A Nova Profecia



Harry, os Dursleys e os Weasleys foram os últimos a sair do Galpão preparado para o casamento. Lá fora, a chuva caía intensamente, com alguns raios cortando o céu negro.
Fleur tentava em vão limpar o vestido branco que a esta hora já estava todo enlameado.
- Mas que merrde! – ela xingou baixinho, mas Gui, agora seu marido, agarrou-a e a beijou – Oh, Guilherrme... mon’amour! Cherry!
Os dois se beijaram apaixonadamente e, no mesmo intante, a senhora Weasley e, por incrível que pareça, a tia Petúnia suspiraram.
Harry abaixou os olhos, não queria imaginar-se novamente na pele de Gui com Hermione tomando o lugar de Fleur. Essa possibilidade parecia agora ridícula depois do baile. Saber que Hermione era a mulher de Viktor Krum era uma coisa que não esperava.
- Pai, mãe... nós vamos indo! - disse Gui acenando, e no instante seguinte os recém-casados haviam aparatado. Harry sabia que o casal passaria a lua de Mel no Brasil, numa cidade encantada chamada Porto Mágico.
Quando Harry e os outros entraram na toca, acharam Dumbledore e professora Macgonagal cochichando baixinho na cozinha.
- Professor Dumbledore! – disse o sr. Weasley, já bem cansado. – O senhor será hospede em minha humilde casa, eu espero.
- Oh, não, Arthur... – respondeu o diretor, agradavelmente – Eu e a professora Minerva estamos numa estalagem aqui perto. No entanto, eu gostaria de conversar com o senhor por um instante... é sobre o seu novo cargo no ministério.
- Sim, claro, professor... – concordou o. Sr. Weasley.
Dumbledore olhou para Harry e os outros.
- Harry, se quiser ir para o quarto, eu o encontro logo. Precisamos conversar urgentemente.
Harry concordou. Estava meio cansado mesmo.
Quando já ia subindo as escadas atrás dos Weasleys filhos, o tio Walter segurou-o pelo braço.
- Onde nós vamos dormir, garoto?
- Ah... – disse Harry, ironicamente. – Vocês podem dormir no sofá... tenho certeza que os Weasleys não se importarão.
- Nós... os Durleys... no sofá...? – perguntou a tia Petúnia, indignada.
- Ah... bom... se não quiserem, podem dormir no porão junto com o vampiro do Rony.
- Vampiro? – Gritou a tia petúnia apavorada – Existem vampiros?
- Não se preocupe, tia... é velho, nem morde mais e se morder vai ser como um mosquitinho... a tia nem vai sentir... – Harry sorriu, apesar de estar extremamente triste em seu interior – Mas, é claro, se não quiserem dividir o porão com um vampirinho... tenho certeza que a Sra. Weasley deve ter um armário embaixo da escada... não foi onde eu dormi por tanto tempo...?
- Ora, não diga besteira, querido – Interveio a Sra. Wesley, visivelmente cansada. – Dumbledore fez a gentileza de conjurar alguns quartos extras para a ocasião. Eu reservei um para seus tios e o menino. Venham comigo, eu lhes mostrarei o caminho...
E dizendo isso, a Sra Weasleys desapareceu por uma porta que Harry sabia, não existia antes ali na toca.
Exausto e desejando estar logo na cama, Harry não perdeu tempo e subiu as escadas. Rony, que dormiria no mesmo quarto entrou com ele e depois Malfoy e Gina.
- Você não vai dormir aqui também vai? – Malfoy perguntou a Gina.
- Você acha que eu tenho cara de quem vai dormir com um bando de rapazes? – disse Gina, sarcasticamente – Na verdade eu só vim para saber exatamente o que está acontecendo. Eu vi a cara da Mione na festa e, pelo jeito, alguma coisa muito grave está acontecendo.
- Eu não sei se é grave – Harry começou, sem muito entusiasmo – Mas é definitivo: Hermione está casada com Krum!
- O que? – perguntaram Gina, Malfoy e Rony ao mesmo tempo.
- É isso mesmo... Hermione está casada com Krum...
- Mas que... filha da mãe! – Rony xingou. – Ela fez todo aquele teatro de estou morrendo... estou muito mal... e agora aparece nos braços daquele búlgaro com cara de bulldog.
Malfoy deixou-se cair sobre uma das camas, tentando, em vão, ordenar os pensamentos.
- Deve haver uma explicação! – Draco falou num burburio.
- È claro que há! – Rony revidou – Hermione virou a casaca! Nunca imaginei que ela faria uma coisa assim, mas ela fez agora exatamente o que fez naquele baile de inverno no torneio Tribruxo: flertar com o inimigo... mas parece que agora ela foi mais longe... está dormindo com o inimigo.
- Não seja bobo, Rony! – Gina ralhou, reanimando-se do choque inicial. – Eu não sei exatamente o que está acontecendo, mas sei que Hermione está precisando de ajuda.
- E como você sabe disso? – Harry perguntou à garota.
Quando Gina abriu a boca para falar, a porta rangeu e Dumbledore entrou.
- Uma mulher sempre entende outra mulher, não é? – Dumbledore sorriu para Gina. – Antes achava que era intuição feminina... mas na verdade é um feitiço muito poderoso e antigo... tão antigo que os homens não conseguem dominar...
- Então, Hermione está mesmo precisando de ajuda? – perguntou Malfoy, curioso.
Dumbledore olhou em volta, demorando-se em Malfoy, Gina e Rony.
- Bem, eu queria ter uma conversa com Harry, mas acho que vocês merecem ouvi-la. Sentem-se.
Harry, Gina e Rony sentaram-se ao lado de Malfoy para escutar o diretor falar.
- Harry... veja bem... eu sou apenas um velho tolo que aprendeu muito sobre magia, mas muito pouco sobre o coração de uma mulher... e o coração de uma mulher é um oceano profundo de segredos. Mas se não estou enganado, Harry, Hermione está realmente precisando de ajuda, como a srta. Weasley sugeriu. Hermione está com sérios problemas.
- Sérios problemas? – Harry perguntou – É sobre o exercito do Mal?
- Exército do Mal? Então já está sabendo da profecia? – perguntou o diretor.
- Profecia? Isto faz parte de uma profecia. – Harry perguntou, sem entender.
Harry contou-lhe rapidamente o que aconteceu no beco diagonal dois dias antes e sobre a velha na travessa do tranco falando sobre o exercito do Mal.
- Uhm.... – respondeu o velho, incognitamente depois que Harry explicou tudo. – Infelizmente, Harry... não tenho resposta para isso. Não sei o que é “Exercito do Mal”, mas lhe prometo que vou pesquisar incessantemente até descobrir o que isto pode ser.
- Então é outra coisa que o senhor quer me falar? – Harry perguntou, ainda mais ansioso.
- Sim, Harry, algo que aconteceu um pouco depois de Voldemort ser derrotado.
- E o que aconteceu? – Harry perguntou, esfregando as mãos nervosamente.
- Você sabe que quando a notícia de que Voldemort fora derrotado por você se espalhou, Harry, o mundo mágico vibrou de alegria. Durante semanas, muitas semanas, as pessoas comemoravam nos bares, nas ruas. Num dia desses, estávamos nós no Três Vassouras: Fudge, a professora Macgonagal, outros membros do ministério e... Viktor Krum.
- E então? – perguntou Harry, para o que o diretor falasse logo o que queria.
- Estava também a professora Trelawney, Harry e você deve estar imaginando agora o que aconteceu.
Harry pensou por um segundo, antes de responder.
- Uma nova profecia... Trelawney fez uma nova profecia?
- Exatamente, Harry. Estávamos brindando em seu nome, quando a professora teve uma nova premonição.
Dumbledore brandiu a varinha e, como num holograma, surgiu bem no meio do quarto entre o professor sentado numa cama e dos garotos na outra, a figura esdrúxula da professora Trelawney, o corpo retesado, a voz num tom baixo e profundo e burburava a profecia:

“E eis que enfim, quando tudo estiver perto da maldição
A filha do mestre das trevas ressuscitará o exercito do mal.
O povo das terras saíra e caminha mais uma vez sobre a Terra novamente
E somente o povo menor poderá findar aquilo que se iniciou
A cadeia do mal não cessará enquanto o povo menor não se manifestar.”

O holograma desapareceu e consigo a imagem da Prof. Trelawney.
- O que isto quer dizer? – Harry perguntou.
- Não sei, Harry – confessou o professor Dumbledore – mas não foi uma boa coisa. As pessoas ficaram malucas naquele dia. O ministério teve muito trabalho para abafar aquilo, mas estavam todos com muito medo. Foi então que Viktor Krum disse que resolveria o problema, capturando a “filha do mestre das trevas”.
- Hermione!
- Exatamente! Ele acalmou as pessoas, muitas pessoas influentes, dizendo que manteria Hermione sob seu domínio, mas se o fizesse, ele teria que ser o novo ministro da magia. Pode adivinhar, Harry, que quando Krum apareceu com Hermione, as pessoas votaram nele para ser o novo Ministro da Magia.
- Maldito idiota!
- Sim. Ele mantém Hermione como uma prisioneira, Harry. É por isso que Hermione precisa de nossa ajuda, principalmente da sua ajuda. – Dumbledore falou, olhando fixamente para Harry – Eu falei com todos no Ministério da Magia. Falei que nós não poderíamos permitir isso. Ele praticamente a obrigou a se casar com ele. Mas ninguém quis fazer nada por Hermione, pois pensam que ela pode suceder Voldemort na trilha do mal.
Quando Dumbledore acabou de falar, Rony, Gina, Malfoy e o próprio Harry mal podiam acreditar.
- Eu fui muito injusto com ela! – Harry concluiu tristemente. – Eu a acusei de ter se casado com Krum por interesse. Ela jamais vai me perdoar, jamais vai me deixar aproximar novamente.
- Claro que vai, Harry – disse Gina, não acreditando nas próprias palavras. – Você é o único que pode se aproximar dela, agora.
Harry duvidava!
- Harry, de qualquer forma – Dumbledore continuou – Eu quero que você tenha muita calma em Hogwarts. Hermione depende de você, mas você não pode se indispor com Krum agora. Lembre-se de que ele é o Ministro!
- E Voldemort, professor Dumbledore – disse Harry, para surpresa de todos – Será que Voldemort não está por trás disso tudo.
- Claro que não, Harry! – respondeu o diretor com urgência, como se Harry tivesse falado alguma coisa muito absurda. – Voldemort está morto! Você o destruiu, lembra-se.
- Uhm... espero que sim... – disse Harry, enquanto todos o olhavam. Todos acharam gozado o que ele falara, mas para Harry essa era uma possibilidade. Ele não acreditava na morte de Voldemort, não enquanto não visse seu corpo à sua frente.


Quando o dia de retornar para Hogwarts enfim chegou, tio Dursley fez questão de levar Harry até a estação e, pela primeira vez em sete anos, fez questão em entrar na barreira para acompanhar o sobrinho pela plataforma 9 ¾.
- Nossa! Que coisa interessante! – disse a tia Petúnia quando atravessou a barreira.
Os Durleys se despediram de Harry ao lado dos Wealeys, enquanto os garotos se acomodavam numa cabine vazia. Harry acenava pela janela quando viu uma movimentação do outro lado da plataforma. As pessoas corriam para circundar Viktor Krum que chegou acompanhando Hermione (na verdade ele quase arrastava a garota, puxando-a pelo braço, o que irritou Harry profundamente). Mas para a total infelicidade de Harry, Krum resolveu juntar-se a ele e ao Weasleys em sua cabine.
- Oh! Olá! Esperro que non se imporrte de ficarrmos com vocês... afinal são amigos... de minha mulherr... non?
- Claro que não! – disse Gina, sentada entre Harry, Rony e Malfoy. – Sentem-se à nossa frente. Tem muito espaço.
- Sim... só porr um tempo. Devo me juntarr ao vagão Ministerrial...
Hermione olhou para Harry, mas quando este olhou para ela, ela abaixou a cabeça e depois olhou para fora e vendo a sra. Weasley acenou para ela.
- Vocês devem saberr que como o Ministerrio da Magia foi destrruído no ano passado, nós do Ministérrio ficarremos em Hogwarrts.... pelo menos porr enquanto.... mas isso vai serr muito bom... assim eu poderrei ficarr mais juntinho de minha querrida Herrmio-ni-ne.
Krum pegou a mão de Hermione e a beijou, mas ela deu um muxoxo e olhou para fora como se estivesse muito entendiada.
- Bom.... eu prreciso irr agorra... deixo minha mulherr com os amigos... nos vemos no jantar, querrida.
Harry esperou que Krum saísse para se sentar ao lado de Hermione.
- Hermione! – Harry disse e segurou na mão de Hermione que se virou para ele.
- Harry eu... sinto muito por você saber que eu... bem... que eu estou casada com Krum desta maneira, mas... aconteceu tanta coisa... eu nem consegui explicar para você. Sinto muito por ter batido em você... eu não queria...
- Tudo bem, Hermione, Dumbledore me explicou. Ele me disse que Krum obrigou você a se casar com ele.
Hermione abaixou a cabeça.
- Isso é verdade? – Harry perguntou, sem largar a mão de Hermione.
Hermione balançou a cabeça consentindo.
- Eu vou matá-lo... juro que vou matar aquele filho...
- Não, Harry! – disse Hermione, suplicando para que Harry se acalmasse. – Ele é o Ministro da Magia... e gostando dele ou não, ele conseguiu acalmar as coisas. Todo mundo já esqueceu de Voldemort há essas horas, mas ninguém esqueceu que eu sou a filha dele.
- Era... hermione... era a filha dele.
- Sim, que eu era a filha dele.... bom... pelo bem ou pelo mal, foi bom para que as pessoas me aceitassem novamente. Acham que Krum me controla, que me mantém na linha, caso eu me tranforme em alguma coisa... ruim.
- Mas isso nunca vai acontecer... não é, Hermione. – Harry perguntou.
- Claro que não. – ela consentiu.
- Então, podemos dizer a Krum para se mandar. Dizer que não precisamos dele por perto. Se não há nenhuma ameaça, podemos anular esse casamento. A não ser que... bom... que vocês...
Hermione arregalou os olhos e corou sem graça.
- Não, claro que não, Harry! Ele não tocou em mim. Estamos dormindo em quartos separados.
- Ótimo! – disse Harry, sorrindo e respirando aliviado. – Só me diz mais uma coisa, Hermione. Como você está? Você está curada?
Hermione levou a mão ao peito e fez uma careta de dor.
- Estou trabalhando nisto, Harry. Tentei pesquisar, mas não achei em nenhum dos livros que eu tenho uma cura definitiva. Tenho esperanças de encontrar algo em Hogwarts, na seção reservada. Bom, ainda tem Snape que é ótimo em poções. Espero conseguir uma cura, mas vai ser bem difícil. Ninguém no hospital St. Mungus tem a mínima idéia do que fazer... e olha que são os melhores medi-bruxos do mundo.
- Bom.... e a poção que você me deu? – Malfoy perguntou, tirando dos bolsos uma pequeno frasco. Podemos usá-la sempre, não?
- Não, Malfoy, não para sempre. Ela nos curou e alivia nossas dores, com certeza, mas depois de um tempo, ela intoxica o osganismo. Podemos tomar apenas três frascos dessa poção... e eu já comecei a tomar a segunda.
Hermione abriu o malão e tirou dois frascos e deu-os para Malfoy.
- Quando terminar esse frasco, comece esses dois.
- Hermione... – disse Harry sorrindo para Hermione e olhando depois para Rony. – Será como antigamente, não é? Nós três vamos ficar juntos, não vamos?
Hermione também sorriu, mas depois seu sorriso morreu nos lábios e por um segundo, Harry pensou ter visto uma sombra no rosto da amiga.
- Hermione? – Ele perguntou com medo do olhar de Hermione. Era um brilho escuro e estranho.
- Vamos ficar juntos, sim! – respondeu Hermione, por fim - Krum vai estar no castelo também, mas vamos dar um jeito de ficarmos juntos. Nós três... como nos velhos tempos...
Gina e Malfoy se entreolharam. Estava nítido que os dois não estavam nos planos de Harry, Rony e Hermione. Também pudera, aquele trio sempre foi inseparável. Não seria agora no sétimo e último ano que seria diferente.
Mas nem Harry, nem Rony poderiam imaginar os segredos que Hermione possuía em seu coração...

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.