Camaleão...



Harry aparatou em frente da casa dos Granger em Hove Ville, completamente esbaforido, esperando encontrar Hermione em casa, mas antes que entrasse, olhou para as janelas do segundo e terceiro andares e petrificou quando viu alguém que não esperava ver: Malfoy e Hermione discutiam no quarto que fora dos pais adotivos dela.
Sem conter a curiosidade, Harry escalou por uma tela de cerca viva, alcançando parapeito da janela, onde ficou escondido para ouvir e ver melhor.
- Não me ameace, Malfoy, eu já tenho tido encrencas demais! Além do mais, você não sabe do que sou capaz – gritou Hermione, gesticulando nervosa para Draco.
- Eu já vi do que é capaz! E aquela palhaçada na batalha, hein? Você armou pra mim, Hermione. Eu não sei quem é o homem que estava se passando por mim, mas agora todo mundo está achando que eu sou o líder dos comensais.
Hermione hesitou em falar, parecendo pensativa.
- Harry acha que é meu pai!
- O que? – Malfoy estava lívido – Não pode ser não é? O Lord das Trevas está morto, não é?
- Eu não sei! Sinceramente, eu não sei quem era! Eu cheguei a pensar que era você no início, mas eu juro que não tenho nada a ver com isso!
- Mas se você não sabia quem era, porque não tentou impedir?
- Por que eu não consegui, Malfoy! – desabafou Hermione, deixando-se cair sobre a cama – Eu sou muito boa em legitimência, mas o homem com a capa negra era muito melhor do que eu. Eu já sabia que haveria a batalha. Eu legitimentei o pobre do Krum!
- Mas se sabia, por que não alertou Harry? – Malfoy não entendi simplesmente os planos de Hermione e pressionava para que ela dissesse a verdade.
- Por que eu achei que poderia dar certo – Hermione revelou – Eu sabia que era muito perigoso enfrentar os comensais estando em menor numero, mas achei que poderia dar certo, que eu poderia mesmo conter os comensais enquanto Harry e os outros lutavam. Então eu avisei a Dobby para ficar de olho em Harry, caso alguma coisa desse errado e fui a batalha com a melhor das intenções, eu não... não contava com... bem... ainda não tenho certeza de quem pode ser aquele homem com a capa preta. Embora tenha uma idéia.
- Mas, se você estava do lado de Harry, por que virou de lado no meio da batalha. Por que tomou o lados dos comensais e permitiu aquela tragédia.
- Eu não permiti, Malfoy! – disse Hermione, muito triste. – Eu não consegui impedir. No início estava indo tudo bem, eu estava conseguindo legitimentar os comensais enquanto os outros lutavam, mas por mais que eu tentasse, não conseguia atingir aquela homem e percebi que ele estava tentando me legitimentar. Eu tentei o máximo que pude. Quando vi que não podia mais contê-lo e que perderíamos a batalha, resolvi virar o jogo. Achei que eles só quisessem a mim e que indo para o lado deles, fingindo que estava contra Harry, poderia tirá-los dali e salvar a todos. Eu cometi um erro, um erro que custou muitas vidas. Harry só sobreviveu pois estava sob uma forte proteção encantada por Dobby.
“Dobby”, pensou Harry, cuidando para não escorregar da tela. Ficou imaginando o que Dobby, o elfo, poderia fazer para protegê-lo assim.
“Quando o homem começou a torturar os Weasleys, eu tentei impedi-lo, mas ele me dominou com a maldição imperius e me fez vestir sua capa negra quando Harry voltou a si, para que o próprio Harry me matasse. Harry só não me matou pois... bem... o amor quebra qualquer encanto do mal. Assim que ele me tocou, eu saí do transe em que estava.
“Amor...”, Harry não pode deixar de sorrir.
- E por que não contou a verdade a Harry? – perguntou Malfoy, parecendo irritado. – Ele poderia ter nos ajudado. Ele falaria a Snape que somos inocentes e não precisaríamos nos esconder.
- Por isso mesmo, Malfoy – esbravejou Hermione. – Eu não confio em Snape nem um pouco. Na minha opinião, bem poderia ser ele. Ele é um ótimo legitimentador. Eu só consigo pensar nele. Se eu disser qualquer coisa a Harry, Snape saberá. Harry não é muito bom em oclumência.
- Mas, Mione, Snape estava lutando do lado de Harry.
- Eu sei, mas não me lembro dele depois que começou a batalha.
- Disseram-se que ele perdeu um dos olhos! – argumentou Malfoy. Era sabido que Snape era seu professor favorito.
- É... pode ser... mas ainda desconfio dele. Não quero que Harry saiba. E você não contar até que chegue o momento certo.
- Meu Deus! E o que vou fazer até lá? Eu não vou sobreviver sem proteção. E não podemos ficar nesta casa.
- Eu já pensei nisto! – revelou Hermione – Eu tenho uma casa em Hogsmeade. É onde fiquei durante as férias, antes de Krum me encontrar. É uma casa muito velha, mas como é afastada da vila, é bem sossegada e poucas pessoas a conhecem. Que que vá para lá e me espere. Deverei ir para lá em breve. Só falta um ingrediente para a poção que quero fazer. Mas vou conseguir ainda hoje, se puder. Além do mais, quero que você seja o anfitrião de uma hóspede muito especial.
Malfoy franziu o cenho sem entender.
- Tudo bem, só me dê o endereço.
Hermione entregou um pedaço de papel a Malfoy. Harry ergueu a cabeça pelo vidro da janela para tentar ler, já que Malfoy estava bem ao seu lado, mas antes que pudesse ler alguma coisa, viu que Hermione estava se virando para a janela, por isso, abaixou a cabeça automaticamente.
- Mas... esta casa é ...
- Sim! – respondeu Hermione rapidamente, antes que ele falasse, olhando curiosamente a janela. – É a casa para onde fui levada quando meu pai me raptou e também foi a casa em que Gina ficou mantida, enquanto Belatrix enquanto todos pensávamos que ela estava morta.
- Também foi a sede dos Comensais em Hogsmead no ano passado. Acha mesmo que é segura? – contestou Malfoy.
- Claro! – respondeu Hermione, firmemente. – Eu, pessoalmente, coloquei feitiços de defesa.
- Está bem, então! – concordou Malfoy, suspirando, enquanto Hermione saia do quarto. Ele não havia gostado muito do plano.


Harry começou a descer a tela quando percebeu que já havia escutado o suficiente. Ultrapassando a soleira e a porta da frente, abriu a porta e surpreendeu Hermione quando ela descia as escadas para a sala de visitas.
- H-harry? – perguntou ela, nervosa, olhando para cima de soslaio. – Você, aqui? Achei que não voltaria tão cedo! Você falou que precisava ver como estavam as coisas em Hogwarts!
- Sim, claro. – confirmou Harry. Ele sabia que Hermione não queria que ele se encontrasse com Malfoy.
- Aconteceu uma coisa! Será que eu posso conversar com você lá em cima? – Harry a provocou.
Hermione arregalou os olhos, controlando o nervosismo.
- Er...bem... que tal irmos à cozinha? Eu fiz uma lasanha.
Harry sorriu por dentro ao ver o nervosismo de Hermione, aliás, o mundo inteiro lhe parecia diferente agora que descobrira o que realmente acontecera durante a batalha: os céu estava límpido e azul, os pássaros faziam danças alegres em seus vôos inspiradores e as flores hipnotizavam as pessoas com seu brilho colorido e enigmático e seu aroma adocicado. Um aroma que lembrava muito o perfume natural de Hermione.
Só havia uma coisa que desagradava Harry, naquele momento: o fato de Hermione ter se aberto a Malfoy. Mas achava que era o culpado por isso, afinal, não havia esquecido que fora Draco o único a visitá-la em Azkaban, fora Macgonagal.
- Tudo bem! – disse ele, por fim, sentindo leve e contente.
Hermione olhou para cima e suspirou aliviada. Depois guiou Harry até a cozinha. Ela, realmente, havia feito uma lasanha a qual Harry provou com apreço.
- Está muito boa! Mas não consigo identificar o sabor... parece ser de frango, embora o gosto seja mais forte.
- É de atum – explicou Hermione. – Que bom que gostou, mas, diga, Harry, o que tem para falar para mim.
- Snape recebeu uma carta dos comensais hoje, ameaçando atacar Hogwarts se ele não te entregasse. Eles acham que você está sob a custódia do Ministério.
Hermione ficou branca, de repente.
- Verdade? Bem... eu não quero causar uma tragédia, se for necessário, eu me entregarei...
- Eu não vou deixar que se entregue aos comensais, assim.
- Harry, não é prudente, lembre-se que foi por isso que perdemos a batalha.
- Não, Hermione, eu acho que é um blefe. Eles querem você, mas não vão atacar sem você. Atacar em maior número numa vila distante é uma coisa. Atacar Hogwarts forticicada é outra completamente diferente. Se deixarmos você ir, daí mesmo que estaremos perdendo. Com a sua ajuda, eles poderiam facilmente ganhar qualquer batalha. Não quero que você seja uma arma nas mãos dos comensais.
- Está bem, então. Eu preciso mesmo fazer algumas coisas. – disse Hermione – Mas eu estou preocupada. Se não for um blefe...
Hermione parecia genuinamente preocupada, então, Harry resolveu abrir o jogo:
- Mione, eu escutei quando você estava discutindo com Malfoy lá em cima. Agora sei que você e ele são inocentes.
- Você...? Você ouviu? Na janela, não é? Eu sabia... mas o que ouviu?
- Tudo! Ah, Hermione, por que não quis me contar antes. Isso evitaria um bocado de sofrimento.
Harry pos sua mão sobre a de Hermione, mas ela puxou sua mão, parecendo constrangida.
- Você não deveria ter sabido! – falou Hermione. – Harry, você tem que me prometer que não vai falar isso para ninguém, nem deixará que Snape descubra...
- Mas Hermione, você precisa falar. As pessoas estão achando que você é um monstro. Pessoas querem matar você! Pessoas que são nossos amigos. Os Weasleys estão te odiando... e eles são nossa família!
- Eu sei, Harry, mas eu não posso arriscar. Meu plano não pode falhar... não agora. E tenho uma forte suspeita de Snape, principalmente com essa súbita ascensão ao poder.
- Não pode ser ele, Mione! Ele estava lutando pelo lado do bem. Ele é um dos jogadores, mas do lado do bem! Eu, sinceramente, acho que é Lord Voldemort que conseguiu ludibriar a morte de algum jeito. Mas se você Voldemort... você saberia não saberia, afinal, você falou com ele...
- Eu não consegui identificar. Na batalha ele apareceu na pele de Draco, mas duvido muito que seja Malfoy, além do mais, ele já apareceu para mim antes: na pele de Dumbledore e também na pele de meu pai adotivo: Tróia Granger. Ele se infiltrou nos comensais com a promessa de que destruiria você, Harry!
- Bem... acho que ele vai ter que entrar na fila!
- É sério, Harry. – Hermione replicou. – Ele é conhecido por Camaleão, uma vez que nunca aparece como a mesma pessoa e ninguém, nem mesmo Narcisa que mais o acompanha, sabe quem ele é. Mas eu só sei que alguém muito próximo de nós e que está aproveitando a oportunidade. Esse negócio da profecia e do Ministério estar se despedaçando.
- Hum... – Harry estava pensativo. Isso resolvia muita coisa, embora o mistério continuasse. E pela primeira vez, Harry achou que talvez não fosse mesmo Voldemort e sim Snape ou um outro bruxo das trevas poderoso que resolveu botar as “manguinhas de fora” agora que Lord das Trevas estava morto.
Harry estava intrigado com as novas informações e pistas, mas por mais que quisesse manter sua mente argüida, começou a se sentir sonolente e serviu-se de mais um pedaço de lasanha, achando que poderia ser fraqueza.
- E agora? O que podemos fazer para descobrir quem esse homem é? – Harry perguntou, esfregando os olhos, para mantê-los abertos.
- Eu não sei, Harry. Você pode continuar a investigar, mas terá que fazer isso sozinho. Lembre-se que você é um jogador independente. – Não fale a Snape o que sabe, mas vigie-o. Você é o único que pode contê-lo agora. Eu não posso me preocupar com isso, no momento, tenho outras coisas para fazer.
- Oh, sim! Eu escutei você dizendo a Draco que só faltava mais um ingrediente para uma poção. Que poção é essa?
Harry sentia tanto sono que falava tropeçando nas palavras e o rosto de Hermione começou a zanzaguear à sua frente.
- Eu... eu não estou me sentindo muito bem, Mione... – disse Harry, sentindo que algo não estava certo.
- Eu coloquei uma poção do sono na lasanha. Eu queria ter saído daqui antes de você voltar, mas tive que esperar por Malfoy. Eu sei que não me deixaria ir, sem saber para onde vou e não poderia me arriscar dando-lhe essa informação. Nossos caminhos vão se separar agora, Harry e depois do que farei, creio que jamais vai querer me ver, novamente.
- Mas... o que você vai fazer, Mione? – perguntou Harry, assustado com o tom sinistro de Hermione, achando que desmaiaria a qualquer minuto.
- A Profecia é verdadeira, Harry! Eu vou ressuscitar o exercito do Mal...
Harry cambaleou, deslizou pela mesa e cairia da cadeira onde estava sentado se Mione não o tivesse amparado entre seus braços.
- Meu amor... – disse ela, acariciando a face de Harry. – Perdoe-me!
Harry fitou os olhos de Hermione enquanto mil coisas lhe passavam na mente. Mas uma memória lhe surgiu naquele momento.
Durante a batalha, Hermione abraçou a figura de preto por um segundo e depois se afastaram. E depois ela disse-lhe que estava fraco. Como Hermione poderia dizer essas coisas se não sabia realmente a identidade do homem que a espreitava?
- V-você... mentiu... para mim... e para Malfoy... você conhece o camaleão...
- Sim... Harry... eu o conheço. Mas tudo o resto é verdade. Sobre eu ter sido amaldiçoada com o Imperius e não poder impedir a tortura dos Weasleys... isso é verdade. Eu jamais deixaria isso acontecer, meu amor... eu não sou perversa... mas preciso fazer o que eu preciso fazer. Quando eu terminar... quando o exercito do mal finalmente se erguer, as trombetas da batalha final tocarão... mas essa batalha, Harry, eu te prometo... nós ganharemos...
Hermione se abaixou e o beijou suavemente.
- Durma, agora, Harry... deixe acontecer...

Gina acordou devagar, ainda sentindo-se muito sonolenta. Quando finalmente, bem acordada, viu onde estava, foi tomada pelo desespero: estava no mesmo lugar onde ficara detida por meses, enquanto todos achavam que ela estava morta.
No canto, ainda havia aqueles trapos sujos onde costumava se esconder quando Voldemort aparecia.
- Não! Não! – Gina correu para o buraco da janela, encoberto por tábuas e começou a socá-las com todas as forças, tanto que as palmas de sua mãos começaram a sangrar, sem contudo, mover uma tábua do lugar.
Ela encostou-se na parede e escorregou, sentando-se no chão, enquanto sentia o pavor abater-se sobre ela.
- Meu Deus, não! Por favor, NÃOOOO!



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