O túmulo dos Potter



Capítulo Cinco
O túmulo dos Potter


Todas as noites, depois do expediente, Harry, Hermione e Rony juntavam-se na sala precisa para obter um pouco mais das lembranças de Dumbledore. Harry sabia que se o diretor havia deixado para ele um de seus objetos mais valiosos, então ele queria que o garoto descobrisse algo importante. Contudo, estava cada vez mais difícil desvencilhar-se de Gina para irem sozinhos à sala precisa, isto porque a menina agora era cada vez mais próxima deles, e deixa-la de fora era algo muito inconveniente.
Aquela noite Harry estava pensando no livro do Snape nos tempos de Hogwarts quando entrou na sala. E assim que bateu os olhos no canto da parede, lá estava ele. Harry sentiu o coração disparar, os amigos ainda não tinham visto.
Ele foi até o canto e abaixou-se, escutou os cochichos de Rony e Hermione, que acabaram de perceber o livro lá.
_Harry, o que vai fazer como ele?_Hermione perguntou.
_Ainda não sei, mas não quero que volte para as mãos de Snape, talvez ainda tenha algo aqui que possa me ajudar contra ele...
_Como assim?_Rony perguntou, incrédulo. _Como pode o livro que o próprio Snape rabiscou te ajudar em algo?
_Bom, Dumbledore achava que é mais fácil derrotar um inimigo quando você conhece a fundo o passado dele, vocês sabem.
_Bom, desde que não o use tão desenfreiadamente quanto da outras vez, tudo bem. _Hermione disse.
Então Harry colocou o livro ao lado dele, no chão e junto aos amigos mergulhou mais uma vez nas lembranças de Dumbledore.

Harry e os outros caíram em um salão imenso com decoração de natal. O garoto reparou instantaneamente que todos ali estavam vestidos de modo muito antigo, com vestes a rigor cheias de rendas e vestidos que pareciam pertencer a um outro século.
_Olha, aquela vestes que mamãe me mandou na quarta série iriam abafar aqui. _Disse Rony notando a similaridade.

Havia música, comida, e vários casais a dançar, ou então grupos a conversar animadamente. Então Harry reparou em dois bruxos que se encontravam ao lado de uma coluna de mármore, longe do barulho do salão.
_Venham... _Disse Harry para os outros. _Acho que aquele ali é Dumbledore.
_Por Merlin... Ele está ainda jovem. _Disse Rony, estupefato.
_Um dia ele já foi, Rony... _Hermione falou, mas parecia surpresa também.

Dumbledore não tinha os cabelos prateados naquela festa, não, seus cabelos eram acaju e longos, mas a barba era cerrada ao rosto, e o nariz embora torto estava um tanto diferente. Seus olhos azuis eram ainda mais vivos e bonitos, Dumbledore aparentava ter a idade de Lupin.
_Olá, Sr.Olivaras. Como vai a loja? _Disse Dumbledore com um largo sorriso.
O Sr.Olivaras, pelo contrário, não parecia nenhum dia mais novo.
_Muito bem, obrigado. Qualquer dia desses quero ter a honraria de apanhar uma pena de sua fênix para fazer uma varinha, hein Dumbledore?
_Ah, claro... Se Fawkes permitir, mas receio que poucos bruxos estarão aptos a possuir uma varinha com pena de fênix, pode ser um grande prejuízo para sua loja.
_Ora, Dumbledore, não seja brincalhão... _Disse o Sr.Olivaras com seu olhar penetrante no outro bruxo, ele vestia vestes a rigor cor de abóbora realmente esquisita. _ Você sabe muito bem que não é o ouro que me interessa...
_Ah, claro que sei, Olivaras, perdoe-me. _Disse o outro.
Um bruxo passou com uma bandeja cheia de aperitivos de lagosta, Rony olhou desejoso enquanto Dumbledore tirava um deles e comia prazerosamente.
_Agora eu sei bem como o Nick se sente... _Disse ele, com os ombros caídos.
_Você com certeza já está sabendo da alegria que a madame Mafalda Ravenclaw me proporcionou, não?_Perguntou o Sr.Olivaras, depois de recusar o salgado.
_Não, ainda não tive conhecimento. _Disse Dumbledore com a testa franzida.

Então um barulho de gongo soou por todo o salão, Dumbledore tapou os ouvidos e fechou os olhos por causa da intensidade do barulho enquanto Olivaras corria para ver do que se tratava. Houve gritos por todo o salão, Harry observou um jato de energia vermelha atingir em cheio o peito de Dumbledore e tudo ficou escuro.

_O que pode ter sido aquilo?_Perguntou Rony, com o peito arfante.
_Acho que... Acho que foi um ataque. _Disse Harry, preocupado. _ Mas acho que naquela época Voldemort nem era nascido...
_Bom, mas Voldemort não é o primeiro bruxo das trevas. _Disse a garota,
Que já conseguia falar normalmente o nome dele.
_Grindewald. _Harry murmurou baixinho. _Dumbledore já o derrotou, lembram?
_Gostaria de saber mais sobre isso... _Rony falou, olhando para Hermione.
_Não olhe pra mim, não sei muito mais que você. Tudo o que sei é que ele também era um bruxo muito mal, mas não tão mal quanto Voldemort, e Dumbledore o derrotaram em 1945. Não diz muitas coisas nos livros sobre isso, não faça idéia por que.
_Acho que temos tempo para mais uma lembrança. _Disse Harry.


Dumbledore estava sentado em um sofá em uma casa, que Harry percebeu características trouxa e bruxa. Era uma sala ampla, com vários quadros. Havia um bebê de cabelos negros e olhos muito verdes.
_É você, Harry!_ Hermione disse sorrindo, o bebê sorriu para ela também. _Muito fofo...
As bochechas de Harry coraram.
_Minha tia também dizia que eu era muito fofinho quando bebê... _Disse Rony com quem fala sobre o tempo.
_Aposto que era, Ronrom. _Disse Hermione apertando a bochecha rosada do garoto.
Harry riu, divertido.
_Estamos na minha casa... _Ele falou sem sentir o coração bater no peito, parecia que ele havia desaparecido tanta a emoção.
Muitos outros quadros estavam espalhados pela parede coberta por um papel decorado com rosas. O casal Potter estava sempre unido e feliz em todas elas, e principalmente nas que estavam ao lado do filho.
_O Que será que Dumbledore está fazendo na casa dos seus pais, Harry?_Rony perguntou.
A sala de estar era realmente muito bonita, havia lindos móveis de madeira lustrosa e um belo par de sofás, um relógio tradicional e nobre na parede e um armário cheio de coisas que Harry não tinha a mínima idéia do que seria.
Dumbledore estava sentado de pernas cruzadas, e olhava animadamente ao redor, parecia a primeira vez que estava naquela casa. Então, uma sombra cruzou a porta à esquerda de Harry e o pai dele entrou, enxugando os cabelos molhados com um feitiço.
_Thiago. _Disse Dumbledore levantando-se e apertando a mão do outro.

Thiago Potter tinha praticamente a mesma altura que o filho, o mesmo cabelo e o mesmo aspecto físico. Até a forma de andar era parecida, mas o sorriso dele era mais extrovertido e o de Harry mais tímido.
_Pode ficar tranquilo, professor. _Disse Thiago. _ As pedras estão comigo, são cinco, pesadas como o mundo... Mas eu e Sirius conseguimos trazer secretamente e em segurança até aqui.
_Ótimo. _Disse Dumbledore com os olhos brilhando. _Soube que você e Lílian tiveram um pequeno obstáculo ontem quando tentaram ir ao beco diagonal.
_É, já é a segunda vez que aqueles comensais se metem a engraçadinhos conosco... Eles sabem que não o apoiamos. Acho que os comensais queriam eu e Lílian ao lado deles, que piada.
_Thiago, nem sei como retribuir tudo isto. Nada que eu lhe pagar, irá bancar a preciosidade que são estas pedras. _Disse Dumbledore, tirando das vestes um saco e entregando nas mãos de Thiago, que o recebeu um pouco acanhadamente.
_Dumbledore, realmente não precisa...
_Thiago, vocês têm um filho recém nascido agora... _Disse Dumbledore. _Você deixou sua família por quase um ano em busca destes postulados. Nem ao menos viu seu filho nascer, você e Sirius merecem muito mais que isso.

E então a porta principal da sala, que era revestida de vidro em mosaico, se abriu e de lá entrou na sala, Lílian, com os cabelos voando por causa do vento. Ela sorriu ao avistar Dumbledore.
_Lílian, veja só que trabalho teremos ao tentar traduzir as pedras...
_Será um trabalho prazeroso, Dumbledore. _Disse Lílian. _ Se isso poder nos ajudar na luta contra você-sabe-quem.
_Onde vocês guardaram as pedras?_Perguntou Dumbledore, em um sussurro.


Esta lembrança se desmanchou e uma nova realidade se formou, mais uma vez Dumbledore estava em seu escritório. Mas o escritório não estava organizado, ao contrário, havia livros espalhados pela mesa, pergaminhos amassados e jogados ao chão.
Alguém bateu na porta.
_Entre Lílian, por favor. _Disse Dumbledore.
Lílian entrou no cômodo trazendo um livro grosso sob o braço esquerdo.
_Pedi este livro emprestado para um amigo meu que trabalha numa biblioteca na França. É ótimo... O único que versa sobre runas não somente como método de adivinhação do futuro.
_Lílian, estamos quase lá. O alfabeto rúnico usado por Merlin está quase todo traduzido. Logo conseguiremos compreender as pedras...
_Senhor, acha que isso pode nos ajudar em algo contra você-sabe-quem?
_Não tenho certeza, mas pode ser sim. _Disse ele. _Infelizmente não estou tendo muito tempo para ajuda-la nestas traduções, você é quem está fazendo a maior parte do trabalho. De qualquer forma, mesmo que não nos ajude contra Voldemort, será um grande feito tê-las traduzidas. Lílian, já resolveu quem será a pessoa a realizar aquilo, não?
_Sirius, Thiago acha que seria o melhor. Mas senhor, possivelmente acha que esta profecia seja verdadeira?
_Harry é nascido nos últimos dias do mês de julho... Vocês já o enfrentaram indiretamente duas vezes, contra seus comensais, e agora recusam-se a da qualquer informação deste projeto que vêm realizando comigo. Com certeza haverá uma terceira vez, Lílian...
_Quando peço ao Thiago para tira-las do porão e trazer até aqui? Tem que ser à noite, de madrugada, assim ninguém notará.
_Bem, acho que amanhã já. Vou retirar a restrição contra aparatação e desaparatação na minha sala por uma noite. _Disse ele. _Você acha que já consegue traduzi-las?
_Sim, penso que sim. _Disse Lílian depositando o livro grosso sobre a mesa do diretor.


Então, houve um pequeno borrão e o escritório ficou escuro. Dumbledore lia alguns papeis a luz de lamparina. E então, subitamente parou imóvel e rijo. Algum tempo depois Dumbledore se levantou e ainda trêmulo aparatou.
Desaparatara numa rua deserta, cheia de árvores frondosas. Os primeiros raios da madrugada começavam a tingir o céu. Caminhou devagar, até parar rente a uma janela. A janela dava para a mesma sala que Harry observara na lembrança anterior, mas agora havia objetos quebrados e destruídos por todo o lugar, as paredes estavam esburacadas e o teto começava a cair. A única coisa que se podia ouvir naquela cena era o choro de uma criança.
Dumbledore invadiu a casa, praticamente destruída até de onde vinha o choro, ao lado do corpo gelado e rijo de Lílian que jazia no chão com uma expressão aterrorizada, estava um pequenino bebê de cabelos negros e olhos muitíssimos verdes, como os da mãe.
_Oh, Potter... Oh, Potter... A profecia se fez cumprir... Voldemort fez com que a profecia se cumprisse... _Disse Dumbledore tomando o garoto nos braços.
Então um barulho de algo sendo arrastado tomou sua atenção. Ele colocou a criança no berço, que incrivelmente não estava destruído e foi até a janela da sala de estar. De lá pôde perceber um vulto carregando algo nas mãos...




Mais uma vez a imagem se desmanchou e uma outra imagem veio à tona. Dumbledore estava em um quarto minúsculo e sujo. Havia apenas um armário com a porta quebrada e uma cama sustentada com tijolos. Havia um rapaz de cabelos sebosos, pele macilenta e nariz adunco deitado na cama, enrolado nos lençóis.
_Severo, vim assim que soube de seu estado. _Disse Dumbledore. _Fico realmente feliz por ter voltado a nós.
_Diga que não é verdade. _Disse Snape, a voz trêmula.
_Não compreendo, Severo. _Respondeu Dumbledore a observar o outro.
_Eles realmente se casaram?_Snape questionou.
_Bem, tivemos dois casamentos há pouco tempo. Do casal Longbottom e do casal Potter, por que será que acho que você se refere ao casal Potter, Severo? _Dumbledore perguntou, pacientemente mirando os olhos frios e negros do outro.
Então Snape sentou-se. Harry ficou pálido, ali estava Snape, caído na cama, arrasado pelo casamento dos pais dele, Harry não queria acreditar que fosse o que estava pensando.
_Você sabe, professor. Você sempre soube, não é?_Perguntou, encarando o professor com uma expressão alucinada._Sempre percebeu meus esforços em esconder o que sentia, fiz coisas que não deveria ter feito, mas aquele Potter...
_Às vezes não escolhemos que amamos, Severo. _Disse Dumbledore, aproximando-se de Snape e tocando lhe no ombro. _ Não é algo que nos permitam escolher.
_É, verdade. _Disse Snape levantando-se bruscamente. _ Eu nunca deveria sentir nada por essa sangue ruim... Jamais. Ela não está a minha altura...
_Severo, você sabe que não fala a verdade, você não quer dizer isso. Está arrependido por não ter dito a ela seus sentimentos antes, está se corrompendo em arrependimentos por não tê-la tratado melhor, tê-la conquistado ao invés de Thiago..._Dumbledore disse rispidamente.
_MAS O QUE ADIANTA AGORA? EU RENUNCIEI TUDO, PROFESSOR. NEGUEI O LORDE DAS TREVAS QUANDO DESCOBRI ESSE SENTIMENTO, MAS JÁ É TARDE DEMAIS... _Esbravejou.
_Você fez o certo, Severo. Alguém capaz de amar nunca deveria estar ao lado de Voldemort.
_Eu nem ao menos tenho onde dormir, tudo que tenho paguei pela diária desse hotel vagabundo... Tinha tudo o que precisava junto ao lorde, seria grande, finalmente, alguém havia reconhecido meu talento... E agora, por causa de um sentimento medíocre como o amor, estou aqui às ratazanas.
_Snape... O amor é o sentimento mais puro que existe em todo o universo... O amor é que nos faz conviver em harmonia, sermos felizes... Como pode acha-lo medíocre?_Disse Dumbledore, encarando Snape com os olhos cintilando._ Você não pode mais ter Lílian como mulher, mas tenho certeza que virá a juda-la algum dia. Você é um grande homem, Severo. Todos reconhecemos seu talento, pare de sentir pena de si próprio.
Então Snape largou-se na cama mais uma vez, chorando. Era horrível para Harry vê-lo naquele estado, pois ele não sabia se sentia pena ou ódio.
_Eu não valho nada... Não perca seu precioso tempo comigo, Dumbledore. Não sou um de vocês, não posso ficar com vocês... Nunca deixarei de ser assim, jamais.
_Severo, por acaso eu conheço melhor que ninguém sua história de vida. A vida lhe moldou dessa forma, Severo, mas eu confio em sua recuperação. Eu confio em você... Raras vezes me engano com as pessoas.
_Como pode confiar em mim?_Snape perguntou, passando as mãos trêmulas nos cabelos oleosos que caíam sobre os ombros em fios negros e grossos. _Eu me juntei ao lorde das trevas, eu fiz coisas terríveis que você nem ao menos...
_Severo, sei das coisas más que você pode fazer, mas também conheço o seu potencial para o bem. Gostaria de te oferecer o cargo para ministrar poções em Hogwarts, Slughorn nos deixou há pouco tempo e...
_Senhor, se possível Defesa contra a Artes das Trevas, p-por favor.
_Por que este interesse em especial?_Dumbledore questionou.
_Não há interesse em especial, professor. Só acho que me daria melhor...
_Receio que ainda não quero perdê-lo do meu quadro docente, então, por favor, ministre poções.
_Se quer assim, professor... Já é muitíssimo generoso em me permitir lecionar em Hogwarts._ Disse o outro, olhando com benevolência para Dumbledore.
_Se assim eu faço com que sua recuperação seja mais rápida... Mas pense sobre isso, Severo. Talvez você ainda possa apagar as coisas ruins que ocorreram entre você e Lílian ajudando-a. Isso o fará sentir-se melhor como você mesmo.



Quando os três voltaram à sala precisa que se envolvia, propositalmente, na escuridão, Harry não teve coragem de debater nada, apenas pegou o livro de Snape e começou a rasgar sem parar, fora de controle.
_Harry, por favor, pare com isso, o que o livro tem a ver com...
_Quero me livrar de qualquer pedacinho deste crápula... Como ele ousou gostar da mamãe, como? Ele é um porco desgraçado e..._Suas mãos forçavam as folhas amareladas e rabiscadas com fúria._P-por favor, me deixem sozinhos.
Os dois deixaram a sala sem dizer nada, até que Harry picou o livro em milhares de pedacinhos e depois lançou fogo neles, logo em seguida tudo o que podia ser visto do livro eram cinzas que se espalhavam do chão aos dedos de Harry, que estavam molhados de lágrimas, seus olhos também estava manchados de cinza junto às lágrimas. Fora um golpe muito forte, rever a confiança que Dumbledore possuía em Snape, saber que o professor que ele mais odiou amou a figura pura e angelical de sua mãe, aquele sujo... Mas antes de tudo Harry se culpava por ter sentido pena de Snape, pois sabia que este era um sinal de fraqueza, que demonstrava que talvez ele nunca tivesse coragem para matar seu primeiro e maior inimigo, Lorde Voldemort.



_Harry, estive pensando... _Hermione falou enquanto rondavam pelo castelo, já era quase noite. Havia dois outros aurores que faziam as rondas noturnas, os dois eram mais velhos e experientes. _A gente viu na penseira que quando a sua mãe e Dumbledore finalmente conseguiram compreender boa parte do alfabeto rúnico, mas acho que foi bem no tempo que Voldemort os... Bem, você sabe, estive pensando se Voldemort não sabia o que sua mãe estava fazendo...
_Talvez, talvez sim. _Respondeu Harry, parando de caminhar. Nem ela nem Rony haviam mencionado nada sobre a última noite na sala precisa antes. _Talvez se Dumbledore e minha mãe conseguissem traduzir estes postulados tivessem mais alguma arma contra ele, não?
_Sabe o que eu acho?_A garota perguntou olhando para o lago que brilhava com o pôr-do-sol. _Acho que Voldemort não se importaria de matar seu pai, mas ele queria sua mãe viva, se pudesse evitar, para continuar o trabalho com Dumbledore. Acho que ele queria aqueles postulados...
_Só não entendo o porquê...
_Harry, pense como Voldemort... _Disse a menina. _ Ele soube sabe-se lá como da existência destes postulados. Soube que era um projeto de Dumbledore, ora, ele iria querer possuí-los, mesmo sem saber se iria usá-los.
_Isso se encaixa... _Disse Harry. _ Ele tentou afastar mamãe antes de tentar me matar, eu sei. Acho que ele a pouparia, se pudesse. Mas ele precisava me matar por causa da profecia, então, ele acabou matando-a... Também.
_Mas é claro que sua mãe nunca permitiria isso... _Disse Hermione. _ E acabou morrendo por você, e isso te ajudou a sobreviver.
_Hermione, por que será que Dumbledore colocou esta lembrança acima das outras?_O garoto perguntou, meio que adivinhando a resposta.
_Harry, tenho certeza que ele queria que a gente fosse pegar estes postulados e tentasse terminar o trabalho. _Disse Hermione.
_Você acha que não está terminado? Se fosse importante por que ele simplesmente não continuou a traduzir mesmo com a morte da minha mãe?
_Acho que não seria tão simples... _Dumbledore admitiu que sua mãe conhecia mais sobre isso que ele mesmo. Com a morte dela, acho que ele ficou um tanto desmotivado, até mesmo porque foi a época que Voldemort caiu, então, acho que ele simplesmente as deixou na casa de seus pais, Harry, nunca mais foi busca-las.
_Você está brincando... A casa foi destruída, Hermione.
_Eu sei, Harry, mas o porão de seus pais devia ter encantamentos para manter o porão seguro.
_Não sei, Dumbledore não deixaria que nada o desmotivasse, principalmente sendo os postulados tão importantes. _Harry falou observando a figura disforme de Rony ao longe, voando na vassoura.
_Mas, Harry, Dumbledore é humano também... Ele pode errar. Dumbledore pode ter adiado a tradução dos postulados... Ele pode ter querido esperar por alguma coisa... Além do mais, ele naquela época nem sabia direito do que se tratava. Mas acho que antes de morrer, ele deve ter achado um motivo importante para voltar a pensar nos postulados... Sei lá, Harry, só acho que é importante se o Dumbledore deixou essa lembrança na penseira.
_Você quer mesmo fazer isso, não é?_Perguntou Harry, finalmente.
Uma brisa fez os cabelos de Hermione esvoaçarem, e o seu rosto estava iluminado.






_Gina, entenda, vai ser uma viagem muito cansativa... Talvez fosse melhor você ficar em Hogwarts. _Disse Harry à garota, no salão comunal.
_Eu quero ir desta vez, Harry. _A menina disse, firmemente. Ela estava sentada em uma das poltronas, fazendo o exercício de História da Magia. _Eu quero conhecer o túmulo de seus pais, não vejo mal algum nisso. Ah, preferia não ter me matriculado na classe do Binns, ele está mais chato do que nunca. Mas fiquei motivada com os meus resultados nos N.O.M.S.
Harry olhou pedindo ajuda para os dois amigos. Rony fez sinal de que não sabia o que fazer, no entanto, Hermione falou:
_Harry, acho que não haveria problema em contar a Gina sobre isso.
Então Harry contou à garota sobre como Dumbledore deixara a lembrança sobre os postulados na penseira, e como Hermione achava que ele queria que eles fossem procurá-los.
_Então, vocês acham que se os postulados fossem traduzidos, nós teríamos mais chances contra você-sabe-quem? Mas então porque Dumbledore não continuou a traduzi-los?
_É como eu expliquei ao Harry. _Disse Hermione, gesticulando. _ Talvez Dumbledore não tenha percebido a importância daqueles postulados naquele momento... Acho que só percebeu ano passado, mas ele tinha que fazer algo importante, não podia traduzi-los, então adiou mais uma vez.
_E então, Gina, ainda vai querer ir?_Harry perguntou. _Mesmo que não encontremos os postulados, eu quero conhecer o túmulo de meus pais.
_ É claro que eu quero ir, Harry. Finalmente vou participar das suas aventuras... Quando iremos?
_Pensei em pedir a Mcgonagall para liberar o Rony neste final de semana, também posso pedir para libera-la. Acho que será uma viagem bem rápida, então, no final do domingo vocês já estarão de volta.
_Se quiser posso falar com ela... _Disse a garota.
_Você?_Perguntou Rony, surpreso._ Não acho melhor o Harry... Harry, você pode ir na minha sala amanhã no terceiro tempo, a Mcgonagall tem aula lá nesse horário.
_Tá OK. _Disse o garoto.
_Harry, posso acompanha-los nas lembranças do Dumbledore da próxima vez?_ A garota perguntou.
_Ah... Não é que eu não confie em você, Ginny, é que Dumbledore me pediu para dividir um assunto apenas com Rony e Hermione. É claro que ele falou isso porque não sabia o que estávamos sentindo um pelo outro, ele só me via com Rony e Hermione, mas mesmo assim, não quero desobedece-lo, por favor, entenda.
_Ah... Claro que eu entendo, Harry, só pensei que não haveria problema com a penseira... Queria ver como funciona. _Ela falou, baixando o olhar.
Harry sabia que ela estava triste, talvez até um pouco magoada, mas ela não entendia o dilema que ele estava passando, porque ele sabia que não haveria nada de mal em contar a Gina, mas Harry ainda queria fazer tudo como lhe pedira Dumbledore... Eu também cometo erros, Harry. Ele lhe dissera uma vez, mas agora não era um erro, foi apenas que não deu tempo de Dumbledore entender a importância que Gina tinha para Harry.
_A penseira é como as memórias de Tom Riddle, Ginny.
_Não me lembre disso... Ainda tenho pesadelos de vez em quando... Mas uma coisa foi legal, foi a primeira vez que estivemos em algo realmente grande... Isto compensou tudo o que eu passei...
_Ah, acho que vou dormir... _Disse Rony, depressa.
_Eu também. _Hermione falou, corando.
Os dois deixaram o salão comunal, que ficou deserto e silencioso por muitas horas, até que o pio alto de uma coruja devolveu a realidade a Harry.
_Edwiges!_Harry disse, sem fôlego. _O que faz aqui a essa hora?
Harry foi até o parapeito da janela, por onde uma brisa gelada lhe arrepiava a nuca e acariciou as penas alvas da coruja, ela bicou o dedo do garoto.
_Acho que está com fome... _Disse Gina. _Acho que ainda tem um pouco de torradas nas minhas coisas, trouxe hoje de manhã porque não tava a fim de comer com todos, sempre ficam fazendo perguntas sobre nós dois, vou pegar pra ela.
Então a garota sumiu e Harry rapidamente tirou a carta da perna da coruja, uma carta escrita em um pergaminho sujo e amassado em uma letra quase ininteligível.

Harry Potter,

Preciso urgentemente falar com você. Me encontre próximo à floresta proibida,
À meia-noite, sábado. Não permita que os aurores noturnos o avistem.
Assinado,
Guardião Branco.


Harry preferiu guardar a carta ao invés de mostra-la à Gina porque quem quer que fosse esse guardião, poderia ter a ver com o R.A.B.
_Trouxe a torrada. _Ela disse, enquanto cortava em vários pedacinhos.
Gina colocou a torrada no parapeito da janela, a coruja ciscou, mas logo em seguida lançou um olhar raivoso para Harry.
_Edwiges, seja boazinha, é tudo o que temos. Amanhã você come algo melhor, ok?
Mas a coruja bicou o dedo de Harry quando ele voltou a acariciá-la.
_Ela deve estar com raiva porque eu vim para Hogwarts e não a trouxe.
_Ainda bem que o meu bichinho não me dá problemas. _Disse Gina olhando com carinho para uma bolota cor de rosa que se encontrava em um cantinho do salão comunal.





Mamãe,

Eu, Gina, Hermione e Harry estaremos viajando no sábado. Calma, não é nada perigoso, só que o Harry quer conhecer o túmulo dos pais e nós queremos acompanha-lo.
Mcgonagall já deu permissão, por favor, não crie problemas.

Sinceramente,
Ronald Weasley.

A sala comunal estava praticamente deserta, todos continuavam a dormir e os quatro já estavam acordados. Levantaram cedo àquela manhã de sexta-feira para providenciar todos os preparativos para a viagem.
_Talvez fosse melhor você escrever, Gina. _Disse Rony, emburrado.
_A sua carta já está bastante boa, Rony. _Gina falou, penteando os cabelos ruivos.
_Você devia tentar ser mais carinhoso... _Avisou Hermione. _Acho que ela concederia de boa vontade... E não acho legal mentir que a Mcgonagall deixou, nós ainda nem...
_Ah, Mione, você por acaso não conhece a mamãe? A pessoa tem que ser dura com ela pra ela entender._Disse Rony fazendo um enorme ponto final na carta._E se eu dissesse que ainda nem falamos com a Mcgonagall ela nunca deixaria.
_Desisto, Rony.
_Vamos lá no corujal colocar a carta pro Pitchi levar? _Ele perguntou para Harry e Hermione.
_Eu não existo, né, maninho?_Gina perguntou, largando a escova no sofá e jogando os cabelos ruivos para trás.
_Ah... Vamos Harry, Hermione... _Perguntou mais uma vez Rony.
_ Seu idiota. _Gina falou, muito brava. _Hermione, não sei como você agüenta o Rony...
_Nem eu mesma sei... _Suspirou a garota, sorrindo.
Então Rony ficou parado olhando muito irritado para Hermione.
_Eu tava brincando, Ron-Ron. _Ela disse mais uma vez.
_FAZ O FAVOR DE NÂO ME CHAMAR DE RON-RON, AQUELA HISTÓRIA JÁ ACABOU, OK?
Lilá Brown acabara de entrar no salão comunal, fechou a cara para os dois e deixou a sala pelo quadro da mulher gorda.
_Viu o que você fez?_ Hermione perguntou, abafando o riso.
_Vocês dois vão ou não comigo pro corujal?_ele perguntou, olhando feio para Gina.
_Já voltamos, Gina. _Disse Harry à garota, Harry queria contar aos amigos sobre a carta que recebera.
_Não se preocupe, Harry.
Os três caminhavam pelo corredor teorizando sobre quem seria o misterioso guardião. Ao chegar ao corujal, Harry encontrou a sua coruja muito mais calma e serena, depois de dois ou três camundongos roliços.
_Harry, nós vamos estar viajando no sábado. _Disse Rony, de repente.
_Além disso, não acho bom você se encontrar com quem quer que seja assim às escuras...
_Mione, o cara não exigiu que estivesse escuro, o Harry pode usar o Lumus...
Harry e Hermione riram.
Pitchi que havia saído para dar uma voltinha do lado de fora do castelo e acabara de retornar, fazendo piruetas no ar para chamar atenção dos garotos. Edwiges piou com desdém. A pequenina corujinha deu uma longa volta em torno do corujal e desceu em linha reta esbarrando pelas ossadas de camundongos até que levantou vôo e pousou em um puleiro vazio.
_Exibida. _Resmungou Rony, colocando a carta junto à perna da coruja.






No horário que seria o terceiro tempo para Rony e os alunos do sétimo ano, Harry deixou a ronda em volta do castelo para procurar a diretora. Ao chegar à porta da sala de Rony, Harry espiou pela fenda da porta entreaberta os amigos tendo aula. Lá estavam Neville, Parvati, Lilá e tantos outros. Todos despreocupados a fazer anotações de qualquer jeito do que a profa.Mcgonagall lhes explicava.
_Harry, entre... _O garoto ouviu a voz da diretora, que deve te-lo visto.
O menino escancarou a porta e entrou. Os antigos colegas sorriram e o cumprimentaram, ele retribuiu.
_Algum problema, Potter?_Perguntou Mcgonagall, fitando o garoto.
_Ah, nenhum, diretora. Quer dizer, na verdade queria fazer um pedido a senhora. Queria, se pudesse, pra senhora liberar o Rony e a Gina...
Ela observou o rosto implorante de Rony, que debruçava-se sobre a mesa para observar melhor a cena e perguntou:
_Algum motivo especial ou... Perigoso, Potter?
_Não, senhora. _ O garoto respondeu, depressa. _Eu vou ver o túmulo dos meus pais e eles gostariam de me fazer companhia.
_Bom, neste caso podem ir, sim. _Disse ela um tantinho desconcertada.
_Muito obrigado, diretora. Com licença.

Rony deu um grande sorriso para o amigo, que retribuiu.






Era quase madrugada do sábado ainda quando Harry despertou. Estava dormindo na mesma cama de sempre, que felizmente não havia sido escolhida por nenhum aluno novo. Trocou o pijama por uma calça jeans e uma camisa e colocou os óculos. Guardou algumas mudas de roupas dentro de uma mochila, e acordou Rony.
_Ah, Harry, só mais cinco... m-minutinhos..._Pediu o ruivo enrolando-se nas cobertas.
_Rony, ainda temos que chegar no domingo._O garoto avisou.
O menino abriu os olhos, que tinham uma coloração verde-azulada e bocejou, em seguida indo trocar-se também. Minutos depois encontraram as garotas no salão comunal, que já haviam tomado banho, vestido-se e estavam prontinhas è espera deles.
_Como pode?_Harry perguntou.
_Eu e a Gina acordamos com o pio do Pitchi. Veja a resposta da sua mãe, Rony. _Disse Hermione.


Rony Weasley,

Eu permito que vocês vão com Harry até o túmulo dos pais deles, mas essa minha decisão não tem nada a ver com a da diretora Mcgonagall. Tomem cuidado com Gina, por favor. Por que não pedem a Hagrid para acompanha-los?

Beijos,

Mamãe.

_O que acha, Harry?_Rony perguntou. _ O Hagrid seria uma companhia e tanto, não?
_Desde que ele não saiba exatamente o que vamos fazer lá... Vamos dizer que queremos apenas ver o túmulo, ok? _Avisou Harry.





Eles partiram depois do café da manhã, junto a Hagrid, que aceitou ir com eles. Deixaram o terreno de Hogwarts e seguiram para Hogsmead, onde Hagrid dizia conhecer uma pequena locomotiva que levava até as proximidades de Godric´s Hollow. Não era um transporte muito rápido e Hagrid teve muito tempo para encher os garotos de perguntas. Mas, afinal, eles tomaram um delicioso chocolate quente com rosquinhas açucaradas lá, e apreciaram a vista como faziam no expresso de Hogwarts.
Godric´s Hollow era um povoado cheio de belas casas com estilo suíço, que estavam despedaçadas e carcomidas. Haviam muitas flores, mas a maioria estava murcha. E havia folhas secas em todo o caminho. Havia uma neblina assustadora no ar.
_Isto costumava ser lindo.... _Hagrid falou, desolado.
_Harry, acho que tem dementadores por aqui. _Disse Hermione, preocupada.
_Acho que não... _Hagrid disse. _Acho que eles já fizeram muito serviço por aqui, acho que já deixaram o lugar.
Mas nem todos haviam deixado o local, quando cruzavam uma rua deserta, Harry sentiu o clima esfriar, o barulho de folhas secas sendo pisadas parou e percebeu um vulto vindo em direção a eles. Antes que Harry sacasse sua varinha, Gina tirou a dela e murmurou, confiante:
_Expecto Patronus!
Um enorme gato feito de fumaça prateada se desprendeu-se da varinha da menina e enfrentou o dementador, que imediatamente foi acuado e sumiu.
Harry ficara extremamente orgulhoso da namorada. O patrono dela era corpóreo e perfeito. Eles mesmos aprenderam a conjurar um patrono durante as reuniões da Armada Dumbledore. Ele gostaria que Slughorn a visse fazer isso, iria ficar realmente satisfeito. Neste momento, Harry se perguntou onde poderia estar o velho professor de poções...

O bom de levá-lo junto a eles, foi que ele sabia exatamente onde ficava o cemitério em que os Potter foram enterrados. Os meninos ficaram surpresos, no entanto, quando perceberam tratar-se de um cemitério bruxo.
Godric´s Hollow, Cemitério Particular.
_Um cemitério bruxo, que demais!_Disse Hermione ao ler a placa.

Havia uma guarita do lado do portão principal, que estava trancado com um enorme cadeado.
_Alô... _Disse um homem de dentes podres e rosto amassado.

Ele vestia vestes imundas, sua roupa era maltrapilha e encardida, ele estava dentro da guarita e balançava um molho de chaves como se fosse um bebê a balançar um chocalho.
_Somos bruxos. _Hagrid murmurou baixinho.
_Dá pra perceber, não existem humanos desse tamanhão... Parente dos gigantes, hein?
_Meio-gigante. _Respondeu Hagrid, corando.
_E você é... _ O velho apontou para Harry. _ Ora, é Harry Potter! Até que enfim te vejo, menino, seus pais foram enterrados aqui há décadas e você nunca apareceu...
_Vai nos deixar entrar ou não?_Rony perguntou impaciente, havia teias de aranha espalhadas por toda a guarita do homem.
O velho saiu da cabina a custo e abriu o portão, com uma chave enorme e enferrujada.
_Sem feitiços que chamem atenção, rapazes. _Disse o velho fazendo-os entrar.
Os túmulos eram altos e geralmente feitos de mármore. Havia diversas estátuas que dariam arrepios em qualquer trouxa. Rosas negras que Harry nunca havia visto antes enfeitavam vários túmulos. Havia uma neblina pairando sobre algumas sepulturas e Harry percebeu Rony estremecer. O velhos os acompanhou até a catacumba dos pais dele, dissera a eles que já fora muito visitada por curiosos, que queriam conhecer os pais do menino que sobreviveu. A sepultura deles ficava próxima a uma enorme estátua de dois anjos carregando um embrulho entre os braços, que parecia-se muito a um bebê, havia um ser sinistro vestido em uma capa que ameaçava os anjos com uma varinha, ele tinha o olhar feroz no bebê. Então, ao chão Harry notou uma lápide fina de mármore branco onde estava escrita a seguinte frase: Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós. Thiago e Lílian Potter, pais amados e amigos inesquecíveis.



_Acho que sabem o caminho de volta... _Disse o velho, antes de ir embora, sumindo detrás de outros túmulos.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.