UMA PEQUENA MUDANÇA



CAP.1: UMA PEQUENA MUDANÇA

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Já não era a primeira vez que uma forte chuva irrompia sob a pequena cidade de Surrey, era praticamente impossível acreditar que aquelas eram férias de verão. Entre os pequenos focos de luz que podiam ser avistados nos postes de iluminação, havia um que jazia de uma pequena janela, em uma casa bem ao centro da Rua dos Alfeneiros, toda noite ela estava ali e ali ficava por horas, para a vizinha da casa defronte: "Devem ter esquecido a luz aceza, ou terem medo do escuro, só isso".
Porém, no cômodo adentro iluminado, morava uma pessoa nada comum, nada mesmo. Valente e audacioso, o bruxo que ali vivia fora o único em uma época negra a sobreviver ao ataque de um temido lorde das trevas.
Há exatos treze anos, Lorde Voldemort tornara-se o bruxo mais temido de sua época, após matar famílias de nomes ilustres por grandes feitos, em seu reinado, acompanhado por poderosos seguidores, seu dia finalmente chegaria ao fim.
Os Potter, uma das famílias mais bem sucedidas de Londres fora morta sem dificuldade, exceto por um membro daquela mesma família que resistira ao ataque de Lorde Voldemort. Desconhecido o motivo, com apenas um ano, por pouco o bruxo não matou definitivamente aquele que vinha seguindo às trevas. Porém, mesmo dono de habilidades especiais, esse garoto, já na adolescência é obrigado a obedecer ordens ordinárias de seus tios trouxas (não-bruxos) Dursleys.
Lílian e Tiago Potter, pais de Harry Potter haviam sido mortos por Voldemort e desde então, Harry fora morar com seus únicos parentes vivos, na pacata e pequena cidade de Surrey. Mesmo com o desaparecimento de Voldemort após o fracasso contra o jovem Potter, Harry o enfrentara de diversas formas.
Em seu primeiro ano na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, duelara contra Quirell, professor de Defesa Contra as Artes das Trevas no qual na nuca de sua cabeça, Voldemort se escondia coberto apenas por um turbante.
Já em seu segundo ano, sob forte pressão de uma lendária Câmara Secreta descobrira a tão ocultada entrada para a mesma e ali dentro ficara cara-a-cara com Tom Riddle, um aluno de Sonserina que revelou ser Voldemort aos dezesseis anos. Sob domínio de uma gigantesca cobra, Harry teve de matar um basilisco expondo sua vida ao extremo.
O Terceiro ano em Hogwarts fora de longe tranquilo, diante de ameaças indiretas de um temido assassino, descobrira, ao final, que ele, na verdade, se tratava de Sirius Black, seu padrinho.
Em um ano bem agitado devido a Copa Mundial de Quadribol e já em Hogwarts, o Torneio Tribruxo, Harry ao lado de competidores fortíssimos teve de demonstrar toda sua habilidade diante de Fleur Delacour da Acadêmia Francesa de Beauxbatons, do jogador internacional Viktor Krum da Delegação Búlgara Durmstrang e do aluno Cedrico Diggory da casa Lufa-Lufa de Hogwarts.
Este último bruxo era sempre citado com tristeza, Harry e Cedrico haviam sido levados através de uma chave do portal (a taça do Torneio Tribruxo) até o cemitério da cidade de Little Hangleton aonde Pedro Pettigrew, servo de Lorde Voldemort, matou Diggory com a terceira Maldição Imperdoável e ajudou o lorde das trevas a retornar ao poder absoluto.
Amarrado a uma lápide por cordas, Harry viu todos os seguidores do lorde retornarem para ele e jurarem confiança eterna.
Durante um rápido duelo entre Harry e Voldemort ambas as varinhas se uniram projetando o sagrado Priori Incantatem da onde da varinha do lorde saíram os espíritos dos últimos bruxos que ele havia matado, Cedrico Diggory (Pettigrew matara Cedrico com a varinha de Voldemort), Lílian e Tiago Potter.
Harry com a ajuda deles conseguiu chegar até a chave do portal e deixar o cemitério. Desde então retornara a Rua dos Alfeneiros e então podia respirar fundo pois finalmente acabara seus deveres de Trato das Criaturas Mágicas e Adivinhação quando na noite fria e tempestuosa do lado de fora um estampido surgiu e um clarão atravessou a rua com uma velocidade extraordinária.
Surpreso, Harry se levantou da cadeira em frente à escrivaninha, olhou pela janela na esperança de avistar algo e diante do nada, foi até sua cama, se abaixou e apanhou seus tênis, se sentou e os calçou, se levantou novamente e foi na direção da porta, a abriu com cautela para que não rangesse, fora uma das raras vezes que os Dursley não o trancara e seguindo, desceu pelas escadas na ponta do pé, apanhou a chave da porta de entrada com muita dificuldade devido a escuridão no hall e quando a achou, levou-a até a fechadura da porta aonde a rodou duas vezes e finalmente abriu, saiu do hall e se virou para a rua, estava defronte a uma tempestade descomunal, uma escuridão tão grande que fora difícil perceber que um dementador vinha em sua direção, o profundo cheiro de podridão invadindo o ar.
Quase sufocado, Harry por impulso de algo que não soube controlar gritou:
_Sirius não está aqui!
Não sabia porque estava dizendo aquilo, somente apanhou sua varinha o mais rápido possível do cós e enunciou em direção ao dementador que ainda avançava:
_Expecto Patronum!
Um cervo prateado conjurou-se da ponta de sua varinha e galopando pelo ar atingiu o dementador em cheio.
Mesmo assim ele estava retornando, e realmente veloz atacou Harry com fúria, sua mão fria tocando o rosto, o cheiro de podridão cada vez mais forte.
Harry já sem saída deixou sua varinha escorregar da sua mão e suas pernas trêmulas cederam, caindo de joelhos no chão, a chuva cada vez mais forte embaçava seus óculos, quase sem energia, sem ninguém para ajudar, não sabia como sairia dali, daquela situação, estava encurralado.
_EXPECTO PATRONUM!
Uma voz firme exclamou produzindo um enorme vulto de sua varinha atacando, com ferocidade, o dementador e o atirando para longe.
Harry forçou seus olhos na esperança de tentar enxergar quem conjurara aquele patrono, porém a única coisa que conseguiu avistar em meio as trevas foi algo branco que logo começou a rumar em sua direção. Receoso se pôs de pé com dificuldade e começou a se afastar até que tropeçou na calçada em frente à casa dos Dursley e caiu no chão. A imagem prateada se aproximou vagarosamente, os trovões rasgando o céu chuvoso, em plena escuridão, sem nenhuma defesa, tinha uma única saída, fugir ou morrer.
Sua escolha já estava feita e ela era fugir, assim se levantou e quando ia começar a correr, a voz do patrono ofereceu:
_Tome - Harry já escutara várias vezes aquela voz, logo a reconheceu, olhou para a barba prateada e mais acima sua suspeita se confirmou, Alvo Dumbledore, o bruxo mais sábio e habilidoso de todo o mundo, o único que podia contra Voldemort.
Com suas vestes roxas brilhantes, suas luvas verdes de pele de dragão, seus oclinhos meia-lua e seus olhos azuis, Dumbledore olhou para Harry, um olhar rápido, e assim estendeu até ele uma barra de chocolate em forma de sapo.
Novamente Harry foi guiado pelo impulso:
_Por...porque eles estão atrás de mim ?- perguntou confuso olhando para o diretor, ele parecia interessado.
_Eles querem a chave secreta - o diretor respondeu sendo curto e breve, porém com extrema educação.
_Mas, como! Qual chave, eu não sei de nada! - Harry murmurou sentindo-se melhor após ter comido um pedaço da barra de chocolate.
_Escute Harry – Dumbledore disse se aproximando rapidamente – Talvez somente Sirius Black possa nos dizer, talvez mais alguém...
Patf!
O dementador abatido por Dumbledore retornara velozmente atacando Harry com ferocidade, fazendo-o rolar várias vezes pela rua fria e encharcada.
Harry apanhou sua varinha, forçou-se a lembrar do momento em que ganhara a taça das casas pela primeira vez e enunciou:
_Expecto Patronum! - um pequeno cervo atingiu o vulto encapuzado que recuou por instantes e logo se adiantou novamente.
_EXPECTO PATRONUM! - enunciou dessa vez Dumbledore conjurando um novo patrono maior que o primeiro afastando o dementador por definitivo.
Mas só estava começando, os trovões dominavam o céu e iluminavam a Rua dos Alfeneiros mostrando bem no seu início, próximo a casa da velha Sra.Figgs, um exército de dementadores que vinha voando em direção à Dumbledore e Harry.

Não acreditando no que via, Harry retirou seus óculos, apontou sua varinha para eles e murmurou:
_Impervius - a partir dali estavam repelentes a água.
_Saia daqui Harry, isso pode ser perigoso para você - Dumbledore disse ajeitando a sua luva de dragão esquerda com calma - Vá, se cuide.
Harry balançou a cabeça positivamente, pois sabia que falar seria inútil diante dos trovões, quando se virou para partir, viu que os dementadores estavam somente a dois metros agora, haviam voado em uma velocidade impressionante.
Assim que os avistou, um deles avançou em sua direção e atacou, o restante permanecia no alto, parados.
_...Patronum! - berrou contra o dementador que recuou e voltou na mesma velocidade.
_Expecto Patronum! - Dumbledore se impôs criando uma fênix de prata gigantesca que voou pela rua, riscou o céu desviando dos vários raios e com uma guinada incrível se adiantou para os dementadores com bravura.
Harry pasmo sentiu uma mão fria pairar sob seu ombro, no momento gelou. A fênix distante soltou um rugido feroz, vozes as suas costas lhe chamaram a atenção, conhecia elas de algum lugar, sem se virar, a mais familiar disse, realmente alta e rouca:
_Agora é conosco Harry.
Ao finalmente se virar ficou defronte à Remo Lupin, suas vestes de segunda mão lavadas pela chuva e seus cabelos lisos diante dos olhos. Alastor Moody, ao lado, seu olho azul elétrico girando loucamente e seu rosto cheio de cicatrizes iluminando-se diante dos trovões, e mais ao seu lado, Sirius Black. Seu rosto magro parecia não ter mudado nada desde que Harry o vira pela última vez, havia sido ele quem dissera à frase. Seguindo Lupin e Moody até Dumbledore, sem olhar um instante para trás assim que ficou defronte ao exército de dementadores até ali, quietos, berrou, como se estivesse adorando fazer aquilo:
_Vocês me querem não é mesmo, pois então, o que estão esperando?!
Sirus deu um sorriso e juntamente com ele os trovões cobriram em milésimos o céu, clareando tudo, a batalha então se iniciou. A cena seguinte fora a melhor exibição de Patrono que Harry já poderia ter visto, havia um exército furioso sendo desmanchado que voava para todos os lados, patronos prateados surgindo em meio à escuridão enquanto a fênix de Dumbledore esperava para atacar e quando metade dos dementadores já haviam sido vencidos, desaparecendo na escuridão das ruas, a fênix se adiantou e com mais um guincho iniciou seu ataque, a chuva tão forte quanto a vontade dos quatro em afastar os dementadores.
Bown!
Harry acabara de bater a cabeça em algo muito duro e frio, assim que abriu os olhos assustou-se em ver que estava estatelado no chão se seu próprio quarto, a cadeira em que estivera sentado caída ao lado da cama apinhada de livros e pergaminhos com inúmeras anotações.
_Potter, o que está havendo? - tio Válter gritou dando murros na porta trancada que ameaçou quebrar - Abra essa porta já !
Harry olhou para todos os objetos de bruxaria em seu quarto e disse, com a voz fraca:
_Eu cai da cama, está tudo bem.
Sabia que tio Válter não se importava com isso porém precisava dizer algo que o acalmasse. Quieto para ver a reação do tio, sentiu-se grato quando o ouviu dando risadas e rumando para o seu quarto parecendo realmente alegre.
Apesar das risadas propositalmente altas de tio Válter, elas estavam longe de abafar os roncos de Duda no quarto central do corredor. A noite não fora nada agradável, os deveres de Transfiguração e Poções estavam excessivamente espinhosos e após terminá-los decidiu deixar o de Feitiços para a noite seguinte, assim guardou os livros e pergaminhos no caldeirão de ferro ao seu lado e o empurrou para debaixo da cama da onde finalmente se deitou cansado. Ao som da chuva escorrendo pela sua janela logo adormeceu.

O dia seguinte amanheceu nublado e frio, Harry nem se dera conta de que era seu aniversário e até então tudo estava normal, porém, ainda sonolento, sua atenção logo foi levada por rumorejos que vinham surgindo do lado de fora de sua janela.
Quando se virou, apanhou seus óculos sob a escrivaninha apinhada de livros e os limpou na camisa larga, colocou-os e pode ver perfeitamente quatro corujas vindo em direção ao seu quarto, voando em grande velocidade. Diante da cena rapidamente abriu sua janela para que elas entrassem, uma cinza com olhos cor-de-âmbar aparentemente cansada, duas beges, pequenas e eufóricas e a minúscula Errol dos Weasley que vinha em uma velocidade tão acima das restantes que quando entrou no quarto foi diretamente parar de encontro com o guarda-roupas do outro lado aonde bateu e caiu no chão atordoada.
Harry observando a coruja com surpresa foi até ela e a pegou, então ela começou a se sacudir parecendo ter convulsões engraçadas.
_Coruja boba, boba - uma voz disse próxima, de repente. Quando se virou, Dobby, o elfo doméstico, estava sentado em sua escrivaninha, seus grandes olhos verdes como bolas de tênis olhando para Harry com fixação - Olá! - cumprimentou sorrindo demais, parecendo especialmente feliz - Dobby quis, quis desejar feliz aniversário a Harry Potter, ver o senhor, Dumbledore permitiu - o elfo levou sua mão esquerda até sua camisa vermelha com um R no centro e retirou um pacote verde, horrivelmente embrulhado e o estendeu. Harry imediatamente pegou o pacote o encarando com interesse.
_Ah, obrigado Dobby. - agradeceu começando a desembrulhar o pacote com entusiasmo.
Zum!
Uma das eufóricas corujas beges voou até ele e lhe deu uma bicada na bochecha, depois ergueu seu pé, aonde uma carta estava amarrada com cordões prateados.
_Se importa de eu ler a carta primeiro? - perguntou à Dobby que sorriu, Harry supôs que não.
Assim colocou o pacote verde em sua escrivaninha e pegou a corujinha que voava loucamente, retirou os cordões com dificuldade devido à agitação da criatura e abriu a carta sob o olhar curioso de Dobby que continuava sentado, seus pezinhos feios balançando. Com a letra legível e caprichada, Harry não teve problemas em desvendar que a carta fora enviada por Hermione Granger, uma de suas melhores amigas em Hogwarts:

Caro Harry
Feliz aniversário! Eu não escrevi antes porque fui visitar Krum nas férias, achei a Bulgária o máximo. Ele até me mostrou Durmstrang de longe, realmente eu não gostei, achei o castelo muito grande, um exagero, menos o campo de quadribol que é igualzinho o de Hogwarts. Sófia, capital da Bulgária tem um centro de compras igual ao beco Diagonal. Chama-se Gárgula da Guitarra, comprei seu presente lá, em uma loja esquisita. Espero que goste, nos vemos em King’s Cross daqui duas semanas.
Até mais
Dê sua amiga
Hermione Granger

_Ela foi visitar Víktor Krum na Bulgária ? – Dobby indagou, seus olhos verdes fitados nos livros sob a escrivaninha.
_É o que parece - Harry respondeu apanhando um embrulho vermelho vivo que a destrambelhada coruja trouxera, retirando o embrulho um fino livro com o título Defesas Artificiais em prateado foi revelado.
_Não é surpresa que ela me deu um livro - Harry jogando o presente sob a cama disse acordando a outra coruja bege que adormecera, colocando sua cabeça debaixo da asa e escondendo uma das perninhas entre as penas. Ela por sua vez trouxera uma carta de Rúbeo Hagrid, professor e guarda-caças de Hogwarts aonde Harry tinha nesse um grande amigo.
_Esse livro que Granger, desculpa, Hermione, lhe deu Harry, Harry Potter é de defesa contra as artes das trevas? Não? Não? Não é? Não é?
Harry se virou para ver Dobby, o elfo estava agora de pé sob a escrivaninha e observava o céu cinza-claro distante.
_Deve ser – Harry respondeu desinteressado - Quem é o novo professor esse ano? – perguntou ciente de que depois de um seguidor de Lorde Voldemort, uma fraude, um lobisomem e um auror de identidade trocada nada o poderia impressionar.
_Tolkien, Prof.Tolkien - Dobby respondeu ainda olhando o céu com grande interesse - Já fez várias exigências à Dumbledore, como uma passarela de duelos, duas salas cheias de criaturas e na sua diária, sete baús com bichos-papões, foram apanhados em Hogsmeade semana passada, ainda quis Harpimegas, criaturas ferozes, feias e que rangem a maior parte da noite.
_Parece bom para um começo - Harry falou enquanto abria a carta de Hagrid e se deparava com a sempre ilegível letra do amigo, além da tinta escorrida pelo pergaminho. Era quase certeza de que a coruja bege tomara chuva durante a viagem.

Caro Harry
Aqui está tudo bem. Temos um bom professor no lugar do Moody e grandes chances de vencer o Comitê dos Bruxos depois de uma década. Dumbledore parece que não quer muito, depois do Tribruxo acha que é muito arriscado um novo Torneio, que caso vençamos será o prêmio, o Torneio do Olheiro Mágico, que dizem ser até melhor que o Tribruxo, eu realmente duvido. Feliz aniversário e se cuide até primeiro de setembro.
Abraço.
Hagrid

Ao lado da corujinha bege havia um pacote laranja berrante, Harry o abriu e se deparou com uma torta de limão, que parecia bastante exagerada, e como Harry possuía bom conhecimento sob a culinária de Hagrid não ousou experimentar. Deu-o à Dobby, que nem ao menos agradeceu, continuava observando o céu e as casas quadradas da Rua dos Alfeneiros com extrema atenção.
Devido aos pios ensandecidos das duas corujas beges, Harry redigiu uma carta de agradecimento à Hagrid e Hermione o mais rápido que pode e logo tratou de amarrar aos pés das criaturas que saíram velozmente pelo céu, cortando a forte corrente de ar.
Errol dessa vez trouxera um pacote tão pequeno como seu tamanho, uma caixinha preta de uns doze centímetros e uma carta amassada de Rony Weasley, com toda a certeza o melhor amigo de Harry em Hogwarts. Com ansiedade apanhou a carta amarrada ao pé da corujinha e leu com atenção.

Caro Harry
Não escrevi antes porque fui para a Roma com papai e o ministério, estava tendo uma conferência sobre batidas e como lidar com elas em casos graves, foi realmente chato. Aproveitei e comprei o seu presente na Bilisko’s Biliskostes - Artigos Para Bruxos Abandonados e Solitários, achei muito legal, eu te vejo ainda nessas férias, vem para cá, mamãe está louca pra te ver. Hermione não quis vir porque disse que estava cansada da viagem que fez para a casa do Vitinho, como ela mesmo chama. Feliz Aniversário e me escreve.
Rony Weasley

Curioso, quando Harry apanhou a bela caixinha negra, sua cicatriz coçou prazerosamente. Dobby continuava observando o céu, parecendo petrificado.
Harry não demorou a abrir o presente de Rony, porém quando fez, assustou-se ao ver que de dentro da caixinha surgiu uma luneta dourada, muito bela, que flutuou no ar, rodopiou devagar e uma música leve e suave irrompeu sob o cômodo, Harry a apanhou e viu que do lado havia em prateado o nome Lunet extraordinariamente brilhante e pela primeira vez Dobby se deixou levar pela imaginação que o som da luneta exalava, era maravilhoso.
_Fantástico Harry Potter - murmurou ele boquiaberto.
_Ela serve para quê? - Harry indagou olhando o elfo fitar a luneta com curiosidade.
Dobby olhando com fixação para a caixinha preta pulou da escrivaninha e arrancou a caixinha das mãos de Harry, retirando dali um pequeno pedaço de pergaminho com extremo cuidado. No momento seguinte olhou para Harry brevemente e para o pergaminho a seguir e o leu.

“Lunet, a luneta dos deuses revela paixões ardentes, esquenta os corações mais frios e ascende o fogo do bruxo pela bruxa querida. O sorriso mais belo, a lágrima mais triste, o sol mais tardar banha o mar gritante de dor e sufoco diante do céu negro adormecido.

PS: Torre Norte, primeiro corredor da direita, vire e siga em frente (Falu-Fula)”

Dobby parou de ler e jogou o pergaminho sob a cama, porém não olhou para Harry em nenhum momento. O céu escureceu, Edwiges e Errol piaram levemente e um vento forte balançou os negros cabelos de Harry, vários pergaminhos caíram no chão de madeira com a ventania, o céu agora trovejava porém sem chuva.
_O que isso significa Dobby ?
O elfo não olhou para Harry, somente respirou fundo e respondeu, sua voz fina, parecendo cansada:
_Não sei senhor.
Harry não entendeu porque acontecera aquilo, distraído deixou a Lunet cair e com um baque suave ela rolar pelo chão e sumir entre os pergaminhos. As casas quadradas da Rua dos Alfeneiros estavam sumindo em uma neblina espessa agora. Os focos de luzem irromperam rapidamente e a cicatriz de Harry formigou.
Agora se via dentro dum casebre velho, extremamente grande, cheio de corredores com várias portas, quando piscou estava num labirinto, muitos passos o seguiam, parecia sufocado, não era o labirinto Tribruxo, muito pior, estava cego, piscou novamente e se viu olhando para uma torre, a mais alta de Hogwarts, ali observou em choque, um bruxo despencar dela depois de ser atingido por um jato verde, sabia quem era, só não podia acreditar que ele estava caindo, sendo vencido daquela forma. Piscou novamente e se viu no salão principal de Hogwarts, o chapéu seletor cantarolava uma bela música, na mesa dos professores alguns poucos bruxos novos, de aparência severa.
_Senhor, Harry Potter, acorde, acorde, Harry, senhor, Potter, Harry Potter, senhor acorde!
Harry sentiu-se ser sacudido e quando se deu conta Dobby estava há poucos centímetros de seu rosto, muito agitado, deitado em sua cama, sua cicatriz formigando muito mais forte do que antes.
_O que foi, o que aconteceu Dobby?
Dobby com seus dois olhos verdes que mais pareciam bolas de tênis se afastou, Harry se sentou, reparou que o elfo olhava para a sua testa com uma expressão de horror no rosto.
Harry logo pode saber o porquê, sentiu de forma muito fria algo começar a escorrer de sua cicatriz, era tão rápido que chegou instantaneamente ao nariz, passou sua mão e com um salto se pôs de pé ao ver que era sangue.
_Harry Potter eu cuido, eu cuido, senhor sei como...
_Não! Não Dobby, você não sabe! - retrucou Harry no mesmo instante, sua cicatriz estava sangrando e não sabia o porquê e como poderia fazê-la parar, dizer aos Dursley seria idiotice e confiar em um elfo que quase o matara há poucos anos atrás não era a melhor forma.
_Limpus! - Dobby murmurou com sua mão direita apontada para o rosto de Harry.
O sangue sumiu, Harry não sentiu mais nada, um alívio sem palavras o preencheu.
_Episkey!
Faixas rodearam a sua cabeça de forma rápida. Dobby fechou seus olhos e com a mão ainda apontada para o rosto de Harry sussurrou tão baixo que não pode escutar, poucos segundos depois um líquido ardente molhou a faixa no local da cicatriz, era realmente muito ardido. Com extrema agilidade a dor sumiu.
_Obrigado Dobby, mas como sabia, sabia curar, você...
_Irmão de Dobby trabalhou no St’Mungus, me ensinou algumas coisas, Harry Potter tem que ficar com a faixa por mais um tempo, vai ficar bem.
Harry não queria comentar o porquê do seu desmaio, assim desviou o assunto para outro que também lhe interessava:
_O que é Falu-Fula, Dobby ?
Dobby se virou novamente, pois havia voltado a olhar o céu de forma curiosa e então disse, muito seguro:
_É tudo mentira.
_O quê! O quê é mentira, o que foi Dobby?
_Hermione Granger não foi para a Bulgária e muito menos visitou a Gárgula da Guitarra esse verão.
_Como assim? - Harry se apressou a perguntar ainda não entendendo com total clareza.
_ O Gárgula da Guitarra está fechado desde Janeiro, um duende revoltado jogou uma caixa de bombas Filibusteiro na estátua de Madame Evetsnarim, que fica no centro, eu juro senhor. O cheiro ficou tão forte que foi preciso chamar o esquadrão de limpeza especializado para remover...
_E daí! – Harry interromperam - Eles limparam e voltou a funcionar.
_Desde Janeiro o Gárgula da Guitarra está fechado. Ainda sendo limpo para reabrir este mês.
Harry ficou calado, Edwiges soltou um pio fraco, o elfo continuou falando:
_Garoto Weasley também não foi a Roma, é mentira do Weasley, eu juro senhor, Dobby não mente.
_Dobby.
_Sim.
Harry o olhou, o elfo fez o mesmo, eles se encararam por um instante.
_Me conte a verdade, agora, eu quero saber o que está acontecendo lá fora, no meu mundo, no mundo dos bruxos, quero saber por que é mentira, e quero saber agora!
Dobby engoliu seco, porém não recuou, sua voz fina parecia ainda mais firme e decida.
_O mundo dos bruxos parou - e retornou a olhar janela afora enquanto Harry escutava atentamente - Os dementadores não estão em Azkaban, o ministério está vazio e o beco Diagonal quanto a Hogsmeade estão interditados. Viagens pelo Nôitibus Andante e Diastius Voante foram canceladas pelo Departamento de Transportes Mágicos, o único local que ainda está aberto é o Caldeirão Furado, isso aconteceu, é claro senhor, porque todos estão atrás da chave secreta...
_Chave? - Harry repetiu, a testa franzida agora - Eu sonhei com uma chave hoje à noite.
Dobby se virou, parecia muito mais do que surpreso, em choque.
_Como, como ela era senhor? - sussurrou como se quisesse evitar que mais alguém ouvisse. Seus olhos agora brilhando de tensão.
_Não, ela não apareceu, havia dementadores atrás de Sirius, diziam que ele estava com a chave.
_Sirius Black, o bandido! - murmurou em tom misterioso.
_Ele não é ban...
_Dementadores, atrás de Sirius Black, certo senhor?
_ É - Harry respondeu aborrecido com a insinuação do elfo.
_Devo ir senhor, até mais, nos vemos em Hogwarts senhor, até.
Dobby estralou dois dedos de sua mão esquerda e desapareceu em uma fumaça acinzentada.
“Porque será que ele desapareceu logo que falei do Sirius” - Harry pensou indo até a última coruja, uma cinza com olhos âmbar que dormia tranquilamente, a carta que ele trouxera pertencia à Sirius. Ansioso a abriu e observou que havia gotas de sangue escorridas por todo o pergaminho deixando algumas palavras borradas.

Harry
Gostaria que você soubesse que acabei de me mudar para uma loja no fundo do beco Diagonal, não direi o nome por medo que essa carta seja interditada, mas como sugeri há dois anos, quer morar comigo?

_É Claro! - Harry dando voltas sem parar exclamou. - É claro que vou! Quando? Como? Pode ser agora? - indagou como se Sirius estivesse a sua frente. Depois que se acalmou, sentou e continuou a ler.

Envie a resposta pela Penélope, não diga seu nome de forma alguma. Se você quiser vir, vou pedir para Dumbledore retornar com a minha resposta, até lá, creio que somente Fawkes não será interceptada.
Até mais.
Aguardo resposta .
Snuffles

O que Harry sentiu no momento seguinte conjuraria um Patrono imenso, gostou também de ver que Sirius ainda usava Snuffles como código de comunicação. Se livrar dos Dursley era um sonho de anos, sem demoras, puxou seu caldeirão debaixo da sua cama e apanhou uma nova folha de pergaminho, foi até sua velha escrivaninha marrom-púrpura e escreveu uma carta de resposta a Sirius o mais rápido que pode, amarrou-a no pé de Penélope que havia acordado após uma trovoada no céu e esperou Harry dizer:
_Leve a Sirius o mais rápido que você conseguir.
A coruja lhe retribuiu com uma bicada carinhosa no dedo.
_Leve esta a Rony - pediu agora a Errol que seguira o mesmo exemplo de Penélope e dormira, poucos segundos depois as duas corujas deixaram o quarto e a porta quase que instantaneamente se escancarou.
_O que é aquilo lá fora? - vociferou tia Petúnia que continuava muito magra e sua cara fina como a de um cavalo agora vermelha.
_O que está dizendo? - Harry fez-se de bobo.
_Aquelas corujas - retorquiu a tia extremamente nervosa - Foi o que vi agora pouco, corujas, uma revoada descontrolada entrando e saindo daqui. Seu tio mesmo perdendo o controle do Correio-Coruja...
_Como sabe? - Harry interrompeu surpreso.
_O quê? - tia Petúnia retrucou preocupada.
_Do Correio-Coruja, isso é restrito a nós - Harry querendo fugir do assunto das corujas disse.
_Você se esquece com facilidade que já morei com uma bruxa - tia Petúnia secamente respondeu. - Seu tio não vai gostar de saber que você tem recebido corujas em pleno dia, além que...
Harry gelou, ela havia visto o caldeirão debaixo da escrivaninha, cheio de livros e pergaminhos.
_O quê é isso? - esbravejo indo em direção a cama, vermelha como um pimentão.
Harry apanhou sua varinha.
_Não ouse! - ameaçou apontando a varinha para o peito de tia Petúnia.
_Você não pode usar essa coisa – ela retorquiu sorridente.
_Que tal se inchasse a senhora como tia Guida e depois saísse flutuando por essa janela, suas amigas nunca mais iriam falar com você. Sem contar que no jornal de amanhã, a manchete seria: BRUXO INCHA TIA EM MEIO A DISCUSSÃO.
_Seria expulso! - tia Petúnia cortou firme.
_Com certeza - Harry afirmou pressionando a varinha e no mesmo instante tia Petúnia recuou.
_Escute o que eu digo Potter, o que eu não faço, outro fará por mim...
Dessa forma tia Petúnia deixou o quarto.
Pela primeira vez na Rua dos Alfeneiros Harry terminou os seus deveres de Feitiços à luz do dia.
Logo a noite chegou e os mapas aonde Endeli - A Esquisita fora queimada as suas quarenta e cinco vezes estavam prontos. A noite veio com mais uma forte chuva e trovões que se igualavam aos roncos absurdos de Duda no quarto ao lado.
O café da manhã no dia seguinte fora um dos piores que Harry já tivera em sua vida.
_Bom dia! - desejou aos Dursley logo que entrou na cozinha.
_O que há de bom Potter! - tio Válter esbravejou mal-humorado como sempre.
_Tenho uma ótima notícia - disse se sentando ao lado de tia Petúnia sorridente.
_Qual? - Duda indagou apanhando mais quatro pedaços de torta de morango sob a mesa e fixando seus olhos no omelete.
_Vou me mudar - Harry respondeu calmo fazendo tio Válter se engasgar com o suco de laranja que tomava.
_O quê! - exclamou enfurecido e surpreso com a notícia.
_Sirius, meu padrinho, me enviou uma carta dizendo que já posso morar com ele.
_Não vai - desafiou tio Válter ficando muito mais vermelho do que tia Petúnia chegara no dia passado.
_Não estou pedindo permissão - Harry disse fitando seus olhos nos miudinhos de tio Válter.
_Se eu disser que você não vai, você não vai! - gritou, ficando de pé, encarando Harry com fúria.
_ E o que um trouxa como você pode fazer! - Harry sussurrou com rispidez, uma raiva desconhecida lhe dominando.
_Eu mando em você, você só faz o que eu quero e eu quero que você cale a boca, está me desafiando na minha própria casa! - tio Válter vociferou ainda mais vermelho do que antes, em sua voz autoritária um tom de que a conversa se encerraria ali.
_Eu vou se quiser! Quero ver quem vai me impedir, alguém que nem me impediu de me fazer os deveres passa longe de me segurar aqui! - Harry gritou apanhando seu prato e jogando-o na parede, derrubando sua cadeira e parando para encarar tio Válter mudo.
_Se colocar os pés para fora dessa casa, saiba que nunca mais vai voltar! - berrou extremamente vermelho dando um soco na mesa e batendo sem querer no controle remoto que ligou a televisão no mesmo instante.

“...Está preso nesta manhã o fugitivo que há treze anos matou doze pessoas em uma das praças principais de Londres. Encontrado nas dependências escuras de Paris e condenado noite passada a morte.
O Sr.Cornélio Fudge que esteve no local da captura nos cedeu algumas palavras:
_ Tenho o prazer de informar que o perigoso fugitivo Sirius Black, que embora poucos o conheçam, foi preso e levado para a Acadêmia Francesa de Beauxbatons aonde será julgado e recebera a sua condenação que naturalmente devera ser a morte. Fico realmente feliz em dizer que finalmente Black não será mais um perigo a solta em nosso mundo, gostaria de agradecer à Dobby, um elfo doméstico que foi fundamental na captura do criminoso.

_Dobby... - Harry sussurrou parecendo ter perdido as forças de repente, o choque com a surpresa o invadindo.
_Parece que não haverá mais mudanças. - tio Válter disse em tom triunfante.
_Isso não acabada aqui! - Harry gritou e no momento seguinte deixou a cozinha correndo, subiu as escadas e foi até seu quarto aonde ao entrar surpreendeu-se com o que via. Fawkes, a fênix de Dumbledore estava parada, sob sua cama com uma pequena carta amarrada ao pé.
Harry correu a apanhá-la.

Não fique surpreso, se você viu o jornal dos não-mágicos, espero que tenha reparado que o ministério prendeu John Carpenters, um velho bruxo que tomou a poção Polisuco para se transformar em Sirius e dar sua vida em troca de ir para Azkaban por um crime que cometeu semana passada. Agora o beco será reaberto e você poderá ir morar com Sirius no Madame Malkin: Trajes para Todas as Ocasiões.
Seu vôo pelo Diastius Voante saíra nesta sexta-feira as dez da manhã na Rua Largo das Magnólias, basta somente ir até lá e sacudir a varinha.
Dobby soube que os dementadores estavam atrás de Sirius para pegar a chave então John aceitou passar que estava louco e que nada sabia de chave, logo tudo voltara ao normal. Dobby irá te ajudar durante toda a viagem. Sirius o espera sexta no beco.
Até primeiro de setembro.
Alvo Dumbledore

“Eu não acredito” - Harry pensou com o coração disparado.
_Sexta, às onze da manhã, Madame Malkin, beco Diagonal, lá vamos nós - disse animado para Fawkes que piscou, abriu suas asas vermelhas e partiu em direção aonde o céu parecia estar escurecendo.
Ao menos em meio a algumas revelações despercebidas, uma notável mudança finalmente seria realizada.
Quarta e quinta-feira passaram tão rápido que Harry mal teve tempo de terminar vários detalhes em suas tarefas. As malas para a viagem ficaram prontas somente na madrugada de sexta, naquela noite, antes de dormir olhou pela janela e viu que mais uma tempestade caia sem tréguas.
Porém, mesmo embaixo de chuva, de sol, de trovões ou qualquer coisa mágica que o pudesse impedir iria apanhar o Diastius Voante e começar a mudar a história de suas agonizantes férias de verão.

PS: Me desculpem se decepcionei em alguns momentos, mas peço paciência pois a fic irá melhorar 1000% nos próximos caps, esse é o pior cap, comentem por favor.

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Comentários (1)

  • Kara-El

    Amei. Fico feliz por Harry finalmente conseguir morar com seu padrinho. É isto aí, colega bruxo. Vá ser feliz. Posso não ser da grifinória. Mas torço por você Harry.

    2018-05-29
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