A Volta



Harry acordou atordoado. Não importava há quanto tempo Voldemort tivesse sido derrotado, ou que Harry nem vivesse mais na Inglaterra...


Era sempre assim. Noites mal dormidas, rolando de um lado para o outro da cama, pensando que tudo poderia ter sido diferente.


Os sentimentos sempre foram intensos demais em Harry. Resignou-se por sentir falta de tudo o que não teve; família, paz, tranquilidade... Mas o que ele não imaginava era de como, muitas vezes, era bem pior sentir falta do que já se teve: dos amigos, do cheiro da escola, do pomo de ouro pego num momento crucial... e de Gina.


Mas ele não podia. Não devia. Havia pagado demais por ter se atrevido a esquecer, por um momento, que era um homem marcado. Não tinha o direito e nem tampouco desejava ver os mais caros pagando pela sua “sorte”.


Afastou-se. Como todo bom e idiota herói, tornou-se um recluso. Vivia numa cidadela trouxa esquecida por todos, nas cercanias de Dublin, estando próximo o suficiente para saber o que se passava sem se envolver, e, o mais importante, sem envolver ninguém.


Era quase 6 da manhã. Ele sabia que, mesmo cansado, não ia conseguir mais dormir. Foi então que ouviu um farfalhar de asas. Reconheceu o som como o de Edwiges, mas ela não estava sozinha; junto dela vinha Fawkes, a fênix de Dumbledore.


Com o coração parado na garganta, Harry correu pra pegar a mensagem que sabia que ela trazia. Apavorado pelas notícias que podiam vir, quase rasgou o pergaminho de ansiedade. Fazia quase quatro anos que não mantinha contato, e Dumbledore nunca havia tentado encontrá-lo neste ínterim, pois Harry havia deixado bem claro que estava rompendo com o mundo bruxo e com tudo o que vivera até então.



Harry, Desculpe-me por perturbá-lo, não o faria se o assunto não fosse realmente sério. Precisamos conversar. É sobre a sua família. Por favor, mande sua resposta pela Fawkes, dizendo se pode vir a Hogwarts e quando.


Saudoso, Alvo Dumbledore.



“Sobre minha família?” Harry pensou, desconfiado. “O que será que Dumbledore quer? Ele não brincaria sobre uma coisa dessas...”


Harry confirmou que iria no dia seguinte, por volta de 6 da tarde.


* * * * * * * * *


Voltar à Inglaterra lhe encheu o peito de alegria, mas ele não tinha tempo para essas futilidades. Havia acabado de aparatar em Hogsmead, vestindo a capa da invisibilidade. Passou rapidamente pelas alamedas, parando em frente à enorme loja das Gemialidades Weasley, que havia comprado o espaço da Zonko‘s e ampliado.


Olhou pela vitrine e sentiu aquela pontada de saudades que ele achava que já havia superado. Cogitou entrar, mas era melhor nem saber nada dos conhecidos. Assim, seria menos doloroso voltar para a sua reclusão.


Resolveu sair dali e foi direto para a Dedosdemel, entrando sorrateiramente e usando a passagem de acesso a Hogwarts. “Incrível, esta passagem ainda existe!” pensou Harry, quando chegou ao castelo.


Parou em frente às gárgulas, meio em dúvida, pois não sabia a senha. Começou a dizer o nome de todos os doces que conhecia, mas nada dava certo. Como que prevendo o que estava acontecendo, as gárgulas dão passagem a Dumbledore, que, pelo lado de dentro, disse: “Tiramisu”.


Harry franziu o cenho; conhecia aquele doce, mas era um doce trouxa! Meneou a cabeça, como quem diz “coisas de Dumbledore!”, e o seguiu quando ele começou a subir a escada, após um breve cumprimento.


Dumbledore deu a volta na mesa e ficou olhando para Harry, esperando que ele dissesse algo. Harry se sentiu acuado, mas procurou não demonstrar nada perante aquele olhar escrutinador. Sentou-se e então perguntou:


- Professor, o que está havendo?


Dumbledore deu uma risadinha e disse:


- Não sou mais seu professor, Harry. Você agora é um homem de 22 anos, e não tem que me chamar de professor. Pode me chamar de Dumbledore, se quiser. Ou Alvo, você escolhe.


Era estranho demais chamar Dumbledore de Alvo, era íntimo demais. E Harry se esforçava para ser sempre o mais impessoal possível.


- Dumbledore, o que está acontecendo? O senhor falou que era algo sobre a minha família...


- Harry, peço um pouco da sua paciência, pois outra pessoa foi convidada para esta conversa, e eu prefiro contar o que tenho a contar apenas uma vez.


Neste momento, ouvem duas batidas leves e a porta se abre. Harry estacou, boquiaberto.


- Dumbledore, desculpe o meu atraso, mas quase não consegui sair do ministério, as coisas estão – Gina parou de falar abruptamente, ao perceber a presença de Harry na sala, tão estupefata quanto ele.


Harry não conseguia respirar direito. Rever Gina sem nenhum aviso prévio foi um soco no estômago. Se era possível, ela conseguia estar mais linda do que ele conseguia lembrar. A garota magra e sorridente dera lugar a uma mulher, com curvas que até a física duvida.


Harry continuou literalmente babando, fazendo um despudorado passeio pelo corpo de Gina com os olhos, quando ele percebeu onde estava, e, principalmente, que ela havia percebido o que estava acontecendo. Desviou o olhar para a moldura de Phinneus Nigellus, que o olhava com um esgar de sorriso na face, como quem diz “tenha modos, meu rapaz!”.


Gina corou levemente, mas se recobrou do susto de ver Harry mais rápido que ele. Ele estava lindo! Cabelos mais longos caíam pela face, dando um ar desleixado e cobrindo a famigerada cicatriz. Os ombros estavam mais largos, e dava pra perceber, mesmo por baixo das vestes, músculos bem torneados. Para completar o quadro, ele estava com a barba por fazer (algo que a tirava do sério), criando um look extremamente sexy. “Oh, Merlin! Tem dois minutos que reencontrei o Harry e já estou pensando como ele está sexy!” recriminou-se mentalmente.


Dumbledore deu uma risadinha, pigarreou e começou:


- Caríssimos, peço perdão, primeiramente, pela urgência do chamado. Mesmo com as poucas informações que dei, ambos vieram e sou muito agradecido pela consideração. Harry - Dumbledore virou-se para ele. - eu soube por fonte fidedigna que há um plano para trazer Voldemort de volta ao poder.


- Como, de volta ao poder? Nós o destruímos; destruímos as 7 horcruxes, ele não tem como reviver agora e –


- Harry, eu entendo o que você está dizendo, e concordo com o que você disse: ele não pode reviver agora. Mas há um plano engenhosamente formado que vai mandar dois seguidores ao passado, para tentar matar seus pais, para que você nunca nasça e não derrote o mestre deles.


- Isso é loucura, Dumbledore! Como eles podem voltar ao passado? Nós destruímos a Sala do Tempo no Departamento de Mistérios, eles não têm como ir até lá...


- Harry! A magia não é uma ciência exata! Eles descobriram um jeito de voltar, e vão tentar matar seus pais. É muito arriscado o que vão fazer, mas são pessoas que não têm mais nada a perder.


- Quem são “eles”, Dumbledore? – perguntou Gina, que até o momento tinha se mantido calada.


- Lucio Malfoy e Bellatrix Lestrange. Só eles seriam capazes de fazer tal “sacrifício” pelo mestre. Há um risco muito grande de eles ficarem presos no tempo, ou de se encontrarem com eles mesmos no passado, mas o que os rege é a ganância, não a sabedoria.


Harry estava lívido. - “Aqueles desgraçados! Eu devia tê-los matado quando tive oportunidade!” – Mas não era hora de pensar no passado. Pelo menos, não neste passado...


- O que eles não contavam, Harry, - continuou Dumbledore, - é que eu também tenho como mandar pessoas ao passado, com a vantagem que vão estar dentro da escola, vigiando de perto o que pode acontecer e tendo toda a ajuda possível.


- E qual o plano, Dumbledore? – perguntou Harry, por fim.


- O plano é: você e Gina vão para Hogwarts, cursar junto de seus pais o sétimo ano. Durante este tempo, vocês se inteiram do que está acontecendo na escola e fora dela, para agir no momento do ataque dos seguidores.


- Dumbledore, eu não vejo necessidade da Gina ir comigo. Como o senhor disse, é uma viagem perigosa, talvez sem volta e os pais são meus, a responsabilidade é minha!


- Harry, precisamos de alguém no dormitório feminino. Você deve lembrar que não tem acesso a ele, e que sua mãe, uma das pessoas que você tem que proteger, fica lá, não?


- Se precisamos de uma mulher, porque ela? Por que não chamou a Mione? Com certeza ela é muito melhor preparada para tal missão!


Gina levantou-se, o rosto quase da cor dos cabelos, de fúria:


- Escuta aqui, seu idiota! Passou pela sua cabeça o que pode ter acontecido nestes últimos anos? Se tem alguém que pode estar preparada para esta missão sou eu, que sou a melhor auror daquele ministério. Além do mais, se você não fosse tão imbecil, preconceituoso e egoísta, saberia que a Mione não pode estar aqui porque está em licença-maternidade. E você não ouse se meter nas decisões de Dumbledore! Só porque matou Voldemort, pensa que é o dono do mundo –


- Já chega, Gina. – disse Dumbledore, serenamente. – Harry, você quer falar algo?


Harry ainda estava estático. Não esperava uma explosão dessas. Ele havia tentado proteger a Gina. Não que não a achasse capaz, mas não queria vê-la se arriscando de novo por sua causa. E ela o achava imbecil, preconceituoso e egoísta? Pois então que faça o que quiser!


Finalmente Harry virou-se para Dumbledore e disse:


- Se o senhor acha que ela é capaz, e ela quiser ir, não sou eu quem vai impedir. Eu confio no senhor e no seu julgamento.


- Excelente! Mãos à obra, então!


* * * * * * * * *


Gente, é a minha primeira fic! Por favor comentem!


p.s. essa fic veio dos meus devaneios quando li “Mais que Amor”, uma fic maravilhosa, mas injustamente incompleta!


Bjos, Bianca Potter

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