Pedido Inesperado



Faltavam quatro semanas para o Baile de Inverno, e Malfoy estava ficando cada vez pior com as falas. E isso só fazia com que Hermione se sentisse melhor e parasse de gaguejar. A professora Trelawney não se dava ao trabalho de corrigi-lo; sabia que não seria ele que ficaria com esse papel, e sim Neville, que ficava ensaiando suas falas na enfermaria.
- É AROMA, Malfoy, não AMORA! - gritou Hermione.
- Ta, ta, eu já vi, Granger!

Era sexta-feira, a única aula do dia que faltava era a da Trelawney.
- Muito bem, por hoje é só, crianças - os alunos foram recolhendo seus materiais e saindo da sala - Sr. Malfoy, posso lhe falar um instante?
Hermione saiu da sala, mas andava em silêncio do lado de fora, tentando entender alguma coisa.
- Mione! - era Gina.
- Oi, Gina! - respondeu ela.
- Hermione, eu tava querendo conversar com você sobre algo...
- Ahm, pode ser depois, Gina? - respondeu ela. Tinha visto Draco saindo da sala.
- Tudo bem, depois a gente se fala então - disse Gina, meio desconfiada de seu comportamento.
- Tchau!
Hermione fingiu pegar algo em sua mochila esperando que Draco dissesse algo. E ele disse.
- Granger!
- O que foi hein? – respondeu ela.
- Bom, é que... A professora Trelawney reconheceu meus dons artísticos, e resolveu me deixar com o papel de Neville na peça.
- O quê? - disse ela quase que gritando incrédula.
- É, é isso o que você ouviu. Você vai ter a honra de contracenar comigo no Baile de Inverno.
- Mas isso não é uma honra! É um desastre! Malfoy, você não consegue nem ler seu próprio nome direito!
Ele dera aquele sorrisinho de sempre. Aquele que fazia o sangue de Hermione subir para a cabeça, de raiva.
- Eu enrosco em algumas palavras, só isso. E é por isso que estou falando com você.
- O que você quer?
- Bem... Você vai ensaiar as falas comigo - e então fora a vez de Hermione rir.
- O que te faz pensar que você me obriga a fazer isso?
- Granger, não lhe custa nada me ajudar com as falas. A professora Trelawney é uma péssima professora, e eu sei que você poderia me ajudar se quisesse.
- Muito bem. Se eu quisesse, te ajudaria, mas eu não estou nem um pouco afim.
- Granger!
Hermione parou pra pensar um pouco.
- 42! 42! – disse ela para si mesma, girando os olhos.
- O que é isso de 42, hein?
- Ajudar a quem eu não gosto.
- E o que é isso? Sua lista para uma vida perfeita? – disse ele, rindo. Hermione preferiu não responder. Era sua lista de coisas a fazer antes de deixar Hogwarts - E qual é o número 1? Dar um beijo no Malfoy?
- Não seja ridículo. E se eu te contasse, teria que te matar logo em seguida.
- Ah - respondeu ele - Mas você vai me ajudar com as falas?
- Primeiro: Você não sabe pedir um favor? Precisa ser humilde - Malfoy bufou.
- Granger: Poderia, por favor, me ajudar com as falas das aulas de teatro?
- Apenas com uma condição.
Draco girou os olhos, parecia Hermione.
- Você não vai poder mais me chamar de sangue-ruim ou de qualquer outra coisa que ofenda á mim e aos meus amigos.
- Vai ser um grande sacrifício, mas tudo bem. Mas eu também tenho uma condição.
- Você não tem direito a condições, eu é que estou te fazendo um favor.
- Você deve prometer que não irá se apaixonar por mim - ele disse, ignorando o que ela tinha dito. Hermione soltou uma gargalhada enquanto colocava a mochila nos ombros.
- Isso não será um problema para mim, Malfoy - respondeu, saindo então do corredor, indo para seu dormitório, onde finalmente poderia descansar. Sem tarefas do Snape, sem Malfoy com seu jeito asqueroso e arrogante de sempre, sem a voz irritante da Trelawney, sem Harry ou Rony e o Quadribol, sem Gina e seus assuntos de meninos, sem Malfoy e seu sorriso idiota, ou aquele cabelo oxigenado, sem absolutamente nada que a deixasse fora de sério.

Harry ajudava Hagrid com uns animais estranhos que precisavam de muita atenção. Mas seus pensamentos não estavam, de longe, onde deveriam estar: estavam em Gina. Mas ele já tinha se decidido sobre isso. Ele iria se declarar pra ela no Dia das Bruxas, na melhor oportunidade que tivesse.
Não era como quando gostava de Cho. Ele sentia calafrios, e seu estômago também ficava estranho. Mas com Gina era diferente. Sentia que não era mais uma paixãozinha á toa. Fazia muito tempo desde que tinha sentido o que sentia agora por ela. Uma vez havia pensado que amava Hermione, mas foi só com o passar do tempo que o garoto foi descobrir que era só amizade. O que ele sentia era forte, sim, mas era um sentimento de irmão. Apesar de Hermione estar presente em todos os momentos, tristes ou felizes da vida de Harry, sempre apoiá-lo quando precisava, sempre correndo riscos ao seu lado, ela não poderia se tornar sua namorada. Não, os dois não dariam certo juntos.
- HARRY, CUIDADO! - Harry olhava pela janela, em algum ponto distante, e nem estava vendo o que estava fazendo. Os bichos que estavam dentro do pote estavam agora esparramados pela mesa, soltando faíscas, que variavam de verde pra roxo, de roxo pra amarelo, e por um segundo não acertaram Hagrid no meio da testa.

Era tarde. Hermione estava andando por um corredor, e viu a porta de uma sala entreaberta. Achou que ali seria um lugar legal para entrar, àquela hora da noite. Abriu a porta da sala, não se importando com nenhum barulho, afinal, Filch estava na cozinha preparando algo para sua gata. Ela viu alguém de costas. Alguém que ela já tinha visto pelo castelo. Alguém que ela conhecia.
- Hermione... Não pode mais esconder isso de mim - disse a pessoa, balançando negativamente a cabeça.
- Esconder o que? - respondeu ela assustada.
- Esconder que me quer - disse novamente a pessoa.
- E como pode ter tanta certeza disso?
- Eu sei, por que eu sinto.
A pessoa virou-se de perfil, mas não era quem Hermione pensou que fosse. Era uma pessoa que ela também já tinha visto pelo castelo, mas não reconhecia no momento. Com certeza não era Harry.
- Você está enganado. Eu amo Harry, e você sabe. Todos sabem.
- Não, Hermione. Só eu sei, porque eu sempre prestei atenção em você. Aquele Harry... Ele não merece o seu amor. Não te merece.
- Você não sabe de nada! Harry também me ama!
A pessoa deu uma risada fria, ao mesmo tempo irônica.
- Tanto faz...
Hermione acordou com um baque. Estava suada na parte de trás do pescoço, e seu lençol estava inteiro no chão. "Foi apenas um pesadelo" - a garota fechou os olhos - "Não foi real, ninguém sabe, Hermione. Ninguém sabe".

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