Tatuagem



Gina acordou com Harry beijando seu ombro, a barba por fazer arranhando de leve suas costas. Ela estava deitada sobre o seu lado esquerdo, e Harry a abraçava por trás. Tentou manter o corpo relaxado, para que ele não percebesse que havia acordado.


- Ruiva, eu sei que você acordou... - falou com a voz rouca, aproximando-se mais e sem parar de beijá-la.


- Eu só estava saboreando ser acordada assim, Harry. - disse, também rouca, virando-se pra ele, de olhos fechados.


- Não vai abrir os olhos, Foguinho? - aproximou o rosto do dela.


- Não. Tenho medo de estar sonhando, e se eu abrir os olhos, posso acordar.


- Não é sonho, meu amor. Agora você não se livra mais de mim. - brincou, e começou a beijar-lhe o pescoço, descendo até os seios. Então Gina sentiu um arranhão na pele, algo gelado no rosto de Harry.


- O que é isso, Harry? - perguntou, puxando-o para cima de novo.


- Isso o quê? - olha nos olhos dela.


- HARRY! - grita e o empurra.


- Gina! - gemeu. - Você tem que parar com essa mania de me empurrar! Qualquer dia desses me deixa estéril!


- Seus olhos... Seus olhos estão verdes! - balbuciou.


- Meus olhos são verdes, Gina... - disse com impaciência, aproximando-se de novo.


- Mas eles estavam pretos! - retrucou no mesmo tom dele. - A cicatriz continua, mas você não tinha esse... esse piercing na sobrancelha.


- Piercing? - pergunta, intrigado, levando a mão à têmpora direita e sentindo o metal frio.


Então percebem que não estão no mesmo quarto que estavam antes. Esse era mais espaçoso, as paredes eram de um azul clarinho, a cama enorme, de mogno e alguns pequenos móveis, além de um grande guarda-roupas. Harry se levanta e vai até um grande espelho ao lado da porta, inconsciente que estava nu.


Gina prendeu a respiração. Tentava não olhar, mas era impossível ignorar o corpo dele ali. Vingou-se da panorâmica que ele havia lhe dado quando se reviram na sala de Dumbledore agora, analisando cada pedaço que conseguia ver. Então algo chamou sua atenção no ombro dele, e levantou-se, também, nua.


Talvez por ter ficado muito tempo deitada, ou por efeito da tal magia, sentiu-se ligeiramente tonta, e o corpo estranhamente maior, apesar de agora mirar-se no espelho, ao lado de Harry, e não ver nada diferente.


- Harry, isso no seu ombro... Você já tinha essa tatuagem?


- Tatuagem? - tentou olhar por cima do ombro direito, mas não conseguia ver direito. - Não é um hipogrifo, é? - lembrou-se do seu sexto ano.


- Não. E nem é um Rabo-Córneo Húngaro... - riu. - É um G, Harry. Preto, numa escrita antiga, com traços tribais.


- Se é um G, só pode ser de Garanhão! - brincou.


- Ou de Grande idiota... - deu-lhe um tapinha.


- Só pode ser de Gina, né? A prova vai ser achar um H pelo seu corpo... - deu um sorriso malicioso. Gina revirou os olhos.


- Você é um insaciável, Sr. Potter!


- Acostume-se, futura Sra. Potter... Ainda temos muito tempo para repor. - e começou a olhar o corpo dela, mas não achou nada à vista. - Vamos pensar... Realmente, se eu fosse escolher um lugar para uma tatuagem, seria no ombro, mesmo... Se você fizesse uma, seria onde?


- Não sei. Acho que escolheria um lugar discreto... A nuca, talvez. - e fez um coque nos cabelos, virando o pescoço para Harry.


- Eu sabia! Está aqui, Foguinho! - e beijou-lhe o pescoço. - Exatamente aqui está o H. - e começou a agarrá-la.


- Harry! Você tem que se conter um pouco, homem! - ralhou, sem conseguir esconder um sorriso. - Temos que descobrir onde estamos.


- Vamos pelo óbvio: Voltamos ao nosso tempo. Só que está tudo alterado, graças às nossas bem-intencionadas intromissões. Nesse futuro estamos juntos, senão não haveria razão das tatuagens. Resta saber se esta é a nossa casa, ou um hotel e descobrir o que aconteceu com todos.


- Só isso, Harry? - provocou-o.


- Ginevra! Cuidado, mulher... Não se esqueça de que está nua e indefesa na minha frente! - e avançou pra ela.


- Para, Harry! Temos que revistar a casa!


- Vista-se, então! Senão nunca sairemos daqui!


Havia roupas espalhadas pelo chão, mas nenhuma peça feminina. Harry pegou uma calça e vestiu, e viu-lhe a hesitação. Pegou uma blusa branca de botão e jogou pra ela.


- Varinha em punho, ruiva!


- Sim, senhor! Ah, e antes que eu me esqueça, - deu-lhe um tapa no braço. - nunca mais me chame de Ginevra!


Harry abriu a porta tentando segurar o riso, e seguiram cautelosamente pelo corredor, até dar numa sala espaçosa e aconchegante, com muitas fotos, recortes de jornal e uma lareira.


Gina ficou na sala e Harry terminou de revistar a casa, que agora eles viam que era um apartamento. Ela estava estupefata. Havia milhares de fotos dela com ele; muitas na escola, mas parecia que ela não gostava dele então. Harry estava sempre lhe lançando um olhar pidão, e o seu "eu" da foto sempre dava um jeito de sair da moldura.


Seguiu pela parede, então viu a foto do seu casamento. Segurou a moldura do quadro, e sentou-se. Ambos estavam radiantes, e ao lado deles estavam, sorrindo muito, os pais dela e os dele. Harry entrou na sala e a viu, sentada, olhando para a mão esquerda. Por reflexo, olhou para a sua e viu a aliança fina de ouro branco, no dedo anelar.


- Nós... estamos casados? - perguntou-lhe, receoso da resposta.


Ela só conseguiu assentir. E entregou-lhe a foto. Por um instante, ele não conseguiu dizer nada. Só tinha olhos para os dois. Então percebeu os pais ao seu lado, felizes, acenando da foto.


- Conseguimos. - tentou dizer, mas a garganta estava embolada. - e começou a chorar.


Gina sentou-se no colo dele, abraçando-o. Apesar de essa não ser a primeira vez que o consolava num acesso de choro, era a primeira vez que ele chorava de felicidade.


- Deu certo! Eles estão vivos! - dizia, abraçado a ela. - E nós estamos juntos... - e a beijou longamente.


Ficaram lá se beijando, esquecendo-se do tempo, até que alguém pigarreando os traz de volta à realidade.


- Quando vocês vão parar com isso, hein? - brincou a cabeça ruiva e barbada parada nas chamas da lareira.


- Rony! - gritou o casal, em uníssono.


- Por um momento eu pensei que vocês não viriam pro meu casamento...


- Você vai se casar, cara? - perguntou Harry, sem perceber.


- Terra chamando Harry! Acorda, cara! Meu casamento com a Mione, nesse sábado!


- Claro que eu sabia que você ia casar com a Mione... - recompôs-se. - É só que eu achei que você enrolou muito tempo.


- Ah, Harry, não enche você também! Todo mundo sabe que, por mim, eu teria casado em Hogwarts, ainda, mas a Mione preferiu que a gente casasse só depois que fosse uma Medibruxa formada... O que eu não faço por ela? - falou baixinho, com um ar sonhador.


- Rony, que dia é hoje, mesmo? A gente tá meio sem noção do tempo...


- Vocês nunca tiveram muita noção do tempo, mesmo... Ainda bem que vim aqui! Senão, era capaz de vocês não irem à festa por não lembrar... Hoje é quinta, casal lesado! E a mamãe mandou que eu viesse convocá-los para ajudar com os preparativos lá nA Toca. Já tá bom, né? Faz três meses que vocês saíram em Lua-de-Mel!


- A gente vai, cara. Só vamos ajeitar algumas coisas por aqui e vamos pra lá. - respondeu. - Só me diz uma coisa: sabe como faço pra falar com Dumbledore?


- Acho que só no sábado... - Rony coçou o queixo, pensativo. - Ele está numa convenção em Gibraltar, mas garantiu que vai estar aqui pro casamento. - então olhou para Gina, que ainda não havia dito nada. - Não vai falar comigo, irmãzinha?


- Desculpa, Rony. - saiu do estupor. - É que você pegou a gente se beijando aqui e -


Rony deu uma sonora gargalhada.


- Agora você inventa de ter vergonha de mim? Depois de eu ter perdido as contas de quantas vezes eu te flagrei se agarrando com o Harry! Você deve lembrar que eu já vi coisa muito pior do que você sentada no colo dele, com a calcinha e o soutien no chão...


Gina seguiu o olhar do irmão e viu as peças brancas caídas no chão, como se jogadas de qualquer jeito. Ficou tão vermelha quanto era possível ficar, mas Harry e Rony riam despudoradamente da cara dela.


- Tenho que ir; meus joelhos estão doendo e tenho milhões de coisas pra resolver. Posso confirmar com a mamãe que vocês vêm pro jantar?


Harry confirmou e Gina continuou calada, mortificada. Rony mandou-lhe um beijo e desapareceu da lareira.


* * * * * * * * *


Deram uma geral na casa, e confirmaram a informação de Rony; estavam casados há três meses, e ambos eram aurores. Nas fotos, Harry viu os pais, Sirius e Lupin, além de algumas pessoas que ele não conhecia, mas percebia, pela expressão na foto, que eram pessoas próximas.


Demoraram quase duas horas para fazer as malas, porque Harry ficava o tempo todo agarrando a "esposa", feliz demais com "esse presente" para conseguir se concentrar em dobrar e guardar roupas. Depois de Gina sucumbir e passarem a tarde na cama, a ruiva o expulsou do quarto para terminar as malas e rumarem à Toca.


Quando passaram pela lareira da casa dos Weasleys, foram prontamente abraçados pela massa ruiva próxima: Fred, Jorge e Sra. Weasley.


- Minha filha, como você está bonita! - e deu-lhe um abraço quebra ossos.


- Cuidou bem dela, Harry? - perguntou Fred, fazendo cara de mau.


- Não ligue pra ele, Harry. - aproximou-se Angelina, com um bebê de uns seis meses nos braços, segurando o marido. - Diga “oi” pro tio Harry, Daniel! - falou com a criança, que começou a mover os braços pra ele.


- Angelina, há quanto tempo! Rapaz, mas está um garotão, hein? Parabéns!


- Oi, Harry! Oi, Gina! - chegou Alícia, com um barrigão, ao lado de Jorge.


- Você já soube, Harry? Eu ganhei a aposta! - disse Jorge, rindo. Alícia e Angelina reviraram os olhos, e Fred fez a mesma cara que havia feito há pouco, ralhando com Harry. - São gêmeos! - deu um sorriso triunfante.


Harry riu da loucura dos gêmeos, e cumprimentou o Sr. Weasley e Percy, que conversavam à mesa. Em pouco tempo, Rony e Hermione chegaram, abraçando Gina e Harry e fazendo algazarra, até que a Sra. Weasley pediu preparassem a mesa, que iam jantar do lado de fora.


Por um instante, Harry esqueceu-se de que o tempo havia passado, e se sentiu como aquele garoto, que ia passar férias lá. A casa estava bem mais cuidada, mas não perdera o charme que Harry sempre vira nela. Virou-se para Gina e percebeu que ela também tentava absorver o que estava acontecendo. Entrelaçou os dedos aos dela, e beijou-lhe ternamente. A Sra. Weasley deixou cair uma lágrima, encantada com o carinho do genro com a filha.


Carlinhos chegou e a algazarra começou de novo. Resolveram jogar quadribol, agora que tinham um campo semiprofissional ao lado da casa. Rony jogava pelo Chudley Cannons, e construíra um espaço para treinar em casa, quando necessário. Quando Gina levantou-se para ir jogar, Sra. Weasley e Mione estranhamente a chamaram para ir provar o vestido. Por mais que Gina dissesse que ao fim da partida iria, as duas foram irredutíveis.


Harry esperou que ela se decidisse, e Angelina resolveu completar o time. Alícia disse que ia ficar assistindo e cuidando de Danny, enquanto Gina subia para o quarto com Mione e a mãe.


- Podem me dizer o que foi esse chilique?


Hermione e a Sra. Weasley se entreolharam, e a amiga quebrou o silêncio.


- Você não ia nos contar, Gina? - a ruiva empalideceu. - Desde que a vimos, desconfiamos. Vamos, admita!


- Eu não sei do que vocês estão falando. - negou fracamente.


- Ginevra Molly Weasley Potter! - Sra. Weasley se intrometeu. - Como é que a senhora tem a coragem de negar para a sua própria mãe que está grávida?


- Grávida?! - quase gritou, em choque. - Mas eu não estou grávida! - negou, veemente.


- Não adianta negar, Gina! Assim que a vi, eu soube. Esqueceu-se de que eu sou Medibruxa? Sua mãe desconfiou também, e veio me perguntar se eu também tinha notado.


Estava se sentindo estranha, mesmo... Mas daí a estar grávida? Sentou-se na cama, pensando no que a amiga e a mãe tinham dito.


- Gina, você não sabia que estava grávida? - Mione percebeu como ela havia ficado chocada.


- Eu não posso estar grávida. Harry e eu... nós não tínhamos... vocês sabem! - balbuciava. Era muito difícil falar destes assuntos com a mãe.


- Minha querida, não precisa se preocupar comigo. - percebeu a mãe. - Eu sempre soube que você e o Harry se amavam, e foi natural que vocês se amassem antes do casamento.


- Mas nós não -


- Gina, minha filha, eu sei que vocês dormem juntos desde Hogwarts.


Gina estava estupefata. Como assim, desde Hogwarts? E a mãe sabia? "Merlin, o que eu fiz nesse mundo?" - pensou, desolada.


- Olhe, Gina, Rony me disse que você estava um pouco estranha, e eu tenho que concordar com ele. Não é possível que você não se lembre do escândalo que Rony deu quando viu você e o Harry transando!


Gina empalideceu. Tinha muita coisa a saber nesta nova realidade.


- Mione, você tem certeza de que eu estou grávida? - tentou desviar do assunto "passado".


- Se você quiser ter certeza, eu posso fazer um exame. - e foi buscar sua maleta.


A mãe a olhava preocupada. Não esperava essa reação da filha. Em instantes, Mione trouxe seus instrumentos de trabalho, pegou uma poção e pingou uma gota do sangue de Gina nela.


- Eu sabia! - sorriu a amiga. - Parabéns, ruiva! Você está grávida de quatro semanas.


Gina recebeu os abraços da mãe e da cunhada, apesar de chocada, muito feliz.


- Por favor, Mione, não comente com ninguém. Eu quero contar pro Harry. E mamãe, contenha-se! - apesar de saber que ia ser impossível tirar aquele sorrisinho bobo do rosto da sra. Weasley.


Gina estava preocupada. Como Harry reagiria?


* * * * * * * * *


Desceram as escadas, e os rapazes as olharam atentamente, percebendo que havia algo estranho. Alícia e Angelina perceberam o que acontecera, mas também perceberam que não deviam falar nada. Harry aproximou-se de Gina, intrigado.


- Que conspiração é essa, Foguinho? - sobrancelhas arqueadas.


- Você ainda chama a Gina desse apelido, Harry? - Mione começou a rir do amigo.


- Claro! Ela me aquece, Mione... - e deu um beijo na enrubescida ruiva. Ainda não tinha se reacostumado a esse Harry carinhoso e apaixonado. - Mas não me despiste, mulher! - perguntou, quando se separaram.


- Não é nada, Harry. É algo que estamos preparando para o casamento da Mione, e o Rony não pode saber...


- Como é, futura Sra. Weasley? O que você está escondendo de mim?


- Ai, Rony... É surpresa, amor! - falou, entrando na brincadeira.


E seguiram para os jardins, rindo de Rony, que agora não parava de perguntar, de cinco em cinco minutos o que era. Conversaram até tarde, e a Sra. Weasley os mandou para a cama, apesar de todos os filhos serem donos dos próprios narizes. Estavam na sala, despedindo-se e rindo de um desesperado Rony, quando ouvem uma movimentação próxima à lareira.


- Focê sabe que eu odeio viajarrr assim! - falou a voz enjoativa feminina.


- Era mais rápido, querida. - respondeu a voz serena.


- Gui! - gritou a Sra. Weasley e correu para abraçar o filho, cheio de fuligem.


- Gui! - gritou Gina ao mesmo tempo que a mãe, pouco antes de desmaiar nos braços de Harry, de susto.


* * * * * * * * *


Tá. Eu sei que tá muito momô, mas tá nos finalmentes, né?


Acho que o próximo capítulo talvez seja o último, tô resolvendo.


Já tô com ideias para a próxima fic (que vai ser continuação dessa), mas depois dou mais detalhes.


Obrigada pelos comments, votos e apoio.


Bjos e já tô ficando com saudade dessa fic... =D

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