Tormentas







"Mas Para onde você vai?
Sem ninguém para te salvar de você mesmo
Você não pode escapar
Você não pode escapar da verdade
Eu percebi que você está com medo
Mas você não pode abandonar todo mundo
Você não pode escapar
Você não quer escapar?

Where will you go -
Evanescence



Gina corria até a saída do esconderijo de Chang na Base trouxa, com Draco em seu encalço. A ruiva não sabia como conseguira achar o caminho de volta para a saída, pois sua mente estava atordoada. "Grávida? Não, ela não pode... ele não pode... ah, mas que merda!" ela pensava desconexa, chegando a saída. Destravou a porta num movimento de varinha rápido, ignorando um loiro que vinha atrás dela aos berros para que ela parasse. Ganhou a saída com olhos lacrimejantes devido à revelação e a claridade da neve das montanhas. Ignorando os olhares inquisidores dos presentes e até suas perguntas descabidas, aparatou antes que Draco pudesse segurá-la pelo braço.


_Malfoy, o que houve? - Rony perguntou nervosamente para o loiro atordoado que saía logo atrás de sua irmã.

_Onde está a Chang?- Adam McFlurry perguntou.

_Lá dentro. - foi tudo o que disse antes de se aproximar de Dylan e aparatar com ele para a Mansão, ao mesmo tempo em que os agentes saíam da Base trazendo uma Chang sorrindo algemada.



******************



Virgínia sentia-se perdida como há sete anos atrás, quando seus pais e irmãos morreram na Guerra. Nem mesmo o sentimento da perda de Harry em batalha se parecia com a dor que estava sentindo dentro do peito. "Ele não podia ter feito isso, não podia" sua mente teimava em martelar a todo momento. A ruiva estava sentada do lado da sua cama em seu antigo quarto na Toca. Precisava de um lugar para se esconder de todos e de suas perguntas, e como já tinha lido uma vez, o melhor lugar para se esconder de algum inimigo é debaixo do nariz dele. Estava há algum tempo chorando sentada no chão, quando o último raio de sol entrou pela janela empoeirada do quarto.


Levantou a cabeça para observar como alguns meses faziam diferença. A colcha da cama ainda era a mesma de quando ainda morava ali com o filho. Passou a mão pelos velhos retralhos e sua mente divagou em lembranças. Pensava em como sentia-se segura quando sua mãe fazia carinho em sua cabeça antes que ela dormisse e em como sentiu falta dela depois que os Comensais atacaram o Beco Diagonal, levando a vida de Molly e de outros no caminho. Lágrimas embaçavam-lhe a visão e sua mente parecia atordoada demais para assimilar algo à sua volta. A noite estava próxima. A mesma noite que lhe causava uma sensação de alívio, por chegar em casa de um dia de trabalho cansativo. A mesma que causava sensação de felicidade, porque encontraria seu pequeno anjo ruivo quando chegasse em casa. Aquela que lhe permitia sentir ansiedade antes de subir no palco da boate, assim dando-lhe a falsa sensação de liberdade. A noite que, desde alguns meses, lhe dera a sensação de sufocamento, por não saber onde ou com quem o marido estava. A noite. Virgínia adorava e odiava a noite em igual proporção.


Correu os olhos até as janelas, agora abertas por uma gelada brisa, para sentir a presença imponente da lua cheia lá fora. Observou que o céu, mais escuro que o normal, não continha estrelas. Esta era uma noite sem brilho. "Como eu estou hoje." ela completou em pensamento num olhar perdido. "Como eu queria meus pais aqui de novo." ela pensou lamentando-se pela incontável vez em que sentira falta da presença dos Srs. Weasley. "Queria que o tempo voltasse. Queria não ter me envolvido com ele. Queria que tudo fosse diferente, que a vida fosse diferente." ela pensou mergulhando em lembranças de sete anos atrás.


********Mini-Flashback********


_Eu quero eles de volta. - Gina berrava descontrolada tentando desvencilhar-se das mãos do irmão - eu quero meus pais de volta. Me solta Rony!

_Eles estão mortos Virgínia, aceite isso. - o ruivo mais novo berrava, com os lábios tremendo e lágrimas manchando-lhe todo o rosto.

_Quero os meus pais de volta! - ela falou nervosa, porém num tom mais baixo.

_Eles se foram, Gina... aceite isso. - Rony falou desgastado - é difícil pra mim também. - ele confessou deixando-se chorar livremente.

_Eu sei. - Gina levanntou-se do banco onde estava, e dando a volta na mesa da cozinha da Toca, abraçou o irmão - e eu cuido de você agora.

_Eu quem devo dizer isso - ele começou, porém um choro de recém-nascido invadiu os ouvidos dos dois irmãos - o som da vida, Gina. Ele acordou. - ele falou num mínimo sorriso.

_Vou cuidar dele, quer me ajudar? - a ruiva falou secando as lágrimas com a palma da mão.

_Porque não, não é? - ele falou num sorriso sincero, levantando-se para acompanhá-la até o sobrinho que berrava de fome no andar de cima.



***********Fim do Mini-flashback************



Num sorriso triste, Virgínia encarou o guarda-roupas. Andou até ele e ao abrí-lo deparou-se com uma enorme caixa de cor púrpura. Sua caixa de lembranças. Retirou-a de lá e começou a procurar, no meio de seus tesouros, um antigo diário. O mesmo que dera início a primeira paixão de sua vida. A que ela nutriu por alguém que um dia pensou que pudesse valer a pena, e se provou o pior dos cafajestes. "Minha vida sempre foi tão irônica. Como eu pude ser tão cega?" ela pensou pegando uma foto antiga, de seu baile de formanda em Hogwarts. Nela, Harry a abraçava enquanto bailavam e sorria. Um sorriso, que naquele momento parecia sincero, mas que depois que ela lhe revelou a existência de um pequeno ser dentro de seu ventre, desapareceu, assim como os sentimentos que o moreno dizia nutrir por ela. "E de pensar que eu chorei noites inteiras por você." ela pensou com escárnio jogando a foto para o lado. Repulsa era, sem dúvidas, um dos piores sentimentos que se podia sentir.


******Quase cinco anos atrás*******


"_Gina? - Rony chamava entrando no quarto da irmã -onde você se meteu ruiva?

_Estou aqui. - ela falou com a voz embargada, vinda da varanda.

_Está tudo bem? - ele perguntou chegando perto - porque está chorando?

_Eu... - ela mostrou-lhe a foto do baile - porquê, Rony? Não consigo entender.

_Vocês eram muuito jovens Gina. - o ruivo começou a explicar quando viu o olhar de ódio que sua irmã lhe lançara.

_Ele não tinha o direito de fazer isso, Rony. - ela fumegou de raiva - ele não podia ter me abandonado daquele jeito!

_Ele se apaixonou por outra, não fez por mal.

_E eu? E meu filho? Ele tinha o direito de abandoná-lo?

_Não. Ele não tinha, mas ele morreu. E agora, eu estou aqui e vou proteger você e o Dylan não se preocupe. - ele falou seriamente - agora desça, ou seu jantar vai esfriar. - ele disse retirando-se do quarto, deixando a ruiva para trás."



A ruiva continuou a sua procura dentro da caixa, não sabia exatamente o que procurava, só sabia que estava ali, em algum lugar, quando a viu. Uma minúscula chave de ouro, com o número 239* e lembrou-se do dia em que fora com Draco até a Gringotes. "Draco... até quando eu tento te esquecer eu me lembro de você. O que está acontecendo comigo? Porque meus pensamentos não me deixam em paz?" ela martirizava-se jogando todas as coisas à sua volta e voltando sua atenção para a janela aberta.


Ergueu os olhos para a lua imponente e, sem que pudesse se controlar, estava aos prantos novamente, lembrando-se de como a noite anterior tinha sido importante. Lembrou-se que na noite anterior pôde confessar, pelo menos para si, o quanto seus sentimentos por Draco tinham mudado. Ela o amava, mesmo que não desejasse isso. O amava muito e com tal intensidade que não sabia controlar-se. E ele parecia sentir o mesmo com um olhar. Um olhar que ela jamais esqueceria, não importa o que aconteça.




*******O TÃO esperado FLASHBACK**********



"Ela abraçou-o novamente, dessa vez com mais força e sussurrou-lhe no ouvido um “Obrigada por tudo.” deixando-o sem reação, a não ser mirá-la atentamente. Virgínia não mais chorava, somente contemplava o rosto daquele que, mesmo com raiva dela, ainda tinha a hombridade de ficar ao seu lado. O único que estava ali com ela dividindo o desespero do desaparecimento de um filho. “Um filho que nem é dele.” ela lembrou de supetão, encarando-o ainda mais. Ia perguntar à ele algo, mas sentiu os dedos dele fazendo-a calar-se. Perdeu-se naquelas orbes azuis-cinzentas e permitiu-se, pela segunda vez desde o casamento, perder-se num momento com ele. As respirações já misturavam-se e quando ela fechou os olhos, Draco sentiu que tinha permissão de continuar. Uniu sua boca à dela, com delicadeza. Pôde sentir o gosto salgado das lágrimas, teimosas, que ainda lhe corriam a face. Sem perder o contato com a boca da Virgínia, ele enxugou suas lágrimas, com a ponta dos dedos, que passeavam pela face branca da ruiva. Foi um beijo rápido e doce, como nunca tinham experimentado antes.


Draco, após alguns segundos, terminou o beijo devagar. Abriu os olhos para encontrar Virgínia com um olhar confuso pousado em si. “Eu devia matá-lo por isso!” ela pensou quabndo o viu sorrindo. Viu-o levantar-se sem dizer uma palavra, ela ainda o encarava, com a mão à boca. Ele encaminhou-se para a saída do quarto, quando ouviu pela segunda vez a voz da ruiva a surpreendê-lo.


_Fica. - ele olhou-a sem entender realmente, ela pôde perceber. - Fica comigo aqui, não quero ficar sozinha, por favor.

_Tem certeza? - ele perguntou sério.


Ela levantou-se da cama e caminhando a passos vagarosos aproximou-se dele, que a encarava numa face inexpressiva. A ruiva ainda abriu a boca pra falar mais algumas vezes, sem sucesso. Ela estava nervosa com a atenção que ele depositava em si. Suspirou exasperada puxando-o pela mão até onde estava antes, na cama. Sentou-se com ele ainda observando-a curioso. Respirou fundo.


_Não quero ficar sozinha aqui. - ela disse por fim - tenho medo de que faça alguma bobagem ao pensar naquela desgraçada com o meu filho.

_Entendi. - ele falou num tom de voz um tanto desapontado. - eu fico com você. Vou pedir outra cama para o elfo doméstico e...

_Não. -ela falou apressada - quer dizer, você pode dormir aqui, sem problemas, acho.

_Não vou te atacar ruiva. - ele falou brincando - fique tranquila.

_É duro dizer isso, mas. - ela parou dramaticamente - sua presença me tranquiliza, Draco.



Ele a encarou, surpreso. "Isso significa o que eu acho que significa?" ele pensou alarmado, desviando o olhar. Aproximou-se do criado-mudo, onde depositou seu relógio e sua varinha. Retirou os sapatos e o sobretudo que usava. Ia retirar a camisa, mas lembrou-se onde e em quais condições ele iria passar a noite naquele quarto, então desistiu da idéia. Olhou-a por mais alguns momentos, ela estava terminando de ajeitar os travesseiros na cama, alheia ao olhar que ele dispunha sobre ela.


_É melhor você descansar, Virgínia. - ele falou deitando-se de costas para a ruiva, apagando a luz da vela em seu lado da cama.

_Obrigada Draco. - ela falou, deitando-se ao lado dele, também de costas.


A ruiva demorou muito tempo até dormir. A presença do loiro em sua cama fez acender temidas e maravilhosas sensações em seu corpo. Há tempos não sabia o que era dormir ao lado de alguém que não fosse um pequenino menino de cabelos ruivos. Seu coração apertou ao lembrar-se de Dylan e do perigo que este corria nas mãos daquela chinesa maluca. Seus olhos embaçaram-lhe a visão e foi inevitável os soluços secos que ela teimava em segurar. Após alguns minutos de choro silencioso, ela sentiu o homem ao seu lado mexer-se na cama. Parou a respiração por alguns segundos, tentando não incomodá-lo, mas para sua surpresa ele a abraçou por trás. Virgínia sentiu o rosto arder, quando Draco falou próximo ao ouvido "Não chore. Isso vai acabar logo, prometo.". Virou-se para ele e encantada com a sinceridade contida naqueles olhos azuis, sorriu fracamente. Ficaram alguns minutos encarando-se até que a ruiva tomou coragem e beijou-o levemente os lábios. Draco ficou mais alguns instantes com um olhar que mesclava surpresa e satisfação, até que puxou-a mais para si e beijou-a com paixão. Queria mostrar que ela estava segura ao seu lado e que nada atrapalharia essa 'relação' que possuíam. Terminou o beijo de forma delicada e olhou-a num sorriso sincero.


_Quando isso acabar, não quero que vá embora. - ele falou afastando algumas mechas do cabelo dela.

_Como? - ela perguntou surpresa.

_Quero que você fique aqui. - ele disse sincero - você e Dylan são parte da família.

_Mas... e o nosso acordo? - ela perguntou franzindo a testa.

_Sinceramente, nunca houve um real acordo. - ele disse beijando-a em seguida. - quando Dylan voltar, nós seremos uma família de verdade.

_Tá querendo dizer o que eu penso que está dizendo?

_Vamos nos casar novamente. - ele falou rápido. - e você, dessa vez, vai poder fazer juras decentes. -ele piscou - agora durma, amanhã será um longo dia."




Ela sorriu melancólicamente. "Nunca mais será como antes Draco Malfoy. Nunca mais." pensou saindo de perto da janela e sentando-se na cama novamente. Abraçou-se ao travesseiro e chorou novamente por todas as frustrações que sentiu ao vê-lo chegar inúmeras vezes tarde em casa. Pelas vezes em que sabia que ele se divertia com Cho. Chorou pelo loiro ter sido tão idiota ao ponto de não ter se prevenido. E agora e chinesa estava grávida. "Grávida do verdadeiro herdeiro Malfoy" ela pensou amarga até que lembrou-se. Ainda tinha um filho para cuidar e Draco intitulara-o o herdeiro de todo o império responsável pela sua infelicidade. "Minha vida é mesmo irônica!" ela pensou quando a porta de seu quarto abriu-se e uma castanha entrou num sorriso preocupado.


_Sabia que estaria aqui. - ela falou abraçando uma ruiva forte e ao mesmo tempo frágil, que chorava.







N/A: Quem se recorda do cofre 239 no capítulo 19?? Hehehe.. as coisas começam a se desenrolar...
Então.. o tão esperado Flashback.. quem gostou levanta a varinha!!! o/'
rsrsrsrsrs

Agradeço a todos que estão tendo paciência de ler a fic.. e ao meu migow Devil que me ajuda nos momentos de BRANCO total!!

Bjokinhasssssssssssss...

E o que será que aconteceu com Draco??????
Não perca o próximo...

FUI!

Vivika.






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