem saber ler um pingo é letra”, e Sirius certamente entendera o que dissera:


- Os dois times tiveram jogo em outra cidade, um torneio intermunicipal, num fim de semana em que não pude viajar com eles. Tinha prova para um concurso público. Depois do jogo, minha irmã os flagrou... bem, você pode imaginar. Ele estava com outra, uma garota do time também, e nem tinha se incomodado em terminar comigo antes. Rompi o noivado, claro. Eles se casaram logo em seguida, ela estava grávida. Depois disso, não perdi mais tempo com namoricos e rapazes. Tratei de cuidar da minha vida. Tinha coisas mais importantes em que pensar.


Sirius não disse nada, apenas a olhava com expressão indecifrável. Intimamente, estava feliz por constatar que não tinha nada a temer quanto a possíveis “concorrentes”. Mas, por outro lado, começava a entender aquela barreira toda e imaginar o que precisava fazer para derrubá-la. Estava claro que a traição do noivo a fizera desconfiar demais dos homens, a ponto de afastá-los de sua vida. Mas ele não desistiria tão fácil assim...


Seus pensamentos foram interrompidos por um comentário dela, obviamente uma tentativa de desviar daquele assunto delicado.


- Pensei que você não gostasse dessa casa e fosse procurar outro lugar pra viver. Mesmo com a melhorada que ela sofreu... ainda é muito sombria. Deve trazer muitas lembranças desagradáveis.


- Ah, mas já estou providenciando isso! – ele sorriu, satisfeito – Só continuo morando aqui, porque ainda faltam alguns detalhes... É um apartamento num prédio trouxa, precisa de algumas adaptações. Ninguém sabe de nada, além do Remus.


- Sério? Gostaria de ver isso... Ver como você se viraria sozinho, afinal... – ela ria com vontade agora, e estava realmente curiosa. Sirius Black ajeitando sozinho uma casa? Isso ela queria ver!


- Gostaria mesmo? Só se for agora!


Serenna olhou para a mão estendida, depois para o sorriso no rosto cheio de expectativa. E pensou: por que não?


Sorrindo também, segurou a sua mão, deixando que ele a puxasse para mais perto, abraçando-a, antes de aparatarem juntos mais uma vez.


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Gente, desculpe a demora. eu tinha enviado o capítulo pra Belzinha, ela teve problemas de conexão, eu também... e acabei mexendo de novo no capítulo... Como as alterações são mínimas e accredito que consegui achar todos os possíveis erros de digitação, resolvi não demorar mais para postar. Meu word está com uma estranha versão "portunhol" que altera palavras e inclui acentos... se tiver passado algo, me perdoem. Claro, evidentemente, que toda a brilhante argumentação de Ana foi escrita por sua criadora - Belzinha - e foi muito divertido criar este diálogo pelo msn. Querida amiga, não se espante, alterei algumas falas na parte da Serenna... mas acho que Ana ficou feliz por isso. Ah, pra algumas entusiastas como a Tina Granger, só tenho três palavras: Está quase lá! (hehe... como dizia D. Marta laurent, pra quem sabe ler, um pingo é letra! )


editando em 11/11/11 (acreditem esta data tem poder, hehehe)


(1) a tão bem elaborada contribuição da Belzinha para este capítulo precisou ser alterada porque... bem... tem coisas acontecendo em Harry Potter e o Segredo de Corvinal que vocês ainda não sabem, e que aconteceram antes disso... então, editei o melhor que puder sem dar muito spoiler (Bel, minha querida, se exagerei, me perdoe! mas é tão emocionante... mal posso esperar para ler seus próximos capítulos)

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