Festa de Casamento



Capítulo Um
Festa de Casamento



Dumbledore morto, Hogwarts resistirá?


Os rumores do possível fechamento da escola de magia e bruxaria de Hogwarts foram recebidos com certas apreensões pelo mundo mágico. Há pais que preferem os filhos ao seu lado, muitos outros gostariam de dar a eles um ensino para poderem se defender das recentes, e terríveis ameaças.
Pela manhã de ontem, 30 de julho, a professora Mcgonagall, atual diretora da escola, deu uma curta declaração que causou alvoroço entre os pais e alunos da escola:
“Hogwarts ficaria muito vulnerável sem Dumbledore por perto, o momento não parece propiciar a reabertura da escola”.Ela falou visivelmente consternada com a situação.
Os professores de Hogwarts se reunirão no próximo dia primeiro de setembro para uma assembléia a fim de discutir o futuro da escola.


Harry olhou abalado a foto da professora no Profeta Diário. Estava mais magra e abatida, e gesticulava sem parar. A grama fofa do jardim da casa dos Dursleys estava úmida e molhava a camisa de moletom de Harry, mas ele nem ao menos ligava. Aquele era o único tempo que estava tendo para ler o jornal, durante todo o dia estivera ocupado fazendo faxina no quarto, porque a tia o obrigara, e como Harry sabia que este seria o último verão na casa dos tios indigestos, silenciou e limpou o quarto até os membros ficarem dormentes
Depois de ler todo o artigo, Harry dobrou e guardou o jornal dentro do bolso. Pensou por uns instantes no que faria. Estava imundo e cansado, mas finalmente chegara o dia em que ele completara dezessete anos. E isso, era muito importante para ele. Não precisava mais ser submisso aos Dursleys, e podia, agora, fazer feitiços fora dos terrenos de Hogwarts se precisasse.

Resolveu que não iria estragar o sabor dessa conquista indo dormir, ficaria acordado um pouco mais. Talvez devesse naquele momento mesmo aparatar para a casa dos Dursleys, fazer-lhes uma surpresa. Pensou por um instante no sorriso que Gina lhe daria, e o seu peito se encheu de emoção.

Colocou as mãos atrás da cabeça para lhe servir de apoio e olhou o céu estrelado com um sorriso no rosto. Fazia muito tempo que não sorria os acontecimentos não lhe deixaram fazer isso. Dumbledore fora morto sem piedade por Snape, um homem da confiança do diretor e isso ele nunca esqueceria. Sonhara todo o verão com a mesma cena, e a revolta somente crescia em seu peito.

Duda estava fora, bebendo e fumando com os amigos. Sua aparência mudara muito nos últimos tempos, a bebida o transformara em um saco de peles um pouco mais flácido do que ele era na infância, e seus olhos carregavam olheiras profundas. O primo que parecia ter muito mais medo de Harry agora que ele crescera e sabia uma porção de feitiços, não estava mais tão implicante com ele que de costume. Porém, naquela noite, Duda chegou mais bêbado que qualquer outra e dizia a Harry coisas sem sentido, cambaleante.

_Eu vi... Ele estava lá perto do cemitério... _Disse ele. _Tentou me lançar um feitiço quando o reconheci aquele marginal salafrário de uma figa!
_De quem você está falando?_Harry perguntou, intrigado.
_Me deixe em paz, não quero ver você... Vá embora daqui...
Harry olhou para o primo, tentado.
_É verdade, não tenho mais nada a fazer aqui. Vou pegar as minhas coisas e ir embora.
E dizendo isso entrou na casa dos Dursleys para apanhar as coisas dele.

Guardou todos os presentes dentro do malão, amarrando a firebolt nele também. A vassoura que ganhara no terceiro ano em Hogwarts ainda conservava parte da graciosidade que possuíra, contudo, suas cerdas estavam um pouco mais desgrenhadas e o cabo cheio de pequeninos arranhões, frutos dos jogos de quadribol na escola. O estojo para manutenção de vassouras que Hermione lhe dera no décimo terceiro aniversário estava guardado dentro do malão, e ele esperava que ao chegasse à casa de Rony teria tempo para polir e cuidar melhor da vassoura. Resolveu que deixaria a gaiola de Edwiges ali mesmo, ela não teria nunca mais que ficar presa. A coruja alva e com enormes olhos âmbar, estava fora, voando. Mas Harry sabia que ela o encontraria na casa de Rony, ela era um animal muito esperto. Saiu do quarto empurrando o malão, tentando decifrar as palavras de Duda. De quem será que ele estaria falando?

_Nunca mais vai voltar, hein?_Perguntou o tio com uma expressão gloriosa ao vê-lo descer as escadas arrastando o malão com dificuldades. _Vai pra aonde depois da escola, moleque? Morar com aquela família maluca?
_Ah, não é da sua conta...

O tio Valter parecia querer a sua última cota de provocações e aborrecimentos a Harry antes de ele ir embora, mas Harry não deixaria mais que ele o importunasse. Passou pelo tio sem lhe dar atenção, ao chegar à sala de estar deparou-se com Duda esparramado no sofá, vomitando até não poder mais. A Sra. Dursley encarava Harry, na sala de estar, com uma expressão de rancor. Abria a boca para falar algo, mas de repente continha-se. Duda estava pálido, massageava a imensa barriga com as mãos.
_Não devia ser tão mal-agradecido!_Ela disse.
Harry passou por ela e girou a maçaneta da porta e o vento da noite balançou seus cabelos. Petúnia de repente deixou Duda e correu em direção a Harry. O rosto ossudo com uma expressão angustiada.
_Espere, antes de ir eu preciso te falar uma coisa... Uma coisa que ela me pediu há muito tempo atrás que fizesse. Mas só agora eu...
Harry a encarou, cheio de dúvidas.
_De quem a senhora está falando?
_Entre, os vizinhos podem nos ouvir. _Ela disse puxando o menino pelo braço.

Ele se sentou na poltrona à espera do que a tia poderia lhe dizer. O Sr. Dursley também parecia muito ansioso para ouvir o que a mulher tinha a revelar. Ela se sentou na beira do sofá em que Duda estava deitado, as mãos no rosto, ainda hesitante.

_Éramos tão pequenas... Não sei se eu realmente devia fazer isso, não sei se realmente tinha obrigação por todo esse tempo...
_Se a senhora for falar alguma coisa, fale rápido, por favor. _Harry falou entre os dentes, impaciente.
_É que... É que no dia em que ela recebeu aquela maldita carta, bom, nenhumas de nós sabiam o que era aquela escola ou você sabe o quê... Mas, bem, quando ela recebeu a carta... Meus pais a compreenderam perfeitamente e até ficaram orgulhosos por ela...

Harry sabia que a tia falava da mãe dele, Lílian Potter. A tia Petúnia sempre tivera uma pontada de ciúmes da irmã.

_E todos os verões e nos natais quando ela voltava, eu lia aqueles livros dela... E uma vez, somente uma... _Ela acrescentou olhando culpada para o Sr.Dursley. _Numa tarde em que ela saiu com meus pais, e eu estava sozinha em casa, tentei fazer um feitiço...

Uma pequena confusão foi gerada em seguida. Duda levantou-se do sofá com os olhos assustados encarando a mãe, Valter engasgou-se e Harry perguntou, em voz anormalmente alta:

_A senhora tentou o quê...?
_Eu só tinha uns dezesseis anos, era quase uma criança!_Ela olhou suplicante para Valter, que começara a cuspir freneticamente. _E eu via tudo o que dizia que ela poderia fazer naqueles livros e eu também queria, só por curiosidade, é claro.
_Qual feitiço a senhora tentou fazer?_Perguntou Harry, tentando não mostrar-se muito espantado.
_Bom, um bem simples... Tentei abrir a porta do quarto da Lílian com um... Um... _E ela olhou constrangida para Valter._Com um alorrorrorromorra...É claro que eu não consegui, eu não tenho esse sangue, essa anormalidade...Mas provoquei uma queimadura na porta do quarto de Lílian, e ela recebeu uma advertência por isso, desde aquela época...Bom, então ela descobriu o que eu fiz, e ficou muito chateada de eu ter pego a sua varinha escondida...
_Mas o que isso tem a ver?_Não é que Harry não quisesse ouvir um pouco sobre a mãe, a tia nunca fizera isso antes, mas não estava entendendo aonde a Sra.Dursley queria chegar.
_Naquela noite eu e ela brigamos feio... E eu disse tantas coisas... E prometi que nunca mais voltaria a falar com ela, jamais. Que ela nunca deveria voltar a falar comigo também, nem pedir minha ajuda. E, bom, um tempo antes que ela e aquele... Seu pai morreram, ela tentou pedir minha ajuda, queria que eu tomasse conta de você por algum tempo, porque achava que você estava correndo muito perigo._A Sra. Dursley falava com os olhos perdidos, como se estivesse em transe. O Sr.Dursley parara de tossir, e escutava a conversa com uma expressão de intenso desgosto.
_É claro que eu não acreditei no momento...Não, não, ela deveria estar querendo correr mundo com o Tiago e inventou essa história, mas aí...Ela definitivamente morreu, e eu tive que receber você...Não era que eu a tivesse perdoado, não...Nunca! Ela sempre me deixou na sombra, meus pais nunca me olharam do mesmo jeito que olhavam para ela, toda vergonha que já me fez passar, mas eu prometi assim que soube da morte dela, prometi pra mim mesma que cuidaria de você...
_Então é por isso que a senhora a odeia, não é? É por pura inveja, porque queria ser igual a ela, queria ser uma bruxa!
A menção daquela palavra sobre o teto do número quatro, causou um pequeno calafrio no Sr.Dursley. A Sra.Dursley colocou novamente as mãos sobre a face, murmurando:

_Ora, eu nunca realmente quis, mas duas irmãs, todos deviam esperar que as duas fossem escolhidas, porque ela tinha que ser melhor que eu? Mas é claro que eu não teria querido ser com ela, não faz meu gênero.
_Petúnia, eu não posso acreditar... Você, não, não pode ser... _Gemeu o Sr.Dursley, desabando sobre uma poltrona vazia. _Em todo o tempo que estivemos juntos, eu nunca pensei...

Duda levantou-se do sofá atordoadamente e foi para fora de casa, sem ao menos encarar a mãe novamente. Parecia querer voltar ao mundo normal, não queria mais ouvir nada sobre magia ou bruxaria. A cabeça dele, que apesar de demasiada grande, tinha pouquíssima massa encefálica, não permitia que ele racionasse sobre coisas muito mais simples, quanto mais sobre assuntos tão delicados. Para ele Hogwarts e tudo o que ele ouvia e presenciara através de Harry do mundo da magia era uma piada boba contada por um bêbado, que logo era esquecida nos meses seguintes.
_Valter, eu nunca fui um deles... Foi só uma coisa de criança... Depois daquele dia passei a sentir imenso nojo por qualquer coisa relacionada a isso... _A Sra.Dursley tentou explicar ao marido, mas ele estava por demais aborrecido e decepcionado. _Você não pode acreditar que eu tenha sido conivente com qualquer coisa, Valter.
_Então, é só isso?_Harry perguntou, todo e qualquer sentimento de apego àquela casa que antes estava sentindo se esvaindo do corpo dele. _Posso ir embora?

A Sra.Dursley olhou hesitante para o marido, este tinha um olhar muito feroz, como um cão de caça. Tia Petúnia, porém disse:
_Não, ela... Ela deixou comigo um endereço... Disse que se algum dia acontecesse algo a eles, e você chegasse às minhas mãos, eu deveria procurar esta pessoa e te entregar para ela...
_Meu padrinho? Sirius Black?_Harry questionou. Se fosse já não valeria mais nada, pensou Harry, Sirius tinha passado doze anos na prisão de Azkaban e agora tinha morrido.
_Não, não é aquele homem... É a sua madrinha.
_Como assim? Eu não tenho madrinha... Nunca ninguém...
_Ela não é, bem você sabe. _Petúnia falou, os olhos vermelhos. _ Era uma amiga de infância de Lílian...
_E porque não me entregou para ela quando Dumbledore me deixou aqui?_Harry perguntou, indignado.
_A Annie Karlson sempre foi muito inconstante, mudou de endereço logo depois que recebi você, o que é uma pena, veja só, poderia ter simplesmente entregue você a ela, estaria fazendo o que sua mãe pediu não me sentiria culpada _Disse, uma cara de quem não dava importância. _Imagina que nenhum vizinho sabia pra onde ela foi, é tão esquisita que até parecia que era... Mas não, nunca foi a essa escola. Nunca mais a encontrei, então resolvi que o criaria afastado deste mundo, mas não consegui. Você foi para aquela escola, não foi? Desde tão pequeno já demonstrava os sinais, e por isso eu sabia que você era igual a ela desde o instante em que te vi. Você nunca poderia ter sido como o Duda, por exemplo. E Dumbledore deixou uma carta me explicando tudo e dizendo que você deveria ficar aqui conosco, então...
_Mas se essa tal Annie mudou para que a senhora quer me dar o endereço?_Harry perguntou, ignorando as últimas coisas que a tia lhe dissera, ele nunca sentira vontade alguma de ser como Duda, mesmo quando ele não conhecia Hogwarts.
_Sonhei com isso há poucos dias, acordei angustiada... Pensei que deveria te contar, então, fazendo isso acabaria qualquer compromisso com você. _Ela falou, pausadamente, os olhos ainda perdidos.
E Harry permaneceu imóvel olhando para a tia, enquanto acompanhava os tons que o rosto do Tio Valter poderia alcançar a cada nova revelação. Ela, como ele sempre suspeitara e agora tinha certeza, nunca o amou. Desde o primeiro momento que o viu o rejeitou, nunca planejara lhe dar nenhum carinho ou afeto. Isso, vindo do tio Valter, poderia até ser considerado normal porque ele não é parente de sangue de Harry, mas a tia Petúnia era irmã da mãe dele, e Harry, antes, nunca conseguira encontrar os motivos para tanto desprezo com ele. Ao olhar a tia Petúnia mais uma vez, Harry enxergou Snape. Ele, assim como a tia, guardara rancor por um desentendimento de infância.
_Aqui está... _Ela disse tirando um papel muito antigo e amassado do bolso.

Harry olhou brevemente o endereço, mas não fazia idéia de onde ficava o lugar escrito.

Annie Karlson
Rua Werryngton Meyer, 17
Yatronn,
New Strouss.

_Bom, meus pais tentaram a todo custo me livrar de vocês, não foi?_Ele falou, com amargura. _ Mas não conseguiram, vocês me maltrataram durante todos esses anos...
_Não creio que pudéssemos oferecer mais do que isso. _Disse Petúnia, a cara amarrada. _Leve o papel, já fiz o que devia fazer... Cuidar de você todos esses anos depois de tudo que a Lílian me fez. Vá embora agora. _Ela acrescentou ao olhar o estado do marido.

Quando Harry saiu mais uma vez de casa, pôde ouvir a discussão que começava a irromper juntamente com o choro abafado da tia Petúnia .
_Como você pôde ter tentado...Eu não conheço a mulher que vivi todos este anos...Não poderia ser muito diferente da irmã..._Bufou o Sr.Dursley.
_Eu tinha que fazer isso antes de ele ir...Eu sonhei com isso a semana inteira, Valter! Ela vem me atormentando para contar a ele sobre a maldita da Annie... Pesadelos terríveis.
_Nada disso existe!_Berrou o Sr.Dursley. _Você fala como se ela pudesse realmente exigir algo de você através do sonho. Petúnia, ELA ESTÁ MORTA!

Duda estava sentado num banco no jardim, quando Harry saiu de casa batendo a porta, o rapaz o encarou com uma expressão feia no rosto.

_Escute aqui... _Disse ele, o rosto se tingindo de vermelho, os olhinhos ainda mais apertados. _Você não vai sair assim, sem ter uma lição. Seja homem e me enfrente sem varinha, ou você é um idiota que só se sente valente com essa ripa na mão?
_Você se esquece que se juntava com um monte de amigos para me bater, Duda?_Harry perguntou, sentindo o sangue esquentar.
_Largue a varinha no chão!_Falou Duda. _E me enfrente, como homem.

Harry não queria que o primo pensasse que ele era covarde. Já estava cheio disso. Era claro que Duda era muito maior que ele, mas Harry, o enfrentaria, com ou sem varinha. Levou a mão até o cós da calça jeans e de lá tirou a varinha. Colocou-a dentro do malão.
_Pronto, vamos ver se eu não sou homem agora!_Harry falou, a mente não estava funcionando muito bem, naquele instante tudo o que importava era socar Duda o máximo que pudesse.

Duda deu um pequeno sorriso maroto. Aproximou-se do malão e o empurrou com o pé até a calçada.
_Por via das dúvidas. _Disse ele, o bafo de bebidas fazendo-se ser sentido pela rua inteira.
Harry fechara os punhos. Fazia muito tempo que não brigava com ninguém fisicamente, e ele se sentia um pouco inseguro. Duda pulou em cima dele, quase cem quilos jogados a toda força contra seu corpo. Harry chutou Duda do jeito que conseguia, uma vez que o outro estava por cima dele. Duda, por sua vez, desferia um golpe certeiro no olho de Harry. O menino sentiu os óculos quebrarem.

Sentindo uma dor aguda no olho esquerdo e a visão vacilar, uma onda de fúria tomou todo o corpo de Harry. E ele criou força suficiente para jogar Duda para o outro lado. Antes que este pudesse se levantar, Harry pisou com força na altura de seu estômago. Harry sentiu o primo gemer. Colocara as duas mãos sobre o ventre, virara para o outro lado e vomitara com intensidade, mais uma vez. Mas sem aviso levantou-se, e tirou uma faca do bolso. Mirou Harry com a lâmina, procurando a melhor parte do garoto para penetrar o alumínio.

Harry não esperou que ele se decidisse correu até o malão e pegou a varinha. O primo ao ver que ele reaveria a sua mais eficaz arma correra para cima dele com a faca na mão. Mas faltando poucos centímetros entre o braço de Harry e a faca, o menino conjurou um feitiço no primo:
_Estupore!

Duda caiu estuporado no chão. Os olhos vidrados num ângulo estranho, as pernas abertas e os braços moles. Atraídos pelo barulho da confusão, os Dursleys vieram ver o que estava acontecendo. E Harry pegou o malão e foi andando sem rumo, ouvindo os palavrões e pragas que os Tios lhe rogavam.

Levou a mão ao olho machucado, devia estar horrível. Se havia uma coisa que Duda sabia fazer bem era socar. As mãos dele pareciam ter sido preparadas para essa habilidade. As casas no final da rua estavam borradas na visão de Harry. Ele tirou a varinha do malão, pegou os óculos partidos e disse:
-Óculos, reparo.

Os óculos então voltaram ao normal. A ponte partida se colou novamente, e as lentes despedaçadas se juntaram. Guardou a varinha no cós da calça e colocou os óculos. Ainda não conseguia enxergar direito, mas isso, Harry pensou, devia-se a brutalidade do golpe. Mas estava feito, ele também batera em Duda e lhe lançara um feitiço estuporante, desforrara os anos que passara nas mãos dele.

Harry cruzou a rua dos alfeneiros sem saber bem onde estava, devido a visão prejudicada. Na altura da rua Magnólia ele sentou-se no chão e pensou no que faria. Decidiu-se que a melhor coisa a fazer era aparatar na casa dos Weasleys, não havia mais nada a fazer. Olhou para os lados, não conseguia enxergar quase nada. Tinha que arrumar um lugar ermo para aparatar.

E o único que lhe ocorria naquele momento era o cemitério, que Duda costumava freqüentar quando queria beber escondido. Decerto àquela hora não haveria ninguém lá. Permitindo que seus instintos o guiassem Harry rumou pelas ruas bem pavimentadas, até a esquina em que ficava localizado o velho cemitério. O enorme portão enferrujado estava entreaberto com sempre, e Harry passou por ele sem dificuldades. No entanto, ao adentrar o terreno cheio de sepulturas e pouca luz, Harry não viu mais nada. Mas o vento frio que emanava de todas as direções, e os gemidos que o menino pensava ouvir vindo de várias covas, fizeram seu sangue congelar e os cabelos da nuca arrepiar.

Tudo o que a tia lhe contara ainda ecoava na cabeça dele, tivera mais uma oportunidade de ser feliz, com a tal madrinha, mas o que fazer se não tinha como encontrá-la? Não fazia para Harry, contudo, sentido que a mãe tivesse querido que ele ficasse com a tal madrinha porque fora Sirius para quem eles deixaram a tutela de Harry caso algo acontecesse. Resolveu que pensaria nisso depois. A dor no olho ainda estava atormentando-o. Puxar o malão enorme e pesado pelo terreno cheio de folhas secas foi um grande problema. Então ele conseguiu divisar um local perfeito para aparatar. E ficava bem detrás de uma enorme estátua de um anjo. Nenhum trouxa poderia vê-lo ali. Concentrou-se na sala de estar da toca com muita precisão. Agarrara a alça do malão com força e preparava-se para aparatar quando ouviu passos se aproximando, antes que alguém pudesse detê-lo ele aparatou, porém, a visão embaçada ainda conseguiu divisar a silhueta de uma pessoa vestida de branco.

_Harry!_Exclamaram muitas vozes ao mesmo tempo.

Ele aparatara exatamente na sala dos Weasleys, com perfeição. Os rostos de Gina, Hermione e Rony estavam espantados. Olhavam do estado das roupas amarrotadas de Harry ao roxo do olho dele com terror nas faces.
_Ah, desculpe por não avisar que viria hoje, mas... _Ele começou, sentindo que poderia desmaiar a qualquer momento. Estava atordoado com a última visão que tivera, seria um fantasma o que ele vira? Parecia horrível, o que quer que fosse.
Eles, que estavam sentados no chão com pilhas que lembravam muito convites prateados, levantaram-se depressa e se dirigiram até o menino, prestativos.
_O que houve Harry?_Hermione perguntou sentando o menino em uma cadeira. _Você foi atacado? Não andou se metendo em confusão, né? Não andou procurando ninguém? Ah, Harry, foi um comensal?

Gina passava as mãos sobre o cabelo preto e rebelde de Harry a fim de fazê-lo se acalmar. Rony estava muito pálido. Pareciam acreditar que o amigo estivera lutando contra Voldemort em pessoa.
_Quem foi que te fez isso?_Rony perguntou. _Aonde foi, Harry?
_Fui eu e Duda que brigamos... _Harry os tranqüilizou. _Ele me deu um soco, só isso.
_Ah, aquele trouxa idiota!_ Disse Rony. _Merecia uma dúzia de caramelos incha-língua!
_Oh, Harry... _Disse Gina. _E hoje é o seu aniversário, como ele pôde fazer isso?

Era verdade, ainda era o aniversário de Harry.
_E o que você fez nele, hein Harry?_Rony perguntou.
_O estuporei... _Harry falou, ainda muito mal. Quase não podia enxergar direito o rosto dos amigos.
_Você não fez isso, Harry!_Hermione falou. _Você sabe que magia é proibida... Ah, não, você já fez dezessete... Mas mesmo assim, e se algum trouxa visse?
_Acho que ninguém viu, Hermione... _Harry disse com a força que conseguiu reunir.
_Vou chamar a mamãe, Harry. _Disse Gina. E saiu pela sala sem demora.
_Estivemos tão preocupados com você, Harry, eu e Rony. _Hermione falou. _Temíamos que eles fossem lá te atacar hoje, quando você faz dezessete. Lembra que o encantamento que protegia a casa dos Dursleys se encerra hoje, Harry?

O menino fez que sim. Prometera a Dumbledore voltar apenas mais uma vez durante as férias de verão à casa dos Dursleys, somente até completar dezessete anos, a maioridade no mundo bruxo. E assim fizera.

A senhora Weasley estava mais magra e abatida do que a última vez que Harry a vira. O senhor Weasley também parecia mais velho e preocupado. Ele tinha mais rugas na testa. Os dois pareceram muito nervosos com estado de Harry assim que o viram.
_Harry, você deveria ter evitado brigar assim!_Falou a senhora Weasley. _Você poderia ter fugido o controle e ter lançado algum feitiço em seu primo...

Harry olhou culpado para os amigos, mas não disse à senhora Weasley o que havia feito.
_Esse menino é um problema!_Resmungou o Sr.Weasley. _Mas que bom que você está bem, Harry, quero dizer, quando Gina correu para chamar a Molly, por um momento pensei que algum comensal havia te atacado... Você deve se sentir feliz que nenhum deles tenha aparecido no caminho...

Harry concordou intimamente. Se algum comensal tivesse aparecido no momento em que ela estava quase cego, ele agora estaria cara a cara com Voldemort e não com a amistosa família Weasley. Se bem que a figura vestida de branco que ele vira tão fugazmente no cemitério poderia bem ser um comensal da morte. Deveria ser dele que Duda falara. Ele devia tê-lo reconhecido porque na última semana vários deles apareceram no noticiário trouxa, como marginais fugitivos.
_Com todas as mortes que houve... _Hermione falou pensativa. _Você tem recebido o profeta diário, Harry?

O menino fez que sim. E as mortes que soubera pelo jornal foram todas horríveis e obra dos comensais da morte, mas ele não queria falar sobre isso. O olho ainda o incomodava muito e ele mal conseguia enxergar um monte de cabelos vermelhos e um cabelo cheio e castanho, o de Hermione.
_Artur, o que fazemos com o olho dele?_A senhora Weasley perguntou, preocupada.
_Fígado de dragão resolve. _Disse o Sr.Weasley._Gina, apanhe um pouco na cozinha, só um pedaço pequeno.

_Harry, eu vou levar suas coisas lá pra cima, pro meu quarto._Disse Rony.
_Acho melhor ele ir se deitar também, Rony._ Hermione falou.
_É, ajude ele a subir, meninos. É melhor ele ficar descansando. É melhor dormir logo, não conversem mais com ele. _Avisou a senhora Weasley.

Rony arrastava o malão pela escada enquanto Hermione segurava no braço de Harry e o guiava até o quarto. Rony abriu a porta e colocou o malão de Harry em cima da cama. A cor laranja do time favorito de Rony, o Chudley Cannons, ainda continuava espalhada pelo quarto em forma de pôsteres, e outros adereços. Hermione fez Harry deitar na outra cama, vazia.
_Boa-noite, Harry. _Ela disse. _Amanhã conversamos.
_Tchau, cara. Durma bem, eu vou só terminar de preencher uns convites e já vou dormir também.

E os dois saíram juntos do quarto. Gina entrou logo que eles saíram um pedaço gosmento de fígado de dragão nas mãos. A menina sentou na beiradinha da cama de Harry. Ele não conseguia enxergá-la direito, mas estava feliz que ela estivesse ali.

_Papai falou que se você dormir com o fígado no olho, amanhã você estará ótimo. _Ela falou colocando cuidadosamente o fígado de dragão sobre o olho do menino.

Ele não podia abrir o olho saudável por causa da dor que isso causava, sempre que ele tentava fazer. Então, o máximo que conseguia fazer, era enxergar por uma fendinha que o olho socado deixara aberto, em meio ao inchaço.
_Estive com muitas saudades..._Ela confidenciou, acariciando mais uma vez os cabelos do rapaz.
_Eu também, Gina._Ele falou muito baixo, nem sabia realmente se a menina havia lhe ouvido.

Harry viu o rosto dela se aproximar do dele. Ela com certeza iria beijá-lo, e o menino, apesar da dor que sentia e de estar meio bobo com um filé de fígado de dragão no olho, não iria impedir. Ele também ansiara por este beijo durante todo o tempo que passara afastado dela. Quando os lábios dos dois rasparam levemente um no outro, a porta do quarto abriu. Era a senhora Weasley.
_Trouxe um leite quente antes de dormir, Harry. _Ela falou muito alto para os dois, estava visivelmente incomodada com a situação.

Harry e Gina se assustaram e se separaram instantaneamente. Harry sentou-se na cama segurando o fígado com uma das mãos e apanhou o copo de leite que a senhora Weasley lhe oferecia, ainda que um pouco decepcionado. Era engraçado como o fígado fizera efeito, ele já conseguia enxergar muito melhor.

_Venha Gina, acho que você não preencheu todos os seus convites... _Disse a senhora Weasley puxando a menina pelo braço.
_Ah, mãe... Não posso fazer isso amanhã?
_Agora Gina, deixe o Harry descansar.
_Boa noite, Harry!_Gina falou, piscando para ele marotamente.
_Boa noite, e tenha bons sonhos!_A senhora Weasley lhe desejou.

Harry tomou o último gole de leite e colocou o copo sobre o criado-mudo de Rony. Deitou-se na cama meio anestesiadamente, foram muitas revelações para um dia só. Assim que encostou a cabeça no travesseiro caiu num sono profundo, cheio de fantasmas vestidos de branco, sonhos que ele não se lembraria jamais quando acordasse.

_Ele está completamente bom, dá pra acreditar?_A voz de Rony excepcionalmente alta e animada ecoou por todo o quarto.
_O fígado de dragão realmente age muito rapidamente em lesões comuns como parece que foi a do Harry. Foi o primo que o socou, não foi? Não deve ter sido nada demais...

Harry reconheceu a segunda voz como sendo de Carlinhos Weasley, irmão de Rony. Apesar de já estar lúcido, não abriu os olhos, não soubera por que fizera isso, mas não estava com vontade de sorrir e dizer bom-dia ainda.
_É inacreditável como não o procuraram na casa dos tios, né?_Rony perguntou, a voz anormalmente baixa.
_É realmente muito estranho... _Disse Carlinhos. _afinal, o mundo mágico está uma bagunça... Ninguém estava vigiando o Harry.
_Acho que ele não gostaria que fizessem isso também. _Rony falou mais baixo ainda. _Quer dizer, desde a morte de Dumbledore que ele está desse jeito. Acho que meio que sacou que está sozinho, mas não está, estamos do lado dele, não estamos?
_Venha Rony, acho que ouvi a mamãe chamar a gente. _Carlinhos falou e os dois saíram batendo a porta.

Harry colocou a mão no olho esperando sentir o inchaço, mas o olho estava completamente bom, sem nenhuma dor sequer. O fígado de dragão estava deitado sobre seu ventre melecando a blusa de moletom. Possivelmente caíra durante a noite. Harry se levantou e trancou a porta. Em seguida trocou de roupas.

Praticamente meia hora depois apareceu na sala de estar. Quase todos os Weasleys estavam lá, Gui estava também. Parecia muito saudável. Fleur estava sentada em um banquinho de pernas curtas, os longos cabelos louros e ondulantes mais opacos e sem vida. A pele mais ressecada, deveras ter passado por um baque com a doença de Gui.
_Ah, oi Harry!_Disseram a maioria dos presentes, juntos.
_Oi... Como vai Gui?
_Bem, eu diria. Quer dizer, vou ter algumas seqüelas pequenas. Vontade de morder durante luas cheias, mas é claro que vou poder me controlar, e acho que durante essa fase da lua também terei mais pêlos que agora.
_Quando foi que você chegou do Saint Mungus?_Harry soubera que o rapaz fora internado lá em uma das cartas de Rony.
_Ainda anteontem. _Respondeu o rapaz, meio melancólico. _Não tive o prazer de me encontrar com a lua cheia para ver o que vai me acontecer, mas espero ansioso esse dia...
_Orras Gui, você tãm que agradecerr porr estarr vivo._Disse Fleur, uma expressão aborrecida.
_E então, quando vai ser o casamento?
_Pro final de semana. _Disse o Sr.Weasley, animado. _Preparamos uma porção de coisas, um monte de pessoas que gostamos vêm!
_Harry, querido, achamos melhor deixá-lo dormir bastante, por isso já tomamos café. Mas tem torradas e mingau na cozinha para você. Vá lá, querido, sirva-se.
_Eu vou com ele mamãe. _Prontificou-se Gina.

E os dois foram para a cozinha. O antigo e peculiar relógio da senhora Weasley ainda estava lá. Harry olhou aliviado quando viu todos os ponteiros passando bem longe de Perigo Mortal. Ainda no outro ano o relógio agira estranhamente, estando sempre em perigo mortal. Mas talvez, Harry pensou que o relógio já se acostumara ao clima e só voltaria à fase de perigo mortal quando tudo ficasse ainda pior que já estava.

_Recebeu meu presente?_Gina perguntou sentando-se ao lado de Harry à mesa.

Ganhara uma pequena miniatura de uma vassoura muito moderna que voava sozinha fazendo voltas e piruetas. Harry gostara bastante, mas sabia que não fosse tudo que havia ocorrido por causa de Voldemort ele teria ganho presentes melhores de todos os amigos, a vassourinha de Gina, parou de funcionar depois de dez minutos de vôo.
_Sim, gostei bastante... Mas não é uma réplica de nenhuma vassoura, é? Eu não lembro de já ter visto uma como essa. _Harry disse sem mencionar o fato que o presente parara de funcionar.
_É claro que é, Harry! Foi lançada ainda no começo de julho e já foi adotada por todos os times oficiais, sabe? É uma thinbonne 001! A primeira do modelo. Cabo fino, cerdas que não desgrenham nunca, cabo de borracha na extremidade para as mãos, consegue fazer piruetas, manobras e voltas mais rápido que a firebolt...
_Bom, eu gostaria de ter uma, mas a minha firebolt ainda está boa... Quer dizer, as cerdas estão um pouco desarrumadas e também tem um pouco de arranhões, mas ainda voa perfeitamente... Deve custar uma nota, essa thinbonne...
_Ah é, eu bem que queria uma, sabe? Mas nunca teria dinheiro suficiente para comprar uma. _Ela falou meio triste olhando para as unhas.

Harry notou de repente o corte de cabelo de Gina. Parecia mais atraente com ele, as madeixas ruivas estavam repicadas de uma forma moderna.
_Ah...Pensei que faria com que eu ficasse mais legal._Ela disse notando o interesse do rapaz._Eu pareço ter mais idade com ele.

Era verdade. Gina que tinha dezesseis anos agora, mas parecia ter envelhecido pelo menos dois ou três anos. Harry pôs o mingau quente na chícara e tomava devagar, assoprando antes de cada gole.
_Hoje vamos saber o que vai acontecer com Hogwarts... _Ela falou. _Os professores vão se reunir com a professora Mcgonagall para definir o rumo da escola.
_Ah é, eu li no Profeta Diário.
_Harry, você vai voltar pra escola se ela abrir, não vai?_Ela disse muito séria olhando decididamente para o garoto.
_Gina, eu não sei... _Harry falou, muito sério também. _Não vou querer rever tudo sem o Dumbledore... E as coisas todas que estão acontecendo, talvez eu devesse ajudar em algo, sabe?
_A nobre razão que você não quer me contar? Mas o Rony e a Hermione vão estar com você, não vão? Eles sempre estão, se não voltar a Hogwarts eles também não voltarão, por que só eu tenho que voltar? _Ela falou em um tom aborrecido.
_Gina, eles são diferente. _Harry falou. _Não é decisão minha, é deles e eles também não me deixaram escolha alguma, e além do mais, não houve em nenhuma das coisas que eu já passei com Voldemort e tudo o mais, uma vezinha sequer que um dos dois não estivesse comigo... Eu sou... Meio responsável por ti, e quero que volte a Hogwarts. Imagine o que seus pais iriam dizer se você não fosse?

Gina ficou muito vermelha, e os olhos começaram a ficar úmidos.
_Você sempre esteve com eles ao seu lado... Eu sempre fui excluída das conversas, nunca sabia das coisas que estava acontecendo com você. E você, Harry, não sabe como isso foi doloroso para mim, eu que sempre gostei de você e quase nunca estive perto de ti. Mas eu agüentei calada, mas nós éramos namorados há tão pouco tempo e acho que tenho o direito de ficar junto a ti.

Era bem verdade o que Gina dissera, tudo o que dissera. Harry tinha pouco contato com ela, desde que a menina entrara em Hogwarts e quase nunca lhe segredava nada como fazia com Rony e Hermione. Mas ela não podia reclamar, eles eram definitivamente seus melhores amigos, e ele só passara a sentir algo além de amizade por Gina há pouco tempo. E agora mesmo estava muito confuso com a situação. Estaria pondo Gina em risco se continuasse como seu namorado, por isso desistira da relação, mas era difícil resistir agora naquele momento, em que a poeira havia abaixado.
_Gina, imagine o que a sua mãe faria se acontecesse algo com você?_Harry perguntou. _Eu me sentiria horrível... Não, não posso carregar este peso nas costas, Gina.

A menina se levantou irritada, lançou um último olhar a Harry e disse:
_Você pode perder uma pessoa que realmente te ama, Harry!


Harry largou a chícara de mingau de lado, com raiva. Poderia ser presente, poderia estar sempre junto a Gina, todos os momentos. E ele tinha certeza que não havia nada que ele quisesse mais no mundo. Mas precisava encontrar as horcruxes, Dumbledore buscara-as com todo o ímpeto antes de morrer, ele queria muito encontrá-las. E, Harry, era a pessoa que deveria fazer isso depois que Dumbledore morreu. Era ele que devia procurá-las, reuní-las e destruir todas para depois matar Voldemort, porque este não poderia ser morto antes das horcruxes serem destruídas. E, a cada dia mais, crescia dentro de Harry uma vontade maior de acabar com tudo aquilo. Com o terror nas faces dos amigos toda a vez que ele dizia o nome de Voldemort, queria poder ser um namorado presente para Gina e poder se divertir com os melhores amigos, Rony e Hermione. E, acima de tudo, ele queria evitar mais mortes e vingar a morte dos pais e de duas pessoas que ele muito amava, Sirius e Dumbledore.


_É muito fácil, Harry!_Rony falou com um cartão prateado na mão. _Você só tem que escrever o nome da pessoa que você vai convidar no cartão e bater nele com a varinha dizendo Irrvo convite!

Harry pegou um cartão e olhou a lista que Rony lhe entregara. Os dois e Hermione estavam sentados sobre a grama do terraço dos Weasley. Gina não voltara a falar com ele durante a manhã inteira.
Dobby
Monstro
Winky
Neville Longbotton & família
Remo Lupin
Ninfadora Tonks

_Monstro... Quase me esqueci dele. E se Hogwarts fechar, para aonde ele vai?_Harry perguntou.
_Bom, Harry, você vai ter que ficar com ele... _Hermione falou, colocando uma mecha de cabelo detrás da orelha. _Acho que o melhor seria você dar a liberdade a ele, mas como ele não é muito confiável liberto, talvez você devesse deixá-lo aqui na casa dos Rony ou levá-lo com você.
_Você acha que sua mãe permitiria que Monstro ficasse aqui, Rony?_Harry perguntou para o amigo, esperançoso.
_Oras, ela adoraria!_Disse Rony muito depressa. _Sempre teve vontade de ter um elfo doméstico, apesar de que Monstro é um pouco leso, mas... Acho que ela vai gostar.

Harry respirou, aliviado. Levar Monstro para aonde ele fosse, seria realmente horrível. A senhora Weasley poderia utilizar o elfo para fazer as tarefas da casa e a comida, ia ser bem mais útil para ela, mas, Harry esperava que ele não fosse grosseiro com a família Weasley.

Harry escreveu o nome de Dobby no convite. Depois disse, tocando o cartão com a varinha:
_Irrvo Cartão.
E o cartão prateado simplesmente evaporou no ar.
_Fui eu quem teve a idéia desse feitiço. _Disse Hermione, encantada. _Assim, não precisamos escrever nada além do nome do convidado, tudo mais que ele precisará saber o convite preenche sozinho. E o melhor é que não precisa de corujas para levar...

Instantaneamente ao que Hermione falou uma grande coruja cinzenta voou na direção deles. Trazia três jornais presos às pernas.
_O Profeta Diário!_Hermione falou. _Está atrasado hoje, já é quase hora do almoço...

A coruja cinzenta largou os jornais em cima dos meninos. Um era de Hermione, outro de Harry e o outro era de toda a família Weasley, mas Rony o pegou assim como os amigos e leu a manchete de capa:


Hogwarts continuará sem Dumbledore


No inicio da manhã de hoje, os professores da escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, realizaram uma assembléia oficial para decidir o rumo da escola após a morte do Diretor Dumbledore. Depois de muito debate e discussão, os professores reunidos resolveram optar pela reabertura da escola.
“Dumbledore nunca aceitaria que a escola fosse fechada, mesmo em situações como essa. Hogwarts sempre foi um refúgio e continuará sendo”. Contou-nos o professor Flitwick, que ministra feitiços na escola.
“Apesar do perigo de invasões à escola, resolvemos optar por reabrí-la. Chamaremos reforços para vigiar toda a propriedade da escola para tentar mantê-la segura. As crianças não podem ficar sem estudar, mas teremos muito trabalho este ano”.Disse a atual diretora escolhida na assembléia, a professora Minerva Mcgonagall.
A nova diretora já instaurou mudanças na escola, ela afirmou que os alunos não serão mais separados pelo método antigo de casas, elas eram Grifinória, Sonserina, Lufa-lufa e Corvinal. Segundo ela isso aumenta a competição e a animosidade entre os alunos, e na fase que o mundo bruxo está passando, deve-se desejar a união entre todos.
O testamento do diretor Alvo Dumbledore será aberto após a cerimônia de banquete, que não contará com a prática de seleção de calouros, este ano.
O ano letivo se reiniciará normalmente no dia primeiro de setembro.


Harry, Rony e Hermione terminaram de ler ao mesmo tempo. Hermione simplesmente voltara a ler todo o artigo, e Rony olhou para Harry incredulamente.
_Ela não pode fazer isso, a Mcgonagall!_Rony falou tão alto e atrapalhadamente que cuspiu Harry. _Não pode juntar os alunos da Grifinória com os da Sonserina... Isso seria contaminação!
_Gostaria de ver a cara do pessoal da Sonserina misturados no dormitório da Lufa-lufa... _Harry disse.
_Bom, por um lado ela está certa, gente. _Hermione falou com o típico ar de quem sabe das coisas. _Quer dizer, nós estamos passando por um momento muito difícil. Imaginem, o pessoal da Sonserina também está muito mal visto na escola... Talvez os alunos fiquem mais unidos mesmo.
_E a Mcgonagall como diretora?_Rony perguntou. _Acho que deveria ser outra pessoa, a Mcgonagall, não sei não...
_Ah, Rony. Você só está assim porque ela é mulher. _Disse Hermione._Ela é ótima para o cargo. Está em Hogwarts há muito tempo, sempre esteve ao lado de Dumbledore, e é uma bruxa sensata e inteligente.
_Sabe, Hermione, acho que quando você ficar velha, vai ficar tão severa quanto a Mcgonagall, você me lembra um pouco dela às vezes. _Rony falou.

Hermione não respondeu, apenas fechou a cara, irritada. Ela retornou a folhear o jornal, enquanto Rony e Harry a observavam meio pensativos. Harry lembrava-se o quanto era divertido estar com os amigos em Hogwarts. O quanto a casa da Grifinória fora receptiva para ele. Não saberia se ainda poderia ser feliz longe da escola de magia. Mas sabia que não poderia voltar, seu coração queria e desejava com todas as forças retornar para a escola, mas não era o certo a fazer. Mesmo que na segurança de Hogwarts pudesse levar o romance com Gina como ele gostaria e conviver com os seus amigos como ele sempre conviveu. Ao olhar para os amigos, Rony que ainda mirava Hermione pensativo e a própria Hermione que olhava só com meia atenção para as folhas do profeta, Harry percebeu o quanto eles também desejavam voltar para a escola.

_Ah, se vocês quiserem voltar... _Harry começou, tentava parecer normal, mas sua voz estava incrivelmente trêmula. _Se quiserem terminar o ano, sem problemas...

Ele não podia simplesmente prende-los a ele, isto não seria nada justo. Harry sabia o quanto os amigos estavam sofrendo, e não queria ser o culpado por isso.
_Que é isso, cara?_Rony falou acordando do transe com uma cara culpada._A gente vai com você, pra onde você for, não é Mione?
_Claro que sim, Harry... _Hermione falou pausadamente.
_Na verdade eu estou feliz por não ter que voltar a Hogwarts. _Rony falou muito sério. _Isto é, a comida é boa e tudo o mais, e a gente se diverte muito lá todos os anos, mas os professores, ah, quer dizer, vou sentir falta do Hagrid, mas nem estamos mais tendo Tratos de Criaturas ...Olha, Harry, eu realmente não sinto por deixar Hogwarts.

Harry o olhou e sorriu. Ele sabia que o amigo também queria voltar à escola, fingir que nada daquilo estava acontecendo. Sabia que seria muito mais fácil passar o ano escondido entre os livros, mas ele preferia ficar com Harry para ajudá-lo, essa era uma atitude muito admirável.
_Você entendeu o que ele quis dizer, não entendeu, Harry?_Hermione perguntou. _Vamos sentir falta de muitas coisas de Hogwarts, mas sabemos o que devemos fazer, e vamos fazer isso, Harry. Vamos ajudá-lo.
_Valeu, gente. _Harry disse olhando para os amigos. Havia um brilho de esperança em cada olhar deles. _Eu não sei o que teria feito sem vocês...

Bichento veio caminhando pomposamente pelo gramado e se sentou no colo de Hermione. Ela acariciou o pêlo do animal com carinho.
_Ah, ainda não contei pra vocês...

E Harry contou aos dois, tudo o que Petúnia lhe dissera sobre a infância e sobre a madrinha.
_Harry, sabe quem poderia saber sobre sua madrinha?_Hermione perguntou.
_Ah, Mione, acho que o Sirius, né?_Rony perguntou.
_È, acho que o Sirius a conhecia. _Harry falou, pensativo.
_Mas talvez o Lupin também, ou mesmo o Rabicho. _Hermione falou.
_Ah, não vem com essa de Rabicho, aquele... _Rony parecia não ter esquecido o fato de que Rabicho fingira ser por quase três anos letivos o seu animal de estimação, um rato.
_Mas é verdade, Mione!_Harry falou com um sorriso no rosto. _O Lupin deve saber sobre ela.
_Bom, O Lupin e a Tonks foram convidados pro casamento do Gui no domingo, então você poderá falar com ele, Harry. _Disse Rony. _Imagina só, Harry! Uma madrinha...

Então a imagem horrenda no cemitério veio involuntariamente a sua mente. Harry não saberia dizer que coisa fora aquela que vira, mas não fora um dementador, porque se vestia de branco e não pareciam sugar felicidade ou coisa assim. Harry, no entanto, sabia que deveria se tratar de um fantasma ou espírito, porque se parecia muito com um. Mas ao contrário do Nick Quase Sem Cabeça ou qualquer outro fantasma de Hogwarts, este que Harry vira era mais sólido, pelo pouco que ele conseguira notar.
_O que houve, Harry?_Rony perguntou. _Tá com uma cara...

Então, como da vez em que avistou Sirius e pensara se tratar de um Sinistro, um cão que quando visto era sinal de presságio de morte, Harry não quis contar nada aos amigos. Pensariam que ele estivesse assustado, talvez, e Harry queria evitar que os outros o vissem dessa forma. De agora em diante teria que ser mais forte e responsável do que jamais fora.
_Nada, só tava pensando no Duda estuporado.

Rony deixou-se rir um pouquinho. Enquanto Hermione voltou a folhear o jornal, de cara amarrada. Harry começara a se lembrar de ir lustrar a vassoura, mas as pernas ficaram dormentes de tanto tempo sentado. Ele as esticou e ficou admirando os gnomos de jardim destruírem a plantação de cenouras a muitos metros de distância.
_Olha, harry!_Hermione mostrou ao menino o próprio jornal.

Numa manchete minúscula na última página estava uma pequenina matéria:

Testes para Auror

Tendo em vista a situação do mundo bruxo, o ministério da magia irá realizar uma pequena seleção para angariar aurores para o exército mágico. Isto é, com a ameaça do retorno de você-sabe-quem ao poder, o ministério da magia achou por bem de aumentar o número de pessoas na luta contra as artes das trevas.
A rigorosa seleção, antes necessária, faz-se dispensável no momento atual. Portanto serão julgados como necessários a carreira de auror, apenas a idade adulta e o curso de no mínimo cinco anos letivos em uma escola de magia autorizada.
Testes na sede do ministério da magia, em Londres, dia 06 de agosto.

_Harry, é a nossa chance!_Hermione disse olhando para o rapaz com os olhos brilhando.

A carreira de auror era algo que Harry realmente desejava. E nunca, pelo o que ele sabia, parecia tão fácil ingressar nesta carreira. Lembrou-se por um instante vago de quando pensou que não realizaria este sonho por não conseguir a nota necessária para ingressar na classe de Snape, mas afinal, Slughorn o substituiu e não eram necessários tantos N.O.M.S.

_Eu também gostaria de ser um... _Rony falou, mas parecia meio melancólico. _Vocês acham que eu levo jeito?
_É claro que você leva, Rony!_Harry falou dando um tapinha no ombro do amigo._Talvez vocês dois devessem tentar entrar, está bem?
_Como assim nós dois?_Hermione perguntou, arrumando os cabelos, que foram desarrumados pelo vento, com as mãos. _Harry, você é o mais apropriado! Você é bom em defesa contra a artes das trevas... Você tem que tentar! Não acho que atrapalharia você sabe o quê...
_Bom, eu vou pensar, está bem?_Harry falou devolvendo o jornal à amiga. _Não houve muitas mortes hoje, houve?
_Na verdade, não. Somente um bruxo que avistou um grupo de comensais perto da propriedade dele. Disse que ouviu o que falavam. Falavam no nome de... Lorde... Voldemort.
_Argh..._Rony falou meio amedrontado.
_Bom, vou lustrar minha firebolt._Harry falou levantando-se, as pernas não estavam mais dormentes.

Harry percebeu a cara constrangida dos amigos, e sabia o porquê. A firebolt ficaria quase sem uso agora que eles não voltariam para Hogwarts e Harry não seria mais o capitão do time da Grifinória. Harry passou pela sala de estar vazia da casa dos Weasleys sem dar muita bola para Edwiges que acabara de chegar com um rato na boca. Havia muito em que pensar. O quarto de Rony parecia um forno, alguns pôsteres do Chudley Cannons estavam arranhados. Harry deduziu que bichento andara por lá. Harry desamarrou a vassoura do malão que estava debaixo da cama e lá de dentro tirou o estojo de limpeza. Sentou-se na cama e começou a polir o cabo. Depois, aparou as cerdas com a tesoura.

Gina entrou no quarto, estava com os olhos marejados. Harry não falou nada, fingiu não vê-la se aproximar e sentar-se ao seu lado. E somente a encarou quando esta tocou em seu ombro.
_Harry, queria conversar.
_Ah, tudo bem. _Ele falou colocando a vassoura e a tesoura de lado e encarando a menina. Era incrível como ela estava mais bonita. Cada dia e segundo mais bela.
_Trouxe isto, vai te fazer sentir melhor. _Ela disse entregando a Harry um copo cheio de algo que lembrava vitamina de abacate.
Harry bebeu. Não era ruim, o gosto era levemente adocicado e com um pouco de amargo no final. As palavras começavam a se formar na mente de Harry, ele devia permanecer como estava, não voltar com Gina. Ela não correria perigo, mas... Ele a amava, e ela estava tão bonita hoje, era isso mesmo que Voldemort queria, separar as pessoas. Ele não daria este gostinho a Voldemort, não mesmo.
_Harry, estive pensando e se quiser que sejamos somente amigos...
Era Gina que estava lhe dizendo aquilo. Era a hora perfeita para dizer sim. Continuar a ser amigo dela somente, mesmo que não fosse somente aquilo que quisesse ser. Mas as palavras que saíram da boca de Harry foram um pouco diferentes do que o menino pensara.
_Não, Gina, é melhor a gente ver o que vai acontecer, não é?_Harry perguntou, indeciso.

A menina sorriu, apanhou o copo vazio da mão de Harry, pôs em cima da mesinha ao lado da cama de Rony e tascou um beijo em Harry. Um beijo que Harry imaginara durante o longo verão em que passara na casa dos Dursleys e que tinha que se contentar com os docinhos que a namorada mesmo preparava e lhe mandava. Como se ele quisesse docinhos, era exatamente isso que ele queria. Um beijo tão longo que deixou os dois sem fôlego e fez o menino molhar a camisa de moletom de suor.


Gui e Fleur haviam ido para o beco diagonal, na tentativa de encontrar lojas abertas para comprar os preparativos do casamento. Decidiram ficar hospedados no caldeirão furado até o dia seguinte, porque alguns lojistas prometeram aparecer na quinta-feira. O jantar fora servido, então, somente para o senhor e a senhora Weasley, Carlinhos, Rony, Hermione, Harry e Gina. Um ensopado de javali com batatas e suco de abóbora. A senhora Weasley estava a todo o momento tentando empurrar mais algumas batatas nos pratos dos meninos, que já estavam cheios delas.
_E Jorge e Fred?_Harry perguntou.
A senhora Weasley respondeu numa expressão preocupada:
_Eles preferem ficar na loja, dizem que não têm medo como os outros. Mas eu fico tão preocupada, felizmente eles vêm para o casamento de Gui...
_Mãe, que foi que o Percy respondeu do convite?_Gina perguntou.

O Sr.Weasley abaixou o olhar e se concentrou nas batatas. A senhora Weasley soltou um pequeno gemido, e os meninos olharam preocupados para ela.
_Ele diz estar muito ocupado com o ministério. Ele é que vai presidir a seleção dos novos aurores na quinta, vejam só. Disse que não pode vir.
_Aquele grande idiota, ele não precisa fazer nada, só escolher os aurores! Por que isso o atrapalharia?_Carlinhos perguntou, o rosto bronzeado se contorcendo de fúria.

Eles tomaram a sobremesa de caramelo, e depois Rony, Harry, Hermione e Gina foram dar um passeio num pequeno lago, perto da toca. Fora Gina quem os convidara. Era um lugar ermo, e o mato cobria os tornozelos de Harry. Havia montes de flores campestres e ao lado de um arbusto cheio delas, um pequenino lago de águas esverdeadas se estendia leitoso e sereno. Os quatro se sentaram em dois troncos que havia próximos ao lago.
Hermione e Rony em um, Harry e Gina em outro. Harry percebeu que os amigos estavam pouco à vontade com a situação, mas tentavam disfarçar.
_Eu estou louca pra rever o Hagrid. _Disse Hermione. _Ele deve estar se sentindo muito sozinho, ainda bem que tem o Grope.
_Quem é Grope?_Gina perguntou.
_Tomara que ele não traga o irmão para o casamento, isso sim!_Disse Rony depois de explicar a Gina quem era.
Os quatro riram à possibilidade de um gigante querer fazer parte de uma cerimônia como essa.
_Ah, Rony, por que você não leva a Mione pra ver aquela rocha esquisita?_Gina perguntou.
_Pra quê que ela iria querer ver isto?_Rony perguntou, as orelhas muito vermelhas. _É só uma rocha idiota, meio em forma de coração... É claro que você não gostaria de ver, gostaria?
Hermione também ficou meio vermelha, deu uma olhada fugaz a Harry e Gina e depois respondeu:
_Ah, sei lá, podíamos dar uma olhadinha sim...
_Bom, cada um tem seu gosto, vamos lá, então. _E se levantou olhando esquisito para Harry, que retribuiu o olhar.
_Ah, Rony, nos encontramos em casa, tá? Pro caso de vocês demorarem... _Gina falou.
Os dois saíram timidamente.
_Acho que dessa vez eles ficam juntos. _Gina falou, contente.

Harry olhou os dois se distanciarem com uma sensação esquisita. Ainda não os encarava como possíveis namorados. E sequer conseguiria imaginar os dois se beijando ou coisa assim. Antes que o menino pudesse pensar melhor sobre o assunto Gina segurou em seu braço.
_Tenho um lugar pra te mostrar também...

Era uma clareira detrás de uma dúzia de pinheiros de folhas amareladas. Harry não imaginava porque Gina queria lhe mostrar aquele lugar. Ela acendeu uma fogueira com a varinha.
_Eu costumava ficar muito aqui, sabe?_Gina perguntou levando o menino para o interior da clareira, agora iluminado. O lugar era incrivelmente limpo. Havia uma porção de almofadas também. E alguns brinquedos quebrados.

_Eu costumava brincar sozinha aqui... Pra ficar longe dos meus irmãos.
_Eu gostaria de ter tido uma dessas pra ficar longe do Duda. _Harry falou admirando o lugar.






_Harry, até que enfim! Onde estavam? Procuramos vocês por séculos...

Harry não sabia o que dizer. Ele e Gina vieram planejando as falas por todo o caminho de volta, mas agora que encarava os rostos desconfiados dos Weasley, sentia uma dor aguda no estômago. Não gostava de ter que mentir para eles ou para Hermione. Mas Harry não precisou mentir porque Gina se apressou e contou a eles uma história empolgante sobre como perdera a sua pulseira e Harry bravamente procurou no escuro até encontrar. Ela mostrou a todos a pulseira no pulso.
_Ah, talvez se a Hermione tivesse me dado um pelúcio no meu aniversário, o Harry não precisasse procurar tanto pela pulseira... _Rony falou sarcasticamente olhando para Hermione. Pelúcio era um animal muito fofo que encontrava metais com facilidade. E, uma
vez, Hermione prometera ao amigo dar de presente um a ele.

Talvez, Hermione e Rony também tivessem se acertado, Harry pensou. A senhora e o senhor Weasley pareciam muito desconfiados também, mas não falaram nada. O Sr.Weasley, porém, observou a filha com cautela. Como se nunca esperasse ou imaginasse que a filha pudesse dar uma mentira tão deslavada. Harry, sentia-se um pouco inconveniente e ingrato, mas sustentou o que a namorada dissera.


A manhã da quinta-feira chegou um pouco mais fria que a do dia anterior. Harry acordou enrolado nas cobertas. Tomou café com a família Weasley e depois, ele e Rony foram dar uma volta de vassouras na área em que Rony e os irmãos costumavam brincar de quadribol.

Quando voltaram para casa, suados e famintos, tiveram uma bela refeição. Gui e Fleur ainda não haviam retornado do beco diagonal, eles pareciam estar muito ocupados esperando a boa-vontade dos lojistas de aparecerem para abrir suas lojas, mas isso era totalmente justificável, uma vez que um clima horrível havia se instaurado em todo o mundo mágico.
_O seu profeta, Harry. E... a sua carta._Hermione entregou ao menino a correspondência, que mais uma vez chegara atrasada.

A Esperança está em Harry Potter

Muitas pessoas estão relacionando o nome de Harry Potter ao único bruxo capaz de derrotar você-sabe-quem depois da morte de Alvo Dumbledore. Segundo estas pessoas, a sobrevivência de Harry foi algo muito importante para o mundo bruxo, uma vez que foi assim que você-sabe-quem perdeu seus poderes. E, agora que Harry atingiu a maioridade, ele será o único capaz de derrotar aquele-que-não-deve-ser-nomeado.
Esperemos que eles estejam certos.

A senhora Weasley olhava preocupada para Harry.
_Não pense que isso é verdade, Harry. O melhor que faz é ficar longe de problemas, todos nós. A morte do professor Dumbledore pegou a todos nós desprevenidos. Devemos ter muito cuidado com eles, Harry.

O menino não respondeu. Mas sabia o que sentia no coração. Imaginava o que o povo diria se soubesse de tudo. Se soubessem o quão difícil era matar Voldemort, talvez perdessem as esperanças. E o que harry menos desejava era que eles perdessem as esperanças.

Prezado Sr. Potter,
Queira registrar que o novo ano letivo terá início no dia primeiro de setembro, como de costume. No entanto, cada aluno deverá confirmar sua participação no ano letivo, para que lhe sejam mandadas as novas instruções de como se chegar à escola, uma vez que o Expresso de Hogwarts está temporariamente desativado.
Estamos anexando a lista de livros do seu sétimo e último ano em Hogwarts.
Atenciosamente,
Minerva Mcgonagall
Diretora

_Ah, Harry, vai ter que pedir seus livros pelo correio a uma loja estrangeira porque a Floreios e Borrões fechou. _Disse a Senhora Weasley.
_Farei isso perto do início do ano... _Harry mentiu, olhando culpado para Rony e Hermione ainda não se sentia à vontade para dizer que não voltaria à escola.


Antes de escurecer, Harry foi até o quarto de Rony e deitou-se para ler alguma coisa, para se distrair. Algumas folhas depois...



Um fantasma vestido de branco corria atrás dele, as vestes do espírito estavam em trapos. Eles estavam num cemitério trouxa. De repente Harry tropeçara e...
_Harry, acorde. _A voz de Hermione foi projetada em seu ouvido.
_Ah, oi Mione._Ele respondeu se sentando, meio esquisito.
_Algum pesadelo, Harry?_A menina perguntou, ela parecia anormalmente séria.
_Não, mas... E você, o que houve?
_Nada. _Ela respondeu muito depressa.
_Vamos, Mione, não confia em mim?
_Ah, tudo bem... É o Rony. _Ela disse sentando-se ao lado de Harry na cama.
_ O que tem ele?_Harry perguntou bocejando.
_Bom, estou muito preocupada com ele. Desde que eu cheguei aqui que noto que ele está estranho. Passa muito tempo trancado no quarto, e ontem o peguei escrevendo alguma coisa, assim que ele me viu ele escondeu dentro do bolso... E quando fomos olhar a rocha ele simplesmente foi grosseiro comigo. Falou que não era nada demais para ser visto e que nós deveríamos voltar.
Harry olhou para a amiga, intrigado.
_E o que você acha que ele...?
_Só me vem uma idéia no momento. Ele voltou a ter contato com a Lilá Brown... Pra quem mais ele estaria escrevendo?
_Bom, mas isso não é ruim... É?_Harry perguntou sonsamente. _Quero dizer, qual o problema nisso?
A menina pareceu extremamente aborrecida. Abriu a boca para falar por duas vezes e se calou. Até que finalmente achou palavras para responder:
_Oras, eu não me importo que ele volte com ela, o problema é a falta de confiança e estar fazendo isso escondido. E ele está tão esquisito comigo, talvez esteja receoso porque eu não gosto muito da Lilá, mas isso não é motivo pra ele se comportar desta forma, tão distante! E, além disso, não é momento pra isso, é?

Harry não soube o que dizer. Ele mesmo voltara a namorar a Gina.
_Ah, Harry, eu esqueci... Você é menino também!_Ela falou irritada.
_Não é nada disso, Mione. Só não tinha percebido nada de anormal...
_Você já pensou sobre a carreira de auror? É segunda-feira a seleção, lembra?
_Ah, vou pensar, está bem?_Ele disse meio impaciente.
Harry se levantou em seguida, saindo do cômodo também. Hermione ainda descia as escadas.
_Mione, eu vou falar com ele.
Ela parou por um instante num degrau, virou-se e disse:
_Faça isso. Porque todas as vezes que eu tentei, ele simplesmente inventou desculpas deslavadas.

O jantar já estava servido. A família Weasley estava sentada, comendo.
_Oh, Harry... Ah, Hermione, que bom que foi chamá-lo, todos esses preparativos. Acabamos esquecendo. _Disse a senhora Weasley.
_Eu ia deixa-lo dormir, mamãe. Depois ele comia algo quando acordasse... Pensei que estivesse cansado. _Disse Gina puxando uma cadeira ao seu lado para Harry sentar.
_Ah, não tem problema._Disse Harry._Aonde estão Gui e Fleur, já chegaram?
_Eles disseram que voltariam amanhã, não puderam vir hoje porque Gui ainda não encontrou as alianças . _Disse Rony.
_Que horas vai ser?_Harry perguntou.
_Domingo à noite, pra dar mais tempo pro pessoal chegar. _Gina disse, empolgada. _Ah, Harry, você precisa ver o que já aprontamos.
Harry sorriu para Gina.
_Gina está cada vez mais primorosa, Harry, precisa ver o que ela já fez. _Disse a senhora Weasley mirando a filha, orgulhosa.
_Ah é, principalmente aquelas lembrançinhas..._Rony disse com um sorriso irônico.

_Vem ver, Harry._Gina puxou o menino para o terraço pelo braço.


Não havia como Harry pudesse ter imaginado tudo o que viu. Duas barracas imensas estavam armadas, dentro delas dezenas de mesas com lembranças e pedestais para a comida que seria servida na hora do casamento. Um pequeno palco havia sido montado, um corredor com um tapete prateado e várias rosas brancas haviam sido agrupadas. Havia pombas de fumaça rondando o céu também.
_Está muito bom!_Harry falou. _Fizeram tudo isso enquanto eu estava dormindo?
_Ah, foi. Eu fiz as lembranças, a mamãe e o papai montaram as barracas e os outros ajudaram com as mesas e com o palco.

A menina o levou até a mesa comprida com lembrançinhas. Eram na verdade, pequenos corações envoltos em rendas. Harry pegou um. Eles eram vermelhas com rendinhas rosas ao redor, e no centro, em letras douradas, os nomes Guilherme Weasley e Fleur Delacour.
_Aperte. _Disse Gina.
O menino pressionou o coração com os dedos. Abriu-se uma fenda dentro do coração e saiu de lá um pequeno cupido, ele então começou a dançar e cantar uma música numa voz infantil e pausada:

Harry, Harry, Harry...
Olhos verdes e uma cicatriz!
Ups! E que olhos verdes.
Feliz será no amor,
Feliz será no amor.
Uma vez pensou que amava,
Mais na verdade era aventura...
Outra vez pensa que ama,
Outra vez pensa que ama,
Mas será? Vamos ver...
A menina certa para ele estará ao seu lado
Na noite em que o céu ficar da cor de sangue...
Harry, não se incomode,
Este dia não está tão longe!

_O que é isso?_Harry perguntou, sem entender direito.
_São lembrançinhas personalizadas. Elas dizem o que acontecerá na vida amorosa de quem a apertar. Mas, não sei se eu fiz direito... Quer ouvir o que ele diz pra mim?
O menino concordou e entregou o coração à Gina, o cupido imediatamente voltou a se esconder. Ela também o apertou.

Ah, o nome dela é Gina...
E ela tem os cabelos vermelhos...
Ela é um doce de pessoa...
E merece um nobre cavalheiro.
Um rapaz sempre esteve em seu peito, Harry!
A menina é paciente e inconstante,
Haverá chance? Haverá chance?
O amor não está distante...
Harry Potter está ao seu lado no momento,
Mas estará por todo o tempo?
È visto que sozinha ela nunca ficará...
Pois é uma grande bruxa,
Com poderes de se admirar,
Há mais dentro dela que se pode imaginar!

_Bom, ao invés de prever o que acontecerá no futuro, parece que ele nos deixa com mais dúvidas... _Gina falou, desapontada.
_Ah, dizem mesmo que a Adivinhação é um ramo muito inexato da magia, Gina._Disse Harry._Você ouviu o que o cupido falou? Você é paciente, deve esperar...
_Você sabe que eu vou te esperar, Harry. Mas não precisamos acabar agora, não precisamos nem ao menos acabar. Pode ser que a gente não se veja com freqüência e tudo mais, mas a gente devia continuar a ser... Namorados. _Ela falou.
Harry alisou uma mecha de cabelo ruivo dela.
_Okay, como eu disse, vamos ver o que acontece, tá?_Ele disse tocando o queixo dela.

Estava sendo uma noite divertida. A senhora Weasley preparara pudins de creme e chocolate quente e todos bebiam animados. Não havia como Harry sentir algo ruim, pois a Toca parecia, agora, um verdadeiro oásis das confusões e horrores que estavam ocorrendo no mundo mágico.
_Mãe, a senhora convidou todo o mundo de Hogwarts? Luna, Simas, Dino?
_Acho que sim, querida. Mas me arrisco a dizer que talvez os pais não permitam que eles venham. Hoje em dia todos preferem se trancar em casa.

Harry não pôde deixar de sentir uma pontada de ciúmes quando ouviu o nome de Dino. Gina tivera um casinho com ele até o ano passado.
_Ah, os cartões acabaram!_Rony disse.
_Ainda tenho um aqui, Rony, se quiser posso convidar a Lilá... _Hermione falou, entre os dentes.
_Não, guarda e convida o Filch. _Rony respondeu, aborrecido também. _Ele deve estar se sentindo muito sozinho sem nada para limpar ou alunos para castigar.
_Ah, nem me lembre do Filch... _Disse Hermione. _Ele é uma das coisas que eu não sinto saudades de Hogwarts.
_Todos terminaram?_Perguntou a senhora Weasley.
Os meninos fizeram que sim.
_Ótimo, tem meia-hora pra conversarem... Depois, cama. Eu e seu pai vamos dormir mais tarde porque precisamos terminar alguns feitiços de segurança para a festa.
Rony convidou Harry para ir para o quarto, para conversarem melhor. Hermione, que tentava fingir que não escutara o convite de Harry, pareceu muito mais feliz quando Rony falou:
_Se você também quiser vir, Mione...

Os três passaram algum tempo discutindo as coisas que sentiriam falta da escola.
_As idas a Hogsmead, eram demais!_Rony disse, os olhos longe.
_O que mais sinto falta é de estudar. _Disse Hermione, nervosa. _Não que eu não esteja estudando, mas eu sei que logo vou perder a vontade se não for para a escola...
_Bom, acho que vou sentir falta de muita coisa. _Falou Harry. _Principalmente do Dumbledore e do Hagrid. Mas, como eu falei, vocês não precisam ir...
_Ah, Harry, corta essa! Você sabe que iremos com você... _Rony disse. _já pensou estudar em outra escola? Não, nem pensar.
_É, nós também queremos fazer isso. É como se também tivéssemos essa necessidade, sabe?_Perguntou Hermione.
_Bom... se vocês estão mesmo certos...
Gina abriu a porta.
_Ah, mamãe mandou a gente ir dormir. _Ela falou, seu rosto demonstrava inquietação. _Vem, Mione.

_Tá, tchau pra vocês, então. _Ela disse para Harry e Rony.
_Boa-noite. _Disseram os dois juntos a ela.

Mas antes de ir embora, Gina foi até Harry e colou rapidamente os lábios nos dele.
_Noite, Harry. _Disse ela indo embora, Hermione já havia ido.
_Você tem que fazer isso na minha frente?_Perguntou Rony.

Harry não respondeu. Ainda não sabia direito com se comportar com Gina na frente dos outros. Os dois se deitaram, Harry então se lembrou do que Hermione havia lhe contado e perguntou:
_Você tá se correspondendo com a Lilá, Rony?_Perguntou.
_O quê?_Rony disse fazendo cara feia. _É claro que não! Por Merlin, Harry...O que fez você pensar nisso?
_A Mione falou que você tava estranho... _Disse Harry.
Rony ficou vermelho.
_Bom... Não é nada, nada mesmo. A Hermione que está sempre cheia de coisas na cabeça, e só andava meio preocupado com o Gui, acho que ela não entendeu.

Em poucos minutos Harry escutou os roncos de Rony ecoarem pelo quarto. Ele, no entanto, talvez por ter dormido à tarde, não conseguia pregar os olhos. Os roncos do amigo de repente cessaram. Harry fechou os olhos rapidamente para fingir estar dormindo. Ele ouviu o garoto levantar-se da cama e pegar alguma coisa na gaveta. O quarto silencioso foi então invadido por um barulhinho baixo de arranhar de pena, num sussurro mais inaudível ainda Harry ouviu Rony falar sozinho. O que Rony estaria escrevendo? Harry abriu com muito cuidado apenas uma fenda do olho esquerdo. Rony estava deitado de bruços, a pena sozinha escrevendo algo em um papel.
_Não está bom... _Ele falou, baixinho, passando um corretivo sobre o papel. _O que ela pensaria se eu escrevesse deste jeito?
Harry se perguntava como Rony teria comprado aquela pena de repetição rápida. Depois de muitos minutos Rony terminou o que escrevia. Guardou a pena, o tinteiro e o corretivo dentro da gaveta. Em seguida pegou o papel, dobrou e guardou debaixo do colchão. Voltou a dormir logo depois.

Quando os primeiros raios de sol entraram no quarto de Rony, algo fez Harry acordar. Era um burburinho que vinha da sala de estar. Rony já havia se trocado.
_Já vou descer. _Avisou ele para Harry que se remexia na cama, sonolento. _Te vejo lá embaixo.
Rony saiu trancando a porta com um baque. Harry ouviu a voz alegre e alta dos gêmeos, eles haviam chegado. Carlinhos e Gui também discutiam algo sobre a carreira de auror. Harry lembrou-se do arranhar de penas. Sabia o que havia debaixo do colchão. Seu coração batia descompassado, ele estava tão curioso quanto Hermione para saber o que havia escrito na carta. Que ele se lembrasse, o amigo nunca havia lhe escondido nada antes. Ainda em dúvida, tirou-a de lá. Ele estava muito ansioso para saber para quem Rony estaria escrevendo, mas não seria exatamente certo lê-la sem a aprovação do amigo. Antes que pudesse se conter abriu a carta e leu o que havia escrito:

Mione,
Tenho pensado muito sobre mim e você. Todos esses anos que nós estudamos juntos, eu ainda não havia percebido direito os meus sentimentos. Mas agora eu sei que sinto algo muito importante por você, e que nunca poderia ter gostado de outra menina. Ou seja, o que se passou não foi importante pra mim. Pena que só agora descobri o que eu sinto de verdade.
Não sei o que você vai pensar ao ler essa carta, mas é o que eu sinto. Desculpe por não ter te dito antes. Você é perfeita, inteligente, simpática, sensata e bonita, me arrependo de não ter visto tuas qualidades antes.


A carta, com certeza, não estava terminada, pois não havia assinatura. O coração de Harry batia num ritmo acelerado, imaginava qualquer coisa escrita naquele pedaço de papel, menos isso. Rony gostava de Hermione, era verdade. Ele nem saberia o que fazer quando visse um dos dois. De repente sentiu uma mão no ombro.
_Harry, eu...
_Gina?_Harry perguntou sobressaltado.

A menina pegou a carta das mãos de Harry e leu. Harry esperava ela dizer que já imaginara ou mesmo que nunca imaginara que Rony estava gostando de Hermione, mas o esgar que a garota fez ao terminar a carta, era de profundo desgosto. O rosto dela estava em chamas.
_Harry, eu nunca... A Mione...Você nunca... Eu não acredito... Isso explica muita coisa...Adeus.

E saiu furiosa do quarto. O que ela teria pensado? Que fora Harry quem escrevera a carta? Como ela poderia ter pensado nisso? Mas Harry resolveu não correr atrás de Gina para lhe explicar o que havia acontecido. Rony não poderia saber que ele lera sua carta. E além do mais, talvez fosse melhor assim. Voltou a guardar a carta embaixo do colchão. Se sentindo horrível por ter lido o que Rony escrevera e por Gina estar pensando que ele estaria gostando de Hermione. E isso, Harry pensou, era totalmente impossível.

Demorou algum tempo trocando de roupas. Todo mundo já estava lá embaixo, arrumando as últimas coisas para a festa. Quando desceu viu Rony com Pitchi no colo, ela bicava o polegar do garoto, animada.
_Fleur, guardou direitinho seu vestido, querida?_Perguntou a senhora Weasley.
_Sim, sim...O Gui non pode vãr o vestido antes do casamento...
Fred e Jorge passaram com um grande baú nas mãos.
_O que é isso?_Perguntou o Sr.Weasley.
_Muita cerveja amanteigada, fomos comprar. _Falou Jorge._Alô, Harry!
Fred também cumprimentou o menino. Assim como todos os outros. Fleur parecia muito feliz com a presença do menino para o casamento.
_Carlinhos, está aqui há quanto tempo?_Fred perguntou ao irmão, os gêmeos haviam acabado de chegar com suas duas pomposas jaquetas escarlates.
_Há, acho que faz quase uma semana, por quê?
_Mamãe não nos deu notícias que já estaria aqui... _Jorge falou. _Esqueceu-se de nós, mãe?
A mulher ficou um pouco pálida e disse:
_Claro que não, oras vocês sabem o quanto eu temo por vocês, mas estive tão ocupada...
E ela abraçou os gêmeos, que largaram o baú no chão e tentavam se esquivar.
_Ah, Harry, não temos tempo para tomar nem um café decente hoje, pegue qualquer coisa lá na cozinha_ Disse a senhora Weasley se virando de repente.

Harry aproveitou a chance de fugir do olhar de Rony, e correu para a cozinha. Lá ele pegou duas torradas e um pouco de mingau e comeu na mesa, sozinho. Pensava nos dois melhores amigos. Em como seria quando eles estivessem juntos. Não pôde evitar o pensamento de que se sentiria um pouco deixado de lado, quando isso acontecesse. Eram um trio, e sempre estiveram unidos, mas Rony e Hermione, se ficassem juntos, gostariam de passar mais tempo sozinhos. O mingau parecia um pouco mais amargo do que antes...
_Harry, venha, O Hagrid chegou!_Disse Rony, animado.

Harry deixou de lado qualquer pensamento e correu para a sala, onde o guarda-caças estava sentado com um presente nas mãos. Canino abanava o rabo, contente.
_Cheguei mais cedo do que o previsto porque queria ter mais tempo para ficar com vocês. _Disse Hagrid a Rony, Harry e Hermione. Ele também parecia mais magro e abatido. Sua expressão demonstrava que ele andara bebendo mais do que nunca. Havia enormes olheiras ao redor de seus olhos.
_Mande o cachorro para fora de casa, Hagrid. _Pediu a senhora Weasley.

Harry olhou o presente de Hagrid, e lembrou-se que ainda não havia comprado nada para o casal.
_Ah, Hagrid, você não quer me levar até o beco diagonal para comprar um presente?
_Claro!_Disse ele, animado. _Não há muitas lojas abertas por lá, mas ainda é possível encontrar alguma coisa.
A senhora Weasley pareceu preocupada, a última vez que Harry fora ao beco diagonal, sofrera uma amardilha.
_Pode ter certeza que eu vou tomar conta dele, senhora Weasley.
_Ah, então eu também quero ir, Harry. _Disse Hermione. _Também quero comprar um presente.
_Mãe, eu também vou... _Rony disse. _Faz tempo que eu não saio de casa...
_Não me parece seguro que vocês vão, Hagrid. Arthur dê um pulinho aqui, Hagrid acaba de chegar. Mas você, Rony, não vai a lugar algum! Vai desgnomizar o jardim.

O Sr.Weasley desceu as escadas enxugando a testa suada. Rony bateu o pé no chão, irritado. Olhou Hagrid e sorriu, um sorriso mais contido do que antes, contudo.
_Oi, Hagrid. Como vai?_Ele perguntou.
_Muito bem, Arthur. E o ministério?
_Muito a fazer, mas inesperadamente eles me deram esta semana de folga. E como vão as coisas em Hogwarts?
_Muito tristes... _Disse o meio-gigante baixando a cabeça.
_Hagrid, e Grope?_Perguntou Harry baixinho para Hagrid, tentando não se lembrar da morte de Dumbledore.
_Vocês precisam vê-lo, está muito esperto. Fala muito melhor agora também... _Respondeu o gigante num sussurro.
_Meninos, já enviaram a confirmação da matrícula de vocês a Hogwarts?_Hagrid questionou.
_Ah, faremos isso após o casamento, Hagrid. _Disse Hermione muito depressa.
_Arthur o que acha de Harry e Hermione irem com Hagrid ao Beco Diagonal?_Disse a Sra.Weasley.
_Não vejo muitos problemas. O ministério está de olho lá, dezenas de bruxos em guarda. Contudo, receio que não encontrem muita coisa, o Gui e a Fleur tiveram um trabalhão para encontrar tudo o que precisavam.

Gina havia entrado na sala naquele instante. Vestia uma roupa vermelha um pouco chamativa. E seus olhos estavam marejados mais uma vez.
_Oi, Hagrid. _Ela disse, e Hagrid acenou com a enorme mão, mas não tinha o mesmo brilho no olhar.
_ Para aonde você vai, Rony?_Ela perguntou sem encarar Harry.

_ Eu não vou pra lugar nenhum. _Disse Rony, aborrecido. _Quem vai é o Harry e a Hermione, eles vão comprar presentes pro Gui e pra Fleur.


Gina ficou imóvel. Uma expressão de puro ciúme no rosto. Saiu da sala sem dizer mais nada. Mas, pensou Harry, ela agora devia ter certeza que fora mesmo Harry quem escrevera a carta. Harry não sabia se ficava triste ou aliviado. Ele sabia o que sentia por Gina, e era algo muito forte, uma vontade enorme de mantê-la segura, e ela ao seu lado, não era a melhor maneira para isso acontecer.








Harry, Hermione e Hagrid aparataram num beco diagonal anormalmente vazio. Os poucos bruxos que estavam no local, eram do ministério, fazendo rondas especiais. A loja de artigos para quadribol ainda estava aberto, no entanto, não havia sequer um cliente para admirar a nova thinbonne em exposição. O vendedor, ao ver possíveis clientes, correu ao encontro deles. Os três passaram próximos à vitrine admirando a vassoura.

Thinbonne 001
Uma réplica aperfeiçoada da firebolt, este novo modelo de vassoura possui mais agilidade que a antecessora. Possui um cabo fino e aerodinâmico apoiado a uma proteção para as mãos, característica inovadora.
A Thinbonne atinge 300 kilômetros por hora.

_Ah, a thinbonne está custando menos da metade do que deveria custar... É realmente uma pechincha!_Ele disse numa voz quase suplicante.
_Ah, não, obrigada, mas nós estamos procurando presentes de casamento. _Hermione apressou-se em dizer.
_Não, espera...Quanto está custando?_Harry perguntou.
_Vai comprar uma nova vassoura, Harry?_Hagrid perguntou.

Mas a vassoura não era para Harry. Ele lembrou-se que Gina mencionara o quanto gostaria de ter uma vassoura como aquela, e por aquele preço, Harry havia de agradar a menina. Fora algo tão inconsciente que quando se viu, já estava pedindo para embrulhar para presente. O vendedor pôs a vassoura numa embalagem dourada com detalhes vermelhos, muito bonita por sinal.


_Ah, Hagrid, fiquei sem dinheiro... Podemos passar no banco de Gringotes?_Harry perguntou esvaziando os bolsos com a mão livre, a outra segurava a vassoura de Gina.


O bruxo concordou com a cabeça e os três seguiram para o banco de duendes. Era realmente estranho ver Hagrid tão melancólico. O bruxo costumava ser sempre muito positivo e alegre, e agora ele parecia um pouco mais triste que normalmente. Os poucos bruxos que Harry avistou no beco antes de entrar em Gringotes também traziam o mesmo olhar cansado e melancólico. Parecia que a esperança começava a fugir do coração de cada um deles. As coisas ficavam mais difíceis com a morte de Dumbledore.


Harry retirou dinheiro suficiente para todo um ano letivo em Hogwarts, pensando em futuros gastos. Os três foram a uma das únicas lojas abertas que eles esperavam encontrar algo para dar de presente ao casal: Mimos e Suvenires Mágicos.

Esta loja era tão pequena que Harry nunca tinha notado. Todas as paredes do pequeno cômodo eram rosa-bebê e havia um balcão de vidro que separavam as prateleiras e a vendedora dos clientes. A vendedora, por acaso, era uma senhora realmente muito idosa e um pouco roliça, com cabelos levemente encaracolados. Tinha um sorriso gentil e olhos pequenos.
_Eu sei quem você é, menino. _Ela disse assim que avistou o rapaz. _Harry, o filho dos Potter.
_Conheceu meus pais?
_Ah, sim, sua mãe trabalhou alguns tempos aqui quando deixou Hogwarts. Mas era muito inteligente para permanecer aqui, não é mesmo? Não passou mais que duas semanas, mas se afeiçoou muito a mim e eu a ela.
_Você sabe para aonde ela foi depois?
_Ah, receio que não. Não consigo lembrar... Mas o que te traz aqui? Deve ser algo importante, poucas pessoas se aventuram pelo Beco Diagonal nestes tempos tão estranhos...
_Eu e a minha amiga queremos presentes de casamento. _Harry explicou.
_E como é o casal? São jovens, liberais, conservadores?_A velhinha perguntou, eficiente.
_Bom, são bem jovens e muito... Abertos. São bem humorados também. _Hermione explicou.
_Ótimo, eu tenho um bom presente para você, garota.

E a velhinha foi até uma das muitas prateleiras e tirou de lá um par de chícaras prateadas com inúmeras figuras de anjos e querubins que se moviam e levantavam fitas com frases bonitas.
_Chamam-se as chícaras dos fiéis. São justamente para casais. Elas só se deixam ser tomadas normalmente pelos seus donos, se alguém diferente tomar nelas vai sentir gosto de pimenta ou sal puro... Além disso, elas só se quebram se caírem juntas, e também não há como perder somente uma delas, ou você perde as duas, ou sempre acha a outra junto da outra.
Hermione sorriu levemente.
_São perfeitas, acho que eles vão achar legal também. Pode embrulhar.

E com um leve toque da varinha nas chícaras, elas se auto-embrulharam.

_Agora, o seu presente... _Disse ela olhando muito seriamente para Harry. _O que acha deste mapa aqui? Mostra a casa do jovem casal e tudo o que deve ser feito para as tarefas domésticas e a melhor forma de fazê-las. É ótimo para casais inexperientes...
_Para mim parece bom...

_Senhora, a senhora não sente medo de estar aqui sozinha?_Hermione perguntou. _Isto é, vêm acontecendo cada coisa horrível, morte de bruxos desprevenidos e...
_Aí é que está, senhorita._Disse a velhinha com uma expressão perspicaz._Bruxos desprevenidos! Depois da morte de Dumbledore eles ficaram mais cautelosos, tenho certeza que antes de qualquer morte importante eles traçarão um plano bem complexo. Não que eu seja muito importante, não é muita coisa hoje em dia ter parentesco com Rowena Ravenclaw, mas algum dia já foi, e eles noticiariam se a tataraneta de um dos fundadores de Hogwarts fosse morta... Mas de qualquer forma, acho que eles não se atreveriam com tantos bruxos do ministério aqui no Beco Diagonal.
_A senhora é parente dela?_Hermione perguntou, excitada. _Nossa, que interessante.
_Se um dia quiser um emprego tranqüilo, menina, me procure. Chamo-me Mafalda Ravenclaw. _Disse a velhinha._Estou enganada ou você pertenceu a Covirnal?
_Ah, quase. Na verdade o chapéu seletor pensou em me colocar lá, mas acabei indo para a Grifinória, sabe?
_Harry está na grifinória. _Disse a velhinha com ar de quem sabe das coisas.

Os três se despediram da velhinha e foram até o caldeirão furado comer qualquer coisa. Hagrid parecia tão amuado e calado que Harry estava começando a se sentir mal. Por isso tentou iniciar uma conversa:
_O que andou fazendo em Hogwarts, Hagrid?
_Ah... Estive praticamente perdido. Sem saber que rumo tomar, todos estão meio assim. Imagine só, você passou todo o verão desprotegido! Se Dumbledore estivesse vivo nada disso aconteceria.
_Ah, nada de ruim aconteceu, Hagrid._Harry falou dando um tapinha no ombro do grandalhão.
Neste momento seis ou sete bruxos adentraram o bar. Eram altos e fortes e vestiam roupas negras.
_Novos aurores. _Informou Hagrid. _Eles vão fazer a guarda de Hogwarts também. Na segunda vai haver novos testes para aurores, se ao menos você já tivesse terminado Hogwarts, Harry...
Hermione e Harry se entreolharam, misteriosos.
_Hagrid, o que você comprou pra Fleur e pro Gui?_Hermione perguntou, depressa.
_Bom, comprei um laborino pra eles na travessa do tranco. Precisa ver, a travessa está cada dia mais cheia, enquanto isto aqui fica assim, praticamente às moscas.
_E o que é um laborino?_Harry perguntou.
_Bom, eu ensinei sobre eles para minha turma de sexto ano, mas como vocês não freqüentaram... _Hagrid disse um pouco magoado.
_Hagrid, por favor, me diga que você não deu a eles um laborino! Harry, eles são um dos animais mágicos de aspecto mais horripilante e adoram barulho e baderna, provavelmente acabariam com a casa deles.
_Ah, você já leu sobre eles, não foi?_Hagrid perguntou. _Esse não vai causar problemas. Está empalhado. Serve como espantalho de gnomos e como por aquelas bandas dos Weasley tem muitos...
Harry e Hermione respiraram aliviados.




Os três presentes foram entregues ao casal. Que pareceu muito contente e interessado no par de chícaras fiéis, gratos pelo mapa doméstico e muito espantados com o laborino, que tinha uma pele seca e cor de sangue, olhos roxos e esbugalhados e uma boca rasgada num sorriso diabólico.

Harry não teve coragem de entregar o presente de Gina, pois esta estava com uma cara horrível quando ele encontrou com ela. E decidiu que faria isso mais tarde.

Hagrid ficou algum tempo conversando com os garotos no quarto. Sobre o andamento da escola, mas como ele ocupava muito espaço, resolveu se retirar para ir descansar na enorme cabana improvisada no quintal.
_E aí, Harry? Pensou sobre a seleção para auror?_Hermione perguntou assim que Hagrid deixou o quarto.
_Bom, seria ótimo para saber o que os comensais andam fazendo, isto é, acho que eles podem ter mais informações que nós. Mas pode me atrasar na busca pelo o que vocês sabem o quê. E, além disso, eu iria ficar submisso ao ministério.
_Sinceramente, Harry? Acho que não, veja só, o Rufo tem cada vez menos moral no mundo bruxo depois de tantas mortes, por que você acha que ele quer tantos comensais? Quer limpar o próprio nome depois da morte de Dumbledore. Acho que se nós conseguíssemos ser aurores, seria até mais fácil a busca pelo o que você-sabe-o-quê porque você poderia se ausentar fingindo estar na cola de algum comensal, ou mesmo ter mais informações sobre V-Voldemort e os comensais.
_E outra, justificaria o fato de não voltarmos a Hogwarts! Ah, e já ouvi falar que os aurores são os caras com maior autonomia dentro do ministério, sabe? Podem se ausentar como a Mione falou, e tem direito a omitir coisas e tudo o mais...
Harry pensou por alguns instantes. Recusara-se há pouco tempo a ter qualquer relação com o ministério da magia, mas dada a situação atual, parecia até mesmo interessante o seu ingresso. Uma vez que ele poderia usar esta desculpa para não voltar a Hogwarts.
_Acho que vocês têm razão, vamos para a seleção e aí a gente vê no que dá. _Ele falou, pouco decidido.

A porta do quarto de Rony abriu, a senhora Weasley entrou com uma feição estranha:
_O P-Percy foi promovido a ministro da magia!
_Quê?_Rony perguntou, estupefato.
_Rufo está morto, foi encontrado no escritório pouco tempo atrás... Com certeza Avada Kedrava, e Percy foi instantaneamente empossado como novo ministro por uma comissão extraordinária. Por sua responsabilidade e lealdade ao ministério... Mas eu receio que algo aconteça com ele, estou tão nervosa!_Ela falou deixando-se sentar ao lado de Rony na cama.
Rony baixou a cabeça sem saber o que dizer. O ministro da magia estava morto, e Percy estava em seu lugar. Com certeza ele corria perigo, Harry não sabia quais eram as intenções de Voldemort ao matar Rufo, mas sabia que ele não temeria em fazer o mesmo a Percy.
_Ah, senhora Weasley... Tenho certeza que vai dar tudo certo, nem ao menos sabemos se foi Voldemort quem mandou matá-lo, sabe?_Hermione falou para consolá-la. _Ele deve ter tantos inimigos...
_O jantar já está servido. _Disse ela mais calma. _Eu enviei a Hogwarts o pedido de confirmação de matrícula de todos vocês.
_Mas... _Rony balbuciou incrédulo.

A senhora Weasley não deu importância e saiu batendo a porta. Rony estava com uma cara realmente horrível. Feição de quem tentava se convencer de algo realmente improvável.
_O que houve, Rony?_Hermione perguntou.
_E se foi o Percy?_Rony questionou. _E se foi ele que mandou matar o ministro?
_Ele não seria capaz de... _Hermione começou.
_Percy está louco pelo poder, Mione.

Harry não queria acreditar que Percy pudesse ter feito algo assim. Porém, no seu íntimo ele tinha uma vozinha que lhe dizia que Percy era capaz disso e até mais. Era incrível o que as pessoas eram capazes de fazer por poder.


O dia cinco de agosto iniciou-se com uma chuva torrencial que molhou todas as barracas e estragou parte das lembranças de Gina que estavam ao ar livre. Porém, os Weasley não tiveram muito trabalho em arrumar o que já estava pronto. E com a ajuda de Carlinhos e Hagrid, por volta do meio dia não havia nada pendente para o casamento que se realizaria à noite.


Harry e os dois amigos olhavam curiosos tudo o que estava pronto no jardim. Rony mordiscava um docinho de caju que a senhora Weasley preparou.
_Que horas será que eles vêm? Os convidados?_Harry perguntou. Estava ansioso para ver Lupin, Tonks e todos os outros.
_Acho que depois da cinco. _Rony falou._Sinceramente não sei como todos vão caber aqui, mamãe convidou até elfos domésticos, vê se pode!
_Fui eu que pedi a ela, Rony. _Hermione falou zangada._Eles também devem estar se sentindo melancólicos naquele castelo imenso sem o Dumbledore.

Rony não respondeu. Na verdade, Harry notara, Rony estava fazendo um grande esforço para não demonstrar tudo o que sentia por Hermione. Ele parecera sentir que alguém lera a sua carta porque agora estava mais distante da garota. Harry não gostava quando o amigo lhe escondia algo.
_Olha, uma coruja, parece da escola. _Rony falou apontando para a enorme coruja cinzenta que cruzava o céu em direção à toca.

Os meninos tiraram as três cartas que a coruja lhes trazia. Harry abriu a dele primeiro sob o olhar curioso dos amigos que esperaram para abrir as deles depois.




Caro Harry Potter,

É com muito prazer que recebemos a sua confirmação de matrícula. Para sua pessoa em especial, é necessário vestes a rigor para a cerimônia de leitura do testamente de Alvo Dumbledore, que numa carta separada, exigiu a sua presença.
O ano letivo se iniciará normalmente no dia primeiro de setembro. Contudo, os estudantes não poderão mais se utilizar do expresso de Hogwarts. Com isso, os alunos deverão embarcar no navio Arrcha, que se encontrará ancorado no lago de Strovenhard, Syngleuss, no horário de sempre, 11:00.
Atenciosamente,
Diretora Minerva Mcgonagall.




_Nossa... Um navio! Nunca viajei em um... Que demais!_Rony falou boquiaberto.
_E nem vai viajar por enquanto, né Rony? Lembra que a gente não vai pra Hogwarts?
_Ah, é... _Falou o menino um pouco desapontado. _Aposto como teria enjôo, não valeria a pena.
_Mas eu vou ter que ir para a cerimônia do testamento, não vou ter? Foi uma das últimas vontades dele...
_É, mas acho que nós não vamos precisar ir. Vamos ver as nossas cartas, primeiro eu abro a minha. _Hermione disse abrindo a dela.


Cara Hermione Granger,

É com muito prazer que recebemos a sua confirmação de matrícula. Também com igual prazer promovemos a vossa senhoria à monitora-chefe, por sua responsabilidade e lealdade à escola.

Contudo, para sua pessoa em especial, é necessário vestes a rigor para a cerimônia de leitura do testamente de Alvo Dumbledore, que numa carta separada, exigiu a sua presença.

O ano letivo se iniciará normalmente no dia primeiro de setembro. Contudo, os estudantes não poderão mais se utilizar do expresso de Hogwarts. Com isso, os alunos deverão embarcar no navio Arrcha, que se encontrará ancorado no lago de Strovenhard, Syngleuss, no horário de sempre, 11:00.
Atenciosamente,
Diretora Minerva Mcgonagall.


A carta de Rony dizia exatamente tudo que havia na carta de Hermione. E os dois encararam os distintivos novos com brilho no olhar.
_Bom, que você estivesse incluído no testamento de Dumbledore eu não duvido, mas nós?_Rony perguntou estupefato para Harry.
_Ah, a Minerva pensa que vamos voltar à Hogwarts. Precisamos dizer que houve um engano o quanto antes, Rony. Ela tem que escolher novos monitores. Vamos devolvê-los agora mesmo enquanto a coruja ainda não foi embora.
_Ah, é... _Ele falou olhando o distintivo saudosamente enquanto Hermione o tirava de suas mãos.
_Accio pergaminho, accio tinteiro, accio pena. _Disse a garota e imediatamente escreveu uma carta de desculpas.


Cara diretora Minerva Mcgonagall,

Infelizmente eu, Hermione Granger, Harry Potter e Ronald Weasley, não vamos poder cursar o sétimo ano letivo em Hogwarts por razões acima de nossas vontades...

_Ei, Mione, não precisa escrever, ela vai estar aqui pessoalmente mais tarde, não vai estar?_Harry perguntou.
_Ah, é. _A menina falou corando. Imediatamente conjurou um feitiço expulsório para guardar a pena, o tinteiro e o pergaminho.
_Então, seria melhor falar aos seus pai o que vamos fazer, Rony._Harry falou decidido._Que vamos tentar a carreira de aurores.





_Como assim não vão voltar para Hogwarts?_A senhora Weasley perguntou com a voz alterada enquanto conjurava um feitiço para encaracolar os cabelos dourados de fleur.
_Bom, decidimos que o melhor a fazer depois da morte de Dumbledore é proteger as pessoas, senhora Weasley. E para fazermos isso o melhor seria virarmos aurores.

Fleur soltou um pequeno gemidinho quando uma mecha de cabelos simplesmente despencou no chão.
_Oh querida, desculpe, feitiço errado. _A senhora Weasley disse, nervosa. _Arthur, você não vai dizer nada?

Arthur Weasley estava muito quieto com o profeta diário na mão. Ele estivera assim desde que soubera que o filho virara primeiro ministro, parecia acreditar na mesma teoria que Rony.
_Bom, acho justo, se quer minha opinião, Molly._Ele disse cabisbaixo.
_Justo?_Perguntou a senhora Weasley totalmente indignada. _A escola vai abrir novamente, e vai ser um lugar tão seguro como quando Dumbledore estava lá, cheia de aurores e tudo o mais, e você prefere que seu filho e os amigos dele virem aurores, correndo atrás de você-sabe-quem?
_Molly, acho que os meninos são maiores e têm o poder de optar pelo que seja melhor a eles e...
_Ah, vamos discutir isto amanhã, já está quase na hora dos convidados chegarem!



Harry vestia as mesmas vestes a rigor que usara no baile de inverno. Elas haviam ficado, contudo, um pouco curtas agora, mas não tanto como as vestes que os gêmeos deram a Rony ainda antes do início do quinto ano, parecia que simplesmente o menino não parava de crescer. Rony, por acaso, já estava pronto e acabara de entrar no quarto para ver a que pés andava o amigo. Harry a esta altura estava só terminando de pentear os cabelos rebeldes, mas parecia que não haviam nem visto pente.
_Precisa ver a Mione... _Rony falou realmente impressionado._Ela está com a mesma roupa do baile de inverno também, mas está mais...
_Bonita?_Harry perguntou com um sorrisinho._Enquanto jogava uma mecha displicente para trás.
_É, mais ou menos._O menino falou depressa, sentando-se numa das camas.
_Ah Rony, a Mione é uma garota legal, né? E está mais bonita este ano, você tem que admitir, Acho que você e ela dariam bem certo.
_Eu e a Mione?_Perguntou Rony com uma feição afetada. _Claro que não! Água e óleo, nada a ver... Como pode ter imaginado isso, Harry?
_Ah, Rony, vamos... _Harry disse incredulamente.
_Ela nunca se interessaria por mim, quer dizer, eu não devo fazer o tipo dela, né? Acho que se tivesse um pouco mais de neurônios, quem sabe e... Ah, eu também não gosto de sabichonas!
_Eu não gosto quando você não me fala a verdade, cara! Acho que você devia confiar em mim...
Rony de repente olhou muito desconfiado para Harry.
_Você leu a minha carta, não foi? Eu percebi que alguém tinha lido, eu a guardei cuidadosamente e quando fui ver tava toda amassada...
O rosto de Harry ficou escalarte, mas já era hora de acabar com aquela farsa.
_Fui eu sim... E foi por isso que eu e a Gina brigamos, ela pensou que eu tinha escrito isso para a Mione. Me desculpa, cara, mas eu fiquei tão curioso quando você não quis me contar que...
_Por que a Gina pensaria que você estaria escrevendo isso para a Mione?_Rony perguntou.
_Bom, sinceramente não sei.
_Quer dizer, você não gosta dela, gosta?
_Claro que não, cara!_Harry falou sem ao menos pensar no assunto. _A Mione é minha amiga, só isso. Parece até a Rita Skeeter... Aff.
Rony pareceu se conter com a resposta.
_E então? Acho que eu tenho chances?



Harry e Rony conversaram muito sobre o que Rony deveria fazer para conquistar Hermione. Cada idéia mais mirabolante que a outra.
_Bom, pelo menos posso dizer o que realmente aconteceu pra Gina agora._Harry falou aliviado.

Pegou a vassoura de debaixo da cama e foi até o jardim onde Gina sentava-se solitária numa cadeira ainda vazia. Vestia um vestido preto cheio de detalhes dourados que a deixara realmente bonita.
_Er... É pra você._Harry falou timidamente.

A menina olhou assustada para o embrulho. Ela, Harry supôs, deveria ter pensado que o menino comprara a vassoura para si próprio. Seus olhos brilharam ao avistarem a marca thinbonne. Ela parecia não encontrar palavras para dizer algo. Mas foi Harry quem falou primeiro, lhe explicando tudo o que houvera.
_Eu devia ter sido mais sensata, Harry, desculpe. _Ela disse meio envergonhada ainda com a vassoura na mão. _Quer dizer, é claro que você e a Mione nunca poderiam ter nada mesmo.
_Não, eu que não devia ter pegado a carta do Rony... Escute, Gina, você sabe se a Mione gosta do Rony?
A garota pensou um pouco antes de responder.
_Ah, você nunca percebeu? Ela sempre gostou, desde o momento que o viu no expresso de Gringotes, sabe?

Então era certo que Harry teria que contar isso a Rony. E agora ele veria o que iria acontecer quando os dois amigos virassem namorados, se ele iria ser deixado de lado ou não.
_Harry, eu soube que você quer ser auror... _A menina iniciou.
_È, Gina. Por isso e por outras coisas que não podemos ter nada sério, entende?_Harry perguntou tristonho. _Você vai voltar para Hogwarts e eu vou seguir em frente, mas quando tudo estiver terminado, quem sabe poderemos voltar a ser...
_Podemos oficializar isso com um feitiço. Um voto de fidelidade enquanto estivermos separados. _Ela falou levantando-se.
_Não quero que se amarre a mim, quero que seja feliz se encontrar alguém.
_Por que você também quer estar livre?_Ela perguntou, ciumenta.
_Não é nada disso, Gina. _Harry falou zangado. _Mas se você quiser se amarrar a uma pessoa desse jeito, que façamos esse tal voto de fidelidade.
_Ótimo. _Ela disse animada dando um beijinho em Harry. _À meia-noite esteja lá naquela clareira, pode aparatar se quiser, encontro com você lá.
Harry aceitou, sem pensar muito a respeito.

Às cinco e meia da tarde chegaram os primeiros convidados, os elfos domésticos. Todas as mesas já estavam arrumadas no jardim, e pombas de fumaça pincelavam o céu que se punha. Um corredor prateado se desenrolava até o palco montado próximo à casa dos Weasley.
_Monstro não queria vir a esse casamento desta família de traidores do próprio sangue._O elfo muito velho resmungou.
Dobby olhou zangado para Monstro e depois disse:
_Não ligue pra ele, Harry. Nós estamos realmente emocionados de estar aqui, imagine convidar elfos para uma festa!_Ele disse risonho.
_Winky está feliz, senhorita. _Disse ela olhando radiante para Hermione. _Está aceitando salário também porque Dobby me lembrou que Dumbledore queria que Winky recebesse salário... O Dumbledore sim era um bom amo. Winky devia perceber isso antes, Winky não bebe mais. O Winky está melhor agora.
_Ah, Winky, não sabe como estou feliz por você!_Hermione disse realmente feliz abraçando brevemente Winky. _Estive preocupada com vocês três depois da morte do Dumbledore.
_Ah, Mione, preciso te dizer uma coisa. _Rony disse hesitante lançando um olhar temeroso a Harry que fez um sinal de estímulo para o amigo.
_E não pode ser aqui?_A menina perguntou intrigada.
_Ah, não, deixa pra lá... _O garoto falou baixando a cabeça.
_Não, Rony! Como assim deixa pra lá? Eu quero saber agora!

Os elfos domésticos se afastaram. Rony parecia muito amarelo e suado de repente. Segurava as mangas das vestes com nervosismo.
_Escuta, depois da festa eu te digo, está bem?
A menina fez um muxoxo de impaciência e saiu sem dizer mais nada Rony ficou ainda mais pálido, sentou-se à das mesas vazias sem forças.
_Ela não entende que é difícil?_Rony questionou.
_Por que não entrega a carta a ela? Estava realmente muito boa!_Harry falou segurando no ombro do amigo.
_É, acho que vou mesmo fazer isso... Depois do casamento eu pego a carta e entrego pra ela.
_Vai dar tudo certo, você vai ver, cara!_Harry falou para animar o amigo.



Quim Shacklebot e outros membros da ordem e muitos colegas de serviço do Sr.Weasley acabavam de chegar, todos juntos por uma chave de portal em forma de vaso de rosas. Amos Diggory estava presente com a esposa. Eles estavam sentados às mesas montadas no jardim, conversando sobre assuntos variados, muitos tinham uma expressão artificialmente alegre, mas a maioria parecia realmente preocupada.
_Harry, venha cá, Amos e a esposa querem revê-lo!_Chamou o Sr.Weasley.

Harry deixou Rony sentado à mesa refletindo sobre os próprios sentimentos e foi até a grande mesa dos funcionários do ministério. Amos e a esposa levantaram-se e fizeram uma reverência.
_Harry, quero lhe dizer que estaremos com você em qualquer coisa que precisar, em memória ao nosso filho. _Disse Amos muito humildemente. _A morte dele não será em vão se conseguirmos derrotar aquele-que-não-deve-ser-nomeado, e agora que Dumbledore se foi, você precisa da ajuda de todos nós para manter-se vivo, além de que se quiser tomar qualquer medida estaremos com você.
_Ah...Brigado, Sr.Diggory.
_Vai fazer os testes para auror, Harry?_Quim, um bruxo negro e alto perguntou.
_Acho que sim...
_Molly me contou, Harry. É claro que ela acha que não é certo_E enquanto dizia isso deu uma olhada culpada para a toca onde a esposa havia ido pegar alguns aperitivos de cogumelo._Mas acho que seria o melhor que tem a fazer, sabe? Poderei te ajudar se preciso, é claro, sem a Molly saber.
_O Cedrico gostaria muito de ser um apanhador de um grande time, eu tenho certeza._Disse Amos._Mas na situação atual tentaria ser auror, para ajudar...Eraum grande rapaz, o Cedrico. Tenho certeza que seria aprovado, um grande porte para auror.
Harry sabia que Cedrico Diggory era um grande rapaz e com certeza seria aprovado para a carreira de auror, mas sentia-se muito mal quando o pai dele comparava, ainda que indiretamente, ele e Harry. Era como se Harry merecesse estar morto e Cedrico vivo. Mas Harry podia entender a posição dos pais de Cedrico, ele também sentia que poderia ter sido outro ao morrer no lugar de Dumbledore ou mesmo de Sirius.
_Então, pai do ministro da magia, Arthur, como se sente?_Perguntou um dos colegas do Sr.Weasley.
_Ele não é uma pessoa melhor ou pior que ninguém por estar no poder._Respondeu ele secamente._É jovem demais para isso, até agora não entendo como permitiram que ele se tornasse o ministro da magia.
_Oras, então não está orgulhoso?_Amos perguntou.
_Não se pode orgulhar de algo que não acredita, Amos.
A Sra.Weasley acabara de chegar com uma bandeja cheia de cogumelos empanados, eram realmente gostosos com molho de carne tempeirado.
_Harry, por que não vai cumprimentar o seus amigos da escola?_A Sra. Weasley perguntou ao observar um grupinho de Hogwarts que acabara de chegar e se sentavam numa outra mesa enorme.
Harry se despediu aliviado dos amigos do Sr. Weasley e rumou para esta mesa onde Gina, Hermione, Rony, Fred e Jorge já se sentavam com os amigos da escola. Apesar do pouco tempo em que estiveram longe, Harry observou que cada amigo mudara muito. Neville estava mais alto e magro e seu rosto, apesar de continuar redondo e um pouco infantil, assumira uma certa maturidade que antes não possuía. Luna Lovegood vestia um conjunto realmente espantoso de um dourado chamativo e muitos cordões luminosos de todas as cores. Seu enormes olhos azúis estavam ainda mais elétricos e se possível ela parecia ainda mais estranha do que o dia em que Harry a conheçeu. Simas Finnigan e Dino Thomas não estavam tão mudados, apesar de uma barba rala começar a roçar os queixos dos dois. Lino Jordan, Angelina Johnson, Katie Bell e Alícia Spinnet não estavam tão diferentes também, embora parecessem muito mais adultos e serenos. Olívio estava mais musculoso e agora carregava um cavanhaque no queixo. Harry cumprimentou cada um com um oi e um sorriso.
_Oi, Harry, que bom que a escola abriu, não acha?_Neville perguntou._Acho a Mcgonagall uma excelente diretora, acho que vamos ter um ótimo ano e...
_Ah, quem a Mcgonagall quer enganar?_Luna perguntou sonhadora._Vocês não leram o artigo que o papai publicou no Pasquim? A escola desmoronou há um mês atrás...No máximo a Mcgonagall conjurou um feitiço ilusório para nos fazer pensar que ainda poderemos estar em Hogwarts. Mas todos sabem que Hogwarts nunca continuaria em pé depois da morte de Dumbledore...
Rony olhou sem paciência para Harry. Os outros não disseram nada, a maioria estava absorta demais com os cordões coloridos para se darem conta de qualquer coisa.
Olívio havia, infelizmente, sido temporariamente dispensado do time em que jogava como goleiro, o União Puddlemore, por causa da morte de um dos apanhadores do time que era nascido trouxa e que recentemente fora assassinado por um comensal da morte.
_Ah...Você é um lobisomen, não é?_Luna perguntou para Hermione.
_Quê?_Hermione perguntou cuspindo suco de abóbora na mesa.
_É, claro que não é!_Rony disse exasperado para Luna.
_Bom, não há problema nenhum em ser um lobisomen, sabe? Papai publicou uma matéria sobre a quantidade de alunos lobisomens que Hogwarts já teve...Eu indiquei seu nome a ele.
_Não, não sou lobisomen, mas se fosse, não poderia estar todas as noite em Hogwarts.
_Oras, há vários tipos de lobisomen._Luna contrapôs-se._O seu tipo é lobisomen castanho, eles não viram nas luas-cheias, somente nos eclipses...
_É claro que não existe este tipo de lobisomem!_Hermione disse impaciente._Já estudei muito esta raça e nunca encontrei nada sobre isso.
_É culpa do Departamento de criaturas e animais mágicos, eles também não reconhecem a raça dos trestálios visíveis a qualquer um.
Hermione não falou mais nada.
_Então, vocês dois, como vão?_Dino perguntou um tanto rancoroso para Harry e Gina.
_Estamos indo._Harry falou tentando sorrir._Estamos nos dando muito bem.
_O Simas também está feliz..._Dino falou, ainda meio invejoso._Ele está namorando a Ana Abbot da Lufa-lufa, aquela monitora...
_Que bom, Simas!_Hermione disse, sorrindo.
_E você, Lino, está firme com a Angelina?_Fred perguntou._Não engane a melhor artilheira que a Grifinória já teve...
Katie Bell fez uma cara feia ao ouvir aquilo.
_Ah, Katie, ela é a melhor e você a mais bonita!_Fred se corrigiu.
_Você está querendo dizer que a minha Alícia não é a melhor nem a mais bonita?_Jorge perguntou, indignado._Nada disso, Alícia, elas são a mais bonita e a melhor do time da grifinória, mas você é a mais bonita e mais inteligente de Hogwarts inteira...

_Rony, você está com algum problema?_Hermione perguntou ao notar o olhar meio abobalhado de Rony nela._Parece meio bobo.
E ele se empertigou na cadeira e ficou muito quieto durante o resto da conversa.
_Depois da morte do Kevin Jegglings o time se desestruturou, sabem? Acho que não vamos jogar tão cedo._Disse Olívio parecendo realmente desapontado._O treinador era muito ligado ao Kevin porque ele namorava a filha dele, vocês podem imaginar .
_Ah, cara, olha, tenho certeza que logo logo você vai encontrar um novo time pra jogar._Fred disse consolando o rapaz.
_É, você é o melhor goleiro que a Grifinória já teve..._Disse Jorge olhando para Rony que de repente passara a achar os cadarços muito interessantes.
_E você, Harry?_Alícia perguntou, ela e Katie estavam trabalhando na dedosdemel no povoado de Hogsmead ._Não pretende seguir carreira no quadribol depois que terminar Hogwarts?
_Ah, na verdade ainda não sei o que vou fazer...Quer dizer, acho que seria bom ser um auror.
_É, um tanto perigoso hoje em dia, mas eu vou tentar._Lino apressou-se em dizer._Ainda não consegui nenhum emprego como locutor de jogos de quadribol, então vou tentar ser um auror, ganham bem e são reconhecidos.
_Ah, se eu e o Fred não tivéssemos a loja de logros certamente tentaríamos, se bem que com tanto pavor a loja está praticamente vazia, mas precisamos superar este obstáculo com nossas novas invensões._Jorge disse com um ar misterioso.


Harry saiu junto a Rony e Hermione do grupinho de alunos e ex-alunos de Hogwarts e foi até a Mcgonagall que discutia alguma coisa com Lupin e Tonks. Ela parecia mais magra e abatida, e não estava tão arrumada como no baile de inverno, parecia ter vindo às pressas para o casamento.
_Aí estão vocês!_Disse Macgonagall, com profunda frieza na voz._Quer dizer que se acham bons o bastante para não retornar a Hogwarts este ano?
_Professora, quero dizer, diretora, não é nada disso...
_Então gostaria de saber o porquê, senhorita Granger.
_Ah, nós pretendemos ser mais úteis e tentar a carreira de aurores.
Ela fitou Harry muito sabiamente. Harry sabia que ela desconfiara da resposta, sabia que ela devia achar que tinha algo com o que Harry e Dumbledore haviam ido fazer no outro ano letivo.
_Harry, você sabe que eu daria tudo para te ver um auror, não sabe?_Ela falou muito séria._Mas sinceramente não vejo motivos para não retornar a Hogwarts, precisamos de vocês três lá...
Harry sentiu pena de Mcgonagall, ela parecia estar tendo muito trabalho para administrar a escola, e eles, que eram os veteranos de Hogwarts, não regressariam.
_Você será um grande auror, Harry!_Incentivou Tonks._Se eu consegui passar nos testes, com certeza você também irá.
_É claro que ele vai, conseguiu realizar um pratono corpóreo aos treze anos!_Lupin disse orgulhoso.
_Ah, Lupin, será que posso falar com você por um instante?_Harry perguntou ao se lembrar de uma coisa.
_Claro, o que acha de irmos tomar um ar na estrada, hein?_Lupin perguntou.
Harry saiu com Lupin caminhando pela estrada, o sol já havia se posto dando lugar a uma noite escura e sem lua. Uma brisa suave refrescava os rostos dos dois.
_Então, Harry, o que queria me perguntar?_Lupin questionou.
_O senhor conheceu minha madrinha?_Ele perguntou ansioso.
_Acho que tanto quanto você, Harry. Aliás, como sabe dela?
_A tia Petúnia me contou...
_Sabe, depois de Hogwarts, os meus contatos com seus pais foram diminuídos consideravelmente por causa do rumo que a nossa vida levou mesmo, somente o Sirius e o Pedro continuaram muito íntimos deles. Eu viajava muito, não nos víamos com frequência. Mas, sobre a sua madrinha, bem...O que eu soube de Sirius é que ela era um mulher realmente bonita, trouxa e Sirius e ela namoraram por algum tempo.
_O Sirius e ela namoraram?_Harry perguntou, parando de chofre._E como foi que terminaram?
_Segundo eu sei ela se assustou um pouco com as mortes e o terror que o nome de Voldemort impregnava em todo o mundo bruxo. Acho que não consiguiu aguentar a pressão, O Sirius sofreu muito com isso, ele a amava realmente. Se conheceram exatamente no dia de seu batizado, foi uma relação bem fugaz.
Aquela realmente fora uma grande revelação. Nunca imaginara que Sirius chegara a amar nenhuma mulher. Sempre pensava nele como o homem que passara doze anos trancafiado em Azkaban, pelo menos houve um tempo em que ele teve felicidade.
_Mas você sabe por onde ela possa estar?_Harry perguntou.
_Não faço a mínima idéia..._Lupin falou pensativo._Veja, Harry, é o bruxo-mór, ele já chegou para celebrar o matrimônio, devemos nos apressar.
Harry e Lupin então voltaram para a toca apressados. Um senhor realmente idoso e de cabelos ralos chegara vestido com uma toga de pano dourado e um chapéu cônico azul, ele trazia um livro grosso debaixo dos braços. A sra.Weasley o levou até o palco, ao avisatr Harry e Lupin ela veio apressada até os dois:
_Onde está Rony? Ele vai levar as alianças..._Ela falou desesperada, procurando Rony em meio às mesas desajeitosamente.

_Ah, a família da Fleur vem aí._Disse Harry notando o casal Delacour e Gabrielle, a irmã mais nova de Fleur.
A família Delacour foi direto para onde estava o Sr. e a Sra. Weasley e conversavam com eles, animados num inglês com muito sotaque.
Muitos parentes distantes dos Weasleys também haviam chegado, todos tinham cabelos ruivos e muitas sardas. A senhora Weasley pediu que todos sentassem. Todos os bruxos presentes obedeceram. Todas as mesas montadas estavam cheias, Hagrid precisou de uma cadeira especial para sentar-se ao lado de Mcgonagall, Lupin e Tonks numa mesa próxima ao palco.
As pombas brancas de fumaça agora estavam cada vez mais assanhadas no çéu. E uma música realmente empolgante ecoou por toda a toca. Não era como um casamento monótono comum, era como uma grande festa.

O pai de Fleur em seguida entrou acompanhando a filha com um belo vestido branco, todos os homens presentes pareciam um pouco anestesiados ao verem a bela Fleur passar com um penteado esplendoroso e um vestido igualmente magnífico. Os dois passaram pomposamente pelo tapete prateado até se aproximarem do bruxo idoso que estava em cima do pequeno palco. Em seguida entraram a senhora Weasley num vestido esmeralda realmente estranho e Gui que vestia vestes negras com uma corda trançada em volta da cintura. Então, respectivamente o pai de fleur e a mãe de Gui foram um para cada lado do palco se juntarem aos seus companheiros.

A cerimônia correu mais ou menos como qualquer uma trouxa. Rony levou as alianças assim que o bruxo-mór pediu, elas, ao contrário das trouxas, sumiam na carne do bruxo. Assim que rony voltou para se sentar ao lado de Harry e dos amigos de Hogwarts, Harry perguntou para ele:
_O que acontece com as alianças?
_Ah, são bem úteis essas aí...No caso de infidelidade o dedo simplesmente apodrece no local da aliança enterrada.
O casal também terminou Dizendo um sim e se beijando. Fred e Jorge soltaram fogos filibusteiros, mais fortes e coloridos que nunca.Um esplendoroso banquete acabara de ser servido. O casal sentou-se junto ao bruxo-mór e aos seus pais numa mesa mais pomposa que as demais. A música agora estava mais alta.

_Ah, o que essas lembranças idiotas fazem, você sabe?_Rony perguntou com a boca cheia de risoto.
_Ah, parece que prevêem sua vida amorosa..._Harry falou.
Rony deu uma olhada fugaz para Hermione que estava absorta numa conversa com Winky sobre as coisas boas que ela poderia fazer com o novo salário e apertou o coração, que imediatamente abriu-se e de lá saiu um pequeno cupido. Ele colocou a lembrança embaixo da mesa rapidamente para abafar o som de Hermione.

Grande amigo és,
E sempre serás,
No entanto algo mais o atormenta,
Um sentimento escondido,
Que pode ou não ser correspondido.

Não se afobe, cavalheiro,
A amizade, o ódio, a ilusão e o amor,
Estão todos na mesma direção.

As respostas você terá,
Quando menos esperar...

_Ela me deixou com mais dúvidas!_Disse Rony desapontado depositando a lembrança em cima da mesa.
_Foi isso que a Gina falou..._Harry disse sorrindo.
De repente o rapaz teve uma idéia e cutucou Hermione.
_Por que não aperta a sua lembrança, ela diz o que vai acontecer na sua vida amorosa, vai ser engraçado...
_Ah..._A menina disse ficando vermelha._Acho que não, não gosto muito de previsões._Mas mesmo assim deixou a lembrança bem próxima dela, sob seu olhar.


_Vamos fazer um brinde ao novo casal!_Disse Fred._Quem diria que alguém sem sardas entraria para nossa família, Ah, esqueci de você, Harry.
Fleur e Gui sorriram.
_E então, para aonde vai o casal?_Tonks questionou.
_A Fleur disse que quer conhecer o Egito, então vamos passar a nossa lua de mel lá. Mas quando voltarmos moraremos aqui perto mesmos dos pais, no terreno onde antes costumávamos brincar de quadribol na infância. A nossa casa já está praticamente pronta.
_Estarr muitã simples, mamã, mas estarr muitã confortável também.
A senhora delacour pareceu satisfeita. Gabrielle, a irmã de Fleur, no entanto, olhava com desdém para a casa dos Weasley, talvez pensando em como seria a casa da irmã.
Ao convidados iam se retirando aos poucos. Neville contara esperançoso a Harry a sua ambição de ser algum dia um professor de Herbologia ou algum pesquisador dessa área. E prometera falar mais a respeito em Hogwarts, não sabendo que Harry não voltaria.
Luna, com seu ar excêntrico de sempre falou:
_Gina é realmente uma bruxa poderosa, ela tem mais dentro dela que se pode esperar...
A música estava ainda muito alta, mas Harry tinha certeza que ninguém se atreveria a dançar. Ainda não eram capazes disso.

Fora engraçado como até Monstro se comportara bem aquela noite. Winky e Dobby não aceitaram as ordens de voltar a Hogwarts sem antes limpar toda a confusão que se instalara na toca.
Tonks, Hagrid, Lupin, Mcgonagall, Quim e Mundungo Fletcher ficaram para dormir na toca. Todos os outros foram embora como vieram, por meio de chaves de portal. Neville, Simas, Dino e Luna pareceram muito ansiosos para a volta a Hogwarts, era uma sina para eles que tudo voltasse ao normal.
_Acho que vou deitar, mãe..._Disse Rony bocejando.
_Nada disso, Rony. Vai haver uma conversa esta noite._Disse o sr.Weasley.
Todos os Weasley, Harry, Hermione e os outros se acomodaram como puderam na sala de estar dos Weasley.
_Não podemos ficar._Disse Hermione entregando os brasões de monitores à diretora.
Ela olhou um pouco melancolicamente para os dois emblemas de monitores-chefes.
_Acho que Ana e Enersto serão bons monitores-chefes, então.
Mcgonagall respirou fundo e depois falou:
_Estamos aqui para distinguir os rumos das nossas vidas após a morte de Dumbledore. Sabemos que ele era muito importante para todos nós, e era dele sempre a última palavra, mas precisamos decidir o que fazer para impedir o avanço de V-Voldemort, era assim que ele gostaria que o chamássemos._Ela acrescentou a última oração ao perceber o olhar amedrontado dos outros.
_Bom, acho que depois da morte de Dumbledore não há nada que possamos fazer._Disse a senhora Weasley decidida._Acho que o melhor a fazer é seguirmos nossas vidas sem procurar cruzarmos o caminho de você-sabe-quem. E, por isso, eu acho que vocês não devem entrar na carreira de auror, meninos.
Harry abriu a boca para protestar, mas foi impedido por Lupin:
_Molly, não podemos fingir que V-Vold, ah, aquele que não deve ser nomeado, não existe. Simplesmente temos que usar a cabeça e tentar fazer o melhor de nós para que ele seja derrotado.
_E como acha que vamos fazer isso, Lupin? Ou você espera que Harry, Hermione e Rony como aurores vão conseguir destruí-lo? Eles já escaparam muitas vezes dos planos dele, mas derrotá-lo é diferente.
_Talvez se o Harry se abrisse conosco a respeito dos planos de Dumbledore, saberíamos o que fazer.
_Não posso dizer._Harry falou sem delongas.
_Neste caso, o máximo que posso fazer é cumprir meu dever em Hogwarts até o fim para que a escola não seja atacada pelas forças do mal.
_Bom, e eu, na condição de lobisomen devo procurar alguns da mesma condição, talvez Gui possa me ajudar, a não se juntarem a Fenrir._Lupin disse com ódio no olhar.
_Claro que estou com você, Lupin. Quer dizer, eu só fico um pouco esquisito durante as luas cheias, mas já posso me sentir como um de vocês...
Fleur soltou um gemido de preocupação.
_E eu estarei lutando contra comensais do jeito que sempre fiz._Disse Tonks.
_Tentarei estar sempre por dentro das informações dentro do ministério..._Disse o Sr.Wealsey.
_Eu levarei a mesma vida, cuidando da casa, não adianta apavorar._Disse a senhora Weasley como se temesse estar enganando a sí própria.
_Bom, e eu tentarei ajudar da forma que puder._Disse Carlinhos._Voltarei para a Romênia amanhã de manhã.
_Nós tentaremos fabricar pílulas de alegria e de coragem._Disse Fred com uma encenação dramática que conseguiu tirar até mesmo um sorriso da Mcgonagall.
_Esta é nossa função, rir enquanto os outros tremem da cabeça aos pés._Jorge disse.
_Ótimo, e eu serei uma ótima aluna de sexto ano._Gina falou zangada._Aposto que eu não vou poder fazer testes para auror, não é, mamãe?
_Bem pensado, Gina._Disse a Sra.Weasley, aborrecida.
A menina bateu o pé no chão e foi para o quarto furiosa. Um silêncio incômodo parou na sala de estar antes de Lupin dizer:
_Então a ordem está desfeita?
_Temporariamente._Completou Mcgonagall.

Harry olhou desoladamente pela janela. Havia cada vez menos esperanças. De repente o menino observou por volta de sete vassouras voando velozes em direção à toca. O seu coração batia contra o seu pomo-de-adão incrivelmente assustado, mas não havia só isso. Uma coragem se apoderara de seu corpo, ele queria lutar contra aqueles que pretendiam invadir a toca, queria vingança.






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