Era um bicho-papão de lacinhos

Era um bicho-papão de lacinhos



Capítulo especial dedicado a Tina Granger e Grazy DSM (porque elas são muito, muito impaqcientes...)

Mas o próximo vai demorar, viu? Porque depende do desenrolar de "outros acontecimentos"....

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- Você está pronta?
Serenna olhou para Remus Lupin, ainda em dúvida. Tudo bem que já alcançara conhecimento e prática de feitiços suficiente até para prestar um NOM, mas ainda hesitava em enfrentar um bicho-papão... Deparar com seu maior medo...
- Não pode ser pior que o da Molly, pode? – Lupin indagou, sorrindo – Eu as vi conversando sobre o assunto. É disso que você teme não dar conta? Ver seus filhos, Alan, ou mesmo o Snape, mortos na sua frente?
- Não... não é isso... eu... ah, Remo, é tão difícil falar disso com você!
Serenna balançou a cabeça. Como dizer a um lobisomem que tinha medo de lobisomens? Depois daquela noite na semana anterior, os pesadelos voltaram a se repetir, só que, agora, era apenas um lobo, um lobo imenso, tão grande quanto um urso, que tentava atacá-la. Era exatamente como ela imaginava ser um lobisomem. E se fosse esse o seu bicho-papão, afinal? Ver a si mesmo transformado não seria agradável para Lupin...
Remo a observou atentamente. Estava tão nervosa quanto Harry da primeira vez que o fizera... Será que...
- Vou precisar te ensinar a conjurar o patrono primeiro, como o Harry? – ele tentou parecer divertido com a idéia, mas viu que não funcionou, então, puxou-a pela mão, e fê-la se sentar ao seu lado, esquecendo a caixa que se remexia ligeiramente a um canto.
- Olha, somos amigos, não? Há vários meses, venho ajudando você no seu aprendizado de magia, que tem sido excelente, você aprende rápido, e creio que posso ajudar mais um pouquinho... Sei que você não é uma criança, como Harry e meus antigos alunos, e que nossos medos dizem muito de nossa intimidade... mas você pode confiar em mim tanto quanto em seu próprio irmão. Sabe disso, não sabe?
- Claro que sei, Remo. E é isso que torna tudo tão difícil...- ela respirou fundo, tentando expor sua dúvida sem ofendê-lo – É que... eu tinha alguns pesadelos terríveis quando criança... acordava agitada, chorando com medo. Com o tempo, eles sumiram quase completamente, mas, agora, voltaram mais terríveis... E são a coisa de que mais tenho medo, sinceramente.
- E que pesadelos eram esses?
- Eu... – ela o olhou nos olhos, aflita – Posso te perguntar uma coisa antes?
Lupin assentiu em silêncio.
- Qual era... er... sua aparência, como lobisomem?
O bruxo a fitou, entendendo claramente a questão. E sorriu, tranqüilizador:
- Então é isso? Não se preocupe. Se for um lobisomem que surgir ali... mesmo que pareça meu irmão gêmeo... não vou deixar de te ajudar, certo? Então, vejamos: qual poderia ser uma forma ridícula para um bicho-papão lobisomem? Que tal... um pequeno poodle com laçarotes cor de rosa?
Serenna riu da idéia que ele teve, e tentou visualizar isso... realmente, qual lobisomem não se sentiria ridículo de laçarotes rosa choque por toda a cabeça?
- Assim é que eu gosto. – Ele deu uma palmadinha encorajadora em seu ombro. - Então, vamos lá?
Mais confiante, Serenna se ergueu novamente, empunhou sua varinha, e mentalizou a figura do poodle... mesmo que seu bicho-papão tivesse outra forma... aquela imagem estava lhe trazendo tranqüilidade suficiente para tentar.
- Pronta? Então... um... dois... três!
Com um movimento da varinha, Lupin abriu a caixa e... ficou paralisado de surpresa. Aquilo não era exatamente um lobisomem, era...
- Ridiculus!
Serenna já gritava o feitiço, e um imenso poodle tentando se livrar dos laçarotes rosa se agitava à sua frente até ela gritar novamente o feitiço e ele se transformar em uma névoa indistinta que se refugiou na caixa novamente.
Satisfeita consigo mesma, ela se virou para o professor, que continuava parado no mesmo lugar, como se estivesse petrificado.
- Remus? – ela o chamou – Professor? – insistiu.
Com se despertasse de um sonho, ele a fitou, confuso. Depois, sentou-se, alisando nervosamente os cabelos castanhos que haviam se branqueado prematuramente.
- Remus, o que aconteceu? – ela agora ficava mais aflita – Eu fiz alguma coisa errada?
- Não... não. Você fez tudo certo, muito bem. Mas acho que... você tinha razão... Seu bicho-papão foi demais pra mim...
Ele tentava sorrir, mas não enganou Serenna, que se sentiu ainda pior. Constrangida, perguntou:
- Por que? Era... quer dizer, você era assim?
- Não. Não eu. – Lupin suspirou, depois balançou a cabeça, como se afastasse uma idéia ruim.
- Eu sinto muito. – Serenna murmurou – Eu tinha certeza absoluta de que seria aquilo mesmo... devia ter tentado com outra pessoa me ajudando, o Severus, por exemplo.
- Por Merlim, nem brinque com isso! Uma visão dessas seria...terrível para o Ranhoso!
Lupin ergueu os olhos e a fitou, e de repente, começou a rir. Em poucos minutos, se contorcia em risadas, sentado ao chão. Serenna já não entendia mais nada, até que ele conseguiu recuperar o controle sobre si mesmo e, com o rosto sério, mais uma vez fazendo-a se sentar ao seu lado, indagou com voz tranqüila:
- Você se importaria em me dizer exatamente o que eram esses seus pesadelos? Os de quando era criança, e os de agora?
Fazendo que sim com a cabeça, Serenna se ajeitou na cadeira, preparando-se para uma longa e penosa narrativa...

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