Mudança de opinião



Aviso: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor deste texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas a JKR.

Por favor, não me processem! Só peguei emprestado para me divertir e divertir os outros!
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Cap. 05 – Mudança de opinião

Já no seu quarto, Mione tentava assimilar tudo que tinha ouvido lá embaixo. Embora suas perguntas fossem prontamente respondidas, não conseguia parar de pensar no assunto:

Será que tudo isso é mentira? Não, não é, o feitiço lembra? Respondia sua própria consciência.
Porque Dumbledore aceitou assim morrer? Porque ele era sábio.
Mas porque ele não pensou em Harry? Pensou sim, todo mundo tem que seguir sozinho sua história.

Nenhuma pergunta ficava sem resposta, ela conheceu um pouco do grande diretor, e sabia que ele daria mesmo sua vida por outras pessoas, fosse ela quem fosse. E Draco... Harry disse que ele não queria mesmo matar ninguém.

Mas a pessoa que mais ela pensava era em Severo Snape. Não entendia como Dumbledore o forçou a renunciar ao amor que sentiu um dia. Logo ele, Dumbledore, a pessoa que mais amor tinha em seu coração. Era uma injustiça, condenar a pessoa a uma vida sem amor só para se redimir de erros do passado. E o que era pior, renunciar o amor sem poder proteger a pessoa amada, vê-la morrer mesmo após isso, essa deve ter sido sua pior dor.

Agora ela entendia porque o ódio intenso que ele sentia por Harry. Um preço muito alto a ser pago por ter sido um comensal. Ela mesma, nunca renunciaria a um amor por nada. E pensar que depois desse sacrifício todo nunca mais veria a pessoa amada! Ela se foi, e ainda, porque você provocou isso tudo! Como ele sofreu meu Deus! Como deve sofrer ainda pela culpa, como deve doer dentro dele ao ver Harry, ao ver os olhos dela através dele.

E isso tudo guardado só para ele. Deve ter sido muito duro expor isso pra ela. Por isso aquela amargura toda, aquele jeito grosso, tudo isso é uma auto-proteçao para não amar novamente. Quanto peso para uma só pessoa! Talvez agora ele esteja se sentindo melhor... Abriu seu coração...

E porque Dumbledore a escolheu? Era uma carga pesadíssima intermediar essa história toda. Como ela ia fazer para expor tudo isso, e o pior, como ela ia fazer alguém acreditar nisso? Era só uma garota de 17 anos! Quem iria levá-la a sério? Todos sempre desconfiaram dele, Dumbledore era o único que tinha certeza de sua fidelidade, e agora estava morto! Como seus amigos reagiriam? Ela saiu para uma missão e voltar com o resultado totalmente invertido. Iriam dizer que ela estava louca, ou quem sabe, enfeitiçada. Isso se não dissessem que Snape deu uma poção para confundir para ela tomar.

Como explicar o fato que dentro de si agora não sentia mais ódio nem raiva. Só sentia uma grande vontade de ajudá-lo, de acolhê-lo. Que sentimento era esse que sentia agora? Compaixão? Não sabia. Pela primeira vez na vida Mione não sabia responder uma pergunta feita por si própria.

A missão que agora tinha era muito maior que uma vingança. Era fazer renascer uma pessoa amargurada, devolver a alegria de viver, devolver o amor perdido. Estremeceu ao pensar nessa possibilidade, como iria devolver o amor que ele nunca teve? Dumbledore com certeza saberia responder, e se ele já sabia que ela iria ser a designada para isso era por que sabia o que iria sentir quando descobrisse a verdade. E agora? Como começar?

*
*
*

No andar de baixo, Severo Snape ainda permanecia sentado na sala com os pensamentos a mil por hora. O que será que ela concluiu? Tinha certeza que ela acreditara na história dele, mas será que estaria disposta a ajudá-lo? Será que ela iria enfrentar os amigos para defendê-lo? Pelo que conheceu dela nesse tempo de aluna e professor, tinha certeza que ela iria ficar do lado dele, ela era ética, honesta, e sempre estaria do lado de quem tivesse a razão. Ela nunca deixaria que ninguém cometesse uma injustiça, mesmo que fosse ao seu maior inimigo.

Até hoje só uma pessoa tinha sido assim com ele: Lilly Evans. Uma lágrima teimosa desceu de seus olhos ao lembrar dela. Com um aceno da varinha uma música suave começou a encher o ambiente. Uma música que ouvia quando era criança, nas vezes em que seu pai estava de bom humor, raríssimas vezes por sinal e que refletia todos esses anos de ausência dela:

“Batidas na porta da frente, é o tempo,
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento
Mas fico sem jeito calado, ele ri,
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei.”

Todos esses anos não tiveram um só dia, nem uma só noite que não pensasse nela. Viveu todo esse tempo lembrando da menina que o defendia de um grupo de garotos e que ele com seu preconceito fingido tratava mal. Sua ambição por poder sempre fora grande e isso o impediu de seguir um caminho que poderia ser de flores, não de trevas.

“Num dia azul de verão, sinto o vento,
Há folhas no meu coração, é o tempo
Recordo o amor que perdi, ele ri
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei
E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro, sozinhos...”

Sozinho, sempre ficou sozinho, tinha apenas uma pessoa que além dele podia saber o que sentia, Dumbledore, mas agora ele estava novamente sozinho...

Não, não está mais, e ela? Perguntava sua consciência.
Ela? Como se alguém fosse levá-la a sério.
Dumbledore levou. Ele lhe garantiu que ela o ajudaria. Novamente falou a voz da sua consciência.

Por causa de Dumbledore estou aqui agora, ouvindo uma música trouxa, pensando na Evans... Por causa dele sou agora um fugitivo.

Mas... Agora a Granger está com você... E elas são tão parecidas: ambas grifinórias, monitoras, estudiosas, excelente em todas as matérias, com personalidades tão fortes e ao mesmo tempo tão doces, jovens e belas...

Ficou de pé de repente.

Cala a boca sua voz idiota!

Dumbledore! Por favor venha em meus sonhos e diga que não é o que estou pensando! Você não pode fazer isso comigo! Porque alguém tão parecido? Eu agora já sou maduro o suficiente, não vou deixar nada fugir do meu controle! Ela é apenas uma garota! Só vai me ajudar a provar minha inocência. Pronto só isso!

Mas aquela vozinha em sua mente encerrou sua discussão:

Isso querido Severo, só o tempo dirá.

E a música continuava ao fundo;

“Respondo que ele aprisiona, eu liberto
Que ele adormece as paixões, eu desperto
E o tempo se rói, com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder, me esquecer.”

*
*
*

O dia já amanhecia quando Hermione, ainda sem dormir, revivendo cada palavra da noite anterior, sentiu fome e resolveu descer para comer alguma coisa na cozinha. Ao passar pela sala viu Snape, ainda no sofá em que haviam conversado dormindo profundamente. Parou para olhá-lo e os pensamentos da noite anterior voltaram com tudo em sua cabeça.

“Condenado a uma vida sem amor”
“Você tem uma missão”
“Ajudá-lo, acolhê-lo”.

Sacudiu a cabeça para afastar as lembranças e passou a admirá-lo. Era um homem jovem ainda, nos cabelos negros, que lhe cobriam parcialmente o rosto, não existia um único fio branco, embora já beirasse os 40 anos. Assim dormindo, sua expressão era muito diferente da habitual, aquela que sempre carregava de introspecção, amargura, rigidez. Agora ele tinha uma expressão bem mais suave, serena.

Sem perceber sua mão deslizou para o rosto dele e ela se viu afastando as mechas de cabelos que lhe cobriam a face. Estava totalmente envolvida pela necessidade de ajudá-lo. Sentiu-o respirar mais profundamente quando sua pele encostou na dele. Seus olhos se encheram de lágrimas ao lembrar que ambos agora tinham uma batalha praticamente já perdida para enfrentar. Ajoelhou-se ao seu lado e começou a sussurrar palavras mais para si própria:

- Snape, o que vamos fazer agora? Eu me sinto tão perdida... Não posso deixá-lo, mas preciso não consigo encontrar uma direção a seguir... Poderia me mostrar?

Ele abriu os olhos e a encarou por alguns segundos. Indeciso entre tratá-la como habitualmente ou como gostaria que fosse dali em diante. Falou numa voz rouca:

- Sim, Granger. Posso guiá-la.

Ela tomou um susto tão grande que se pôs de pé num salto.

- Desculpe... Eh... Eu, eu... Não queria acordá-lo.

Novamente a dúvida, ouviu a voz de Dumbledore na sua mente abra verdadeiramente seu coração.

- Quem me dera ser acordado assim, todos os dias Granger.

Arrependeu-se no minuto seguinte. Estava louco?

- Desculpe Granger, não estou desperto totalmente ainda.

- Não tem problema, mas... O senhor ouviu o que eu falei?

- Sim Granger, ouvi cada palavra. Não dormiu essa noite? Pensando naquele rolo maluco em que se meteu, suponho.

- Eu... É... Não dormi mesmo... Na verdade eu não consigo dormir sem a poção do sono há alguns meses e a minha acabou. Embora eu tenha certeza que mesmo que tomasse um litro dela, depois de todas aquelas informações, não conseguiria dormir.

- Quanto à poção não se preocupe, ainda sou o mesmo preparador de antes e também preciso dela algumas vezes... E quanto a sua decisão... Quer mesmo me ajudar?

- Sim... Eu não posso deixar de atender um pedido de Dumbledore.

- Ah, sim, o pedido. – Snape não conseguiu esconder desapontamento na voz.

- Mas... Também eu... Eu... Não podia deixá-lo carregar esse fardo sozinho, agora que ele se foi e só eu sei a verdade... Eu não conseguiria mais viver em paz... Será uma honra lutar ao lado de alguém que sempre admirei.

- Admirou? – O sorriso sarcástico estava de volta – Eu sempre fui rude com você todo esse tempo, como pode me admirar?

- Você sempre teve uma postura, fosse qual fosse à situação... E não esqueci que tentou salvar o Harry no 1º ano protegendo a pedra filosofal e quanto a mim, não costumo guardar rancor, diferente de você, desculpe a sinceridade. Quando aconteceu tudo aquilo no castelo, fui uma das últimas pessoas que esteve com o senhor naquela noite e não me atacou... Poderia tê-lo feito, afinal eu sou a pessoa mais próxima de Harry junto com o Rony, sua imagem seria ainda mais respeitada se entregasse para aquele que se auto-denomina Lord não só o Professor Dumbledore, mas eu também.

- Creio que de todas as pessoas do mundo bruxo só você pensou nessa possibilidade Granger. A única com inteligência... Não reconheci isso antes, esse é o meu jeito... Quer mesmo entrar nessa barca?

Ele estendeu a mão para apertar à dela, e selarem assim o acordo entre os dois, a moda trouxa.

- Sim, claro.

Respondeu ela sorrindo e apertando a mão dele.

- Só mais uma coisa Snape?

- Sim Granger?

- Agora que somos uma dupla, poderíamos nos tratar pelos nossos primeiros nomes?

- Continuamos a estar envolvidos profissionalmente, senhorita. Não entendo por que.

- Simplesmente porque é muito mais humano... Me sinto muito mais confiante, quando alguém me de Hermione.

Hesitou alguns instantes. Ela tinha que ser tão educada?

- Claro, sem problemas... – Nova hesitação – Hermione.

Ela sorriu e disse:

- Obrigada, Severo.

Caminharam para cozinha, teriam seu primeiro café da manhã juntos... Como prisioneira e Algoz, mas ainda assim, juntos.

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