O resgate



13. O resgate

A chegada em Hogwarts nunca tinha sido tão improvisada. O Ministério da Magia havia paralisado os trens e a única maneira de chegar a Hogsmeade era aparatando ou pedindo uma autorização oficial ao Ministério para viajar com o pó de flú, o que fora providenciado rapidamente pelo sr. Weasley.

Hagrid, como sempre prestativo, já estava aguardando a chegada ao portão. Harry notou como o gigante parecia velho e cansado.

- Venham, Dumbledore está à espera de todos no salão – disse – Parece que há um comunicado a fazer.

Todos deixaram suas malas na entrada do castelo e seguiram para o salão principal, ao encontro de Dumbledore.

- Você está notando alguma coisa muito diferente aqui? – perguntou Rony a Hermione.

- Sim – ela respondeu.

Todos caminhavam olhando ansiosos em volta. Havia muito mais pertences do que os deles. Era bastante óbvio que o castelo estava servindo de refúgio a outros bruxos.

Ao chegarem ao salão principal, encontraram uma cena bastante diferente da que estavam acostumados. O sol entrava pelas janelas altas e iluminava as mesas em tons amarelados. A primeira figura que Harry viu foi a de Alvo Dumbledore sentado à sua cadeira habitual. Ele tinha um sorriso sereno no rosto, bastante semelhante a quando Harry entrou naquele salão pela primeira vez. Ao seu lado, estava a profa. Minerva McGonagall e, junto deles, os outros professores. Uma cadeira ao lado de Dumbledore estava vazia, e Harry ficou se perguntando se ela pertencia a Snape.

- Onde ele está? – perguntou Rony, mas Harry deu com os ombros e se juntou aos outros membros da Ordem, que estavam se sentando à mesa que antes pertencera a Grifinória. As outras mesas estavam devidamente arrumadas, como se esperassem novos convidados. Todos olhavam curiosos, esperando alguma palavra de Dumbledore.

Ele se levantou.

- Caros amigos – disse, em tom informal – Não os receberei com tanta pompa como de costume, visto que os tempos são outros. Espero que entendam que Hogwarts é hoje um dos poucos lugares seguros em toda a Grã-Bretanha e muitos buscam proteção junto a nós. Em breve, nos reuniremos a eles para um delicioso café-da-manhã.

“No entanto”, continuou, se aproximando da mesa onde estavam todos, “antes há certos assuntos que eu gostaria de lhes tratar. Sei que não é necessário, mas gostaria de pedir sigilo com relação às informações com as quais estamos lidando. E, em segundo lugar...”

O discurso de Dumbledore foi interrompido por um barulho vindo da porta do salão principal. Ela tinha se aberto com um estrondo e passava por ela ninguém menos do que a fantasiosa profa. Trewlaney. Todos tiveram o desprazer de vê-la vestida em suas vestes de dormir, o que não foi uma visão nada agradável, pensou Harry. Porém, ela parecia aflita.

- ALVO! Alvo! – dizia, tentando respirar. Estava sem fôlego. Possivelmente viera correndo direto da torre de astronomia, onde ficavam seus aposentos.

Dumbledore virou-se para atender ao chamado da professora, cujos olhos estavam ainda mais esbugalhados do que o normal.

- O que foi, Sibila?

A professora precisou de alguns minutos para se recuperar, enquanto apoiava sua mão no ombro direito de Dumbledore. A cena estava um tanto quanto ridícula, se não fosse trágica pela notícia que estava por vir.

- Ele, o espião... – ela dizia, enquanto respirava profundamente – Ele foi descoberto. Está preso e morrerá antes da próxima lua cheia.

- Snape! – disse Harry, e todos se agitaram na mesa.

- Você tem certeza, Sibila? – perguntou Dumbledore, olhando apreensivo para a professora de Adivinhação.

- Não há qualquer dúvida, Alvo. Ele corre grande perigo.

Logo a profa. McGonagall se levantou e se aproximou com seu rosto visivelmente tenso.

- Sibila, deixe de bobagem com um assunto sério como este! – disse, as rugas apertando seus olhos – Não percebe que se trata de algo que...

- Profa. McGonagall – interrompeu Dumbledore – Severo não está aqui. Não importa o que diga, mas eu vou acreditar. Sibila – disse, virando-se novamente para a professora – O que mais você viu?

A profa. McGonagall virou os olhos e voltou ao seu lugar, ao lado da profa. Sprout. A profa. Trewlaney logo começou a descrever a cena horrível que havia presenciado, em que Snape era cuidado por seres horríveis e que Você-Sabe-Quem teria planos para ele, mas depois seria morto da forma mais cruel possível.

Dumbledore pensou durante alguns segundos.

- Minerva, convoque o café-da-manhã. Todos devem estar morrendo de fome – disse, e depois virou para a mesa onde os outros estavam sentados – Harry, poderia vir comigo?

Harry olhou para Rony e Hermione e se levantou, seguindo o diretor. Logo após saírem, dezenas de bruxos entraram no salão e o café fora servido.

- Estranho – disse Hermione, remexendo seu cereal mágico, que mudava de cor a cada dois segundos.

- Realmente – respondeu Rony – Não entendo como eles fazem pra enfeitiçar isso aqui. Mamãe disse uma vez que...

- Não, Rony, não estou falando disso. Estou falando de Dumbledore. E Harry.

- Não se preocupe, Hermione – disse Lupin – Se Dumbledore quer conversar só com o Harry, é porque sabe que ele contará tudo a vocês depois. Só está poupando o trabalho de ouvir duas pessoas a mais retrucando.

Hermione sorriu e sussurrou um “pode ser”. Enquanto isso, Harry seguia em direção à sala do diretor, acompanhado deste. Dumbledore não tinha dito uma só palavra até então, mas ele não estava agüentando de curiosidade.

- Pro-professor... O quê...

- Já estamos chegando, Harry, um momento – respondeu Dumbledore, parando em frente à gárgula.

“Pasta de uva”, disse, e a entrada foi aberta. Ao entrarem na sala, Dumbledore pediu a Harry que se sentasse e fez o mesmo, do outro lado da mesa. Estava visivelmente perturbado, como Harry jamais tinha visto antes. Ele levou os dedos aos lábios e permaneceu assim durante algum tempo, perdido em seus pensamentos. Harry já estava acostumado e esperou como de costume, porém também estava ansioso. Enfim o diretor quebrou o silêncio e começou a falar.

- Harry – disse, pausadamente - É difícil ter com você esta conversa. Normalmente meus amigos são um pouco mais velhos, então não se incomode se eu falar alguma asneira para a sua idade.

- Continue, professor, por favor – Harry respondeu, querendo saber logo sobre os pensamentos do diretor – O que irá acontecer? Com... Snape?

- O professor Snape, Harry. Apesar de ele não estar aqui, continua sendo professor de Hogwarts.

- Bom, enfim... – disse Harry, já sem paciência – O que faremos?

Dumbledore sorriu.

- Não sabe o quanto me agrada esse seu novo sentimento pelo professor Snape.

- Professor – disse Harry, agoniado – Snape... O prof. Snape pode ter todos os seus defeitos, mas eu vi que ele é confiável. Agora, por favor, o que iremos fazer? Ele não pode ficar lá. Não podemos deixar que ele seja morto por Voldemort ou...

- E o que você sugere, Harry? – perguntou Dumbledore, ainda com sua paciência habitual.

Harry estava de pé e, de repente, percebeu que não havia pensado nisso.

- Bom, simplesmente... vamos onde ele está... e o pegamos.

Ele sabia o quão ridículo essa frase tinha soado diante da amplitude do problema em questão. Não era tão simples assim ir até Voldemort e resgatar um prisioneiro.

- O senhor... sabe onde está Voldemort! Eu sei sabe, eu escutei a sua conversa com Snape... ah, droga, está bem, o prof. Snape!

Dumbledore continuava observando Harry por cima de seus oclinhos meia-lua. Quando este finalmente parou de falar, Dumbledore se levantou.

- Harry, sua atitude é admirável. E sim, eu sei que você estava nos ouvindo naquela ocasião. No entanto – disse, elevando a voz – Você não pode ir atrás de Voldemort. Não agora.

- Oras, e por que não?

- Porque seria óbvio, Harry. É como enviar a caça para dentro do ninho do caçador.

- Então por isso mesmo é perfeito! – disse Harry – É tão óbvio que Voldemort nunca pensará que eu iria até lá resgatar Snape!

- Exatamente – prosseguiu Dumbledore – Mas eu não arriscarei a sua vida novamente, Harry. Você não pode morrer.

- E como o senhor pode ter tanta certeza de que eu vou morrer? – Harry estava visivelmente estressado com a falta de confiança de Dumbledore. Ele continuava tratando-o como um garoto de 11 anos, e ele agora já era maior de idade, já tinha 17 anos.

- Harry, escute com atenção o que vou dizer – disse, olhando bem profundamente nos olhos verdes do garoto – Seus pais morreram para proteger você. Sirius também. Se me permite a ironia do comentário, eu também. Fui abençoado para estar aqui novamente com você, mas Harry, escute, garoto: você tem uma missão a cumprir. E você não está pronto.

Harry sentiu um nó na garganta e teve dificuldade para engolir. Aquilo já tinha sido dito a ele uma vez pelo prof. Lupin no seu terceiro ano. Outras mortes resultaram de sua proteção. Dumbledore estava certo, ele não podia arriscar. Sabia que não estava pronto. Mas precisava de Snape, agora mais do que nunca... Não deixaria o ex-professor de Poções morrer, porque além de precisar dele para as aulas de oclumência, ele era uma pessoa que sofreu muito e não merecia uma morte cruel como aquela. Chegou à simples conclusão de que não sabia o que fazer.

- Então voltamos à estaca zero – disse – Eu não sei como fazer.

- Sabe sim, Harry. Pense.

- Professor... eu não deixaria meus amigos correrem perigo por minha causa.

Dumbledore sorriu.

- Não acha que agora é você quem está subestimando seus amigos, Harry?

- O senhor acha que...

- Se quer saber a minha opinião, Harry... Eu duvido que Voldemort espere alguma tentativa de resgate ao prof. Snape. Ele deve achar que sequer suspeitamos que algo tenha lhe ocorrido e, quando soubermos, seria tarde demais. Temos sorte de contar com esses... pesadelos da profa. Trewlaney, que soam tão certeiros.

- O senhor sabe onde Voldemort está?

- Sei.

Os dois ficaram se encarando durante alguns momentos, até que Dumbledore murmurou algo como “aguarde um instante aqui” e saiu da sala. Harry ficou perdido em seus devaneios. A idéia de mandar Hermione, Rony, Neville e Luna até onde estava Voldemort era assustadora demais. Ele não podia deixá-los ir até lá sozinhos. Teria que acompanhá-los. Se eles correriam esse risco, ele também correria. E estava decidido.

Ficou feliz por Gina ter ficado segura no Largo Grimmauld. Não queria ter que ver a cara dela dizendo, corajosa, que iria sem medo resgatar o ex-professor de Poções. Pensou em como estava impotente naquela situação. Enfrentaria Voldemort em breve, a situação estava se arrastando. Mas como? Como ele conseguiria enfrentar Voldemort? O que mudara em suas habilidades de alguns meses para cá? Dumbledore estava certo: ele ainda não está pronto...

A porta se abriu novamente e desta vez entraram Dumbledore e aquelas pessoas que Harry já conhecia bem. Ron, Hermione, Luna e Neville sentarem-se nas cadeiras conjuradas pelo diretor e ouviram atentamente todo o plano.

- Professor, eu queria dizer que não concordo.

Todos olharam para Harry quando ele interrompeu Dumbledore.

- Se eles vão, eu também vou. Se eles podem correr esse risco, eu também posso.

- Harry...

- Não, Hermione, eu sei o que você vai dizer. Eu não vou ficar aqui enquanto vocês arriscam suas vidas! Eu não ficar aqui parado sabendo que, por minha causa, vocês foram mandados direto para Voldemort...

- Harry, Dumbledore tem razão – ponderou Rony, puxando a manga do amigo para que sentasse novamente – Esquece, cara. Nós podemos ir. Você não pode se arriscar assim.

- É, Harry – disse Hermione – Nós somos quatro. Vamos dar conta.

- Sim – continuou Neville – Tivemos um bom professor.

Todos riram.

- E também – disse Luna, de repente – Você fica com essa mania de querer estar em todas! Que necessidade de atenção.

Dumbledore sorriu para Lovegood e o clima na sala ficou menos tenso. Todos olharam para Harry, esperando sua resposta.

- Eu não me sinto bem com isso – ele começou a dizer – Mas adianta eu dizer alguma coisa?

- Não! – todos disseram juntos, rindo.

- Ok – ele suspirou profundamente – Mas temos que planejar tudo com cuidado. Professor, afinal, onde está Voldemort?

- Acho que você já esteve nesse lugar antes, Harry – disse Dumbledore – Não pessoalmente, mas esteve. Ele está em Little Hangleton.

- Na casa dos...

- Pais dele? Sim.

- Mas... professor, como? Ninguém viu...

- Lúcio Malfoy comprou a propriedade há alguns anos, Harry. Voldemort construiu uma verdadeira fortaleza abaixo do chão. A casa é apenas o topo do iceberg.

- Harry, o que...

- Hermione, Voldemort está na casa que era da família do seu pai, Tom Riddle. É lá que vocês têm que ir.

Dumbledore contou aos outros a melhor forma de chegarem lá e como poderiam fazer para entrar. Decidiram agir imediatamente, pois Snape poderia ser morto a qualquer momento, nos próximos dias.

- Boa sorte – disse Harry, quando eles deixaram o castelo. Voltou frustrado para o quarto, sentado na janela aguardando ansiosamente por qualquer notícia. Não conseguiu dormir. Alternou seus momentos de espera com visitas à cabana de Hagrid, mas este não tinha muitas novidades. Ele não via a hora de os amigos mandarem notícias, mesmo Dumbledore tendo recomendado que não o fizessem, pois corujas poderiam chamar a atenção. A solução encontrada para passar o tempo foi jogar partidas de xadrez de bruxo no salão principal com algumas pessoas que estavam hospedadas na escola. Perdia todas, pois não conseguia se concentrar, mas pelo menos era uma forma de passar o tempo.

Os quatro demoraram mais de dois dias para chegar ao vilarejo de Little Hangleton. Tiveram que fazer uma parada em dois lugares diferentes para passarem à noite, mas graças aos sacos de dormir enfeitiçados que Dumbledore tinha-lhes arranjado, tudo correu bem. Deviam ficar atentos, pois a casa dos Riddle deveria estar próxima de onde estavam. Decidiram esconder as mochilas em um lugar mais distante e depois voltarem livres de objetos para procurarem. Nos bolsos, apenas as suas varinhas.

Eles passaram pelo cemitério que Harry visitara no final do Torneio Tribruxo, mas sequer imaginaram onde estavam – Harry jamais lhes dissera onde exatamente era o tal cemitério. Não viram o túmulo dos Riddle.

- Lugarzinho esquisito esse... – disse Luna, mas todos estavam quietos e atentos à localização da casa.

Depois de alguns minutos, o sol já se pondo, eles encontraram.

- Ali! – disse Rony – Exatamente como Dumbledore mostrou na Penseira! Quem poderia imaginar...

- Parece uma casa normal mesmo – disse Neville.

- É, mas não é uma casa normal – disse Hermione – Vamos fazer conforme combinamos. Dumbledore disse que Snape deve estar no subterrâneo. Venham.

Os quatro desceram sorrateiramente a colina e pararam atrás das árvores que ficavam do outro lado da rua. A casa parecia deserta.

- Vamos – disse Hermione, mas eles logo pararam com barulhos vindo de dentro da residência.

- Voltem, voltem! – disse Rony apavorado, e ficaram espiando por trás das árvores. Três Comensais estava saindo da casa e traziam Rabicho com eles. Ele estava gritando muito – obviamente fora torturado.

Os quatro apenas observavam atentamente.

- Crucio! - dizia a voz de um dos Comensais, seguida de gritos de horror de Rabicho, que não agüentava mais tudo aquilo. Ficou bastante claro que ele estava ali porque já não poderia deixar de estar; não tinha escolha. Se não fosse por tudo o que havia feito, poderiam até sentir pena dele.

- Olhem! – sussurrou Neville, apontando para um dos Comensais que foi em direção ao jardim da casa – Ele está... está entrando! Há uma passagem entre as plantas!

- Shhh, esperem – disse Hermione – Esperem eles irem embora.

Os outros dois Comensais arrastaram Rabicho para dentro da mesma passagem e sumiram. Os quatro entenderam que era hora de agir. Precisavam entrar na casa sem serem vistos.

- Venham, por aqui! Coloquem o capuz!

Prudentemente, eles foram vestidos com mantos negros semelhantes aos dos Comensais. Desceram pela passagem e chegaram a um lugar com um forte cheiro de terra podre e úmida. Era como se estivessem dentro de um esgoto absolutamente precário.

- Eca! – disse Rony, percebendo que as paredes estavam todas melecadas com musgos que tinham um odor péssimo.

- Silêncio! – disse Hermione, mais uma vez – Isso aqui está muito, muito esquisito... Venham, mas devagar.

Eles seguiram pelo corredor escuro e fétido, seus pés atolando na terra. Passam por um largo salão iluminado fracamente por alguns lampiões enfeitiçados e escutaram vozes. Há uma bifurcação, então eles resolvem entrar naquela de onde as vozes não estão vindo e seguem em frente. Caminham cautelosamente até chegarem ao topo de uma escada e se deparam com uma visão aterrorizante. Um frio subiu pelas suas espinhas.

- Dementadores – disse Rony, olhando o imenso abismo que estava abaixo deles. Havia corpos pendurados com correntes e atrás de grades provavelmente protegidas por mágica – E agora?

- Snape! – disse Neville – Ele está ali, vejam!

Neville apontou para uma cela que parecia estar há pelo menos um quilômetro deles, mas inconfundivelmente era o mestre de poções lá dentro. Ele estava sentado, seus cabelos sujos caídos sobre o rosto, e totalmente preso pelas correntes. À sua frente, um dementador cuidando da cela.

- Como vamos fazer? – perguntou Luna a Hermione, vendo que a garota estava pensativa.

- Não sei. Realmente não sei. Vejam! – disse, apontando para a sua esquerda – Há outra passagem ali. Talvez consigamos chegar até a cela de Snape.

- Com esses dementadores? Impossível – disse Rony – Nem que a gente desse conta de todos eles conseguiríamos sair daqui. Chamaria a atenção dos Comensais na hora.

- Será? – pensou Hermione – Talvez não, Rony. Acho que eles sequer notariam.

- Você não está pensando em enfrentar todos esses dementadores, está? – perguntou assombrado.

- Talvez – respondeu a garota.

- Você está louca.

- Vamos por aquele caminho e lá pensamos melhor então.

Eles voltaram pelo túnel e descobriram que, na verdade, havia diversos caminhos. Se tivessem tempo, poderiam chegar à cela de Snape. O problema é que os dementadores continuavam ali, e não sabiam como passar por eles.

- Ai, mas que droga! Ele está a menos de dez metros daqui! – disse Hermione, olhando para a cela de Snape, tão perto – Será que os dementadores ficam aqui o tempo todo?

- Cadê a Luna? – perguntou Rony de repente, e todos olharam para trás, dando por falta da garota.

- Luna? Luna?

Ela tinha simplesmente desaparecido e eles entraram em pânico. Em poucos segundos, no entanto, o mistério fora resolvido: Luna aparecera em uma entrada, do outro lado de onde estavam, e caminhava em direção aos dementadores.

- NÃO! – gritou Hermione, mas já era tarde. Luna estava pulando e chamando os dementadores.

- Vão! – ela gritou e, sem opção, os três correram em direção à cela de Snape. Todos os dementadores agora estavam indo em direção à Luna.

- BOMBARDA! - gritou Hermione, explodindo a cela onde Snape estava preso. Ele estava desmaiado e preso por correntes. Ron olhou para trás – Luna estava sendo atacada. Não resistiria muito tempo.

- Rápido, Hermione! – gritou Neville, vendo a aflição da garota.

- Enervate! - disse, e Snape abriu os olhos. Luna caíra no chão.

- Mas o quê...

- Professor Snape, como tiramos essas correntes? – perguntou Hermione desesperada – Espere... Já sei... Deletrius! Alohomorra! - As correntes se abriram. Snape levantou ainda fraco, apoiando-se em Hermione.

- Corram, ela não vai agüentar! – gritou novamente, e Neville e Rony projetaram juntos seus patronos. O que saiu foi uma luz prateada muito fraca da varinha dos dois, que não fora o suficiente para espantá-los.

- CONCENTREM-SE! – gritou Hermione, enquanto levava Snape até a entrada de um dos túneis. Finalmente ela o deixou lá e se juntou aos dois para conjurarem seus patronos.

- Onde está Luna? – gritou Neville.

- Ela sumiu!! – disse Rony atordoado, olhando para o lugar onde ela estava desmaiada antes.

- ONDE ESTÁ LUNA? Venham, vamos atrás dela! – gritava Neville desesperado, com lágrimas nos olhos. Os dementadores voavam no alto sobre seus patronos, mas o efeito estava passando...

- Comensais! – disse Ron novamente – Por Merlim, como...?

- Não dá para aparatar aqui – disse Snape – Venham, eu conheço um atalho. Rápido!

Ele deixou os três garotos passarem e seguiu atrás deles. Os Comensais logo os alcançariam, teriam que ser rápidos.

- Aqui, aqui! – gritava, e Hermione, Ron e Neville o seguiam cegamente, sem saber para onde estavam indo. Podiam ouvir os Comensais atrás deles, mas não sabiam sequer onde estavam pisando, pois estava tudo muito escuro. Tudo o que podiam ver era as costas de quem estava à sua frente, e isto era o seu guia.

Eles finalmente saem em um corredor ainda escuro, porém feito de pedra. Subiram diversos metros, sentiam como se o ar cortasse seus pulmões, perderam o fôlego. Não ouviam mais os Comensais, tinham escapado.

- Venham, por aqui – continuou Snape. Hermione notou como ele estava pálido e sem direcionar com força seus movimentos. Ainda estava se recuperando e precisava de cuidados o mais rápido possível.

Chegaram aos jardins novamente. O ar puro foi como uma bênção e assim que saíram Snape caiu no chão, sem forças.

- Professor Snape! – gritou Hermione, jogando-se ao lado do professor – Acorde. Não é seguro ficar aqui, temos que ir embora logo!

Os Comensais estavam chegando pela outra entrada. Snape estava desmaiado.

- Rony, vamos aparatar! – gritou Hermione.

- Mas e o Snape? – ele disse, desesperado, alternando seu olhar entre ela e os Comensais adiante.

- Eu vou com ele. Vão logo, vão logo!

Em dois suaves estalos, Neville e Rony aparataram. Os Comensais viram Hermione ao lado de Snape. Ela jogou seu corpo contra o do professor, fechou os olhos e se concentrou para conseguir aparatar. Tudo o que ouviu foi um “Avada Kedavra” e, ao abrir novamente, estava nos portões de Hogwarts, cercada de Ron e Neville. Snape estava desacordado.

- Meu Deus, Hermione, achei que você... – disse Rony, abraçando a amiga com força. Ela colocou a mão sobre o seu braço e ficou satisfeita com aquele momento de conforto. Ficaram assim durante alguns segundos até ouvirem alguém se aproximar.

- Vocês conseguiram! – gritou Harry chegando com Hagrid, para abrir os portões – Snape está aqui!

- Calma, Harry – disse Hermione, chegando perto do amigo.

- O que foi? Cadê.. a Luna?

- Os Comensais a pegaram, Harry.

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