No hospital



Harry permaneceu deitado até a manhã do dia seguinte em sua casa no largo Grimmauld. Ron, Gina e Hermione passaram a maior parte do tempo ao seu lado, aproveitando para conversar sobre o que Lupin lhes dissera sobre Regulus e o que poderiam fazer dali em diante. Ron já estava fatigado e começava a dar sinais de sono quando Harry abriu os olhos pela primeira vez em muitas horas. Os três olharam preocupados, porém toda a preguiça que estavam sentindo pareceu ter ido embora em apenas um segundo.

- Você está bem? – perguntou Hermione.

Ele não respondeu. Ainda se sentia tonto, apesar de não saber exatamente porquê. Gina sentou-se ao seu lado, no chão, e tirou suavemente a franja suada de seu rosto com seus dedos delicados.

- Talvez seja melhor ele tomar um banho – disse Ron, entregando um pano limpo para que Gina enxugasse o suor de Harry de seu rosto – Pode ser que ainda esteja febril.

Gina e Hermione ajudaram Harry, ainda mudo, a se levantar, enquanto Ron abria a porta e chamava sua mãe para ajudá-los. Enquanto Harry tomava seu banho, os três continuaram conversando na cozinha sobre os acontecimentos.

- Será que não devíamos contar sobre a possibilidade de Vo... Você-Sabe-Quem estar invadindo a mente de Harry? – disse Ron baixinho, após citar Voldemort – Encontraram o Malfoy, aliás. Estava detonado... Parece que resistiu à maldição Cruciatus, mas não tem consciência de nada ao seu redor...

- É, eu vi – disse Gina – Saiu hoje no Profeta Diário. Mamãe disse que não sabe distinguir alhos de bugalhos. Nem sua própria mãe ele reconheceu.

- E onde ele está? – perguntou Hermione.

- No St. Mungus. Papai disse quando ele entrou lá. Carregava um enorme balão cor-de-rosa e ria das baratas voadoras na rua. Patético.

- Um belo fim para o Malfoy.

- HARRY!

Gina levantou-se em direção à Harry, abraçando-o com um movimento tão empolgado que quase o derrubou. Mesmo fraco, ele não pôde deixar de se sentir absolutamente confortável naquela situação. Por cima da cabeça de Gina, viu Ron e Hermione sorrindo, mostrando-se satisfeitos por verem finalmente o amigo acordado. Soltando-se levemente, ele perguntou:

- Então, vamos?

- Ãhn, como... Como assim, vamos? – perguntou Hermione, segurando sua xícara de chá enquanto Ron mastigava finalmente um enorme pedaço de pão – Como pode querer sair sem ao menos estar totalmente recuperad...

- Eu estou bem! O que quer que tenha acontecido, foi embora enquanto eu tomava banho. Vamos, precisamos ver o Malfoy.

- Mas, Harry, papai disse que...

- Rony, ele estava com Voldemort! – interrompeu Harry – Ele deve saber alguma coisa. O mínimo que ele possa nos contar já será mais do que temos agora!

- Mas Harry...

- Mione, nós PRECISAMOS saber onde Voldemort está! E não temos nada! O que temos desde que... Desde que Dumbledore foi morto por Snape? Não temos NADA! E se sairmos daquele hospital sem nada, não teremos perdido muita coisa além de nosso tempo. Mas, se ele nos disser algo, qualquer coisa... Será mais do que o bastante.

- Ele está certo – disse Ron, por fim – Gina, avise a mamãe que vamos sair. Precisamos ir – diga que levaremos flores ao Malfoy.



Harry já tinha ido ao St. Mungus e não esperava ficar chocado com a entrada de bruxos doentes, mas desta vez estava impressionado com a quantidade de pessoas nas filas de atendimento. Havia uma fila com bruxos idosos sob uma placa onde lia-se “Suspeitas de maldição – AQUI”, onde todos comentavam assustados sobre a última vez em que se sentiram esquisitos e pensaram ser uma maldição de “Você-Sabe-Quem”.

- Papai disse que isto aqui virou um inferno – disse Ron – Desde a volta de Vol... Você-Sabe-Quem. As pessoas acham que estão sob alguma maldição, ou todo e qualquer acidente que sofrem vira motivo para acharem que sofreram um ataque, coisas assim. Mas a verdade é que, depois da morte de Dumbledore, as coisas pioraram bastante.

- Imaginei – disse Harry, suspirando profundamente – Dumbledore era a única pessoa a quem Voldemort temia. Não tê-lo mais aqui abre o caminho para que ele possa fazer o que quiser. Até me estranha o fato de que não hajam mais mortes. Trouxas, sabem? Não é do feitio dele estar quieto assim.

- Você sabe porque ele está quieto assim, Harry – afirmou Hermione – Ele ainda deve estar procurando algo que não tenha.

- Aposto que Snape está ajudando! – disse Ron, socando sua outra mão – Aquele seboso! Não posso nem lembrar daquele narigão dele, que meu estômago já começa a dar viravoltas. Se eu pudesse lançar uma maldição mortal em alguém, acho que seria nele!

Harry preferiu não responder, apesar de sentir o mesmo. Continuaram andando, procurando o número do quarto onde estava internado Draco Malfoy. Após subirem uma dezena de escadas, finalmente visualizaram o número no final do corredor.

- Ali! – gritou Gina, e todos apressaram o passo ansiosos.

Ao pararem na porta, Harry, Ron e Hemrione tiveram uma estranha sensação.

- Harry...

- Eu sei.

- Não é aqui que...

- Sim. Era aqui que estavam internados os pais de Neville. Vamos entrar, Draco está ali.

No final do enorme quarto, havia uma cama imaculadamente branca onde descansava um garoto alto, magro e maquiavelicamente belo, que todos sabiam quem era há anos. Ao seu lado, com a cabeça encostada em suas pernas, estava sua mãe, Narcissa, que aparentava estar muito mais velha e acabada do que Harry se lembrava quando a encontrou há um ano no Beco Diagonal. Ao se aproximarem, a mulher levantou a cara amassada e mudou de uma expressão chorosa a uma outra totalmente diferente.

- O que, como ousam? Vocês? O que fazem aqui? – disse nervosa, ainda com lágrimas nos olhos

- Calma, sra. Malfoy – disse Hermione, receosa porém certa do que deveria ser feito – Viemos apenas visitá-lo. Apesar de tudo, estudamos com ele. Por favor, permita esta visita.

A mulher encarou Hermione e, aos poucos, sua expressão foi suavizando-se em seu rosto. Harry suspeitava que ela evitava encontrar seus olhos, como se estivesse ignorando a sua presença. Ele compreendeu. Aquele era Draco Malfoy, o garoto que desde o seu primeiro dia de aula em Hogwarts tinha se mostrado mal-caráter e, ao seu lado, estava sua mãe, esposa de Lúcio Malfoy, uma das pessoas que mais sentia raiva no mundo. Porém, agora percebera como todos tinham apenas sido enganados por Lord Voldemort e eram uma família infeliz. Lúcio estava em Azkaban, Draco estava internado no hospital e Narcissa, bem, Narcissa, estava tentando se agarrar ao filho da forma que podia. Era assim que Voldemort agia: ele tinha meios baixos de persuadir seus seguidores. E agora os Malfoy pagavam por tudo o que fizeram. Por um instante, Harry sentiu pena de Malfoy.

- Está bem, o que posso fazer? Sentem-se... Ele... Bem, ele não está muito bem, mas agora está dormindo – disse Narcissa, enxugando as lágrimas com um lenço que aparentava não ser lavado há duas semanas.

Havia apenas mais dois banquinhos, que Harry e Ron deixaram para as meninas. Hermione sabia que uma conversa entre Harry e Narcissa seria impossível e, ao conhecer o alto nível de maturidade de Ron, sabia que ele também não puxaria conversa. Cabia a ela começar a dizer as palavras, porém tomando muito cuidado para não ser indelicada. Tudo o que menos queriam era ir até ali e nada conseguirem porque foram grossos com a mãe de Malfoy! Ela aparentava fragilidade e, em um momento como esse, parecia estar agradecida por qualquer tipo de companhia que estivesse ali.

- Existe algo... – começou Hermione, falando bem baixinho – Existe algo que possamos fazer para ajudá-lo?

Sua voz quase não saiu, mas a frase causou um profundo impacto em Narcissa, que olhou pensativa para a menina, como que procurando no fundo de sua memória alguma resposta. Finalmente, voltou sua expressão triste no rosto e ela respondeu:

- Não há nada que quaisquer pessoas neste mundo possam fazer – disse, arrasada – Tudo o que eu, que sou mãe, posso fazer é ficar aqui, ao seu lado, lhe confortando e esperando que me reconheça novamente...

Seus olhos se encheram de lágrimas outra vez. Harry percebeu que a situação estava absurdamente desconfortável para todos e que não deveriam estar ali, incomodando a mãe de Malfoy, mesmo os Malfoy sendo quem eram. Aquela poderia ser a família bruxa mais terrível, mas ele sabia quando tinham passado dos limites. Passara todo o tempo, desde que chegaram, olhando para o rosto de Draco Malfoy. Se não o conhecesse, diria que tinha feições angelicais. Estava tão concentrado em seus pensamentos que, de repente, deu um pulo para trás quando Malfoy abriu os olhos.

- Meu filho! – Narcissa levantara da cadeira e ajudara o filho a se sentar na cama – Como está? Está com fome? Com sede?

Draco olhava para os visitantes com um imenso sorriso no rosto, como se os esperasse. No entanto, logo ficou óbvio que ele não os reconhecia, pois começou a pedir doces para Gina, segundo ele, “a moça do carrinho de doces”.

- Não, ela não tem doces, querido... – Narcissa puxava os braços de Draco, que cismava em querer pegar a bolsa de Gina procurando por doces. Mal ela tomou essa atitude e Draco começou a gritar como um bebê, dizendo que queria doces. Harry se lembrou de seu primo Duda, mas resolveu deixar pra lá suas lembranças. Eles eram de fato muito parecidos, pois ambos eram mimados, mas naquela hora ficou aliviado por seu primo, por pior que fosse, não estivesse naquele estado.

- Por favor, fiquem com ele, chamarei a enfermeira – disse Narcissa, correndo em direção à porta.

Harry olhou para Ron e sabia que essa era possivelmente a única oportunidade de tirar algo de Malfoy. Ele sabia que o garoto estava doente, mas precisava ter alguma pista do paradeiro de Voldemort. Apesar do olhar preocupado de Hermione, Harry sentou-se na cama de frente para Malfoy e, segurando seus braços, o fez parar de gritar com um alto “fique quieto!”. Draco olhou bravo para Harry, o que o fez pensar que recobrara a memória, mas logo começou a rir como uma criança. Harry suspirou novamente, mas desta vez foi mais firme. Tinham pouco tempo.

- Onde está Voldemort?

Draco parou de rir. Ele olhou para Harry e os outros três, tentando se lembrar daquele nome, porém sua reação foi a pior possível: ele não fez nada. Continuou quieto, desta vez brincando com dois pelúcios de brinquedo que sua mãe deixara na mesa ao lado de sua cama.

- Draco, por favor, me escute – disse Harry, já perdendo a paciência – Onde está Voldemort? E Snape?

Draco repentinamente jogou os pelúcios pra cima e começou a pular na cama, gritando que havia terminado sua poção da sorte e que agora ganharia o campeonato de quadribol. Harry arrumava seus óculos e tentava silenciar Malfoy em meio a gritos como “Vai Sonserina”. Por mais que Malfoy pulasse, Harry tentava segurá-lo e fazê-lo sentar-se novamente, para tirar uma pista, qualquer uma que fosse, sobre Lord Voldemort.

- Harry – disse Hermione, puxando o braço do amigo – Não adianta.

Harry continuava puxando Draco, que agora tentava alcançar o lustre do teto com pulos cada vez mais altos. Sem alternativa, Harry desceu da cama e colocou a mão na nuca, olhando pelo quarto. De repente, percebeu que havia algo errado.

- Hermione? – disse, sem olhar para a amiga, continuando a olhar cada cama do cômodo – Tem certeza de que era neste quarto que estavam os pais de Neville?

- Sim, Harry, claro que tenho! Por que você está pergunt...

Hermione parou de falar, chegando à mesma conclusão a que Harry chegara alguns segundos antes. Os pais de Neville não estavam lá; não havia qualquer sinal deles. Em seus lugares, estavam outros bruxos e bruxas que também tinham sido internados com problemas mentais.

- Não, calma, vai ver foram transferidos para outro quarto.

- Impossível, Mione. Obviamente eles não melhoraram. Só saíram daqui se morreram, e se tivessem morrido nós saberíamos.

- Só se... – disse Gina, levantando de seu banquinho – Eles morreram ontem, ou hoje, e nem papai está sabendo.

- Mas é estranho os dois morrerem no mesmo dia, não é verdade? Não, acho que fizeram outra coisa com eles...

- E o que você acha que fizeram, Harry?

Ele não teve a chance de responder. Em uma fração de segundos entraram pela porta a mãe de Draco junto com a enfermeira, uma moça gordinha e com cabelos grisalhos e encaracolados. Ela logo chegou perto de Draco com uma bandeja e no mínimo meia dúzia de potes de remédio, os quais Draco tomou alegremente, sob a alegação de que eram balas. Harry não agüentou sua aflição e, virando-se para Narcissa e a enfermeira, perguntou:

- Onde estão os Longbottom?

Narcissa pareceu ficar espantada com a pergunta. Olhou para Harry frisando os olhos, como quem quisesse adivinhar seus pensamentos. A enfermeira olhou assustada para o garoto e depois para Narcissa, que fizera um sinal para que ficasse calada. Os quatro ficaram apreensivos e, Narcissa, cujas feições tristes tinham ido embora de seu rosto, dando lugar à raiva, se aproximou de Harry Potter e, calmamente, lhe disse:

- Vocês já ficaram tempo demais aqui.

Hermione puxou Harry, que estava inconformado. Ron começou a ajudar a amiga a tirá-lo do quarto, em meio a pedidos de explicação de Harry para Narcissa e a enfermeira, que lhes deram as costas. Finalmente saíram do quarto e Hermione, nervosa, lhe deu uma bronca:

- Harry, podíamos ter perguntado a qualquer pessoa, mas não a ela!

- O quê? – disse ele, irritado – Você viu o jeito dela quando me respondeu? Está na cara que sabe o que aconteceu com eles! E é óbvio que não estão mortos!

- Como assim óbvio? – perguntou Hermione – Não sabemos o que aconteceu, Harry. Como pode pensar isso da mãe do Draco? Você viu o estado dele, ela está arrasada! Nós é que viemos aqui e ainda por cima você começa a lhe perguntar sobre os Longbottom, que de certa forma eram seus inimigos? Harry, pense! Como gostaria que ela reagisse?

Harry sabia que a amiga estava certa. Sempre que perdia a cabeça, ficava feliz em ter ao seu lado pessoas que gostava tanto e que o ajudavam. O que seria dele sem Hermione, Ron e Gina?

- Bom, se eles estão mortos – disse Harry, mais calmo – Só há uma maneira de descobrir. Vamos até lá.



Harry, Ron, Gina e Hermione logo chegaram à casa de Neville Longbottom, uma enorme mansão que fora herdada pela família e onde Neville morava com sua avó e provavelmente seu único amigo, o sapo Trevo. Ao chegarem, notou uma certa agitação, como se houvessem muitas outras pessoas entrando e saindo da casa.

- Parece então que é verdade – disse Harry, parado ao lado dos outros três, olhando para a casa de Neville no fim da rua – Os pais de Neville morreram. Vamos entrar, ele deve estar arrasado.

Os quatro entraram pelo extenso corredor que levava aos jardins da família Longbottom, em meio a olhares tristes e ao mesmo tempo curiosos de bruxos que Harry nunca tinha visto na vida, com exceção de uns aqui e outros ali.

- Vejam, é o Mundungo! – apontou Ron – Aposto que está aqui para roubar alguma velharia da família deles!

Harry estava tão desesperado com a morte dos Longbottom que nem pensou em Mundungo. Aquela morte poderia significar uma série de coisas. E se fora Voldemort quem matara os Longbottom? Ninguém poderia negar que sua vontade era essa desde que mandara alguns Comensais torturarem-nos, há mais de quinze anos. Com a morte de Dumbledore, Voldemort começaria a matar novamente, e para Harry estava bem claro que havia sido ele o responsável pela morte dos pais de Neville. Logo ele o avistou vindo em sua direção com os olhos inchados de tanto chorar.

- Harry! E Gina, e Ron, e Hermione! – ele abraçou Harry e desatou a chorar novamente, fazendo com que Harry sentisse até seu ombro úmido pelas lágrimas. Neville abraçou um por um igualmente, tamanha era sua tristeza e, ao mesmo tempo, conforto por ver os amigos.

- Que bom que estão aqui! Esse monte de pessoas estranhas! Fico tão feliz de estar com meus grandes amigos neste momento!

- Nós... Sentimos muito, Neville – disse Harry, colocando a mão sobre o ombro do amigo – Se tiver algo que possamos fazer...

- Apenas fiquem aqui, por favor! – ele continuava chorando muito – Estou completamente perdido, não sei o que vou fazer agora que a minha avó se foi!

Gina, Harry, Ron e Hermione se olharam.

- Peraí, sua avó? – disse Ron, confuso – Então foi sua avó que morreu? Só a sua avó?

Neville olhou ainda mais confuso para Ron, que percebeu a indelicadeza de sua pergunta, mesmo que não tenha sido proposital.

- E viemos – disse Harry, tentando consertar a situação.

- É, Rony perguntou isso porque... – disse Hermione, pensando em uma resposta – Porque achou que seu sapo também tivesse morrido.

Todos soltaram a respiração.

- Não, não... – disse Neville, explicando-se - Trevo está aqui no jardim, em algum lugar. Claro que também está triste. Vovó não gostava muito dele, mas sempre ficava feliz quando lhe dava bronca por dormir no fogão, snif!

Neville voltara a chorar. Agora Harry estava ainda mais aflito. Foram ao hospital ver Draco e perceberam que os pais de Neville não estavam mais lá. Ao irem até o amigo consolá-lo pela morte dos pais, descobrem que, na verdade, quem morreu foi a sua avó. Ele nem sabia o que pensar e resolveu deixar a situação fluir para que, depois, com calma, pudesse pensar à respeito.

- Onde estão seus pais? – perguntou Gina, e todos aguardaram ansiosamente a resposta.

- Bom, eles continuam no hospital, oras. Acho que, se contassem o que aconteceu, eles nem entenderiam.

Todos chegaram à conclusão que temiam: Neville sequer sabia do sumiço de seus pais, e agora sua avó estava morta. Como um pacto silencioso, ficou claro aos quatro que não deveriam mencionar, pelo menos não no momento, que seus pais não estavam no hospital. Tudo o que Neville precisava era de seus amigos por perto.

- Neville, desculpa, mas... Como a sua avó mo-morreu?

Neville olhou para Ron, mas não havia maldade em seu olhar, apenas tristeza. De repente, seu rosto palideceu. Com amargura, ele disse secamente:

- Havia alguém aqui ontem à noite. Eu não sei quem era, apesar de desconfiar. Só que, na hora, eu estava dormindo em meu quarto e imaginei que fosse Marta, a elfa, passeando à noite pelos corredores. Ela costuma fazer isso às vezes.

- Mas...? – disse Gina, esperando a continuação da explicação, junto com os outros três.

- Mas... – E Neville abaixou a cabeça, desta vez com lágrimas de novo nos olhos – Não era Marta. E, de repente, eu só ouvi um grito da minha avó e...

- E...?

- E... Uma intensa luz verde por baixo da porta. Quando corri para o seu quarto, não havia ninguém. Estava só ela, deitada em sua cama, com a feição mais horrorosa que já vi em toda minha vida.

Todos se olharam. Neville estava obviamente segurando o choro, mas mantinha-se forte. Harry sabia o que era aquela luz verde. Ele se recordava. Ele viu aquela luz verde quando Voldemort matou os seus pais. Viu aquela luz verde quando Cedrico foi morto.

- Mas... Quem...? – disse Hermione. Neville não agüentou.

- VOLDEMORT!

O grito de Neville fez todas as pessoas olharem paralisadas para eles. Sem se importar nem um pouco, deixando apenas a raiva e sua tristeza falarem mais alto, ele gritou o nome de Lord Voldemort. Tremendo, e com todas as forças que ainda restavam em seu corpo, ele gritou:

- EU SEI QUE FOI ELE! VOLDEMORT MATOU A MINHA AVÓ!

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